sábado, 11 de agosto de 2012

HOMENAGEM AO MEU PAI SAMURAI

Local, Teatro Guaíra. Formatura da bacharelanda M, pela Faculdade Curitiba, mensão honroza.  Nascida em 71. Hoje, promotora.

Local, Clube Concórdia. Jantar de formatura do engenheiro elétrico A, pelo CEFET. Nascido em 73. Hoje, empresário, construtor.

Local, Auditório da UCPR. Formatura do engenheiro químico G, após 6 anos de curso. Nascido em 78. Hoje, empresário, construtor.

Como nas olimpíadas, eles são para mim, todos medalhas de ouro.  Alegria maior e melhor, não poderia tê-los.  Anos de dedicação e atenção.  Muitas noites mal dormidas.  Muitas preocupações sobre a saúde.  Passar educação tradicional, oriental, de respeito com os outros, sobretudo com os mais idosos, não foi das tarefas mais fáceis.  Acompanhamento da educação formal.  Torcida nos cursos superiores.  Enfim, eles já estão com a bagagens que de alguma forma consegui transmitir-lhes, com alguns sacrifícios.

Lembrança de bons tempos da infância deles.  Os passeios, a pipa, as bicicletas, as viagens.  E muitos verões, passados na praia do Grant em Santa Catarina.  Pescarias, almoços, passeios, praias...  É uma pena, que eles se lembrem poucos dessas passagens, por conta da pouca idade que eles tinham à época.  Mas, o importante é que está na minha memória.  E eu nunca tive aborrecimentos que ficassem marcados.   

Lembrança, vem, automaticamente, do meu pai.  Um verdadeiro samurai.  Imigrante, escravo dos barões do café. Fugitivo da situação. Colono de cafezais. Dono de pequeno sítio.  Conquistado com muito sacrifício, sem falar uma frase em português.  Pôs-me a estudar, na cidade, longe da família, eu com apenas 10 anos.  Ele teve coragem de decidir sobre isso e eu apenas sabia que poderia ser melhor para mim, apesar da tristeza de morar longe da família com aquela idade. Só espírito de samurai do meu pai poderia decidir assim. Sempre, fui grato por isso.  Assim, consegui por vontade própria e recursos próprios concluir o curso de engenharia.  A figura do samurai japonês do meu pai, ficou na minha memória.  Tento passar, de alguma forma, para os meus filhos, o espírito "bushidô", o caminho do samurai.

Agora, eles, filhos me cobram.  Cobram-me a postura do "bushidô".  Fazer, o que? É meu DNA ou melhor o DNA do meu pai samurai que correm nas veias deles.  Felizmente. Para convencê-los em alguma coisa, só com muita argumentação.  Afinal, sei como lidar com isso tudo. No fundo, no fundo, eles são iguais a mim.  São duros na queda ou na parada.  

Mais um dia dos pais chega.  E sinto que à essa altura da vida,  já cumpri minha missão.  Estou cercado de atenção e carinho por eles.  Até em excesso que muitas vezes me irrita.  Mas, fazer o que?  Dizem que isto tudo está no meu DNA.  Sei lá, se está ou não.  Vamos lá.  Melhor assim do que abandonado nos cantos.  Quando partir, irei seguro de que eles vão se virar sozinhos, no melhor estilo "bushidô".  

Ficarei muito mais feliz, se todos tivessem o mesmo destino que tive e tenho.  Feliz dia dos pais, vivos e ausentes!

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi prof. da UFPR
Twitter: @sakamori10 

4 comentários:

Leila disse...

Parabéns !!
Vc fez sua parte.. exemplo !!
Feliz dia dos pais !

sergio disse...

Parabéns, "Saka" por você e por seu pai. Exemplos de educação, honestidade, humildade e respeito ao próximo. Homens e trabalhadores que nos enchem de orgulho. Que Deus proteja e abençoe a sua maravilhosa família :)

Leh ou Helena disse...

Parabéns, Sakamori!

Missão cumprida? Parece... no fundo, para um pai nunca está.
Carinho e atenção são reflexo ou retorno do que fizemos, não é? -"Planta e colherás... " como nesse velho refrão.
Lindo é o reconhecimento e, mais ainda, é repassar as coisas boas.

Maravilhoso dia pra você e aos seus filhos que forem pais.
Parabéns a todos os pais!

Rose disse...

Parabéns, amigo!
A maior recompensa para um pai (para a mãe também) é ver seus filhos bem encaminhados.