quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Brasil tem 63,8 milhões de trabalhadores vulneráveis!

 

O governo comemora, que o estoque de empregos formais no País, a quantidade total de trabalhadores com vínculos celetistas ativos, que chegou a 41,5 milhões em novembro deste ano, 2021, o que representa um aumento de 0,79% em relação ao mês anterior.   Apesar de notícia positiva, o número de desempregado, que recuou  para 12,1%, ainda representa cerca de 13 milhões de trabalhadores.  Isto é a estatística, aceita pelos critérios técnicos internacionais.  

          1. No entanto, as estatísticas sobre o desemprego, não mostram a gravidade da situação do emprego formal no País.  Apesar de critério de "desempregado" seguir o mesmo utilizado em todo mundo, os números escondem a verdadeira situação do extrato social dos trabalhadores no Brasil.  Explico.  No número de desempregado anunciado, não estão incluído, os trabalhadores considerados "desalentados", num total de 5,1 milhões.  Desalentados são os trabalhadores, que desistiram de procurar o emprego e que vivem de algum benefício social.  Assim, sendo, o total de trabalhadores sem emprego, na prática, é de 18,1 milhões e não os 13 milhões da estatística.  Lembrando que os "desalentados" são os trabalhadores que "desistiram" de sair de casa para procurar o emprego.

         2. E, inda, no número acima não está incluído o contingente de pessoas considerados "nem-nem", que são pessoas com idade entre 15 a 29 anos que não estão ocupados no mercado de trabalho e nem está estudando ou se qualificando, segundo a Pnad Contínua do IBGE.  Neste contingente de pessoas, os "nem-nem", estão outros 11 milhões de pessoas.   Se considerar mais este contingente, o número de pessoas "desocupadas" no País soma 29,1 milhões de pessoas.  

        3. Vou adiante, ainda, na minha análise.  Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2021, havia um contingente de 34,7 milhões eram trabalhadores "sem carteira assinada", que são pessoas que trabalham por conta própria sem CNPJ e que de alguma forma trabalham para auxiliar no rendimento familiar.  Este contingente de trabalhadores, vulgarmente conhecido como "biscateiros", são ambulantes, entregadores, profissionais de diversas categorias e trabalhadores artesanais.   São trabalhadores sem nenhum vínculo empregatício.  Somado esta categoria de trabalhadores, ao número de pessoas "desocupadas", mencionadas acima, a soma de trabalhadores "vulneráveis" atinge cerca de 63,8 milhões de pessoas.   

           4. O Ministério do Trabalho comemora o número de empregados formais, de 41,5 milhões de trabalhadores, num universo de 105,3 milhões da força de trabalho do País.   Este procedimento vem ocorrendo nos governos, de todos matizes ideológicos, ao invés de se preocupar em encarar a realidade do País e fazer um plano econômico que contemple, também, a estes milhões de trabalhadores vulneráveis, para que possamos, finalmente, dizer que o Brasil é de todos nós.  

             5. O fato incontestável é que o País convive com 63,8 milhões de trabalhadores vulneráveis, que estão à mercê de promessas fáceis das campanhas eleitorais, sobretudo dos candidatos à Presidência da República, de direita à esquerda, sem exceção.   

              Ossami Sakamori

             

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Dívida Pública Federal é de R$ 5,498 trilhões!

 


O Tesouro Nacional, o caixa do governo federal, anunciou, ontem, dia 22, o volume da Dívida Pública Federal líquida do mês de novembro em R$ 5,498 trilhões, sendo o volume de pós-fixados em 36,69%.  No número apresentado já está descontado o valor da Reserva cambial brasileira que gira ao redor de US$ 360 bilhões ou equivalente, grosso modo a R$ 2 trilhões na data de ontem.   Portanto, a Dívida Pública Federal bruta está ao redor de R$ 7,5 trilhões, na data de hoje.

          O que preocupa não é tanto o montante da dívida pública, mas, a sua participação em relação do PIB  - Produto Interno Bruto.  O gráfico abaixo mostra, claramente, a sua participação no PIB.  De, participação de 65% do PIB em 2015, está a fechar o ano de 2021, em 82% do PIB.  Na prática, a dívida pública do País, é impagável.            


                As razões principais do endividamento público elevado do Brasil, são os sucessivos "déficits primários" ou os "rombos fiscais", que vem desde a crise econômica iniciado no governo Dilma em 2014.  Desde então, o País não consegue pagar as contas públicas, da União Federal, com o dinheiro que arrecada de impostos e tarifas, os mais altos do mundo.  O Tesouro Nacional honra os compromissos referente aos gastos correntes do governo federal, com o dinheiro dos novos empréstimos feito junto aos investidores especulativos nacionais e internacionais.  Neste contexto, o pagamento de serviços da dívida, juros e amortizações, são honrados emitindo novos títulos do Tesouro Nacional, remunerado à taxa básica de juros Selic.  
          No entanto, o mais preocupante, não é o montante da dívida pública, até porque todos os países do mundo vivem de empréstimos internacionais para se manterem na sua posição no PIB mundial, mas o que chamo atenção é que o Brasil vem perdendo sua posição na economia mundial.  No ano de 2020, o Brasil ocupava a 12ª economia do mundo e projeção para o ano de 2021 será de 14ª economia do mundo, ficando atrás de países como Canadá, Coreia do Sul, Rússia, Austrália e Espanha.  
           O atraso do Brasil é justificado pela camisa de força que se impôs com a famigerada Emenda 95, que prevê o Orçamento Fiscal do País nos próximos 20 anos ao do ano de 2016, o final da pior crise econômica que o País viveu nos últimos 100 anos.  O ano base deveria ter sido o de maior crescimento do País nas últimas décadas.  Com os políticos medíocres, a perspectiva de correção é quase nula.  Ganha eleições de 2022, o candidato que propuser a mudança nas regras da Emenda 95 e propor desenvolvimento sustentável ao longo dos próximos anos.

         Ossami Sakamori 
          

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Brasil merece retomar o crescimento !

 

Hoje, quero apresentar o resumo do estudo feito pelos economistas Marcel Grillo Balassiano e Samuel Pessoa, ambos professores da Fundação Getulio Vargas - FGV.  O estudo se refere ao crescimento do PIB - Produto Interno Bruto brasileiro em relação à média do PIB global desde 1987.  O estudo mostra que o País cresceu uma média de 2% ao ano, enquanto o mundo avançou a um crescimento de 3,4%.  Essa defasagem de crescimento  é que fez o Brasil cair da posição de 8ª economia do mundo para 12ª, atrás da Coreia do Sul, um pequeno país do oriente. O destaque é meu.

          Ainda, o mesmo estudo dos economistas mostra que essa defasagem foi revertida apenas em alguns anos do governo Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula.  Mas, considerando a média dos anos anos de cada gestão o Brasil cresceu abaixo do ritmo mundial.   No governo Bolsonaro, a diferença deverá ficar negativa em 2%.  Apesar da pandemia ter atingido todas economias do mundo, o Brasil teve retração maior do que a média global em 2020 e deverá crescer menos que o mundo em 2021 e 2022, segundo os economistas do FGV.

      Para eles, os economistas citados, houve um deslocamento entre a economia brasileira e economia mundial no biênio 2015/2016, no governo Dilma, um "fosso" entre o que deveria ter acontecido e o que ocorreu.   Todos sabem o que ocorreu, mas não comentam, o desastre ocorrido devido a incompetência e imperícia da equipe econômica que comandava o segundo mandato do governo Dilma, a do ministro da Economia Guido Mantega.  Infelizmente, o governo que sucedeu, o do Michel Temer, também, teve desempenho medíocre. 

          Os economistas da FGV não comentam sobre a atual gestão, a do ministro da Economia, Paulo Guedes, que continua apresentando desempenho negativo em relação ao do mundo global.   O fato concreto é que o País deve terminar o ano de 2021, com crescimento ao redor de 4,5%, apenas o suficiente para cobrir a retração de 4,1% de 2020, ano de pico da pandemia.  Para economia brasileira, o ano de 2021, foi medíocre, sem nenhuma reforma estruturante que o País necessita, como a reforma tributária (meu comentário).  

           Os países do primeiro mundo, se preparam com ousados planos de investimentos para tentar recuperar os anos perdidos da pandemia, 2020 e 2021.  O Orçamento fiscal de 2021, em aprovação no Congresso Nacional, não apresenta nenhum investimentos por parte do governo da União, limitado que está pela Emenda 95.  Está havendo um pequeno "furo" do teto dos gastos públicos para viabilizar os recursos do programa "Auxílio Brasil" para cerca de 20 milhões de beneficiários.  Nada mais.

           Os investimentos bilionários em infraestruturas anunciados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, não farão nenhum efeito imediato, porque a maior parte destes, são investimentos de longo prazo, de 10 a 60 anos.   Desta forma, o Brasil continuará com o crescimento defasado em relação ao primeiro mundo, tudo como dantes, pelo menos em 2022.

          Na minha opinião, falta ao governo do presidente Jair Bolsonaro ousadia e vontade política para fazer do Brasil, um país inserido como um dos principais players do mundo.  Qualquer candidato que mostre o caminho do crescimento do País, ganha eleição de 2022.  O Brasil, país continental, com terras férteis e clima temperado, merece retomar o crescimento vertiginoso e sustentável.   O País está acometido de síndrome do cachorro magro, infelizmente.

          Ossami Sakamori 

sábado, 18 de dezembro de 2021

Com Paulo Guedes na Economia, Bolsonaro não se reelege!

 

Na sua última entrevista do ano, ministro da Economia, Paulo Guedes, fez balanço das atividade da sua pasta nesse ano de 2021, no dia de ontem, 17.  Para quem assistiu, deu para perceber que ela foi patética, que mais parecia confissão de culpa por não ter alcançado o objetivo que traçara, no início do ano do que uma prestação de conta.   A ausência dos seus principais assessores do Ministério na bancada, fez sentir à plateia de jornalistas convocadas, que as notícias não seriam alvissareiras.  A impressão que ficou, foi como clima de "fim de festa".  

          Segundo o ministro da Economia, o País experimentou um feito extraordinário durante a pandemia, quando o aumento de gastos para conter os efeitos da pandemia tiveram como contrapartida o congelamento de salários nos governos federal e regional.  Paulo Guedes, não citou ou não quis dizer que em 2020, no primeiro ano da pandemia, impingiu gastos públicos, extra LDO de 2020, em R$ 571 bilhões, sob diversas formas de ações do governo federal.  Não estou a criticar os gastos públicos de 2020, mas lembrando apenas que os recursos gastos foram a custa de aumento de endividamento público.  Não tem almoço grátis.  A conta vem depois.

         O ministro da Economia, citou a diminuição de déficit primário de R$ 10,5% do PIB - Produto Interno Bruto, em 2020, para algo como 1% do PIB em 2021 e 0,4% do PIB para o próximo ano.  Segundo o ministro Paulo Guedes, um ajuste fiscal que não foi feito em nenhum país do mundo.  Para quem não tem familiaridade com a macroeconomia, o "déficit primário" é o "dinheiro que falta" para cobrir os gastos do governo federal, apesar da arrecadação exorbitante do governo da União.  Eu denomino o "déficit primário", o dinheiro que falta para cobrir os gastos públicos, de "rombo fiscal", que seria o mais correto entender.   Para um leigo entender, melhor ainda, o tamanho do problema que o País enfrenta, o "déficit primário" não engloba os gastos referente  ao "pagamento de juros da dívida pública", cada vez mais impagável, aproximando celeremente ao número próximo do PIB - Produto Interno Bruto do país.  

         Ainda assim, na visão do ministro da Economia, Paulo Guedes, o "posto Ipiranga" do presidente Bolsonaro, em fazendo balanço de 2021, "o governo colocou o Brasil em pé".   Na visão do ministro, mesmo diante dos números negativos: "O Brasil se reergue e combatemos a doença" e que a economia voltou em V e o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer no ano que vem.   Para os que não estão acompanhando o desempenho do governo, a economia do País tende a crescer ao redor de 4,5% em 2021, segundo a análise das instituições financeiras.    Para um País que "regrediu 4,1% em 2020, o crescimento de 4,5% em 2021 não é nenhum grande feito.  O ministro Paulo Guedes sabe muito bem disso.  

         Em sua defesa, diante das críticas de que "ele não está entregando nada" em sua gestão, reclamou dos projetos que ele enviou ao Congresso Nacional, como reforma do Imposto de Renda e tributo aos dividendos.   Reclamou, o ministro Paulo Guedes, a falta de empenho dos congressistas em aprovar a privatização dos Correios, como que querendo desvencilhar da sua responsabilidade.   Não falou sobre a debandada dos seus auxiliares diretos, escancarada com ausência deles na entrevista derradeira do ano, por discordância à política econômica implementada por ele.  

          Manter o Paulo Guedes, o "posto Ipiranga", no Ministério da Economia, o principal dentre todos, é meio caminho andado para derrota do presidente Bolsonaro, nas eleições do outubro do próximo ano.   Enfim, cada um deve saber o que está fazendo e deve saber muito bem o que quer para si.   Com Paulo Guedes na Economia, Bolsonaro não se reelege!

            Ossami Sakamori

            

 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ministro medíocre para um País medíocre

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, após participar do evento Moderniza Brasil - Ambiente de Negócios, organizado pelo governo federal e realizada na sede da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, ontem, dia 15, que o  País deverá ter desaceleração da economia em 2022, em razão do efeito da alta de juros Selic e as medidas de combate à inflação, que está sendo implementado pelo Banco Central.  A fala do ministro da Economia, é também, pensamento unânime entre os empresários que estavam presentes no evento, segundo se apurou.  Brasil vai parar em 2022.

          Vamos lembrar que no ano de pico da pandemia Covid-19, o País regrediu em 4,1%, apesar de injeção do dinheiro do Tesouro Nacional no montante de R$ 571 bilhões, extra Orçamento Fiscal de 2020, denominado de "Orçamento de Guerra".  O resultado é que, neste ano, 2021, o País deve crescer cerca de 4,5%, segundo projeção das instituições financeiras, como o conglomerado Itaú.  Como pode ver, a somatória do desempenho do País nos dois anos da pandemia, vai terminar no equilíbrio, sem nenhum crescimento.

          Segundo o ministro Paulo Guedes, a desaceleração da economia poderá ser contrabalanceada pela elevação de investimentos contratados, advindos das privatizações no volume de R$ 700 bilhões para os próximos 10 anos.  Além dos investimentos em infraestrutura, que anualizado soma R$ 70 bilhões, o programa Auxílio Brasil, que representa cerca de R$ 400,00 para 20 milhões de beneficiários, cerca de R$ 96 bilhões, deverá irrigar os municípios mais carentes em todo o País.  

           Até este momento, quase terminando o ano de 2021, os programas de estímulo ao crescimento econômico apontado pelo ministro Paulo Guedes é insuficiente para atender a demanda dos trabalhadores em situação de desempregados, desalentados e os "nem-nem" (nem trabalha e nem estuda).  E ainda, se considerar que 28 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, o País não pode dar o "luxo" de contentar-se em ver o País "em desaceleração da economia".  As propostas apresentadas pelo ministro Paulo Guedes, na minha opinião, são medíocres diante da tamanha necessidade do País.   Ministro medíocre para um País medíocre.  Brasil terá que crescer e ocupar posição de destaque que merece estar.   Não há outro remédio.

            Ossami Sakamori


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Hiperiflação nunca mais!

 


Hoje, dia 10 de dezembro, foi divulgado o Índice de inflação oficial do País, o IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que ficou em 0,95% em novembro.  A justificativa é que houve pressão dos combustíveis no índice anunciado.  Assim sendo, a taxa de inflação acumulada nos 12 últimos meses atingiu a marca de 10,74%, recorde desde novembro de 2003, há 18 anos.  Se mantiver a mesma expectativa para o mês de dezembro, a inflação do País em 2021, terminará em dois dígitos (acima de 10%).  

          Explico, o motivo porque insisto em tratar sobre o perigo da inflação de dois dígitos (acima de 10%).  A inflação, normalmente, é produzida pela demanda em excesso, o que parece não ser o caso do Brasil, pois que o País deverá terminar o ano tão somente para cobrir a recessão de 4,1% de 2020, produzida pela pandemia Covid-19.  O mercado financeiro e  governo preveem crescimento para 2021, abaixo de 5%.  E para completar, o País vem de baixo crescimento desde crise financeira de 2014, caindo de 8ª economia do mundo para 12ª, atrás da Coreia do Sul. 

           O Banco Central do Brasil e o Ministério da Economia terão que entrar em sintonia para combater a inflação em primeiro lugar.   Sem estabilidade da moeda (inflação baixa), não há plano de crescimento econômico que termine em sucesso.  A história do Brasil mostrou repetidas vezes, o desastre no plano econômico irresponsável como o Plano Cruzado, que terminou em triste hiperinflação.  E o Plano de estabilização do governo Collor, foi pior ainda, com bloqueio de poupança e outros ativos.


         

           Não estou a falar que a conjuntura econômica atual é semelhante aos dos governos anteriores, mas afirmo que foge aos princípios do Plano Real, em vigor desde 1994.  No entanto, não custa lembrar que brincar com inflação de dois dígitos (acima de 10%) é como brincar de fogo.  É necessário que o Banco Central, que é guardião da moeda do País, tome medidas ousadas, além do aumento gradual da taxa Selic.  Taxa Selic é apenas, um instrumento da política monetária.  Há que implementar demais mecanismos disponíveis da política monetária.

          O Banco Central tem mais um instrumento eficiente para conter a inflação de demanda, que é o depósito compulsório das instituições financeiras, restringindo o crédito.  Além de ter um terceiro pé, que é administração do câmbio.  Todos que entendem da macroeconomia sabe que o dólar está "um tom" apreciado, encarecendo os insumos importados das indústrias brasileiras.   A conjuntura é piorada com a inflação nos países do primeiro mundo, puxado com inflação dos Estados Unidos que indicam, neste final deste ano, algo acima de 6%.  O dólar americano está desvalorizando muito acima do normal.             

        O próximo ano, 2022,  é de ano de eleições.  No ano de eleições, a tendência dos governos de plantões é exacerbar em gastos públicos e afrouxar o crédito bancário.  Os dois ingredientes citados postos em prática é como colocar "gasolina na fogueira", a inflação voltará com toda força.   Com hiperinflação não há plano econômico que resista (vide governo Sarney).   Com hiperinflação, prevejo que o atual presidente da República não se reelege e certamente vai aparecer um candidato "oportunista" que vai propor uma saída milagrosa (vide Collor) e repetir a história que o País não quer de volta, nunca mais.

          Hiperinflação nunca mais!          

          Ossami Sakamori    

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O "dragão" da inflação

 


O Boletim Focus do Banco Central do Brasil que vai definir a taxa básica de juros Selic, amanhã, dia 6 de dezembro, aponta a inflação do ano de 2021 para 10,18%.  E, para 2022, estimativa de 5,02%.  A previsão de inflação para 2021 está bem acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional no final do ano passado. E a expectativa do PIB do mesmo Boletim, para 2021, caiu de 4,78% para 4,71%.  E a expectativa do PIB para 2022 ficou em 0,51%.  Brasil está quase parando, em contraste  com os países desenvolvidos que já retomou o crescimento.  

          A previsão para taxa Selic, segundo o mesmo Boletim, deverá ser fixada em 9,25% para dezembro deste ano e 11,25% para a última reunião do COPOM em 2022.  Quanto à taxa Selic da próxima reunião, próxima 4ª feira, com expectativa de inflação acima de dois dígitos (10,18%), no meu entender, os juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional deveria ser um pouco mais ousado, ou seja a uma taxa de 9,75%.  Justifica-se: no final do ano tem dinheiro do 13º salário, cerca de R$ 232 bilhões, que irrigará o mercado, aquecendo, momentaneamente, a economia.   

           O Banco Central, responsável pela política monetária, deveria dar prioridade número ao combate à inflação.  Inflação, na presente situação, tem pouco a ver com o rompimento ou não do teto dos gastos públicos, a Emenda 95.  O controle da inflação se faz, sobretudo com disponibilidade da moeda, real, no mercado.  Quando a política de juros não é suficiente, o Banco Central tem um segundo instrumento, tão importante quanto a taxa Selic, que é o depósito compulsório das instituições financeiras.  O princípio é básico: "Quanto menos disponibilidade de moeda circulante, menos consumo.  Menos consumo significa, menor inflação".  Isto é princípio básico da macroeconomia.  

           Um outro fator que influencia na inflação é a cotação do dólar.  O dólar é moeda utilizada para negociação de qualquer produto ou serviço com o exterior.  O agronegócio e mineração dependem da cotação do dólar para exportação de seus produtos.  As indústrias dependem do dólar por conta das importações de insumos para seus produtos.  Enfim, quase tudo depende da cotação do dólar.  

           
          A variação da cotação do dólar depende grande parte da valorização ou depreciação no mercado financeiro internacional.   No mercado financeiro nacional, depende do fluxo de entrada e saída do dólar, das importações e exportações e também da balança de conta conta corrente que engloba outros tipos de transações, como as de serviços.   Cabe ao Banco Central administrar o fluxo cambial para manter o dólar no patamar de equilíbrio entre entrada e saída do dólar.   Há diversos mecanismos que o BACEN utiliza para manter o fluxo cambial, entre eles a intervenção direta, vendendo ou comprando o dólar, engordando ou enxugando a Reserva cambial do País, hoje ao redor de US$ 350 bilhões.  No varejo, utiliza-se muito o swap cambial que é um título em reais atrelado à variação cambial.  Enfim, mecanismos para intervenção cambial não faltam.  

           A administração do câmbio por parte do Banco Central é fundamental para manter o fluxo normal de entrada e saída de dólares e também manter a inflação dentro da meta almejada pelo BACEN.  O câmbio influencia sobremaneira na formação de preços de produtos de consumo, provocando inflação ou deflação, em conjunto com duas outras intervenções já mencionadas acima, qual seja, a taxa de juros Selic e depósito compulsório das instituições financeiras.

           No meu entender, as autoridades monetárias, o BACEN e o Ministério da Economia brincam com o fogo.  Inflação de dois dígitos (acima de 10%) deveria ser sinalização importante para execução de uma boa política econômica e monetária.  O princípio do Plano Real, a estabilidade da moeda, era o equilíbrio fiscal e o controle da moeda.  Não adianta o BACEN, aumentar a taxa básica de juros Selic, se o Ministério da Economia adota política econômica frouxa e expansionista que resulta em inflação alta.   Banco Central e Ministério da Economia tem que se entender para que rumo quer conduzir o País.  Esta função está longe de ser a do Presidente da República. 

          As autoridades monetárias, o presidente Campos Neto do Banco Central e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sabem muito bem do que estou a falar.  Capacidade e conhecimento eles tem tem de sobra.  Faltam aos dois a "mesma sinergia" e o "mesmo objetivo" para conduzir o País. Os investimentos deles estão em dólares nos paraísos fiscais, pouco importando a que rumo vai tomar a nossa moeda, o real.  No final das contas, quem paga o pato são, como sempre, o contribuinte e a população que terão que conviver com o "dragão" da inflação.

            Ossami Sakamori