quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Brasil tem 63,8 milhões de trabalhadores vulneráveis!

 

O governo comemora, que o estoque de empregos formais no País, a quantidade total de trabalhadores com vínculos celetistas ativos, que chegou a 41,5 milhões em novembro deste ano, 2021, o que representa um aumento de 0,79% em relação ao mês anterior.   Apesar de notícia positiva, o número de desempregado, que recuou  para 12,1%, ainda representa cerca de 13 milhões de trabalhadores.  Isto é a estatística, aceita pelos critérios técnicos internacionais.  

          1. No entanto, as estatísticas sobre o desemprego, não mostram a gravidade da situação do emprego formal no País.  Apesar de critério de "desempregado" seguir o mesmo utilizado em todo mundo, os números escondem a verdadeira situação do extrato social dos trabalhadores no Brasil.  Explico.  No número de desempregado anunciado, não estão incluído, os trabalhadores considerados "desalentados", num total de 5,1 milhões.  Desalentados são os trabalhadores, que desistiram de procurar o emprego e que vivem de algum benefício social.  Assim, sendo, o total de trabalhadores sem emprego, na prática, é de 18,1 milhões e não os 13 milhões da estatística.  Lembrando que os "desalentados" são os trabalhadores que "desistiram" de sair de casa para procurar o emprego.

         2. E, inda, no número acima não está incluído o contingente de pessoas considerados "nem-nem", que são pessoas com idade entre 15 a 29 anos que não estão ocupados no mercado de trabalho e nem está estudando ou se qualificando, segundo a Pnad Contínua do IBGE.  Neste contingente de pessoas, os "nem-nem", estão outros 11 milhões de pessoas.   Se considerar mais este contingente, o número de pessoas "desocupadas" no País soma 29,1 milhões de pessoas.  

        3. Vou adiante, ainda, na minha análise.  Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2021, havia um contingente de 34,7 milhões eram trabalhadores "sem carteira assinada", que são pessoas que trabalham por conta própria sem CNPJ e que de alguma forma trabalham para auxiliar no rendimento familiar.  Este contingente de trabalhadores, vulgarmente conhecido como "biscateiros", são ambulantes, entregadores, profissionais de diversas categorias e trabalhadores artesanais.   São trabalhadores sem nenhum vínculo empregatício.  Somado esta categoria de trabalhadores, ao número de pessoas "desocupadas", mencionadas acima, a soma de trabalhadores "vulneráveis" atinge cerca de 63,8 milhões de pessoas.   

           4. O Ministério do Trabalho comemora o número de empregados formais, de 41,5 milhões de trabalhadores, num universo de 105,3 milhões da força de trabalho do País.   Este procedimento vem ocorrendo nos governos, de todos matizes ideológicos, ao invés de se preocupar em encarar a realidade do País e fazer um plano econômico que contemple, também, a estes milhões de trabalhadores vulneráveis, para que possamos, finalmente, dizer que o Brasil é de todos nós.  

             5. O fato incontestável é que o País convive com 63,8 milhões de trabalhadores vulneráveis, que estão à mercê de promessas fáceis das campanhas eleitorais, sobretudo dos candidatos à Presidência da República, de direita à esquerda, sem exceção.   

              Ossami Sakamori

             

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Dívida Pública Federal é de R$ 5,498 trilhões!

 


O Tesouro Nacional, o caixa do governo federal, anunciou, ontem, dia 22, o volume da Dívida Pública Federal líquida do mês de novembro em R$ 5,498 trilhões, sendo o volume de pós-fixados em 36,69%.  No número apresentado já está descontado o valor da Reserva cambial brasileira que gira ao redor de US$ 360 bilhões ou equivalente, grosso modo a R$ 2 trilhões na data de ontem.   Portanto, a Dívida Pública Federal bruta está ao redor de R$ 7,5 trilhões, na data de hoje.

          O que preocupa não é tanto o montante da dívida pública, mas, a sua participação em relação do PIB  - Produto Interno Bruto.  O gráfico abaixo mostra, claramente, a sua participação no PIB.  De, participação de 65% do PIB em 2015, está a fechar o ano de 2021, em 82% do PIB.  Na prática, a dívida pública do País, é impagável.            


                As razões principais do endividamento público elevado do Brasil, são os sucessivos "déficits primários" ou os "rombos fiscais", que vem desde a crise econômica iniciado no governo Dilma em 2014.  Desde então, o País não consegue pagar as contas públicas, da União Federal, com o dinheiro que arrecada de impostos e tarifas, os mais altos do mundo.  O Tesouro Nacional honra os compromissos referente aos gastos correntes do governo federal, com o dinheiro dos novos empréstimos feito junto aos investidores especulativos nacionais e internacionais.  Neste contexto, o pagamento de serviços da dívida, juros e amortizações, são honrados emitindo novos títulos do Tesouro Nacional, remunerado à taxa básica de juros Selic.  
          No entanto, o mais preocupante, não é o montante da dívida pública, até porque todos os países do mundo vivem de empréstimos internacionais para se manterem na sua posição no PIB mundial, mas o que chamo atenção é que o Brasil vem perdendo sua posição na economia mundial.  No ano de 2020, o Brasil ocupava a 12ª economia do mundo e projeção para o ano de 2021 será de 14ª economia do mundo, ficando atrás de países como Canadá, Coreia do Sul, Rússia, Austrália e Espanha.  
           O atraso do Brasil é justificado pela camisa de força que se impôs com a famigerada Emenda 95, que prevê o Orçamento Fiscal do País nos próximos 20 anos ao do ano de 2016, o final da pior crise econômica que o País viveu nos últimos 100 anos.  O ano base deveria ter sido o de maior crescimento do País nas últimas décadas.  Com os políticos medíocres, a perspectiva de correção é quase nula.  Ganha eleições de 2022, o candidato que propuser a mudança nas regras da Emenda 95 e propor desenvolvimento sustentável ao longo dos próximos anos.

         Ossami Sakamori 
          

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Brasil merece retomar o crescimento !

 

Hoje, quero apresentar o resumo do estudo feito pelos economistas Marcel Grillo Balassiano e Samuel Pessoa, ambos professores da Fundação Getulio Vargas - FGV.  O estudo se refere ao crescimento do PIB - Produto Interno Bruto brasileiro em relação à média do PIB global desde 1987.  O estudo mostra que o País cresceu uma média de 2% ao ano, enquanto o mundo avançou a um crescimento de 3,4%.  Essa defasagem de crescimento  é que fez o Brasil cair da posição de 8ª economia do mundo para 12ª, atrás da Coreia do Sul, um pequeno país do oriente. O destaque é meu.

          Ainda, o mesmo estudo dos economistas mostra que essa defasagem foi revertida apenas em alguns anos do governo Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula.  Mas, considerando a média dos anos anos de cada gestão o Brasil cresceu abaixo do ritmo mundial.   No governo Bolsonaro, a diferença deverá ficar negativa em 2%.  Apesar da pandemia ter atingido todas economias do mundo, o Brasil teve retração maior do que a média global em 2020 e deverá crescer menos que o mundo em 2021 e 2022, segundo os economistas do FGV.

      Para eles, os economistas citados, houve um deslocamento entre a economia brasileira e economia mundial no biênio 2015/2016, no governo Dilma, um "fosso" entre o que deveria ter acontecido e o que ocorreu.   Todos sabem o que ocorreu, mas não comentam, o desastre ocorrido devido a incompetência e imperícia da equipe econômica que comandava o segundo mandato do governo Dilma, a do ministro da Economia Guido Mantega.  Infelizmente, o governo que sucedeu, o do Michel Temer, também, teve desempenho medíocre. 

          Os economistas da FGV não comentam sobre a atual gestão, a do ministro da Economia, Paulo Guedes, que continua apresentando desempenho negativo em relação ao do mundo global.   O fato concreto é que o País deve terminar o ano de 2021, com crescimento ao redor de 4,5%, apenas o suficiente para cobrir a retração de 4,1% de 2020, ano de pico da pandemia.  Para economia brasileira, o ano de 2021, foi medíocre, sem nenhuma reforma estruturante que o País necessita, como a reforma tributária (meu comentário).  

           Os países do primeiro mundo, se preparam com ousados planos de investimentos para tentar recuperar os anos perdidos da pandemia, 2020 e 2021.  O Orçamento fiscal de 2021, em aprovação no Congresso Nacional, não apresenta nenhum investimentos por parte do governo da União, limitado que está pela Emenda 95.  Está havendo um pequeno "furo" do teto dos gastos públicos para viabilizar os recursos do programa "Auxílio Brasil" para cerca de 20 milhões de beneficiários.  Nada mais.

           Os investimentos bilionários em infraestruturas anunciados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, não farão nenhum efeito imediato, porque a maior parte destes, são investimentos de longo prazo, de 10 a 60 anos.   Desta forma, o Brasil continuará com o crescimento defasado em relação ao primeiro mundo, tudo como dantes, pelo menos em 2022.

          Na minha opinião, falta ao governo do presidente Jair Bolsonaro ousadia e vontade política para fazer do Brasil, um país inserido como um dos principais players do mundo.  Qualquer candidato que mostre o caminho do crescimento do País, ganha eleição de 2022.  O Brasil, país continental, com terras férteis e clima temperado, merece retomar o crescimento vertiginoso e sustentável.   O País está acometido de síndrome do cachorro magro, infelizmente.

          Ossami Sakamori 

sábado, 18 de dezembro de 2021

Com Paulo Guedes na Economia, Bolsonaro não se reelege!

 

Na sua última entrevista do ano, ministro da Economia, Paulo Guedes, fez balanço das atividade da sua pasta nesse ano de 2021, no dia de ontem, 17.  Para quem assistiu, deu para perceber que ela foi patética, que mais parecia confissão de culpa por não ter alcançado o objetivo que traçara, no início do ano do que uma prestação de conta.   A ausência dos seus principais assessores do Ministério na bancada, fez sentir à plateia de jornalistas convocadas, que as notícias não seriam alvissareiras.  A impressão que ficou, foi como clima de "fim de festa".  

          Segundo o ministro da Economia, o País experimentou um feito extraordinário durante a pandemia, quando o aumento de gastos para conter os efeitos da pandemia tiveram como contrapartida o congelamento de salários nos governos federal e regional.  Paulo Guedes, não citou ou não quis dizer que em 2020, no primeiro ano da pandemia, impingiu gastos públicos, extra LDO de 2020, em R$ 571 bilhões, sob diversas formas de ações do governo federal.  Não estou a criticar os gastos públicos de 2020, mas lembrando apenas que os recursos gastos foram a custa de aumento de endividamento público.  Não tem almoço grátis.  A conta vem depois.

         O ministro da Economia, citou a diminuição de déficit primário de R$ 10,5% do PIB - Produto Interno Bruto, em 2020, para algo como 1% do PIB em 2021 e 0,4% do PIB para o próximo ano.  Segundo o ministro Paulo Guedes, um ajuste fiscal que não foi feito em nenhum país do mundo.  Para quem não tem familiaridade com a macroeconomia, o "déficit primário" é o "dinheiro que falta" para cobrir os gastos do governo federal, apesar da arrecadação exorbitante do governo da União.  Eu denomino o "déficit primário", o dinheiro que falta para cobrir os gastos públicos, de "rombo fiscal", que seria o mais correto entender.   Para um leigo entender, melhor ainda, o tamanho do problema que o País enfrenta, o "déficit primário" não engloba os gastos referente  ao "pagamento de juros da dívida pública", cada vez mais impagável, aproximando celeremente ao número próximo do PIB - Produto Interno Bruto do país.  

         Ainda assim, na visão do ministro da Economia, Paulo Guedes, o "posto Ipiranga" do presidente Bolsonaro, em fazendo balanço de 2021, "o governo colocou o Brasil em pé".   Na visão do ministro, mesmo diante dos números negativos: "O Brasil se reergue e combatemos a doença" e que a economia voltou em V e o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer no ano que vem.   Para os que não estão acompanhando o desempenho do governo, a economia do País tende a crescer ao redor de 4,5% em 2021, segundo a análise das instituições financeiras.    Para um País que "regrediu 4,1% em 2020, o crescimento de 4,5% em 2021 não é nenhum grande feito.  O ministro Paulo Guedes sabe muito bem disso.  

         Em sua defesa, diante das críticas de que "ele não está entregando nada" em sua gestão, reclamou dos projetos que ele enviou ao Congresso Nacional, como reforma do Imposto de Renda e tributo aos dividendos.   Reclamou, o ministro Paulo Guedes, a falta de empenho dos congressistas em aprovar a privatização dos Correios, como que querendo desvencilhar da sua responsabilidade.   Não falou sobre a debandada dos seus auxiliares diretos, escancarada com ausência deles na entrevista derradeira do ano, por discordância à política econômica implementada por ele.  

          Manter o Paulo Guedes, o "posto Ipiranga", no Ministério da Economia, o principal dentre todos, é meio caminho andado para derrota do presidente Bolsonaro, nas eleições do outubro do próximo ano.   Enfim, cada um deve saber o que está fazendo e deve saber muito bem o que quer para si.   Com Paulo Guedes na Economia, Bolsonaro não se reelege!

            Ossami Sakamori

            

 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ministro medíocre para um País medíocre

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, após participar do evento Moderniza Brasil - Ambiente de Negócios, organizado pelo governo federal e realizada na sede da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, ontem, dia 15, que o  País deverá ter desaceleração da economia em 2022, em razão do efeito da alta de juros Selic e as medidas de combate à inflação, que está sendo implementado pelo Banco Central.  A fala do ministro da Economia, é também, pensamento unânime entre os empresários que estavam presentes no evento, segundo se apurou.  Brasil vai parar em 2022.

          Vamos lembrar que no ano de pico da pandemia Covid-19, o País regrediu em 4,1%, apesar de injeção do dinheiro do Tesouro Nacional no montante de R$ 571 bilhões, extra Orçamento Fiscal de 2020, denominado de "Orçamento de Guerra".  O resultado é que, neste ano, 2021, o País deve crescer cerca de 4,5%, segundo projeção das instituições financeiras, como o conglomerado Itaú.  Como pode ver, a somatória do desempenho do País nos dois anos da pandemia, vai terminar no equilíbrio, sem nenhum crescimento.

          Segundo o ministro Paulo Guedes, a desaceleração da economia poderá ser contrabalanceada pela elevação de investimentos contratados, advindos das privatizações no volume de R$ 700 bilhões para os próximos 10 anos.  Além dos investimentos em infraestrutura, que anualizado soma R$ 70 bilhões, o programa Auxílio Brasil, que representa cerca de R$ 400,00 para 20 milhões de beneficiários, cerca de R$ 96 bilhões, deverá irrigar os municípios mais carentes em todo o País.  

           Até este momento, quase terminando o ano de 2021, os programas de estímulo ao crescimento econômico apontado pelo ministro Paulo Guedes é insuficiente para atender a demanda dos trabalhadores em situação de desempregados, desalentados e os "nem-nem" (nem trabalha e nem estuda).  E ainda, se considerar que 28 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, o País não pode dar o "luxo" de contentar-se em ver o País "em desaceleração da economia".  As propostas apresentadas pelo ministro Paulo Guedes, na minha opinião, são medíocres diante da tamanha necessidade do País.   Ministro medíocre para um País medíocre.  Brasil terá que crescer e ocupar posição de destaque que merece estar.   Não há outro remédio.

            Ossami Sakamori


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Hiperiflação nunca mais!

 


Hoje, dia 10 de dezembro, foi divulgado o Índice de inflação oficial do País, o IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que ficou em 0,95% em novembro.  A justificativa é que houve pressão dos combustíveis no índice anunciado.  Assim sendo, a taxa de inflação acumulada nos 12 últimos meses atingiu a marca de 10,74%, recorde desde novembro de 2003, há 18 anos.  Se mantiver a mesma expectativa para o mês de dezembro, a inflação do País em 2021, terminará em dois dígitos (acima de 10%).  

          Explico, o motivo porque insisto em tratar sobre o perigo da inflação de dois dígitos (acima de 10%).  A inflação, normalmente, é produzida pela demanda em excesso, o que parece não ser o caso do Brasil, pois que o País deverá terminar o ano tão somente para cobrir a recessão de 4,1% de 2020, produzida pela pandemia Covid-19.  O mercado financeiro e  governo preveem crescimento para 2021, abaixo de 5%.  E para completar, o País vem de baixo crescimento desde crise financeira de 2014, caindo de 8ª economia do mundo para 12ª, atrás da Coreia do Sul. 

           O Banco Central do Brasil e o Ministério da Economia terão que entrar em sintonia para combater a inflação em primeiro lugar.   Sem estabilidade da moeda (inflação baixa), não há plano de crescimento econômico que termine em sucesso.  A história do Brasil mostrou repetidas vezes, o desastre no plano econômico irresponsável como o Plano Cruzado, que terminou em triste hiperinflação.  E o Plano de estabilização do governo Collor, foi pior ainda, com bloqueio de poupança e outros ativos.


         

           Não estou a falar que a conjuntura econômica atual é semelhante aos dos governos anteriores, mas afirmo que foge aos princípios do Plano Real, em vigor desde 1994.  No entanto, não custa lembrar que brincar com inflação de dois dígitos (acima de 10%) é como brincar de fogo.  É necessário que o Banco Central, que é guardião da moeda do País, tome medidas ousadas, além do aumento gradual da taxa Selic.  Taxa Selic é apenas, um instrumento da política monetária.  Há que implementar demais mecanismos disponíveis da política monetária.

          O Banco Central tem mais um instrumento eficiente para conter a inflação de demanda, que é o depósito compulsório das instituições financeiras, restringindo o crédito.  Além de ter um terceiro pé, que é administração do câmbio.  Todos que entendem da macroeconomia sabe que o dólar está "um tom" apreciado, encarecendo os insumos importados das indústrias brasileiras.   A conjuntura é piorada com a inflação nos países do primeiro mundo, puxado com inflação dos Estados Unidos que indicam, neste final deste ano, algo acima de 6%.  O dólar americano está desvalorizando muito acima do normal.             

        O próximo ano, 2022,  é de ano de eleições.  No ano de eleições, a tendência dos governos de plantões é exacerbar em gastos públicos e afrouxar o crédito bancário.  Os dois ingredientes citados postos em prática é como colocar "gasolina na fogueira", a inflação voltará com toda força.   Com hiperinflação não há plano econômico que resista (vide governo Sarney).   Com hiperinflação, prevejo que o atual presidente da República não se reelege e certamente vai aparecer um candidato "oportunista" que vai propor uma saída milagrosa (vide Collor) e repetir a história que o País não quer de volta, nunca mais.

          Hiperinflação nunca mais!          

          Ossami Sakamori    

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O "dragão" da inflação

 


O Boletim Focus do Banco Central do Brasil que vai definir a taxa básica de juros Selic, amanhã, dia 6 de dezembro, aponta a inflação do ano de 2021 para 10,18%.  E, para 2022, estimativa de 5,02%.  A previsão de inflação para 2021 está bem acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional no final do ano passado. E a expectativa do PIB do mesmo Boletim, para 2021, caiu de 4,78% para 4,71%.  E a expectativa do PIB para 2022 ficou em 0,51%.  Brasil está quase parando, em contraste  com os países desenvolvidos que já retomou o crescimento.  

          A previsão para taxa Selic, segundo o mesmo Boletim, deverá ser fixada em 9,25% para dezembro deste ano e 11,25% para a última reunião do COPOM em 2022.  Quanto à taxa Selic da próxima reunião, próxima 4ª feira, com expectativa de inflação acima de dois dígitos (10,18%), no meu entender, os juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional deveria ser um pouco mais ousado, ou seja a uma taxa de 9,75%.  Justifica-se: no final do ano tem dinheiro do 13º salário, cerca de R$ 232 bilhões, que irrigará o mercado, aquecendo, momentaneamente, a economia.   

           O Banco Central, responsável pela política monetária, deveria dar prioridade número ao combate à inflação.  Inflação, na presente situação, tem pouco a ver com o rompimento ou não do teto dos gastos públicos, a Emenda 95.  O controle da inflação se faz, sobretudo com disponibilidade da moeda, real, no mercado.  Quando a política de juros não é suficiente, o Banco Central tem um segundo instrumento, tão importante quanto a taxa Selic, que é o depósito compulsório das instituições financeiras.  O princípio é básico: "Quanto menos disponibilidade de moeda circulante, menos consumo.  Menos consumo significa, menor inflação".  Isto é princípio básico da macroeconomia.  

           Um outro fator que influencia na inflação é a cotação do dólar.  O dólar é moeda utilizada para negociação de qualquer produto ou serviço com o exterior.  O agronegócio e mineração dependem da cotação do dólar para exportação de seus produtos.  As indústrias dependem do dólar por conta das importações de insumos para seus produtos.  Enfim, quase tudo depende da cotação do dólar.  

           
          A variação da cotação do dólar depende grande parte da valorização ou depreciação no mercado financeiro internacional.   No mercado financeiro nacional, depende do fluxo de entrada e saída do dólar, das importações e exportações e também da balança de conta conta corrente que engloba outros tipos de transações, como as de serviços.   Cabe ao Banco Central administrar o fluxo cambial para manter o dólar no patamar de equilíbrio entre entrada e saída do dólar.   Há diversos mecanismos que o BACEN utiliza para manter o fluxo cambial, entre eles a intervenção direta, vendendo ou comprando o dólar, engordando ou enxugando a Reserva cambial do País, hoje ao redor de US$ 350 bilhões.  No varejo, utiliza-se muito o swap cambial que é um título em reais atrelado à variação cambial.  Enfim, mecanismos para intervenção cambial não faltam.  

           A administração do câmbio por parte do Banco Central é fundamental para manter o fluxo normal de entrada e saída de dólares e também manter a inflação dentro da meta almejada pelo BACEN.  O câmbio influencia sobremaneira na formação de preços de produtos de consumo, provocando inflação ou deflação, em conjunto com duas outras intervenções já mencionadas acima, qual seja, a taxa de juros Selic e depósito compulsório das instituições financeiras.

           No meu entender, as autoridades monetárias, o BACEN e o Ministério da Economia brincam com o fogo.  Inflação de dois dígitos (acima de 10%) deveria ser sinalização importante para execução de uma boa política econômica e monetária.  O princípio do Plano Real, a estabilidade da moeda, era o equilíbrio fiscal e o controle da moeda.  Não adianta o BACEN, aumentar a taxa básica de juros Selic, se o Ministério da Economia adota política econômica frouxa e expansionista que resulta em inflação alta.   Banco Central e Ministério da Economia tem que se entender para que rumo quer conduzir o País.  Esta função está longe de ser a do Presidente da República. 

          As autoridades monetárias, o presidente Campos Neto do Banco Central e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sabem muito bem do que estou a falar.  Capacidade e conhecimento eles tem tem de sobra.  Faltam aos dois a "mesma sinergia" e o "mesmo objetivo" para conduzir o País. Os investimentos deles estão em dólares nos paraísos fiscais, pouco importando a que rumo vai tomar a nossa moeda, o real.  No final das contas, quem paga o pato são, como sempre, o contribuinte e a população que terão que conviver com o "dragão" da inflação.

            Ossami Sakamori



terça-feira, 30 de novembro de 2021

Brasil está à deriva como um "iceberg"

 

Neste momento, o Brasil mais parece um iceberg à deriva, na imensidão do oceano, sem uma política econômica consistente e nem um plano macroeconômico visível para enfrentamento na saída da pandemia Covid-19.  Os principais secretários do Ministério da Economia deixaram os seus postos em discordância ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nos últimos meses.   Independente da inexistência da política econômica do Ministério da Economia, o Banco Central faz o que pode e tentando controlar a inflação que está apontando para dois dígitos (acima de 10%) neste final do ano.  

          Com prévia da inflação previsto para acima de 10% neste final do ano, o Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central, deverá reunir nos dias 7 e 8 de dezembro, a última reunião do ano, que definirá a taxa básica de juros Selic que balizará a trajetória dos juros do sistema financeiro nacional.  A taxa Selic deverá elevar de 8,75% a 9,75% nesta última reunião do ano.  A projeção da taxa Selic deverá ficar ao redor destes números em 2022, voltando para 7% ao ano, somente em 2023.  

          O ministro da Economia, Paulo Guedes, há algum tempo, perdeu o comando sobre as reformas estruturantes na área econômica, assim como perdeu o comando da política econômica do governo do Presidente Jair Bolsonaro.  Os principais temas econômicas estão sendo conduzidos pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na falta de definição clara da parte do ministro Paulo Guedes.  Nem mesmo a prometida reforma tributária, tão necessária para atração de capitais para investimentos diretos não fazem mais parte da pauta do Ministério da Economia, infelizmente.  

           Enquanto o País aguarda as reformas estruturantes e uma pauta mínima de um plano para "travessia" do ano eleitoral, 2022, o País está à deriva como um iceberg num grande oceano, agitado que está devido a pandemia Covid-19, reforçado com uma nova variante, a "Ômicron", vindo dos países do sul da África.   Espero que o presidente da República, no seu plano de reeleição em 2022, apresente um novo Plano Econômico para o Brasil, sob pena de sofrer pesada derrota nas eleições do próximo ano.  

           Ossami Sakamori


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Brasil está na sinuca do bico

 


A noticia de ontem, 25/11, o IPCA 15, divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a prévia da inflação ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, a prévia da inflação oficial do País, ficou em 1,17% em novembro, após ter registrado 1,20% em outubro.  A variação para um mês de novembro é a maior desde 2002, quando o índice registrou 2,08%, segundo IBGE.

          Com o resultado divulgado, o IPCA-15 acumula alta nos últimos 12 meses em 10,73%, de novembro a novembro.  Segundo IBGE, a inflação para um intervalo de 1 ano é a maior desde 2016, que registrou 10,84%.  Vamos lembrar que 2016 foi o ano que marcou o fim da pior depressão registrada nos últimos 100 anos.  O País amarga o reflexo negativo da crise, até os dias de hoje.

         A causa principal da inflação é excesso de liquidez no mercado financeiro, apesar da pandemia Covid-19.  O Banco Central, para tirar o País da recessão de 4,1% em 2020, grande parte devido a pandemia, deixou frouxo o controle da disponibilidade da moeda, iniciando o ano de 2021 com taxa Selic em 2%, propositadamente, para estimular a economia.  O Banco Central não tomou nenhuma medida restritiva de crédito neste ano, 2021.  Pelo contrário, fez aumento gradual da taxa básica de juros Selic, hoje, em 7,75%, tímida em relação à inflação corrente.  Na próxima reunião do COPOM - Comitê de Política Monetária do BC, deve estabelecer taxa Selic em 9,75%, ainda inferior à projeção da inflação de 2021.  É uma política equivocada, no meu entender.

           Por outro lado, é certo que a inflação nos países desenvolvidos, anda ao redor de 5% ao ano, grande parte devido ao estímulo econômico implementado pós pandemia Covid-19.  Para atrair capital especulativo estrangeiro, o Banco Central, deverá continuar pagando a taxa de juros básicos Selic, no mínimo, corrigido pela inflação.  Também, é certo, que o Brasil tem reserva cambial confortável para acomodar uma eventual saída de capital estrangeiro especulativo.  

           No entanto, a inflação de dois dígitos (acima de 10%) traz desconforto para o Banco Central e insegurança para setor produtivo brasileiro.  O Brasil está na sinuca do bico, em matéria de política econômica.

            Ossami Sakamori              


domingo, 21 de novembro de 2021

Paulo Guedes atrapalha o governo

 


Hoje, vou comentar sobre a Emenda 95, a conhecida como do teto dos gastos públicos.  Os gestores públicos, incluídos do Ministério da Economia, não perceberam que a Emenda 95 é entrave para crescimento econômico do País.   Até denominam as regras nelas inseridas de "regras de ouro", pelo mercado financeiro e pelo próprio ministro da Economia, Paulo Guedes.  Ledo engano.  Mais uma lorota para enganar os menos avisados.  

         No ano de 2000, sobre o mesmo tema, ainda no governo FHC, foi aprovado a Lei e Responsabilidade Fiscal - Lei complementar nº 101/2000 que regulamenta a utilização de recursos públicos.  Os seus mecanismos buscam fazer com que os gestores públicos controlem seus gastos, respeitando limites de despesas e cumprindo metas orçamentárias.   No seu Artigo 1º, diz: "A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar."

          Como pode ver, antes  mesmo da Emenda 95, já existia a Lei que prevê o mecanismo, dentro do Plano Real, que restringia o limite dos gastos públicos dentro do que arrecada.  Inclui neste rol de gastos referente as despesas as com o pagamento de juros para "rolagem" do endividamento público, leia-se dívida do Tesouro  Nacional.    Em 2016, diante da perda de credibilidade do Brasil no mercado financeiro internacional, o governo Temer, acatando imposição do ministro da Economia, Henrique Meirelles, aprovou a conhecida Emenda 95, do "teto dos gastos públicos", que "flexibilizava" a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, do governo FHC.  

        É preciso voltar ao ano de 2016 para entender o que ocorria.  O Brasil já vinha perdendo posição da sua participação no PIB mundial e a credibilidade do País perante os investidores institucionais e especulativos vinha caindo vertiginosa e de forma contínua.  A continuar na mesma tendência, o País poderia entrar no "default" ou falência, como aquele ocorrido na Grécia.   A Emenda 95, por outro lado, acima da Lei 101/2000, apelidado de "Emenda do teto dos gastos", foi a forma que o Henrique Meirelles encontrou para continuar atraindo capital estrangeiro para financiar a rolagem dos títulos da dívida do Tesouro Nacional, leia-se Brasil.

          

           No entanto, de 2016 para cá, apesar da Emenda 95, o País não conseguiu equilibrar a relação arrecadação/gastos públicos.  Em matéria de gastos públicos, apesar da limitação aos gastos de 2016, corrigido pela inflação do período e apesar da exorbitante carga tributária, o governo da União, não consegue equilibrar suas contas.   O "déficit primário" ou o "rombo fiscal" continua persistente.  Em consequência, a arrecadação não cobre o pagamento de juros da dívida pública, obrigando o Tesouro Nacional a "rolar" sua dívida, incluído nela a cobertura dos sucessivos "déficit primário" ou os "rombos fiscais".   O País gasta mais que pode. A consequência é a volta da inflação.         

        

       O ministro Paulo Guedes, comemora a previsão do "rombo fiscal" para 2021, previsto em R$ 100 bilhões. Comemorar o "rombo fiscal"?   Do outro lado, o presidente do Banco Central, Campos Neto, tenta conter a inflação dentro de 1 dígito ou menor que 10%.  No meu entender, o presidente do Banco Central está demorando em tomar medidas restritivas de crédito para "debelar" a inflação, no meu entender.   No sentido contrário, o ministro da Economia, Paulo Guedes, está a anunciar empréstimos às empresas para tentar estimular a economia.  Infelizmente, o  aumento de disponibilidade de moeda é uma medida inflacionária.   Com inflação beirando 10%, é mesmo que tentar apagar o fogo com a gasolina.  

           Uma coisa é certa.  Não existe milagre.  Cada coisa no seu devido tempo, sob pena de uma medida anular a outra.  A prioridade neste momento é debelar a inflação.  Infelizmente, para conter a inflação, o remédio é diminuir a circulação da moeda ou o volume de crédito.   Num ambiente sadio, de estabilidade econômica, com a inflação sob controle, o crescimento econômico, poderá ser puxado pelo estímulo creditício pelas instituições financeiros oficiais, como quer Paulo Guedes.  No entanto, cada coisa deve ser feito no seu devido tempo, sob pena de uma medida anular a outra.   Uma coisa, uma coisa.  Outra coisa, outra coisa.  

          Ossami Sakamori

  

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Plano Real corre o risco

 


Sem uma análise mais profunda e detalhada sobre a perspectiva da inflação e do PIB deste e do ano que vem, apresento o resultado do último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil sobre a inflação e PIB deste e do próximo ano.   Embora as projeções são do mercado financeiro e não do Banco Central, os números servem de balizamento para planejamento das atividades econômicas do setor produtivo.  Seguem as medidas que o Banco Central deverá  ou deveria tomar nos próximos meses para conter a inflação para que a economia do País não se naufrague.

         Conforme o último boletim Focus, a previsão de inflação para 2021 passou de 7,9% para 9,7%.  E o PIB - Produto Interno Bruto caiu de 5,3% para 5,1%, ante o recuo de 4,1% em 2020, ano crítico da pandemia Covid-19.   Para o Índice Nacional de Consumidor Amplo (IPCA), segundo Ministério da Economia, a projeção para a inflação é a mesma do Boletim Focus.   Para 2022, a estimativa de crescimento do PIB caiu de 2,5% para 2,1%.  O que chama a atenção é o índice de inflação que aponta para dois dígitos (acima de 10%), número de alerta os agentes econômicos do País.

           O Banco Central iniciou o ano com a meta de inflação de 3,75% e o teto da meta de 5,25% para o ano de 2021. Como pode ver, o Banco Central "errou feio" na projeção do crescimento do PIB e no índice oficial da inflação.  Para  controlar a inflação o Banco Central tem dois instrumentos importantes eficazes que são: a taxa básica de juros Selic e depósito compulsório das instituições financeiras.   O Banco Central vem atuando adequadamente no estabelecimento da taxa Selic.  No entanto, a Instituição que cuida da política monetária, não lançou mão, adequadamente, da disponibilidade da moeda, leia-se papel moeda, para o mercado produtivo e ao mercado consumidor.   Exceção feita, historicamente, aos recursos do "Pró-Agro" 2021/2022, já disponibilizados para produtores rurais.

           O distanciamento entre os números das projeções do Banco Central do início de ano e a economia real, explica-se pela política macroeconômica "deliberada" do Banco Central de atuar apenas na política de juros, deixando o Ministério da Economia solto para promover a expansão do crédito a micro e pequenas empresas, justificado pela pandemia Covid-19.  O fato é que o Banco Central, em matéria de disponibilidade de moeda, agiu no sentido contrário ao que manda a teoria macroeconômica para conter a inflação.  

          O Banco Central, com sua política econômica "capenga", no momento, procura "segurar" a inflação, tão somente pela taxa básica de juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional.  Dentro desta conjuntura, é seguro prever que a próxima taxa Selic deverá ser entre 9,25% a 9,75%.  Lembrando que a boa prática de macroeconomia, o Banco Central deveria promover, também, o aumento dos "depósitos compulsórios" das instituições financeiros, que não o fazendo, corre o risco de voltar a amargar a experiência funesta de hiperinflação do passado não tão distante.

             Com inflação ameaçando alcançar dois dígitos (acima de 10%), o Banco Central deveria tomar medidas restritivas de crédito, que não irão agradar as instituições financeiras e nem tampouco a população.  Falo do "arrocho" do crédito.  Os bancos terão que abrir mão de ganhar tanto dinheiro em tão pouco tempo e procurar enxugar a sua própria máquina.  Isto é uma "lógica cartesiana" (que vem do Descartes), da teoria macroeconômica.  Por outro lado, os grandes conglomerados empresariais deverão deixar de contar com as constantes "benesses" do governo e procurar aprimorar a sua gestão empresarial.  Os deveres são para todos.  

           O assunto que vem tomando noticiário da imprensa e do próprio mercado financeiro, sobretudo nos últimos dias, a "regra de ouro" ou o "teto dos gastos públicos", é apenas pano de fundo para encobrir os verdadeiros problemas do País.  O gargalo para crescimento robusto, é uma complexa legislação tributária, que a própria máquina pública vem consumindo 36% do PIB.  O importante é que Banco Central venha tomar medidas amargas, porém, necessárias, já no início do ano de 2022 ou sepultaremos o Plano Real, para sempre.  

          As maiores economias do mundo, defendem suas moedas com "unhas e dentes".  Elas são assim, por mais esta razão, creio.

           Ossami Sakamori   


segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Brasil e COP26

 

Depois de duas semanas de intensas negociações, os países presentes à COP26, uma conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, assinaram um acordo "de fachada", para tentar garantir o cumprimento da meta em limitar o aquecimento global a 1,5° C.  De toda forma, o texto estabelece a necessidade de redução global das emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, em comparação com 2010.  

          No entanto, os países como a Índia e China, não concordaram com um dos principais trechos do texto, que falava em abandono gradual do uso  de carvão e subsídio a combustíveis fósseis.  Os Estados Unidos e China, também, assinaram um acordo paralelo à COP26, que comprometem a acelerar a "diminuição" das fontes de energia proveniente de carvão e combustíveis fósseis ao invés de "eliminação", como queriam os demais países.  Paralelamente à COP26, o Reino Unido, Canadá e Polônia, assinaram acordo para eliminar o uso de carvão mineral da sua matriz energética entre 2030 e 2040.  Ao que parece para "inglês" ver.

         A pressão dos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, não foi considerada na reinvindicação de financiamento de US$ 600 bilhões até 2025, pelos países desenvolvidos.  O texto do acordo, no entanto, prevê que até 2024, os países desenvolvidos vão estudar o pagamento de US$ 100 bilhões que deveriam ter sido pagos entre 2020 e 2025, inadimplentes até hoje.  Repetindo: "vão estudar até 2024".

           O Brasil, através do seu ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, cobrou que os países ricos contribuam com o dinheiro para prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, imediatamente.  O País tem preocupação de receber contribuição de US$ 100 bilhões pelos países desenvolvidos sob forma de "crédito de carbono", antes do prazo, conforme resolução, que está definido como até 2024.  Comento sobre o tema no final desta matéria. 

             O Brasil deveria se preocupar, entendo eu, em manter o bioma Amazônia, que envolve quase 2/3 do território brasileiro, com política própria de sequestro de carbono, destinando recursos necessários para preservação da nossa biodiversidade, sem que tenhamos se submeter à vontade de países do primeiro mundo.  Certamente, o custo de manutenção de 2/3 do território não é e nem será barato.  No entanto, o Brasil só será respeitado pelos países desenvolvidos se o País tiver a sua própria política de preservação do território que é muito maior do que maioria dos países desenvolvidos.  

           Algumas iniciativas empresariais na floresta Amazônica tem prosperado, sem danos ao meio ambiente.  O primeiro projeto é exploração de petróleo da bacia do Urucu pela Petrobras, há 30 anos, com preocupação em manter boa prática ambiental.  O mais recente é o projeto de extração de ouro denominado de Belo Sun, de uma empresa canadense, próximo a Altamira, no Pará.  Segundo cientistas da área, há enorme reserva de fosfato, no bioma Amazonas, que poderá deixar o País independente de importações.  Todos investimentos feitos no bioma Amazônia são de iniciativa privada.  O que se sabe é que tem Fundo norueguês, de US$ 2 bilhões para preservação da Amazônia, já depositado no BNDES, mas não utilizado devido a séries condicionantes.     

        O comportamento subserviente em relação aos países desenvolvidos, mendigando sempre os recursos para manter a "nossa Amazônia", é uma atitude típica de País que sofre do síndrome do "cachorro magro".   Tal atitude deverá ser abandonado, urgentemente, se queremos ser respeitado como uma potência econômica e objetivamente, aplicar os recursos orçamentários, no mínimo, na ordem de R$ 20 bilhões (como comparação, o Fundo Partidário vai gastar R$ 6 bilhões em 2022), para que possamos dizer que a "Amazônia é nossa!"  

         Condições para tal, o Brasil tem de sobra, só falta mesmo ter visão e vontade política ou ter a "vergonha na cara" para manter o 2/3 do território brasileiro, independe e autônomo das vontades políticas de grandes potências.  Chega de ouvir os países desenvolvidos dizerem que a Amazônia é deles.   Que cada país cuide do seu quintal !

              Ossami Sakamori



sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Sérgio Moro, a quarta via

 

Se eventualmente eu não sou a melhor pessoa a discursar, posso garantir que sou alguém que vocês podem confiar.  Afirmou o ex-juiz federal e ex-ministro de Justiça do governo do Presidente Jair Bolsonaro, no discurso de sua filiação ao Partido Podemos, nessa semana.  E completou, como se ele fosse a única salvação do País: O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro.  

          Disse o ex-ministro da Justiça: Fui juiz dos casos da operação Lava Jato em Curitiba. Foi momento histórico: quebramos a impunidade da grande corrupção de forma e com números sem precedentes.  Mais de R$ 4 bilhões foram recuperados dos criminosos e tem uns R$ 10 bilhões previstos para serem devolvidos.  Isso nunca aconteceu no Brasil.  Disse ainda: Eu sempre fui considerado um juiz firme e fiz justiça na forma da Lei.

          Justificou, o ex-juiz, sobre a sua saída do Ministério da Justiça:  O meu desejo era continuar atuando, como ministro, em favor dos brasileiros.  Infelizmente, não pude prosseguir no governo.  Quando aceitei o cargo, não o fiz por poder ou prestígio.  Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava de apoio do governo e esse apoio me foi negado.  Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria uma farsa.  Nunca renunciarei aos meus princípios e ao compromisso com o povo brasileiro.   Para quem não se lembra, o ex-ministro da Justiça saiu atirando ao governo que fez parte e que lhe serviu para alavancar o escritório de advocacia que pertenceu em Nova York.    

       O ex-ministro da Justiça, citou em seu discurso de filiação ao Partido Podemos:  Desde a época do governo do PT, o desemprego começou a crescer e não parou mais. Atualmente são 14 milhões de desempregados, sem contar com aqueles que já desistiram de procurar empregos e sem perspectiva de melhorar.  Ao mesmo tempo, os avanços no combate à corrupção perderam a força.  Quase todo dia ouvimos notícias de criminosos sendo soltos, normalmente com base em formalismos que não conseguimos entender.

           E, ex-ministro de Justiça critica o governo que ele próprio fez parte e que lhe deu projeção nacional, na política.  E o Brasil fica sendo esse País do futuro e nós nos perguntamos:  quando vai chegar o futuro do País?  Mesmo quando se quer uma coisa boa, como esse aumento do Auxílio Brasil ou do Bolsa Família, que são importantes para combater a pobreza, vem alguma coisa ruim junto, como o calote da dívida.   Em outra parte do discurso, ex-ministro afirma:  Uma das prioridades do nosso projeto será erradicar a pobreza, acabar de vez com a miséria. Isso já deveria ter sido feito anos atrás. Para tanto, precisamos mais do que programas de transferência de renda como o Bolsa-Família ou o Auxílio-Brasil. Precisamos identificar o que cada pessoa necessita para sair da pobreza.  É a mesma cantilena de políticos de todos matizes ideológicos.

       E finaliza o discurso de filiação ao Partido Podemos: Jamais usarei o Brasil para ganho pessoal.  Vocês sabem que podem confiar que eu sempre vou fazer a coisa certa.  Ninguém irá roubar o futuro do povo brasileiro.  Estou, portanto, recomeçando hoje, à disposição de vocês, por um Brasil justo para todos.

           O ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, filiado ao Partido Podemos, candidato declarado à presidência da República em 2022, faz pesadas críticas ao governo do Presidente Jair Bolsonaro, a quem serviu, até quando lhe interessava para o seu projeto pessoal, em ser nomeado ministro do STF ou ter projeção política, que hoje ele usa para satisfazer a sua vaidade pessoal.    Sérgio Moro é mais um na política brasileira, dentre tantos que defendem os seus interesses pessoais ou interesse do seu grupo político e ou do grupo econômico que faz parte.

            Sérgio Moro é mais um "hi man", personagem da história em quadrinhos, "eu sou a força!", da política brasileira.

            Ossami Sakamori


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Hiperinflação poderá voltar no Brasil

 


A inflação oficial do mês de outubro medido pelo IBGE, o IPCA-15, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, ficou em 1,20%, e o índice acumulado em 12 meses, passou para 10,34%.  O índice da inflação oficial é o maior desde outubro de 1995, que foi de 1,34% e também a maior variação mensal desde fevereiro de 2016, no auge da crise econômica financeira, ainda no período do governo Dilma.  

          O vilão da inflação, desta vez, foi o aumento da energia elétrica, 3,91% e habitação com 1,87%.  Ainda, segundo IBGE, a alta do item decorreu em grande parte pela vigência da bandeira tarifária proveniente da escassez hídrica.   O gráfico abaixo mostra a trajetória da inflação desde a crise financeira, a pior dos últimos 100 anos, iniciada no governo Dilma.  Há uma sinalização de que o dragão da inflação está cuspindo o fogo.  


           O Banco Central do Brasil tem adotado medidas que inibem o crescimento da inflação, acelerando o ajuste da taxa básica de juros Selic, hoje, em 7,75% com viés de alta.  Há sinalização do Banco Central de que na próxima reunião do COPOM - Conselho de Política Monetária, promova um ajuste acima de 1,5%.  Na minha opinião, devido a último indicador anunciado pelo IBGE, o ajuste deveria ser mais expressivo, passando taxa Selic para 9,50% ou 9,75%.   

          A inflação depende não só de ajuste da taxa Selic, mas sobretudo pela disponibilização da moeda, o "real", em circulação.  Na minha opinião, o Banco Central deveria ajustar o depósito compulsório das instituições financeiras, deixando a moeda "real" com menor circulação.  Em outras palavras, o Banco Central, deveria adotar medidas restritivas de crédito, também, simultaneamente ao aumento da taxa Selic, urgentemente.

            A inflação é como fogueira e a moeda (dinheiro) em circulação é como "gasolina" na fogueira.  A fórmula é clássica na macroeconomia.  Maior dinheiro em circulação, maior é a possibilidade de haver inflação.  Na minha opinião, o Banco Central está demorando para tomar atitude "preventiva".  Quanto mais tarde atitude tomar, por parte do Banco Central, a volta da "hiperinflação" é um cenário possível.   É premissa básica de uma teoria macroeconômica.  

          Ossami Sakamori




quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Paulo Guedes "está" de saída!

 


          O ministro da Economia, Paulo Guedes, se rendeu aos interesses do Palácio do Planalto para viabilizar o programa "Auxílio Brasil", um programa social, antes denominado de "Bolsa Família", turbinado com acréscimo de cerca de 3 milhões de novos beneficiários e correção do valor para R$ 400,00.  Hoje, segundo notícias da grande imprensa, será votado na Câmara dos Deputados o PEC dos Precatórios, uma tremenda "gambiarra" que dá "calote" nos Precatórios, propondo parcelamentos de dívidas já decidido pelo Judiciário e que já estão consignadas no LDO - Lei de Diretrizes Orçamentários, aprovado em 2020, para viabilizar o cobiçado "Auxílio Brasil".  

          A Emenda dos Precatórios, oficializa o rompimento do teto dos gastos públicos previsto na Emenda 95, aprovado pelo Henrique Meirelles, no final de 2016.  A Emenda 95 foi aprovada para "dar segurança" para os investidores internacionais, que ameaçavam retirar os investimentos especulativos do País, que provocaria crise cambial sem precedente.   Vamos lembrar que, antes da Emenda 95, já existia a Lei de Responsabilidade Fiscal aprovada em 2000, que já disciplinava os gastos públicos.      

           Nesta contenda, a pretensão do ministro da Economia, Paulo Guedes, é parcelar parte do pagamento dos "Precatórios" em 10 anos, fazendo com que "sobre" cerca de R$ 50 bilhões para financiar os gastos com o programa social, antes denominado "Bolsa Família" e agora de "Auxílio Brasil", que atenderá cerca de 17 milhões de famílias, ao invés de 14 milhões do "Bolsa Família".  Este "imbróglio" já se sabia desde que foi concebido a ideia do "Auxilio Brasil", já comentado neste blog.   O "Auxílio Brasil" não estava contemplado no LDO de 2021.

           No meu conceito, baseado na teoria macroeconômica, a própria Emenda 95, de teto dos gastos públicos, é uma medida que "engessa" os investimentos públicos aos níveis de 2016.  Convém lembrar que o ano de 2016, fez parte da pior crise econômica brasileira, dos últimos 100 anos, portanto não poderia ser a pior referência.  Tomar como base o crescimento do País, dos próximos 20 anos, período previsto na Emenda 95, é manter o Brasil no "baixo crescimento", distanciando o PIB - Produto Interno Bruto brasileiro ao dos demais países, desenvolvidos e em desenvolvimento.  

        Com previsão do fim da pandemia Covid-19, as principais potências mundiais, ao contrário do Brasil, limitado que está com a Emenda 95, anunciam investimentos maciços em infraestruturas, como saída da "recessão" causado pela pandemia.   O governo dos Estados Unidos tenta aprovar no Congresso Nacional um ambicioso programa de investimento em infraestrutura, de US$ 1,75 trilhões, cerca de 8,5% do PIB do país (cerca de US$ 21 trilhões).  Seria como se o Brasil investisse cerca de R$ 600 bilhões em infraestrutura e gastos sociais nos próximos anos.

         Coincidência ou não, o País está em baixo crescimento, desde 2016, sobretudo pela Emenda 95.  Mantido a Emenda 95, o Brasil vai se distanciando, para trás, de outros países emergentes, apesar de sermos os maiores exportadores de commodities do mundo.   Vale a pena, refletir sobre o destino do País, aproveitando a discussão sobre o rompimento do teto da Emenda 95.  O tema é ou deveria ser sempre presente na agenda do atual e futuro Presidente da República.  O assunto não deveria ser apenas de "um ministro da Economia".  A agenda deveria ser do Brasil.

          O problema do País, não é o "teto dos gastos públicos".  O problema do Brasil é o "déficit primário" ou o "rombo fiscal" que persiste desde 2014.  Rombo fiscal é o dinheiro que falta para cobrir os gastos públicos.   A Emenda 95, está demostrado que não dá solução para o "déficit primário", que persiste desde então.   O Brasil vive de "dinheiro emprestado" para cobrir o "rombo fiscal" ou o "déficit primário".   O total de dívida pública líquida, já alcança R$ 5,5 trilhões, se aproximando, perigosamente, do PIB - Produto Interno Bruto.  A Grécia, ontem, passou por uma situação semelhante, há poucos anos atrás. 

           O ministro da Economia, Paulo Guedes, precisa mostrar para que veio ou abre a vaga para quem é mais ousado e competente.   A "aura" de economista liberal, a de posto Ipiranga, já dissipou há muito tempo.  Paulo Guedes "está" de saída.

              Ossami Sakamori

           

          

           

             


sábado, 30 de outubro de 2021

Gasolina vai para R$ 10, ainda em 2022

 



Foi no dia 15 de março de 2001, o rompimento de um tanque de drenagem de emergência danificou uma série de componentes da plataforma P-36, provocando o vazamento de gás e uma segunda explosão, que matou 11 funcionários da brigada de incêndio e levou ao naufrágio da plataforma.  Passado 20 anos do acidente, a estatal Petrobras parece ter entrado numa fase de grandes lucros, uma boa parte garantido pelo monopólio da exploração do petróleo no País.  
           A Petrobras tem sido favorecido pelo sucessivo aumento do preço internacional do petróleo, porque pratica o preço "paridade" ao preço internacional do petróleo, na ponta do consumo.  Dane-se o consumidor!  À essa altura, a Petrobras comporta-se como uma empresa privada, mesmo tendo o seu presidente General do Exército, da reserva, nomeado pelo presidente da República, auferindo salário de R$ 270 mil, cada fim do mês. 

          A boa notícia para a Petrobras e aos seus acionistas, é que a tendência do preço de barril de petróleo é alcançar a média histórica não tão distante de US$ 100 cada barril de petróleo tipo Brent, conforme pode ver no gráfico acima.  A nova fase da economia mundial, pós pandemia da Covid-19, faz o petróleo buscar novo patamar de equilíbrio do mercado.  Para tanto, conta com empurrão dos Estados Unidos, que utiliza o gás extraído do xisto, abundante no território, cujo custo de produção é alto em relação ao custo de produção do petróleo da Arábia Saudita, por exemplo.  Arábia Saudita é o maior produtor de petróleo do mundo, com estimativa de 300 bilhões de barris.  
          Voltando ao petróleo do nosso "pré-sal", a notícia da alta do óleo no mercado mundial agrada sobremaneira à Petrobras porque o custo de produção do "pré-sal" está acima de US$ 30 cada barril, segundo fontes internas da Companhia.   Curiosamente, a Petrobras exporta toda produção do pré-sal, porque não há refinarias no Brasil que processam o petróleo pesado como do nosso pré-sal. O Brasil importa o petróleo leve no mercado internacional, ao preço do mercado.   A Petrobras produz cerca de 3,1 milhões de barris/dia de petróleo, volume equivalente ao consumo estimado do País.   
           A Petrobras, por outro lado, é uma verdadeira "caixa preta", difícil de desvendar a real situação econômica e financeira, uma vez que a "holding" internacional está na Holanda é que cuida da comercialização, importação e exportação de petróleo, com filial em Singapura, um paraíso fiscal.  Esta super estrutura, com diversas ramificações no mundo a fora que permitiram, no passado recente as falcatruas que somam muitos US$ bilhões.   
         Pelo histórico da Companhia, nada garante que um General do Exército, de reserva, com salário de R$ 270 mil/mês, tenha capacidade de desvendar os "submundos" da estrutura da Petrobras.  Na minha opinião, o General Silva e Luna não passa de um "fantoche" para acalmar o mercado financeiro.  Enquanto isto, apesar da Petrobras produzir petróleo suficiente para abastecer o Brasil, o povo brasileiro paga o combustível mais cara do mundo, grande parte devido a incidência de impostos de toda ordem.  
          Desta forma, é previsível que o preço do combustível venha subir nos próximos meses ao redor de 25%, nominal, isto se a inflação e o câmbio se comportarem nos níveis previstos pelos agentes financeiros. O litro de gasolina vai para R$ 10, ainda em 2022.

            Ossami Sakamori





quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Estagflação será realidade em 2022!

 


O Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgou, ontem, 27/10, a nova taxa Selic que vai vigorar nos próximos 45 dias.  Em relação à taxa Selic anterior, sobe 1,5%, passando para 7,75% ao ano.  O Banco Central justifica a alta dos juros básicos dos títulos do Tesouro Nacional, sinais de inflação persistente no País, além dos componentes "voláteis" (sic).  Sinaliza ainda que pode elevar a Selic em dezembro em 1,5%, passando para 9,25% ao ano. Aponta como causa a tentativa de "furar teto" dos gastos públicos que pode gerar movimentos inflacionários ainda maiores.

          Na matéria deste blog Entenda taxa Selic mostra a função da taxa básica de juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional como sendo instrumento importante da "política monetária" do Banco Central para o controle da inflação. O Banco Central dispõe, além da taxa Selic, um outro instrumento importante que são os depósitos compulsórios dos bancos, recolhido ao BC, com finalidade de contrair a liquidez do sistema financeiro nacional.  Faz algum tempo que o Banco Central não utiliza este instrumento, eficaz, para executar a política monetária.  Não saberia responder o motivo de não recorrer aos depósitos compulsórios.

         O fato visível é que o Banco Central, hoje, independente do governo, dá recado ao Ministério da Economia de que é mais que importante seguir uma política fiscal "sob controle" ou relativo "controle" para que a inflação não exploda, diminuindo o poder aquisitivo de compra, da maioria da população.  A elite econômica, se acomoda a qualquer situação.    

          Nas matérias anteriores, tenho chamado atenção sobre o "déficit primário" ou o "rombo fiscal", o dinheiro que falta para cobrir os gastos do Orçamento Fiscal.  Desde crise econômica, a pior dos últimos 100 anos, de 2014/2015, o País vem gastando mais do que arrecada, tornando o volume de dívida pública, a do Tesouro Nacional, se aproximando do PIB - Produto Interno Bruto.  Se o Brasil não consegue pagar nem as despesas correntes, como de saúde pública, educação e segurança, desde 2014, sem emissão de títulos do Tesouro Nacional, a conclusão cristalina é de que não consegue sequer pagar os juros da dívida pública.  Enquanto pode, o País vai "rolando" o estoque da dívida pública que ultrapassa perigosa marca de R$ 5,7 trilhões, líquidos, com agravante de que o prazo médio de vencimentos destas dívidas é de pouco mais de 4 anos.  

          A alta da taxa Selic, apenas indica a situação delicada que passa o País atravessa com inflação crescente e indicativo de baixo crescimento econômico.  A esse fenômeno conhecido, denominamos de "estagflação", a soma de estagnação com inflação.  O ano de 2021 vai terminar, com inflação apontando para próximo de 10% ao ano e com crescimento econômico ao redor 4,5%.  Convém lembrar que o Brasil teve recessão de 4,1% em 2020.  Os analistas de principais instituições financeiras, estimam o crescimento do País, pouco acima de 1% em 2022.  Isto é, o País quase parando, com inflação alta, pelo menos de partida.    

         Fica alerta aos formuladores da política econômica do governo, o Ministério da Economia, de que a "estagflação" será realidade em 2022.   A ausência de uma política econômica consistente é uma realidade.  Banco Central está fazendo a sua parte.  

         Ossami Sakamori