sexta-feira, 31 de agosto de 2018

PIB mostra tímida expansão (+0,2%) no segundo trimestre


De acordo com o IBGE, o PIB a preços de mercado exibiu tímida expansão de 0,2% no segundo trimestre, vindo de +0,1% (revisado) no trimestre anterior.

O resultado do 2T18 veio algo acima do consenso de mercado (+0,1%) e representou a sexta alta consecutiva do indicador na margem.Destaque positivo para o desempenho trimestral do setor de serviços (+0,3%), influenciado favoravelmente pelas atividades imobiliárias e de informação /comunicação. Os serviços de transportes /armazenagem, por outro lado, tiveram queda de -1,4% no 2T18. O reflexo da greve também foi sentido no PIB industrial, com retração de -0,6% afetada principalmente pelas quedas nas indústrias de transformação e construção.

Sob a ótica da demanda, os gastos do governo tiveram expansão de +0,5% no trimestre, o consumo das famílias variou em +0,1% e os investimentos retraíram em -1,8%. Já as exportações e importações apresentaram recuos de -5,5% e -2,1% na margem, nesta ordem.

Nos últimos quatro trimestres, o PIB teve crescimento de 1,4% sendo que tanto a indústria como os serviços exibiram variação idêntica (+1,4%) ao passo que o PIB Agrícola desacelerou para 2,0% nesta base de comparação.

Nos períodos à frente, avaliamos que a produção agrícola mostrará alguma acomodação (frente as safras recordes do passado recente),ao passo que o juro real ainda baixo, aliado ao discreto crescimento da massa de salários e à depreciação do câmbio real devem preservar o ritmo das atividades secundárias e terciárias no terreno positivo, ainda que bastante modesto.

Após o processo eleitoral e o andamento das reformas econômicas, estes setores podem ganhar maior tração, mas o cenário para a atividade é ainda bastante incerto.













Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_Group



quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A taxa de desemprego continua alta


Segundo o IBGE, a taxa de desocupação cedeu de 12,4% para 12,3% entre junho e julho. Os dados ajustados pela sazonalidade, por sua vez, apontam para estabilidade desta taxa em torno de 12,2% no mesmo período.

Frente a julho de 2017, o indicador recuou em 0,5 pontos porcentuais (p.p.). Nesta comparação, o número de desocupados (12,9 milhões de pessoas) cedeu em -3,4%, ao passo que o de ocupados (91,7 milhões) aumentou em +1,1%, variação superior à da força de trabalho (+0,5%), cujo total é de 104,5 milhões de indivíduos.

Esta expansão da ocupação, ainda assim, tem sido alavancada pelos segmentos informais, com destaque para os trabalhadores sem carteira (+3,4%) e por conta própria (+2,1%). Dentre os ramos formais, por seu turno, a ocupação ainda cresce principalmente nos empregos públicos (+2,7%).
Quanto aos desalentados, que se encontram sem motivação para procurar oportunidades, estes somam 4,8 milhões de pessoas (alta de 18% frente a julho de 2017). Como proporção da população em idade ativa (PIA), este contingente é crescente e está em 4,4%.

Por fim, o rendimento médio real alcançou R$2.205 em julho (+0,8% anual). Sua dinâmica, juntamente com a da ocupação, contribuiu para expandir a massa de salários para R$197,2 bilhões no mês, alta de +2,0% na comparação anual.

Em resumo, o patamar corrente de desemprego é bastante elevado frente ao seu padrão histórico e evidencia a alta ociosidade hoje existente no mercado de trabalho. Com isso, a inflação subjacente do IPCA tem se mantido em patamar confortável.









Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_Group,

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Como tirar o Brasil do buraco (3)

Crédito da imagem: R7

Esta é a última matéria da série. Na primeira sob o mesmo título, indicamos a fórmula segura para criação de novos empregos com carteira assinada, com o objetivo de voltar aos mesmos índices de desempregados de antes da depressão do País, a pior desde 1929.  Falamos em criação de 1,75 milhão de novos empregos a cada ano ou cerca de 7 milhões nos próximos 4 anos, coincidente com o período de governo do novo presidente da República, a ser eleito em outubro deste ano.

Na segunda matéria sob o mesmo título, indicamos o volume de investimentos necessários para cada ano, estimado em R$ 280 bilhões ao ano ou R$ 1,12 trilhão em 4 anos. Indicamos, também, a fonte de recursos extra Orçamento Fiscal, mediante Parceria Público Privado. O volume de investimento, correspondente a 4% do PIB, será necessário para o crescimento sustentável do País a uma média de 5% ao ano. Na política econômica sugerida por mim, engenheiro e comentarista econômico, vamos reforçar, não se falou em "gastar" dinheiro público.

Vamos tratar, hoje, sobre o equilíbrio das contas públicas. Grosso modo, em dois anos de crescimento à razão de 5% ao ano, zeramos o "déficit primário" (dinheiro que falta para pagar despesas), hoje estimado em 2% do PIB, em menos de dois anos, mantido as despesas do governo nos mesmos níveis de 2018.  É importante a contenção dos gastos públicos nestes próximos dois anos, até a eliminação do "déficit primário". Vamos apenas lembrar que a Dilma caiu por conta das "pedaladas fiscais" ou "escamoteamento" do "déficit primário" via "contabilidade criativa".  

Após o equilíbrio das contas públicas, isto é a arrecadação cobrindo as despesas, a Emenda do teto dos gastos (PEC 241) se tornará "óbice" para incremento de investimentos públicos nas áreas prioritárias do governo da União que são: educação, saúde pública e segurança pública.  A Emenda do teto dos gastos é uma "camisa de força" para melhoria dos serviços públicos.  Chamo a atenção para o fato de que a Emenda do teto dos gastos sobrepôs à Lei da Responsabilidade Fiscal de 2000. A Lei tornado sem força, já previa o equilíbrio de contas públicas, ou seja o que se arrecada e o que se gasta.  Limitar a melhoria dos serviços públicos por uma Emenda é um paradoxo incomum. 

Com o projeto de desenvolvimento proposto aqui, será necessário que a Emenda do teto dos gastos seja revogada à partir de 2021 ou seja após o equilíbrio das contas públicas.  A revogação da Emenda do teto dos gastos trariam de volta em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000 e sepultaria de vez por toda a camisa de força esdrúxula, a Emenda Constitucional 241, transformado em Emenda Constitucional 55 pelo Senado.  Para quem não se lembra, a Emenda do teto dos gastos, coloca a camisa de força à melhoria dos serviços públicos até 2036! 

Desde o início da tramitação do PEC do teto dos gastos no Congresso Nacional, eu fui frontalmente contra a sua aprovação.  Escrevi em 24 de outubro de 2016: O PEC 241 é um grande equívoco!  À época, fui contra o governo Temer, contra o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, fui contra os jornalistas e articulistas econômicos e contra o mercado financeiro.  Os leitores devem ter acho que eu estaria errado! Não se preocupem. Com a "revogação" do PEC do teto dos gastos, voltará em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000 que prevê o equilíbrio de contas públicas, isto é "déficit primário" zero.  Certamente, o Orçamento Fiscal de 2021, com o crescimento do PIB a 5% ao ano, o Orçamento Fiscal deverá apresentar um "superávit primário" ou uma sobra de dinheiro para pagar, pelo menos, os juros da dívida pública.

Tratar sobre o Orçamento Fiscal do governo da União não é tarefa fácil. O principal obstáculo a vencer é a própria ignorância dos principais atores do setor econômico, quais sejam: o mercado financeiro, os articulistas econômicos, os jornalistas econômicos e os próprios formuladores da política econômica dos presidenciáveis. Os acadêmicos da área de macroeconomia, certamente, estarão caminhando comigo na mesma trilha. Enfim, não estou tão sozinho, assim!

Esta é a última de uma série de matérias sobre sugestão de política econômica para qualquer presidenciável. 

Ossami Sakamori
@SakaSakamori

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Como tirar o Brasil do buraco! (2)


Na fórmula clássica de pensar da maioria dos jornalistas e articulistas econômicos, a minha matéria anterior Como tirar o Brasil do buraco (1) deve ter provocado um certo ceticismo quanto a viabilidade dos investimentos em infraestrutura tal qual foi proposto.  A primeira ideia é de que "qualquer" investimento provoca o "déficit primário" ou o "rombo fiscal". Posso garantir que é uma visão tacanha, moldado ao sabor da opinião da massa.

O montante dos investimentos em infraestrutura proposta na matéria anterior é desejável que seja a média dos anos ouros do desenvolvimento do País. Prestando atenção naquela fase, o que salta aos olhos para qualquer analista é a participação dos investimentos em infraestrutura aos níveis de 4% do PIB, o que equivale ao volume de R$ 280 bilhões. É dinheiro que não acaba mais! No entanto, na minha visão de engenheiro e de bloguista político e econômico posso afirmar que a proposta é totalmente viável.

Certamente, os investimentos em infraestrutura não deverá ter como fonte o dinheiro do Orçamento Fiscal. A União tem apresentado "déficit primário" entre 2016 e 2018, nos níveis entre R$ 179 bilhões e R$ 139 bilhões.  Desta forma, seria impensável que os investimentos em infraestrutura venham do Orçamento Fiscal. Se acalmem, os jornalistas e articulistas econômicos "meia tigela".  A seguir exporei como buscar os recursos necessários para investimentos em infraestrutura. 

O dinheiro dos investimentos em infraestrutura virão, via Parceria Público Privado, isto é, da inciativa privada.  As empresas parceiras nos diversos setores como de: construção civil, saneamento, construção de estradas, construção de ferrovias, usinas de geração elétrica de diversas fontes, linhas de transmissão, construção de rodovias, aparelhamento e modernização dos portos, "buscarão" os recursos entre os parceiros estrangeiros ou através de bancos de fomentos brasileiros e ou entidades de fomentos estrangeiros.   Vamos lembrar que as obras em infraestrutura é que utilizam mão de obra, intensivamente, criando novos empregos com carteira assinada. 

Os bancos de fomento brasileiros deverão, certamente, buscar fontes de financiamentos para infraestruturas lastreado os empréstimos de longo prazo em diversas fontes. Podemos enumerar: os recursos do FGTS, do FAT, de fundos constitucionais, 1/3 da Reserva cambial (hoje aplicado em títulos da dívida americana); uma parte dos depósitos compulsórios das Seguradoras; uma parte dos depósitos compulsórios dos Fundos de investimentos.  Enfim, não será difícil para os bancos de fomento buscarem R$ 380 bilhões ao ano necessários, para financiar as empresas privadas nos investimentos em infraestrutura. 

O volume de investimentos em infraestrutura, cerca de 4% do PIB, é mais do que necessário para fazer o Brasil crescer, pelo efeito cascata, algo como 5% a 6% ao ano.  O volume de investimento é crucial, não só para crescimento do PIB, mas sobretudo para criação de 1,6 milhão de empregos, com carteira assinada, indicado na matéria anterior. É necessário quebrar alguma paradigma, tem.  

A tarefa de convencimento da aplicação da fórmula proposta nesta matéria, encontrará resistência, não pelo lado dos formuladores da política econômica dos presidenciáveis, mas, pelos jornalistas e articulistas econômicos lotados nas aldeias globais, que infelizmente fazem a cabeça dos eleitores.  

Na próxima matéria trataremos dos "déficits públicos" ou os "rombos fiscais". 

Ossami Sakamori
@SakaSakamori

domingo, 26 de agosto de 2018

Como tirar o Brasil do buraco! (1)

Crédito da imagem: Veja

Nem todos candidatos à Presidência da República tem dado destaque à grave crise de desemprego que vive o País.  Com exceção de alguns, a criação do emprego com carteira assinada tem sido o foco dos programas de governo. Para alguns dos candidatos a segurança pública é a prioridade e para outros o índice de inadimplência. Esquecem estes de que a origem dos problemas enumerados está, justamente, no alto índice de desempregados. Tem saída?  Brasil é país pujante para sair deste buraco que se meteu. 

Antes de propor a saída para esta grave situação, vamos rememorar os números oficiais do IBGE.  O número de desempregados formais está em 13 milhões de trabalhadores ou 12,4% de desempregados, segundo critério aceito mundialmente.  Somados a este contingente, o número de trabalhadores desalentados e sub-empregados, o número atinge número próximo de 40 milhões.  Adicionado a este número os aposentados e pensionistas, o número de pessoas desocupadas é de 65 milhões de pessoas, segundo IBGE. O espantoso é que apenas 34 milhões de trabalhadores estão em seus postos de trabalho com carteira assinada.

O Brasil viveu, pelos menos nos últimos 20 anos, índices de desemprego próximo de 5,5%, o que convertido em números atuais daria grosso modo 6 milhões de trabalhadores com carteira assinada.  O próximo presidente da República teria que criar cerca de 7 milhões de empregos ou 1,75 milhão de empregos com carteira assinada a cada ano para recuperar o índice de desemprego antes da crise econômica que abateu o País.  Segundo o IBGE, em 2018, criou-se os pífios 250 mil empregos, muito longe de alcançar a conta mínima para alcançar o mesmo patamar de antes da crise.  

Não será pelo lado de consumo é que País vai criar novos empregos. O número de inadimplentes no comércio, segundo Serasa em 62 milhões ou segundo SPC em 63 milhões de pessoas, serão os gargalos para saída desta crise.  Nem é necessário explicar que o número de inadimplentes é decorrente do grande número de desempregados.  

Os números mostram que, o futuro presidente da República terá que adotar, sem outra opção, uma política econômica e monetária capaz de atrair investimentos diretos nas fábricas, na agroindústrias e nas obras de infraestrutura.  O setor público responde por 33% do PIB, portanto, não tem outra saída senão o governo federal, induzir os investimento em infraestrutura em parceria com a iniciativa privada.  

A história brasileira mostra que o Estado brasileiro sempre foi o indutor do desenvolvimento do País, nos áureos períodos.  O Brasil está emparedado, no momento. O País não tem outra saída, senão quebrar o tabu de se portar como país do terceiro mundo, o país dos coitadinhos perseguido pelos países hegemônicos. O Brasil padece do "síndrome do cachorro magro".  O maior exemplo está na Emenda do "teto dos gastos" que "engessa" os investimentos da União em infraestrutura. O Brasil optou em colocar a própria camisa de força, dos formuladores economia dementes, para não crescer nos próximos 20 anos. Sem revogação da Emenda do teto dos gastos, o Brasil não tem saída.  Deixei os melhores articulistas econômicos de cabelo "em pé", deixei?  

Os presidenciáveis terão que colocar a cara para bater. Não será por bravatas ou soluções demagógicas, cheio de bravatas, que tirará o Brasil do buraco que se meteu. Atingi algum presidenciável, atingi?  Que se danem!  Quero meu Brasil, de volta ao crescimento sustentável.  

O Brasil precisa criar 6,5 milhões de empregos com carteira assinada nos próximos 4 anos, para voltar no "status quo" de antes. 

Ossami Sakamori






quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O dólar poderá flutuar até o nível de R$ 4,50

Crédito da imagem: Globo

O dólar comercial fechou ontem na cotação de R$ 4,05.  Não tem nada que estressar com o dólar no patamar praticado nos níveis da cotação de ontem.  Em 7 de junho passado já postava neste blog matéria referente a trajetória da moeda americana: Dólar vai buscar R$ 4,16 no médio prazo .  Pela conjuntura política atual, com grande possibilidade de eleger um candidato à presidência da República de ideologia do extremo, seja de esquerda ou direita, o mercado ficou em polvorosa.  Isto é "mercado financeiro".  O dólar deve procurar um novo patamar de estabilidade.

O mercado financeiro, incluído o mercado de câmbio, dança conforme a perspectiva do futuro.  O mercado financeiro é para poucos, pode fazer fortunas em poucos dias mas pode se tornar pobre em alguns minutos. Especificamente, o movimento de ontem, foi baseado no resultado das pesquisas em que apontava a possibilidade de vitória da esquerda ou vitória da extrema direita.  O mercado financeiro aprecia o "feijão com o arroz" ou "feijão com chuchu".  O mercado financeiro espera um presidente da República que não afronte ou não invente as regras vigentes nos organismos de fomento internacional como FMI e OCDE.  

O mercado financeiro, sem uma definição clara da política econômica dos presidenciáveis, fica à mercê de especulações. Para os investidores tradicionais ou conservadores, é melhor esperar o tufão passar.  Após resultado das eleições, o mercado financeiro, incluído o mercado de câmbio, deverá traçar uma nova tendência, para cima ou para baixo. 

O mercado de financeiro, além da conjuntura política, está sujeito ao movimento de câmbio no mercado internacional. Portanto, os investidores deverão ficar com os olhos voltados para dentro e fora do País.  Desde a conferência do Bretton Wood, após o término da Segunda Guerra Mundial, em julho de 1944, estabeleceu-se que a moeda de referência mundial para transações comerciais seria o "dólar americano".  O dólar americano flutua ao sabor da conjuntura econômica americana e das crises políticas ou econômicas de terceiros países.  A nossa moeda, o real, só tem valor dentro do País. Nenhum país do mundo seria louco de aceitar o real como moeda de trocas comerciais ou de serviços.  E por estas e outras razões que os investidores nacionais e internacionais procuram o "dólar americano" como proteção aos investimentos financeiros.  

Mas fiquem sossegados! O dólar pode subir ou baixar conforme a especulação, mas o Banco Central do Brasil tem instrumento capazes de segurar a cotação dentro no nível que ele (Banco Central) ache razoável.  O Banco Central já utiliza os derivativos cambiais, especialmente, o swap cambial tradicional para conter a alta exagerada do dólar.  Há outros instrumentos como o "dólar futuro" e outros mecanismos não tradicionais.  E ainda, para a segurando do Brasil, o Banco Central possui reservas robustas para "queimar" se for preciso.  Na segunda-feira, dia 20 de agosto, o Brasil possuía US$ 380 bilhões em reserva cambial. 

Não tenho bola de cristal para saber do "teto" para o dólar, imaginado pelo Ilan Goldfajn. Para quem tem muitos anos de "janela", como eu, creio que o Banco Central vai deixar o dólar flutuar até ao nível de R$ 4,50. Se eu fosse presidente do Banco Central, atuaria fortemente para segurar o dólar neste nível.  Ao contrário de uma situação passada, em 2002, onde houve disparada do dólar sem muito controle, o Banco Central de hoje tem robustos instrumentos para o País não entrar novamente em "crise cambial".

O dólar poderá flutuar até o nível de R$ 4,50. 

Ossami Sakamori
Engenheiro civil, 74, foi prof. da UFPR e consultor empresarial.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Pesquisa CNT/MDA reforça potencial eleitoral do PT



A pesquisa CNT/MDA publicada hoje trouxe um cenário favorável à evolução da candidatura do PT. Isto porque, à sombra de Lula, o potencial para o seu crescimento junto ao eleitorado permanece expressivo. Em mais detalhes:

·         Em agosto, as menções espontâneas de voto em Lula (20,7%) e Bolsonaro (15,1%) subiram na comparação com maio, ao passo que o porcentual de brancos, nulos e indecisos recuou no período (para 57,1%, ainda alto). Os demais nomes oscilaram dentro da margem de erro (+/-2,2%).

·         Na pesquisa estimulada, os movimentos foram similares. Os votos em Lula subiram para 37,3% em agosto (vindo de 32,4% em maio) e os eleitores de Bolsonaro somaram 18,8% dos votantes em agosto (de 16,7% antes). O porcentual de brancos, nulos e indecisos diminuiu de 26,7% para 23,1%.

·         Os eleitores de Lula e Bolsonaro são os que apresentam maior convicção em seus votos; 82,3% e 70,7% respectivamente. Por outro lado, grande parcela dos votantes em Marina (66,1%), Alckmin (63,3%) e Ciro Gomes (62,7%) podem mudar sua decisão até a eleição.

·         Sobre a migração do eleitorado petista, a pesquisa CNT/MDA avaliou que 47,9% dos votos em Lula se tornam brancos, nulos ou indecisos caso o ex-presidente seja impedido de concorrer. Nesta situação, ainda assim, 17,3% migram para Fernando Haddad (o mais provável herdeiro de Lula), 11,9% escolhem Marina Silva, 9,6% vão para Ciro Gomes, 6,2% ficam com Jair Bolsonaro e até 3,7% (!) migram para Alckmin.

·         A partir destas estimativas de transmissão de votos, é também possível simular eventual cenário com Fernando Haddad (ao invés de Lula) no 1º turno; neste caso, Bolsonaro lidera com 21,1% dos votos (18,3% em maio), seguido por Marina Silva com 10,0% (11,2% antes) e Ciro Gomes (PdT) com 7,7% (de 9,0%). Fernando Haddad (PT) sobe de 2,3% para 6,5% entre os dois levantamentos, ao passo que Alckmin passa (apenas) de 5,3% para 6,3%. A proporção de brancos, nulos e indecisos recua de 46% para 41% neste quadro.

·         Quanto ao segundo turno, a pesquisa demonstra que Lula é francamente imbatível. Por outro lado, as demais combinações de nomes no segundo turno revelam apenas quadros de empate técnico.

·         Por fim, quanto ao potencial (positivo) de votos, este subiu para quase todos os candidatos, com destaque para Ciro Gomes (+5,3 pontos), Lula (+5,0) e Alckmin (+4,0). Bolsonaro manteve seu potencial de votos praticamente estável e Meirelles teve queda (-5,5), provavelmente em função de seu vínculo inevitável com o Governo Temer, amplamente desaprovado (89,6%) pelos brasileiros.












Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_Group,

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O Brasil é país dos "emergentes".



Há um equívoco na maneira de pensar dos formuladores da política econômica, sobretudo, dos presidenciáveis. Tenho observado que uma grande parcela dos articulistas econômicos, também, defendem o crescimento econômico baseado exclusivamente no consumo da população.  Na minha visão, o principal foco da política econômica deveria ser o aumento da renda da população mediante criação de "novos empregos" no setor industrial.  

O Brasil patina porque isto é um círculo vicioso, sem fim, a defesa do crescimento econômico País baseado tão somente no "consumo" da população.  O Brasil está com 65 milhões de pessoas na situação de desempregados, desalentados e subempregados, enquanto apenas 34 milhões de trabalhadores estão na formalidade, isto é, com carteira assinada.  Deveria saltar aos olhos de qualquer responsável pela formulação da política econômica de que a política econômica baseado apenas em consumo é um círculo vicioso, um espiral sem fim, ao inverso.  Brasil está definhando há algum tempo, pelo equívoco da política econômica. 

O exemplo da política econômica acertada vem dos países desenvolvidos como Japão e Alemanha que deram prioridade ao desenvolvimento tecnológico ou  ao seu parque industrial, sobretudo, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945). Enquanto os países destruídos pela nefasta e insensata guerra, aqueles países foram à luta, colocando-os na terceira e quarta posição do PIB mundial. Enquanto isto, o Brasil ficou parado no tempo.  Hoje, ainda, o País continua sendo exportador de produtos primários como grãos e minérios. Do século passado para este, o País só mudou o produto exportado, de café passou para grãos e minérios. 

Os países emergentes como a China, Rússia e Índia foram à luta para conquistar posições de destaques no comércio mundial.  Especialmente, a China e a Índia crescem a uma média anual acima de 6% ao ano. A China já colocou o Japão na terceira colocação em PIB.  Não tardará que a Índia venha ocupar a posição de 8ª economia do mundo, ultrapassando a posição do Brasil. 

O crescimento vertiginoso dos países emergentes deveu-se sobretudo às exportações de serviços e produtos industrializados. Não! Não foi devido à exportação de produtos primários. Esses países cresceram acima da média mundial baseados em exportação de tecnologia e produtos agregados. É mais do que certo que o crescimento dos tais países emergentes, não se deveu ao consumo do mercado interno.  O consumo, para aqueles países, não está sendo meio para o crescimento econômico, mas como resultado.

O governo Lula da Silva priorizou o consumo interno, basicamente, por três viés:  O dólar baixo ou o real valorizado foi a alavanca para aparecimento de classes emergentes; o crédito fácil através de "créditos consignados" movimentou o mercado de consumo e o terceiro fator foi alavancado pela alta do mercado de produtos primários como grãos e minérios no mercado internacional. Este cenário, para o azar do Brasil, parece estar a mudar.  

Não adianta reclamar que os chineses são exploradores do povo brasileiro. Em passado não tão remoto, os exploradores dos "coitadinhos" brasileiros eram os americanos.  O motivo é que Brasil esqueceu de fazer o dever da casa.  Os presidentes brasileiros sempre deram prioridade ao mercado de consumo interno.  Os indicadores mostram claramente esta opção.  A participação da indústria na formação do PIB decresceu de 26% do PIB em 2002 para menos de 12% do PIB.  Tecnologicamente, Brasil regrediu aos olhos vistos. 

Sem a indústria brasileira, conquistando o mercado mundial, com o dólar alto ou o real desvalorizado não chegaremos nunca ao nível de crescimento econômico dos países desenvolvidos e nem ao nível de crescimento dos países emergentes.  Cada país elege sua prioridade. Enquanto os outros escolheram ao desenvolvimento tecnológico, o Brasil continua priorizando o "consumo".  E assim chegamos onde chegamos, a pior depressão dos últimos 100 anos!

O mercado de consumo é "ópio" do povo.  O consumo inebria o povo brasileiro. Dentro do contexto, o consumo de produtos estrangeiros são valorizados.  Os "emergentes" brasileiros se orgulham de comprar produtos asiáticos em Nova York ou gastar o dólar baixo (real valorizado) em Paris ou outros destinos preparados para acolher os otários "emergentes" brasileiros. 

O novo presidente da República (2019/2022) deverá priorizar não só os investimentos em infraestrutura, mas sobretudo criar "ambiente" propícios para investimentos em fábricas. O aumento de poder de compra terá que vir necessariamente dos trabalhadores com carteira assinada. E fim do papo! Só assim, o Brasil criará o mercado de consumo robusto, independente de diversos artifícios no mercado de consumo.  

O Brasil não é um país emergente, mas o Brasil é país dos emergentes!

Ossami Sakamori
Engenheiro civil, 74, foi professor da UFPR e consultor empresarial. 

sábado, 18 de agosto de 2018

Acorda, Brasil !

Crédito de imagem: Globo

O IBGE aponta como o total de pessoas que nem trabalham e nem procuram vagas de trabalho o número mais do que impressionante, 65,6 milhões, o maior já registrado na série histórica.  Ainda segundo o próprio IBGE, 40,6% dos ocupados, ou cerca de 37 milhões, são trabalhadores informais ou estão próximos da informalidade. Estes últimos, são empregados sem carteira, doméstico sem carteira, conta própria sem CNPJ, empregador sem CNPJ e empregos doméstico auxiliar.  No entanto,  a "taxa oficial" de desempregado pelo o Pnad Contínua caiu para 12,4% ou 13 milhões de trabalhadores no trimestre encerrado no dia 31 de julho , por meio de Pnad Contínua. 

Os números, à primeira vista, parece contrastante, mas não é.  A medição de índice de desemprego  aplicado no Pnad Contínua obedece critérios aceitos internacionalmente.  Para se ter ideia, pelo mesmo critério, o índice de desemprego nos Estados Unidos está abaixo de 4%, enquanto no Brasil está em 12,4%.  O índice de 4% é considerado pelo governo americano como o mínimo aceitável, independente de partidos, seja Republicanos ou Democratas.  No Brasil, sempre considerou como aceitável o índice de 6%, muito longe de ser alcançado. 

O próprio IBGE apresenta o número de 12 milhões de pessoas desalentados.  Os desalentados são pessoas que são considerados como força de trabalho mas não saem para procurar emprego.  Os motivos para que os  desalentados não procurem o emprego são as mais diversos.  Primeiro é a própria oferta de empregos; segundo é por falta de dinheiro para pagar passagem de ônibus para sair à procura de empregos.  O termo utilizado pela estatística, o "desalentado", traduz por si só o estado de espírito deste contingente de pessoas.

Outro número impressionante é o contingente de pessoas na informalidade ou próximo de informalidade.  São 37 milhões de pessoas que trabalham como biscateiros ou trabalhos menos que 44 horas semanais.  São pessoas que vivem de "biscate".  

Contrastando com os números desalentadores, o número de trabalhadores com carteira assinada em diversos segmentos: funcionários públicos, trabalhadores de empresas de pequeno porte, trabalhadores de agronegócios e trabalhadores das indústrias,  representam não mais que 34 milhões de trabalhadores.  Grosso modo, um trabalhador com carteira de trabalho assinado carrega nas costas outros 65,6 milhões em diversas situações. 

Diante do quadro exposto, é fácil diagnosticar o motivo pelo qual o número de inadimplentes no comércio é alto no Brasil.  Segundo Serasa Experians, 62 milhões e segundo SPC, 63 milhões de pessoas estão com o "nome sujo" no comércio.  Não temos mágicas a produzir.  Para diminuir o número de inadimplentes no comércio, somente criando novos empregos formais, com carteira assinada! 

Única saída para o Brasil é estabelecer uma política econômica consistente visando criar novos empregos formais, nas indústrias, nos agronegócios e nos setores de serviços.   A política econômica que me refiro não pode ser apenas um "ideário liberal" ou um "ideário conservador".  Só mesmo uma política econômica e política monetária forte e robusta para poder tirar o País do buraco que se meteu.  Nenhuma "bravata", de qualquer que seja o presidenciável, levará o País ao desenvolvimento sustentável.  O buraco está muito mais para baixo!  

Acorda, Brasil !

Ossami Sakamori

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Lula transforma a sede da Polícia Federal em seu comitê eleitoral



No último dia 14, quarta-feira, o PT deu entrada no TSE o registro da candidatura do partido para cargo de presidente da República e respectivo vice.  Para o presidente da República o ex-presidente Lula da Silva e para o vice o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. O Lula foi condenado em segunda instância pelo TRF4 no processo conhecido com caso Triplex. Assim sendo, o Lula está enquadrado na lei da "ficha limpa" e não tem direito de concorrer a nenhum cargo eletivo. Ponto final. 

O Partido do Trabalhador sabe que o TSE vai rejeitar o registro da candidatura do Lula, mas quer levar a candidatura até onde der. Conforme legislação em vigor, o último dia para acolhimento ou recusa de qualquer candidatura, inclusive do Lula, deverá ocorrer até o dia 17 de setembro.  O interregno de tempo é reservado para para preparar as urnas eletrônicas com os nomes e números respectivos dos candidatos para eleição de 6 de outubro próximo.  

A presidente do TSE, ministra Rosa Weber indicou, ontem à noite, o ministro Roberto Barroso como relator do registro da candidatura do Lula da Silva para dar pareceres sobre as impugnações a serem apreciados pelo pleno do TSE. Contando todos os prazos, no mais tardar, dia 29 deste mês, o ministro Barroso deverá apresentar o seu relatório para votação em plenário do TSE.  Em tese, caberá ao Lula os recursos no STJ e no STF, se houver a recusa do registro da sua candidatura no TSE.  Nem mesmo o PT acredita no registro definitivo da candidatura do  Lula para eleição presidencial de 2018.

Enquanto não vem a decisão definitiva sobre o registro da sua candidatura, Lula da Silva transformou a carceragem da Polícia Federal de Curitiba, onde está preso há mais de 4 meses, em "comitê eleitoral" da sua campanha à presidência da República.  O Estado brasileiro, novamente, se curva à vontade de um cidadão condenado que cumpre pena de prisão imposto pelo TRF4 em 12 anos e um mês, permitindo a este preso utilizar as instalações para atividades políticas partidárias.    

Por estas e outras atitudes que o Brasil é visto como uma republiqueta de quinta categoria pelos países do primeiro mundo.  O Brasil se apequena cada vez mais no cenário mundial e fixa a sua imagem como país do terceiro mundo. Fazer o que?  O Brasil se curva à vontade de um ladrão dos cofres públicos.  

A sede da Polícia Federal virou comitê eleitoral do Lula.

Ossami Sakamori

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O PIB mensal está voltando ao normal após a greve dos caminhoneiros



O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-BR), que busca captar os movimentos de curto prazo do PIB oficial (IBGE), teve alta mensal de 3,3% em junho após registrar queda de igual magnitude (-3,3%) em maio. 

Esta recuperação na margem, após a greve dos caminhoneiros, também foi observada nos principais dados de atividade no período, tais como:

a) a pesquisa mensal de serviços (+6,6% em junho), afetada principalmente pelos serviços de transportes;
b) a produção industrial (+13,1%), com destaque positivo para a produção de bens duráveis e;
c) o comércio varejista ampliado (+2,5%), influenciado pelas vendas de automóveis e da construção no mês.

Ou seja, todos os dados em alta frequência apontam para a normalização da atividade econômica em junho após o choque de oferta causado pela paralisação do transporte de cargas (em maio).

Ainda que os serviços e a indústria mostrem alguma acomodação em julho, avaliamos que estes segmentos continuarão em tendência de gradual recuperação ao longo dos próximos trimestres, alinhada com a perspectiva para o PIB como um todo. Isto porque os juros estão baixos, a inflação está ancorada e a massa de salários está em expansão. 

Nossa expectativa é de crescimento ao redor de 1,5% para o PIB do Brasil em 2018, sendo que o PIB do 2T18 deve ter variação levemente acima de zero.

Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_group









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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Brasil poderá crescer 5% ao ano!

Crédito da imagem: Jornal da USP

Todos sabem da situação desesperadora que o País vive diante da pior depressão desde 1929.  Tudo iniciou em 2014 com o "rombo fiscal" escamoteado com "pedaladas fiscais" da Dilma. Nos anos seguintes, 2015 e 2016, teve "retrocesso" na economia em cerca de 7,5% no PIB.  No ano passado, a economia teve crescimento pífio de 1%, insuficiente nem ao menos para fazer frente ao crescimento vegetativo da população. O mercado financeiro espera para este ano desempenho bem abaixo do previsto pelo governo Temer, cerca de 1,5%.  Brasil, literalmente, está no chão!

Diante do fracasso da política econômica da Dilma e do Temer, o PIB brasileiro retrocederá 5% em número relativo ou um retrocesso de cerca de 8% a 9% em relação à média da média do avanço do mundo, no mesmo período.  O novo presidente da República que vai governar o Brasil no exercício, de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, seja ele quem for ou de partido que seja, terá a incumbência de anular o "gap" que nos separou do mundo desenvolvido, nos últimos 4 anos. 

Os candidatos à presidência da República, os menos preparados, estão apresentando programas de governo muito simplista para poder fazer alguma análise.  Uns defendem a economia liberal sem ao menos indicar exatamente o do que se pretende.  Outros defendem a retomada do consumo, via "perdão" de dívida da população de baixa renda.  Pelo nível de propostas, muito simplista, muitos candidatos não tem noção do que seja uma política macroeconômica aplicável a um país em desenvolvimento. Penso que um presidente da República tem obrigação de saber, o mínimo do que seja uma política econômica que leve o País ao desenvolvimento sustentável. 

Os indicadores oficiais mostram que o índice de desemprego no Brasil é a mais alta dos últimos 15 anos, qual seja 12,6% ou 13 milhões de desempregados com carteira de trabalho.  O Brasil conviveu nos últimos anos, exceto esse período de depressão, índice de desemprego em torno de 6%. Para efeito de análise da política econômica, o desemprego em torno de 4% é considerado como de bom desempenho.  O número fica dramático se somar ao número de desempregados, o número de trabalhadores desalentados e sub-empregados. São 40 milhões de trabalhadores desempregados, desalentados e subempregados. O número é aterrorizante e desafiadora para qualquer formulador da política econômica. 

Para complicar ainda mais na formulação da nova política econômica, o governo Meirelles/Temer aprovou a Emenda Constitucional do "teto dos  gastos".  A Emenda do "teto dos gastos" engessou os gastos públicos, incluído investimentos diretos, no mesmo nível de gastos de 2016, corrigido apenas pela inflação do período subsequente, não importando o tamanho do "déficit primário".  A Emenda do "teto dos gastos" é comemorado por mercado financeiro e pelos analistas econômicos que se acham os "bons". O Brasil "engessou" a economia no pior patamar do Produto Interno Bruto, o de 2015, para os próximos 18 anos.  Este que escreve, foi crítico desde o primeiro momento sobre a Emenda Constitucional de "teto dos gastos" tal qual como foi aprovada.     

A saída deste marasmo que o Brasil se encontra, dentro dos piores indicadores econômicos, não será apenas por via da mudança da "tese macroeconômica" na direção à política econômica liberal, como muitos candidatos pretendem.  O buraco está mais para baixo!  O despreparo da maioria dos presidenciáveis em macroeconomia é impressionante. Lá vai, algumas dessas alternativas que poderá mudar o rumo do País. 

A Emenda do "teto dos gastos", embora tenha se tornado "dogma" do mercado financeiro é um óbice para o crescimento econômico do País nos níveis que necessita.   A primeira medida para o crescimento econômico robusto deverá ser a "revogação" da Emenda do "teto dos gastos".  A revogação da Emenda do "teto dos gastos" vai permitir que a União possa fazer investimentos em infraestrutura onde não tem atrativo para iniciativa privada. Querendo ou não querendo, a União responde por cerca de 33% do PIB e por isso mesmo o governo central não pode fugir da responsabilidade de ser o motor da economia do País, pelo menos na saída da crise.  No meu entendimento, os investimentos em infraestrutura não é gasto público supérfluo, mas necessário. 

A fórmula clássica para saída da "depressão", mesmo numa economia liberal, terá que ser via investimentos em infraestrutura para criação de novos empregos. Os investimentos em infraestrutura, pelo menos nos primeiros dois anos do próximo mandato, terá que ser "alavancado" pela União.  A somatória de investimentos em infraestrutura com recursos do PIS/PASEP, FGTS e outros fundos constitucionais é uma das saídas plausíveis, sem mexer no dinheiro do Tesouro Nacional. Importante, também, contar com os investimentos privados, via Parcerias Públicas.  O País precisa de investimentos em infraestrutura, para alcançar um crescimento de 5% do PIB ou equivalente a R$ 350 bilhões anuais.  Só será viável ao País fazer os investimentos deste porte, se somar os esforços de capital da União, dos fundos constitucionais, dos recursos de bancos de fomento e capital privado direto.  

O Brasil terá que quebrar o medo de fazer investimentos em infraestrutura com receio da volta da inflação.  Uma sólida e adequada política monetária do Banco Central baseado não somente em taxa básica de juros Selic, mas sobretudo através de depósitos compulsórios, manterá a inflação nos níveis civilizados, apesar do volumoso investimentos em infraestrutura.  Banco Central tem equipe econômica competente para segurar a inflação no patamar compatível com o nível de crescimento. 

Uma boa política monetária do Banco Central deverá prever também o realinhamento do dólar em patamares praticados por outros países emergentes.  A insistente política do Banco Central do governo Temer, em manter real valorizado ou o dólar baixo, deixa os produtos primários e industrializados brasileiros sem competitividade no mercado mundial. O Brasil responde por pífios 2,5% do total do comércio mundial, apesar de enorme potencial de crescimento do setor agrícola e setor industrial.  O País não foi feito apenas para atender à classe emergente. Permitir com o dólar baixo ou o real desvalorizado a "sensação do poder de compra" só serve para criar empregos fora do País.  Está na hora do Brasil fazer opção crescimento sustentável com o realismo cambial em contraposição ao domínio de produtos estrangeiros nas prateleira dos supermercados. Isto é coisa de país "emergente". 

Com as medidas propostas aqui, o Brasil crescerá 5% ao ano, sustentavelmente.  Com o crescimento de 5% ao ano, em 4 anos, o País vai zerar o "déficit primário", mas também produzir um "superávit nominal" para "estancar" o preocupante crescimento da dívida pública.  O regime político de "mão de ferro" parece não ser a solução adequada para um país emergente como o Brasil, basta ver o exemplo da Turquia, próximo de "default".  O País precisa de presidente competente na economia e na administração pública e que apenas governo para todos brasileiros. 

Sem os "gatilhos" na economia propostos nesta matéria, o Brasil continuará patinando, se servindo aos países desenvolvidos e continuará apresentando os pífios indicadores econômicos, muito abaixo do enorme potencial de desenvolvimento que o País possui.   Se o povo brasileiro, bobear e eleger um presidente sem o mínimo de conhecimento da macroeconomia, o Brasil continuará sendo um país "medíocre" e "indigno" de todos nós. 

O Brasil poderá crescer 5% ao ano, só depende da sua escolha do novo presidente da República! 

Ossami Sakamori