Infraestrutura
é minha praia. Daria para escrever matéria com 100 laudas, mesmo assim
não estaria completa. Vou tentar resumir em uma página, o que se torna
um trabalho incompleto, mas o suficiente para o entendimento de maior
parte da população. Os técnicos que me perdoem pela falta de detalhes.
Basicamente
há 3 modais de transportes, sobretudo para cargas, a hidrovia, a
rodovia e a ferrovia. Em proporção menor a aerovia. O modal hidrovia é
o mais barato em termo de custo operacional e a mais caro é modal
rodovia. Até por este motivo, a ferrovia é o modal deveria ser
prioridade nos investimentos do governo tendo em vista ser mais econômico e viável sobretudo para o Brasil que tem extensão territorial continental.
Brasil
começou certo, implantando o modal ferrovia pelo Dom Pedro II, o
segundo modal mais barato em termo de custo de frete. A primeira
ferrovia foi inaugurada em 30/4/1854, portanto há 150 anos, num trecho de 14 Km pelo Dom Pedro II.
Hoje, o País possui cerca de 30 mil Km de linhas férreas implantadas.
Alguns trechos desativados e outros estão em operação na forma de
concessão à iniciativa privada. Isto é um número ridículo se
compararmos com 226 mil Km de ferrovia nos EEUU, todos na mão de
iniciativa privada e em plena operação.
Há
uma série de entraves para o desenvolvimento do modal ferroviário. Um
dos problemas é o custo de implantação que, em tese, seria maior do que o
custo de implantação do modal rodoviário. Tem alguns problemas de
ordem técnica, também, a serem vencidos, tais como a uniformização de
bitolas (espaço entre trilhos). As primeiras ferrovias foram
implantadas no sistema métrico (inglês), mas o Brasil já estabeleceu em
adotar o sistema de bitola larga (1,60 m) para ferrovia de carga. No entanto, há miscelânea de bitolas no Brasil. Só como curiosidade, o restante da América do Sul, adota bitola Standard (1,435 m).
A
companhia Vale é operadora da ferrovia Carajás (PA) - Itaqui (MA), em
sistema bitola larga. Se não fosse o modal ferrovia para transporte de
minérios, os preços não seriam competitivos no mercado internacional.
Outra ferrovia com bitola larga, é a ferrovia Norte-Sul, iniciado no
governo Sarney, portando há mais de 20 anos, e até hoje não concluída.
O governo Dilma prometeu, em discurso, construir 10 mil Km, nos
próximos anos, mas até hoje, nenhuma licitação foi feita. Pelo jeito,
por muito tempo, vamos utilizar os trens de carga trafegando a 30 Km/h,
pelas linhas de bitola estreita, do tempo do império.
Quanto
ao modal hidroviário, não vou estender na análise. As hidrovias, em
funcionamento, são basicamente as hidrovias da bacia do rio Amazonas e
seus afluentes e a hidrovia do rio Tietê. O rio São Francisco que
poderia servir de importante modal de escoamento para as cargas, tem 2
óbices. O primeiro é que há barragens do Sobradinho e de Paulo Afonso
que inviabiliza escoar a carga até o porto. O segundo problema é que o
rio São Francisco está totalmente assoreado, não permitindo circulação
de embarcações de carga.
O
Brasil possui extensa costa que poderia fazer funcionar o serviço de
cabotagem, diminuindo o custo de transporte de cargas. Mas, o serviço
de cabotagem está inviabilizado pela legislação sobre a matéria, além de
portos não atenderem à necessidade mínima da demanda. Nem o escoamento de produtos e commodities que são transportados até o porto para exportação consegue dar vazão.
Bem
o modal aeroviário, serve apenas para transporte de passageiro, que bem
ou mal vem suprindo à demanda. Com concessões de alguns aeroportos
importantes para a iniciativa privada, vão atendendo a necessidade
imediata do País. Quanto ao transporte de carga, só há 3 aeroportos com
estrutura de atendimento para o setor, o aeroporto de Campinas
(Viracopos), de Manaus e Petrolina (PE). Demais aeroportos do Brasil,
só conseguem atender os cargueiros em meia carga, por falta de extensão
de pista e ou infraestrutura para recepção de cargas.
Enquanto
o modal ferrovia, viável de ser implantado no Brasil, as rodovias
atendem além do tráfego de veículos de passageiros, os veículos de
cargas, entupindo as rodovias. O modal rodoviário, além de ser muito
mais caro, fazendo parte do "custo Brasil", ocasionam dezenas de
milhares de mortes por acidentes de trânsito. Mesmo assim, a malha
rodoviária é mal cuidada e em sua maioria em pista simples. Sobre este
modal de transporte, nem há necessidade de alongar muito na minha
análise, a própria população sente na carne, o estado lastimável que se encontra as rodovias brasileiras.
Resumindo.
Em matéria de infraestrutura no Brasil, a falta de planejamento de
longo prazo, a falta de vontade política em resolver a situação,
postergam sempre os investimentos para os próximos governos e aprofunda
cada vez mais o fosso entre a oferta de serviço e necessidade de escoamento dos produtos, para oo mercado interno e para exportações.
O
governo PT que prometeu a mudança, está no governo há 11 anos e nenhum
planejamento de longo prazo apresentou. Resume-se em alguns projetos do
PAC, como tentando costurar uma colcha de retalhos, com buracos para
todo e quanto é lugar. Definitivamente, a continuidade do atual
governo é continuidade dos problemas já mencionados. Que os
novos postulantes à presidência da República que mostrem o que se
pretende fazer em matéria de infraestrutura. Já não é suficiente
prometer planos mais planos, apenas para agradar os eleitores. Que seja
o mínimo, mas que apresente o plano para infraestrutura, que possa ser o
início da recuperação do tempo perdido há décadas.
Vamos apostar a favor do Brasil, sem Dilma, vamos!
Ossami Sakamori