sábado, 30 de outubro de 2021

Gasolina vai para R$ 10, ainda em 2022

 



Foi no dia 15 de março de 2001, o rompimento de um tanque de drenagem de emergência danificou uma série de componentes da plataforma P-36, provocando o vazamento de gás e uma segunda explosão, que matou 11 funcionários da brigada de incêndio e levou ao naufrágio da plataforma.  Passado 20 anos do acidente, a estatal Petrobras parece ter entrado numa fase de grandes lucros, uma boa parte garantido pelo monopólio da exploração do petróleo no País.  
           A Petrobras tem sido favorecido pelo sucessivo aumento do preço internacional do petróleo, porque pratica o preço "paridade" ao preço internacional do petróleo, na ponta do consumo.  Dane-se o consumidor!  À essa altura, a Petrobras comporta-se como uma empresa privada, mesmo tendo o seu presidente General do Exército, da reserva, nomeado pelo presidente da República, auferindo salário de R$ 270 mil, cada fim do mês. 

          A boa notícia para a Petrobras e aos seus acionistas, é que a tendência do preço de barril de petróleo é alcançar a média histórica não tão distante de US$ 100 cada barril de petróleo tipo Brent, conforme pode ver no gráfico acima.  A nova fase da economia mundial, pós pandemia da Covid-19, faz o petróleo buscar novo patamar de equilíbrio do mercado.  Para tanto, conta com empurrão dos Estados Unidos, que utiliza o gás extraído do xisto, abundante no território, cujo custo de produção é alto em relação ao custo de produção do petróleo da Arábia Saudita, por exemplo.  Arábia Saudita é o maior produtor de petróleo do mundo, com estimativa de 300 bilhões de barris.  
          Voltando ao petróleo do nosso "pré-sal", a notícia da alta do óleo no mercado mundial agrada sobremaneira à Petrobras porque o custo de produção do "pré-sal" está acima de US$ 30 cada barril, segundo fontes internas da Companhia.   Curiosamente, a Petrobras exporta toda produção do pré-sal, porque não há refinarias no Brasil que processam o petróleo pesado como do nosso pré-sal. O Brasil importa o petróleo leve no mercado internacional, ao preço do mercado.   A Petrobras produz cerca de 3,1 milhões de barris/dia de petróleo, volume equivalente ao consumo estimado do País.   
           A Petrobras, por outro lado, é uma verdadeira "caixa preta", difícil de desvendar a real situação econômica e financeira, uma vez que a "holding" internacional está na Holanda é que cuida da comercialização, importação e exportação de petróleo, com filial em Singapura, um paraíso fiscal.  Esta super estrutura, com diversas ramificações no mundo a fora que permitiram, no passado recente as falcatruas que somam muitos US$ bilhões.   
         Pelo histórico da Companhia, nada garante que um General do Exército, de reserva, com salário de R$ 270 mil/mês, tenha capacidade de desvendar os "submundos" da estrutura da Petrobras.  Na minha opinião, o General Silva e Luna não passa de um "fantoche" para acalmar o mercado financeiro.  Enquanto isto, apesar da Petrobras produzir petróleo suficiente para abastecer o Brasil, o povo brasileiro paga o combustível mais cara do mundo, grande parte devido a incidência de impostos de toda ordem.  
          Desta forma, é previsível que o preço do combustível venha subir nos próximos meses ao redor de 25%, nominal, isto se a inflação e o câmbio se comportarem nos níveis previstos pelos agentes financeiros. O litro de gasolina vai para R$ 10, ainda em 2022.

            Ossami Sakamori





quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Estagflação será realidade em 2022!

 


O Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgou, ontem, 27/10, a nova taxa Selic que vai vigorar nos próximos 45 dias.  Em relação à taxa Selic anterior, sobe 1,5%, passando para 7,75% ao ano.  O Banco Central justifica a alta dos juros básicos dos títulos do Tesouro Nacional, sinais de inflação persistente no País, além dos componentes "voláteis" (sic).  Sinaliza ainda que pode elevar a Selic em dezembro em 1,5%, passando para 9,25% ao ano. Aponta como causa a tentativa de "furar teto" dos gastos públicos que pode gerar movimentos inflacionários ainda maiores.

          Na matéria deste blog Entenda taxa Selic mostra a função da taxa básica de juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional como sendo instrumento importante da "política monetária" do Banco Central para o controle da inflação. O Banco Central dispõe, além da taxa Selic, um outro instrumento importante que são os depósitos compulsórios dos bancos, recolhido ao BC, com finalidade de contrair a liquidez do sistema financeiro nacional.  Faz algum tempo que o Banco Central não utiliza este instrumento, eficaz, para executar a política monetária.  Não saberia responder o motivo de não recorrer aos depósitos compulsórios.

         O fato visível é que o Banco Central, hoje, independente do governo, dá recado ao Ministério da Economia de que é mais que importante seguir uma política fiscal "sob controle" ou relativo "controle" para que a inflação não exploda, diminuindo o poder aquisitivo de compra, da maioria da população.  A elite econômica, se acomoda a qualquer situação.    

          Nas matérias anteriores, tenho chamado atenção sobre o "déficit primário" ou o "rombo fiscal", o dinheiro que falta para cobrir os gastos do Orçamento Fiscal.  Desde crise econômica, a pior dos últimos 100 anos, de 2014/2015, o País vem gastando mais do que arrecada, tornando o volume de dívida pública, a do Tesouro Nacional, se aproximando do PIB - Produto Interno Bruto.  Se o Brasil não consegue pagar nem as despesas correntes, como de saúde pública, educação e segurança, desde 2014, sem emissão de títulos do Tesouro Nacional, a conclusão cristalina é de que não consegue sequer pagar os juros da dívida pública.  Enquanto pode, o País vai "rolando" o estoque da dívida pública que ultrapassa perigosa marca de R$ 5,7 trilhões, líquidos, com agravante de que o prazo médio de vencimentos destas dívidas é de pouco mais de 4 anos.  

          A alta da taxa Selic, apenas indica a situação delicada que passa o País atravessa com inflação crescente e indicativo de baixo crescimento econômico.  A esse fenômeno conhecido, denominamos de "estagflação", a soma de estagnação com inflação.  O ano de 2021 vai terminar, com inflação apontando para próximo de 10% ao ano e com crescimento econômico ao redor 4,5%.  Convém lembrar que o Brasil teve recessão de 4,1% em 2020.  Os analistas de principais instituições financeiras, estimam o crescimento do País, pouco acima de 1% em 2022.  Isto é, o País quase parando, com inflação alta, pelo menos de partida.    

         Fica alerta aos formuladores da política econômica do governo, o Ministério da Economia, de que a "estagflação" será realidade em 2022.   A ausência de uma política econômica consistente é uma realidade.  Banco Central está fazendo a sua parte.  

         Ossami Sakamori


        

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Brasil precisa tomar atitude!

 


O meu comentário, de hoje, é sobre percepção do mundo em relação ao Brasil para os próximos 40 anos.  Os dados foram extraídos do jornal  Gazeta do Povo , de ontem, 26 de outubro.  A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, que congrega 38 países-membros, cuja finalidade é estabelecer diálogos, analisar políticas econômicas, políticas e sociais com vistas a estimular o crescimento econômico e melhoria nas condições de vida, dos países membros, produziu um relatório sobre o desempenho dos 38 membros até 2060, usando como "referência" o padrão de renda por habitantes nos Estados Unidos, além de um comentário sobre o Brasil, não membro.

         O trabalho da OCDE, previu por exemplo, que a renda por habitantes na Índia que é de 10,8% da renda dos Estados Unidos e para 2060, deverá ser de 28,1%.  A China, passaria de 29,1% para 51% da renda dos norte americanos em 2060. Mesmo não sendo membro permanente, mereceu a análise da Organização.  Segundo o relatório, a renda por habitante brasileira, hoje, equivalente a 23% dos norte americanos, passaria para um insignificante progresso de 27% em 2060, crescimento pífio comparado com os países mais expressivos do mundo analisados pelo relatório.

           Antes de fazer o meu comentário sobre o tema, convém lembrar que o presidente da República, Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediram interferência do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump para que o Brasil se tornasse membro permanente da OCDE. Porém, até o momento, não se tem notícia sobre a aceitação pelo Órgão.              

          Nas matérias imediatamente anteriores, comentei sobre o desequilíbrio de contas públicas do Brasil, que vem apresentando "déficit primário" ou o "rombo fiscal" desde 2014, o ano que o País, literalmente, quebrou.  Comentei, também, de que, apesar da aprovação da Emenda 95 em dezembro de 2016, limitando os gastos públicos da União, aos mesmos níveis do Orçamento Fiscal daquele ano, corrigido pelo IPCA, índice de inflação oficial, a situação fiscal da União continua na mesma, isto é, desde 2014, vem apresentando "déficit primário" persistente, obrigando o Tesouro Nacional a emitir títulos da dívida pública para cobrir os "rombos fiscais".   Vamos lembrar, também, que na conta do "déficit primário" não inclui as despesas com o pagamento de juros da dívida pública.  O estoque da dívida do Tesouro Nacional bruto caminha celeremente ao PIB - Produto Interno Bruto.

            Não tem como o Brasil, a continuar nesta trajetória, situação de quase "insolvência", mesmo persistindo nos  parâmetros estabelecidos pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,  através de Emenda 95.  A Emenda 95, estabelece como parâmetro os gastos públicos, igual em termos reais aos daqueles de 2016, é de se esperar que o País fica obrigado a "vestir" a "camisa de força" até 2036, período de vigência da Emenda.  

         A proposta da Emenda 95, à época, 2016, uma sobreposição de efeitos sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, teve como única finalidade, ganhar a confiança das instituições de fomento internacional, bem como dos investidores internacionais que ameaçavam retirar os investimentos no País, depois da grave crise econômica financeira de 2014 e 2015, que o Brasil, literalmente, quebrou.  Henrique Meirelles propôs  como base para futuros Orçamentos Públicos, a pior referência, a do ano de 2016.  

           Desta forma, há 5 anos de vigência da Emenda 95, o País continua a apresentar "déficit primário" ou o "rombo fiscal", persistente, como demostrado na matéria imediatamente anterior.  A última polêmica em relação à Emenda 95, do teto dos gastos públicos, foi que o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu a não observância do preceito constitucional, em cerca de R$ 30 bilhões, para "acomodar" o "Auxílio Brasil" de R$ 400, correndo o risco de presidente Jair Bolsonaro à prática do "crime de responsabilidade".  

            Com efeito da pandemia Covid-19, grande maioria dos países desenvolvidos, incluído o próprio Estados Unidos, estão extrapolando os limites de gastos públicos previstos pelas leis vigentes daqueles países, com a anuência dos Congressos Nacionais de cada país.   Este blog, já postou alternativa, semelhante ao dos países desenvolvidos sob o título Acelera, Brasil ! , para tirar o País deste imbróglio que se meteu.

          Brasil precisa tomar atitude ou será, eternamente, mais um país do terceiro mundo, por vontade própria!

          Ossami Sakamori

 

 


domingo, 24 de outubro de 2021

Paulo Guedes não deu conta do recado

 

Na matéria anterior, fiz comentário sobre a polêmica criada em torno do "fura teto" dos gastos públicos, limitado que está o Orçamento do governo federal pela Emenda 95 de 2016.  Os principais assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes, se demitiram das suas funções nessa semana.  Eu mesmo, comentei aqui a importância de manter os gastos públicos dentro do teto estabelecido pela Emenda 95, que incorporou aos textos da Constituição Federal de 1988.  Comentei, também, que antes de 2016, o limite dos gastos públicos era regulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, já dentro do Plano Real.  

          A Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000 era mais rígida quanto aos gastos públicos do que a Emenda 95.  A Lei de Responsabilidade Fiscal, se tornou sem efeito pela Emenda Constitucional 95, pois a segunda tem força maior que a primeira, por óbvio.  A Emenda 95, foi editado pelo governo Temer, em atendimento ao pedido do ministro de Economia, de então, o Henrique Meirelles, para "acalmar" o mercado financeiro internacional tendo em vista o impeachment da presidente Dilma, em razão do desiquilíbrio fiscal apresentado nos últimos anos do seu mandato, 2014 e 2015.  A Emenda 95 é uma "camisa de força" criado pelo próprio Meirelles, limitando os gastos públicos do governo federal até 2036, com revisão previsto em 2026, aos mesmos níveis daquela de 2016.  

            O que esconde atrás da Emenda 95, é uma realidade aterrorizante.  Como já comentei, nos anos 2014 e 2015, o Orçamento Fiscal do governo federal, União, já apresentava "déficit público" que nada mais é do que "rombo fiscal" ou o "dinheiro que falta" para cobrir os gastos do correntes do governo federal.  Os Orçamentos fiscais de 2014, 2015 (governo Dilma) e de 2016 (governo Temer) apresentavam "rombos fiscais" de R$23,4 bilhões, R$120,5 bilhões e R$ 161,2 bilhões, respectivamente.  Portanto, a Emenda 95, incorporou o déficit fiscal de 2016, já que os Orçamentos Fiscais posteriores estarão baseados no Orçamento de Fiscal desse ano, 2016, com o déficit fiscal.  

          Tanto o governo Temer como o governo Bolsonaro, estão baseando os Orçamentos Fiscais no já "arrombado" R$ 161,2 bilhões, previsto na Emenda 95 do Meirelles, de 2016.  De lá para cá, os Orçamentos Fiscais do governo da União tem apresentados "rombos fiscais" de R$ 124,2 bilhões, R$ 120,2 bilhões, R$ 95 bilhões e R$ 741,1 bilhões, respectivamente, 2017, 2018, 2019 e 2020, acintosamente.  O rombo de 2020 está incluso os diversos benefícios e gastos públicos devido a pandemia Covid-19, por isso, um rombo gigantesco.  O Orçamento Fiscal de 2021, está previsto o "rombo fiscal" de R$ 139,4 bilhões, dentro da Emenda 95.  A polêmica criada com demissão de 4 secretários do Ministério da Economia se refere ao "fura teto" em cima do "rombo fiscal" previsto no Orçamento Fiscal de 2021, aprovado pelo Congresso Nacional com o déficit de R$ 139,4 bilhões.  

           Vocês devem estar se perguntando quem cobre os, quase permanentes, os "déficits primários" ou os "rombos fiscais".  Explico: Os "rombos fiscais" são cobertos com "novas" dívida públicas, além das "rolagens" dos estoques das dívidas públicas.  Para se ter ideia, a dívida pública líquida, que já descontada a Reserva Cambial, era de R$ 5,5 trilhões, no mês de agosto deste ano ou R$ 6,7 trilhões em valores brutos.  O endividamento do Tesouro Nacional, governo federal, está próximo de chegar ao PIB - Produto Interno Bruto do país, o que aterroriza os agiotas nacionais e internacionais.  

          O Brasil é como aquela empresa, super endividada, que gasta mais do que arrecada, fazendo "saldo médio" nos bancos para "manter" o seu crédito e até assinam qualquer compromisso que o banco exige, tipo Emenda 95, para continuar mantendo o crédito bancário.   O fato concreto é que o governo da União, não arrecada nem sequer para pagar as despesas correntes, muito menos, consegue gerar "superávit fiscal" para pagar as dívidas do Tesouro Nacional.

            O governo federal não consegue arrecadar nem para pagar suas contas, gerando sucessivos "rombos fiscais", muito menos para pagar os juros da dívida pública, desde 2014.  Brasil depende da vontade dos "agiotas" nacionais e internacionais.  A questão não passa por "esquerda" ou "direita", como querem muitos "etiquetar".  Os funcionários públicos competentes já estão "pulando fora" para não sujar os seus currículos.   O posto Ipiranga não foi tanto competente como se anunciou dantes.  O fato concreto é que o Paulo Guedes, ministro da Economia, não deu conta do recado.

          Ossami Sakamori

sábado, 23 de outubro de 2021

Brasil e fura teto. Uma hora a corda arrebenta

 


Vocês, leigos, devem estar querendo entender o que está acontecendo no cenário político-econômico nacional, com respeito ao termo muito usado, "teto dos gastos públicos", usado  pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e também com os repentinos pedidos de demissão de 4 importantes secretários da equipe econômica, diretamente subordinado ao ministro, entre eles o Diretor do Tesouro Nacional, cargo importante tanto quanto ao do ministro da Economia.  O assunto foi parar na rede nacional de comunicações e pegou o mercado financeiro de "calças curtas".   Foi preciso que o presidente Jair Bolsonaro, fizesse aparição em entrevista ao lado do  ministro Paulo Guedes, para tentar acalmar o mercado financeiro nacional e internacional.

          A polêmica se refere à liberação de verbas orçamentárias de 2022, acima do "teto de gastos" previsto pela Emenda 95, de dezembro de 2016.  A referida Emenda limita os gastos públicos por período de 20 anos, com possibilidade de revisão em 10 anos, aos mesmos níveis do Orçamento Fiscal de 2016, corrigido monetariamente, nos anos subsequentes, até o término do período que vai até 2036.   A Emenda 95 é uma "camisa de força" para tentar disciplinar os gastos públicos, Emenda inventada pelo então ministro da Economia, Henrique Meirelles, para "ganhar" a credibilidade do mercado financeiro, na saída da maior crise econômica financeira que o País viveu nos anos 2014 e 2015, a pior em 100 anos.  Vamos lembrar, também, que antes da Emenda 95, já existia a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, que já enunciava que o governo poderia gastar até o valor que arrecadasse.  A Emenda 95 sobrepôs à Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, estabelecendo parâmetros rígidos, tomando-se como base os gastos da União referente aos de 2016, permitindo, em tese, o "déficit primário" para cobertura de despesas.   A Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, não permitia o "déficit primário".  

         E, então, qual foi a motivação do afastamento de 4 secretários importantes do Ministério da Economia?  Em tese, qualquer funcionário público que desrespeita a Constituição (Emenda 95), está sujeito a perda de cargos públicos além de responder pelas penas criminais ao não cumprimento dos preceitos constitucionais.  Em tese, o "fura teto", poderá incriminar o ministro da Economia e até pode impor a perda de mandato de um presidente da República.   Lembrando que a presidente Dilma sofreu impeachment, pela tentativa de "esconder" a não observância do Orçamento Fiscal de 2015.  

          Embora eu seja favorável à revogação da Emenda 95, que condena o Brasil ao baixo crescimento por 20 anos, porque o Orçamento Fiscal está rigidamente atrelado ao Orçamento Fiscal de 2016, corrigido apenas pela inflação do período, enquanto a Emenda 95 está em vigência.   Os investidores nacionais e internacionais sabem muito bem o que é infringir um termo (Emenda 95) da Constituição da República.  Diante do exposto, os investidores institucionais liquidam os investimentos no Brasil para repatriar aos países de origem, provocando valorização do dólar americano.   O Brasil está à beira de perder a credibilidade internacional, com um ato, irresponsável de um ministro da Economia, o Paulo Guedes.   

           O ministro Paulo Guedes, como última e derradeira tentativa, quer "interpretar" o ano fiscal atrelado ao de 2016, fazendo o cálculo de julho a julho, contando com a inflação alta de 2021, para melhorar o teto dos gastos de 2022 e ficar dentro dos limites.  De gambiarra em gambiarra, o ministro Paulo Guedes vai se mantendo no cargo de ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro.  Uma hora, a corda arrebenta para o Presidente da República ou para o ministro Guedes.

            Ossami Sakamori



domingo, 17 de outubro de 2021

Efeito Evergrande será devastador no Brasil

 

Quem estava em atividade empresarial em 2008, sabe da extensão do problema que originou da quebra do Lehman Brothers, banco hipotecário americano.  O banco americano quebrou em decorrência da inadimplência dos tomadores de empréstimos da compra de imóveis residenciais, que viu os valores das prestações ficarem proporcionalmente altos a suas rendas, rapidamente.  O Tesouro americano decidiu não interferir no sistema financeiro e deixou que o Lehman Brothers entrasse em falência.  Isto deu início à crise financeira mundial, em 2008, provocando efeito cascata em outros setores da economia, além de disseminar a crise financeira no mundo todo.  

           O efeito da crise hipotecária que deu início nos Estados Unidos em 2008, pegou o Brasil de surpresa, também.  O presidente do Banco Central do Brasil, à época, Henrique Meirelles, ex-presidente mundial e do Brasil do Bank of Boston, tomou medidas para o enfrentamento da crise que se alastrava no mundo, injetando à época, de outubro de 2008 a agosto de 2009, pouco mais de R$ 213 bilhões no sistema financeiro para manter a economia em funcionando.  O valor corrigido para hoje, equivaleria, grosso modo, a cerca de R$ 400 bilhões, injetado na economia.  Isto foi o dispêndio do Tesouro Nacional, aumentando o endividamento do País em valor equivalente, além de conceder série de subsídios que se tornaram permanentes. 

           Há pouco menos de um mês, houve inadimplência gigantesca de uma construtora e incorporadora chinesa, a Evergrande, atolada em dívidas de mais de US$ 300 bilhões, equivalente a R$1,65 trilhão, na cotação da última sexta-feira.  Assim como aconteceu nos Estados Unidos em 2008, o governo chinês não socorreu o grupo empresarial e deixou que o mercado financeiro absorvesse o prejuízo.  Acontece que na China, há outras empresas imobiliárias gigantescas na mesma situação da gigante Evergrande, ou seja, com endividamento alto e sem perspectiva de socorro por parte do governo chinês.   O efeito da crise imobiliária chinesa é visível.  Devido a crise hipotecária, a China vai crescer menos neste e no próximo ano.  Diante da situação, é previsível que a China vai comprar menos commodities, sobretudo soja e minério de ferro.  Isto é muito ruim para agronegócio brasileiro, sobretudo.

          O Brasil, como sempre, parece querer ignorar o que acontece no mundo, apesar de extremamente dependente das exportações do agronegócio brasileiro.  Hoje, o agronegócio representa, segundo Cepea/Esalq/USP, cerca de R$ 2,273 trilhões ou grosso modo, próximo de 30% do PIB.  O maior comprador dos produtos agropecuário, a China, demandando menos produtos, haverá reflexo nos próximos meses no agronegocio brasileiro.  Quanto isto vai representar para o País, só o desdobramento do efeito da "bolha imobiliária" na China poderá nos dizer.  

          Com economia globalizada, o estouro da bolha imobiliária na China vai refletir, também, no mercado imobiliário brasileiro.  O mercado financeiro vai ficar de olho no mercado de imóveis, sobretudo aqueles destinados à classe média.  Os de alto valor, terão sempre clientela que investem em imóveis para proteção da desvalorização do real e para fins de lavagem de capitais.  A crise imobiliária no País, também, será uma realidade.

           O mais triste desta história dramática, é que o ministro Paulo Guedes da Economia, não parece preocupar com o reflexo do efeito Evergrande da China.  Nenhuma medida, parece estar o horizonte. Sem querer usar da maldade, o dinheiro dele, Guedes, está protegido no paraíso fiscal.  

           Ossami Sakamori

 


terça-feira, 12 de outubro de 2021

Inflação no Brasil é preocupante!

 


Segundo o Boletim Focus do Banco Central, após consulta feita aos analistas financeiros, pela 27ª semana consecutiva, revisaram suas projeções para IPCA - Índice de Preços ao Consumidor do IBGE, índice de inflação oficial, na data de ontem, dia 11, a inflação oficial deve encerrar o ano de 2021 em 8,59%, bem acima da meta do Banco Central de 3,75%.  O índice para 2022 também foi puxado para cima pela 12ª semana consecutiva. A estimativa do relatório é que o IPCA encerre o próximo ano em 4,17%.
          As altas já eram esperadas após a divulgação do IPCA de setembro, que acelerou 1,16% no mês, acumulando alta de 10,25% em doze meses.  Essa foi a primeira vez que a inflação atingiu dois dígitos desde 2016 e a maior para o mês desde 2016 e a maior para o mês desde 1994. O que me preocupa é que a projeção do IPCA para 2021 está longe da meta de inflação do Banco Central de 3,75%. 
          As causas para aceleração da inflação são diversas, vão desde aumento do preço do petróleo no mercado mundial, bem como o aumento do preço de commodities no mercado internacional.  Segue a tabela de alta dos preços no varejo nos últimos 12 meses.


          O consolo para os brasileiros é que a inflação tomou conta do mundo global, relativizando o problema interno do País.  Segue gráfico de inflação na porta de fábrica na Europa no período que abrange a pandemia Covid-19.  Isto não pode ser suporte para desculpas do descontrole da economia no Brasil.


        A responsabilidade da política monetária é do Banco Central, em qualquer país do mundo.  Campos Neto, presidente do Banco Central, vem administrando a política econômica com competência, moderadamente.  O aumento gradual da taxa Selic é uma política adequada para inflação em alta, mas, no meu entender, insuficiente.  Como já manifestei na matéria deste blog, Entenda taxa Selic, o Banco Central tem outro instrumento eficaz para combater a inflação que é o "depósito compulsório" das instituições financeiras sobre aplicações diversas.  No entanto, não vejo atuação do Banco Central neste quesito importante para combate à inflação.

           Não, não é uma tarefa fácil, executar política monetária que vise o crescimento econômico e ao mesmo tempo controlar a inflação.  Ainda, há tarefa do Banco Central de manter o dólar atrativo, isto é, dólar valorizado ou o real desvalorizado, para manter competitivo as exportações de produtos primários como minérios e grãos.  No entanto, apesar da dificuldade, no meu entender, o Banco Central, deveria atuar mais fortemente para manter o "Plano Real", sob pena de perder o controle sobre a nossa moeda.          

         Em tempo: A diretora de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nessa segunda-feira, dia 11, que a autoridade monetária fará “o que puder” para levar a inflação para a meta em 2022. A declaração ocorreu durante evento virtual realizado pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais).

          No entanto, o nível de inflação no País está no limite crítico. Inflação de dois dígitos é inaceitável para qualquer moeda.  Se não houver controle pelos mecanismos mencionados neste blog, o Brasil poderá entrar num círculo vicioso conhecido como "estagflação" que é somatória de estagnação e inflação.  Esta situação é visível nos países como Venezuela e Argentina. É urgente fazer a "correção" necessária e o Campos Neto, presidente do Banco Central, sabe muito bem disto.  Porque não a faz, é uma incógnita.

        Por outro lado, é visível a ausência do Ministério da Economia na discussão sobre o tema, apesar de ser a mais grave desde criação do Plano Real.  A discussão sobre o controle da inflação, parece estar passando, também, ao largo do Palácio do Planalto.   Estabilidade da moeda nacional, no nosso caso o "real", que é fundamental para a estabilidade política de um país, que digam os ingleses e os norte americanos. 

          Ossami Sakamori        









sábado, 9 de outubro de 2021

28 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza

 

Segundo último levantamento da FGV Social, cerca de 28 milhões de pessoas, dentre 213 milhões da população brasileira, vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil.  Este número em 2019, antes da pandemia Covid-19, eram pouco mais de 23 milhões de pessoas.  São considerados "pobres", as pessoas que vivem com uma renda mensal "per capita", segundo critério do Banco Mundial, inferior a US$ 5,50 por dia ou equivalente a R$ 30,00 e são considerados pobres com renda inferior a US$ 1,90 por dia ou equivalente a cerca de $300,00 por mês como população de "extrema pobreza".  

           Segundo Banco Mundial, embora tenha havido avanços econômicos ao redor do mundo, indicam que cerca de 3,4 bilhões de pessoas vivem numa situação de extrema pobreza e que lutam para satisfazer as necessidades básicas de sobrevivência.  Para quem não tem familiaridade com o assunto, Banco Mundial é uma agência de fomento das Nações Unidas que tem como objetivo combater a miséria no planeta, ajudando os países para alcançar o desenvolvimento econômico e social.  O Brasil, com certa soberba, não tem aproveitado os recursos disponíveis do Banco de fomento para combater a pobreza extrema.

          Por outro lado, como bom exemplo, há mais de 30 anos, a ONG Ação da Cidadania com núcleo de voluntários em todo o País, vem promovendo a campanha "Brasil sem fome", com apoio da sociedade civil e do setor privado para levar alimentos aos mais atingidos pela crise econômica.  Até o momento, segundo a entidade, a iniciativa ajudou mais de 48 mil pessoas.  Iniciativa como esta e tantas outras "midiáticas", tentam suprir a falta de ação efetiva dos governos em 3 níveis do poder.  Uma dessas tentativas é o "Auxílio Emergencial", que atende cerca de 68 milhões de pessoas ou a "Bolsa Família" que deverá atender, à partir de 2022, cerca de 30 milhões de chefes de família, com recursos que vão de R$ 300,00 a R$ 600,00.  

           Diversos programas de "Auxílio Emergencial" a "Bolsa Família", não vincula a formação dos assistidos para o mercado de trabalho, o que é um grave defeito dos programas.  A máxima: "Dar vara de pescar ao invés de dar o peixe", não vem sendo praticado pelos governos com matizes ideológicos diversos.   Manter contingente de pessoas com extrema pobreza sob seu domínio, parece interessar aos "políticos de plantões", que vão do governo federal aos governos estaduais e municipais.   Interessa a estes políticos, manter o seu "curral eleitoral" da pobreza absoluta.  

            Assim, o País continua com os 28 milhões de pessoas em extrema pobreza, enquanto o País produz, cerca de 250 milhões de toneladas de alimentos, equivalente a 1,2 toneladas "per capita"  de grãos por ano, para saciar parte da fome do mundo.  É uma vergonha para o Brasil, produtor de 1/5 de alimentos do mundo, não ter uma política econômica que contemple à população marginalizada, ao menos um prato de comida decente, a cada dia, para toda população.   

         Que os postulantes à presidência da República, de direita à esquerda, passando pelo centro, coloquem na sua política econômica, um projeto de desenvolvimento econômico que contemple oportunidades para os menos assistidos, para o Brasil fazer parte do bloco de países desenvolvidos, até porque o País tem todas condições para fazer parte dele. 

                Ossami Sakamori




segunda-feira, 4 de outubro de 2021

O estouro da bolha imobiliária no Brasil está próximo

 


Serei breve nos comentários de hoje.  Não é necessário ser um grande conhecedor da macroeconomia e nem ser o expert no mercado financeiro internacional para analisar os possíveis reflexos da quebra da maior empresa incorporadora de imóveis da China.  Este filme, nós já vimos em 2008, com quebra do banco Lehman Brothers, devido ao contágio de inadimplência dos devedores hipotecários nos Estados Unidos.  Evergrande é uma empresa incorporadora chinesa, que construiu mais do que havia a demanda de compradores, endividando-se no mercado financeiro internacional para seu projeto de expansão.

          O caso de Evergrande é semelhante à crise hipotecária  de 2008.  À época, Lehman Brothers pediu socorro ao governo  americano para se safar da inadimplência dos devedores hipotecários, no que não foi atendido.  O governo americano, à época, deixou que o próprio mercado financeiro absorvesse a inadimplência dos empréstimos hipotecários, tal qual o governo chinês reluta em socorrer o Evergrande.  O governo chinês está deixando, ao contrário do que se imaginava, que o próprio mercado absorva o prejuízo do Evergrande, tal qual fez o governo americano ao Lehman Brothers em 2008.   Até leigo pode prever o que pode acontecer com o Evergrande e as consequência que o "caso" pode trazer ao mercado financeiro internacional.

         O Brasil, infelizmente, é um país de "oba-oba".  Em plena crise de pandemia, iniciada em março de 2020, as grandes incorporadoras e construtoras vem lançando empreendimentos na direção contrário à ccriação de novos empregos.  As nossas "Evergrandes" estão baseando a demanda nos "clientes especuladores", tal qual a Evergrande chinesa fez.   Na conclusão das obras, vão aparecer os inadimplentes, que não terão condições de assumir o financiamento das unidades compradas.  Vai deixar a "buxa" para os nossos Evergrandes.  Mais dias, menos dias, o País vai assistir o estouro da "bolha imobiliária", tal qual a incorporadora chinesa está sentindo no presente momento.

       O estouro da bolha imobiliária no Brasil está próxima.

        Ossami Sakamori


Em 2008, a família do venezuelano Jesús Rodríguez devia US$ 240 mil em pagamentos de um apartamento nos Estados Unidos. O imóvel, no entanto, valia US$ 49 mil. O descompasso foi vivido por muitos americanos naquele ano, marcado pela eclosão de uma crise financeira mundial a partir da explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos.

Nesse cenário, o estopim para a crise de confiança se alastrar foi a quebra do banco Lehman Brothers, que completa 10 anos neste sábado (15). O mercado já vivia dia de temores em relação ao risco de falência das instituições financeiras em meio ao aumento da inadimplência no crédito imobiliário, e o pedido de concordata do Lehman Brothers deu início ao movimento de contágio da crise financeira sobre a economia em todo o mundo.