domingo, 30 de maio de 2021

Acelera, Brasil !!!

 


Enquanto o Brasil comemora a possibilidade de crescimento de 4% no PIB - Produto Interno Bruto de 2020, após queda de 4,1% em 2020, as maiores potências do mundo ocidental anunciam investimentos públicos vultosos para recuperar a perda de PIB de 2020, devido a pandemia Covid-19.  Nos últimos dias, os EEUU anunciaram Orçamento Fiscal de US$ 6 trilhões, para o ano fiscal de 2022, que inicia em outubro e prevê um déficit fiscal de US$ 1,8 trilhão, ainda assim, menor que o déficit fiscal de 2020 de US$ 3,67 trilhões, devido a pandemia.  

           A solicitação de orçamento do presidente Biden projeta que o peso da dívida dos EUA atingirá seu nível mais alto na história este ano, superando o recorde anterior da Segunda Guerra Mundial.  Em 2021, de acordo com o orçamento de Biden, a dívida dos EUA chegará a 109,7% do Produto Interno Bruto - PIB, o que ultrapassaria o recorde anterior de 106,1%, registrado no momento em que os EUA saíam da II Guerra Mundial.  Se o problema apontado pelos analistas econômicos e pelo mercado financeiro sobre o endividamento do nosso Tesouro Nacional, isto parece não preocupar tanto os países do primeiro mundo.  O importante é ter "capacidade de pagamentos" para o prazo de pagamento, normalmente, naqueles países num prazo muito mais elástico que do Brasil.

         Do outro lado do Atlântico, a União Europeia anuncia investimento de 672 bilhões de euros, equivalente a cerca de US$ 800 bilhões, em subsídios e empréstimos.  O plano foi concluído ainda em julho de 2020, após duras negociações entre os membros da União Europeia.  Igual iniciativa, no continente europeu, com volume de investimento que só tinha visto antes com a ajuda americana, o plano Marshall, no término da II Guerra Mundial.  A ideia que se passa, como foi também na crise financeira mundial de 2008, a intervenção do Estado na economia, numa situação crítica, é de fundamental importância, ideia contrária do que pretendem os articulistas e  mercado financeiro fazerem nos crer.  

           Enquanto no Brasil, a iniciativa de investimento para estímulo à retomada de crescimento econômico, não passa de extensão do "auxílio emergencial" para cerca de 44 milhões de beneficiários, por 4 meses, com previsão de estender para até o final de 2021.  O montante deste estímulo deve terminar o ano com dispêndio para o governo da União ao redor de R$ 100 bilhões, se o programa for estendido até o final deste ano.   Outras iniciativas tímidas como programa de primeiro emprego para os "nem-nem" e estímulo para manutenção de empregos, que serão financiados com orçamento do FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador, fazem parte do cardápio do Ministério da Economia.  No final das contas, o dispêndio do Tesouro Nacional aos programas de estímulo ao crescimento econômico do governo federal, até este momento, não vai além dos R$ 100 bilhões.  Se comparado com o dispêndio de recursos do Tesouro Nacional em 2020, somente devido à pandemia Covid-19, o Orçamento de Guerra, que foi ao redor de R$ 560 bilhões, o investimento previsto pelo governo da União para 2021, por conta da pandemia Covid-19, é como gota d'água no oceano de necessidades. 

           Os Estados Unidos preveem crescimento econômico de 8% do PIB, no exercício fiscal de 2022, que inicia em outubro.   A União Europeia não anunciou a previsão de crescimento para o exercício fiscal em curso, mas com o "pesado" subsídios e empréstimos, mas com certeza, o crescimento econômico ganhará de longe a perda do PIB sofrido em 2020, devido a pandemia Covid-19.  Enquanto isto, o Brasil perde o tempo discutindo o "leite derramado" sobre o atraso do início da vacinação da Covid-19.  Erros cometidos, sem dúvida, por diversas razões, são coisas do passado que não tem como "consertar" ou "recuperar".  

     Pobre do Brasil que ninguém ousa propor um plano ousado como "Novo Pacto" proposto por este blog.   Olhar para trás, e constatar que o País se encontra na pior depressão econômica dos últimos 100 anos, as iniciativas propostas pelo Ministério da Economia é, de no mínimo, tímida.  É urgente o País traçar um objetivo concreto de crescimento como fazem as grandes potências mundiais ou o Brasil se resigna em ocupar a 12ª economia do mundo, posição de hoje, após ter ocupado 8ª posição até 2014.  Se assim proceder, o Brasil está resignado em aceitar a ocupação econômica pelas potências mundiais, como EEUU, China ... e Coreia do Sul.

           Acelera, Brasil !!!    

          Ossami Sakamori



quinta-feira, 27 de maio de 2021

Dra. Mayra Pinheiro, a general cloroquina.

 


Quem imaginou que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Dra. Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", sendo mulher, iria apequenar perante os senadores da República, que se escondem os seus malfeitos atrás dos cargos que lhes dão imunidade parlamentar, se enganou.  O assunto principal da inquisição foi, se ela como secretária do Ministério da Saúde, tomou conhecimento da falta de oxigênio medicinal em Manaus e quais providências que teria tomada diante do grave problema de saúde pública devido a Covid-19.     

          Ela buscou HC no STF para ficar calada, diante das perguntas que, eventualmente, fossem incriminá-la, em razão do depoimento, mas ela não usou a prorrogativa que lhe foi concedida.  Respondeu a todas perguntas do relator da CPI, senador Renan Calheiros, AL/MDB e de todas perguntas dirigidas pelos senadores da CPI.  Digamos, em linguagem chula, respondeu todas perguntas, "na lata".  Nenhuma pergunta ficou sem resposta.  A questão principal que era o objeto da convocação, o uso precoce da "cloroquina" para tratamento da Covid-19, a Dra. Mayra respondeu "em tese" de que o tratamento precoce cabe aos profissionais de saúde, que atende na ponta do sistema SUS, defini-la. 

           No meio de um longo depoimento, sem intervalo, durante algumas horas, houve até uma cena atípica em que ela fez referência ao logo da Fiocruz, um símbolo um tanto inusitado, se parecendo a um pênis.  Perguntando pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz, PSD/AM, se ela se referia a um "tênis", no que foi respondido de pronto que era "pênis", mesmo.  Concordo com a Dra. Mayra.


           O episódio do "tênis", o depoimento da Dra. Mayra Pinheiro, independente da sua posição política e posição sanitária, deixou uma lição aos políticos em geral de que as posições que ocupam, o de parlamentares, com imunidade, nada servem diante de um depoimento, sobejamente, carregado de ponto de vista técnico, certo ou errado, de uma profissional de saúde.   Em qualidade moral e de saber profissional, Dra. Mayra Pinheiro, deu um "show" aos senhores senadores, em especial aos conhecidos "velhas raposas" da política brasileira.  

          Segundo a imprensa, os seus colegas do Ministério da Saúde, após o depoimento, a Dra. Mayra foi conduzida ao posto de "general".  Da minha parte, ela leva os meus cumprimento pela "postura e coragem" diante dos impolutos senadores da República, no depoimento dessa terça-feira, dia 25. 

         Ossami Sakamori

            

          

sábado, 15 de maio de 2021

Brasil precisa entrar no "círculo virtuoso".

 


Na edição de hoje, sábado, dia 15/5, a edição da Gazeta do Povo traz comentário do articulista Davis Hanson sobre tema recorrente nos meios acadêmicos e entre os formuladores da política macroeconômica dos governos ao redor do mundo, em especial, as equipes econômicas de ontem e de hoje, do Brasil.  As teorias macroeconômicas vem a baila, sobretudo na hora da elaboração dos Orçamentos Fiscais de cada ano. Diversos Planos econômicos, sobretudo antes do Plano Real, em 1994, romperam qualquer teoria macroeconômica sobejamente conhecidas no meio acadêmico ao redor do mundo ocidental.       

           Vamos ao que nós interessa comentar hoje.  O autor da matéria do principal veículo impresso do Paraná diz que "A oferta de dinheiro controla a inflação". Diz, ainda, "imprima-o sem aumentar a produtividade ou a oferta de bens e serviços e a moeda perde valor".  E, critica o plano econômico do novo presidente americano por não seguir as regras primordiais da macroeconomia, sobretudo no tocante à injeção de US$ 1,9 trilhões anunciado pelo presidente Biden em programas sociais e de "infraestrutura".  Chama atenção, o articulista Davi Hanson, que os Estados Unidos têm um débito de mais de US$ 28 trilhões, equivalente a 130% do PIB americano.  E chama atenção, também, sobre o "déficit primário" de US$ 2,3 trilhões em 2021.  Diz o articulista: Na loucura dos últimos 100 dias, o preço de todas as coisas, da madeira aos alimentos, passando pela gasolina, carros e casas, disparou. Ainda assim, muitas das taxas de juros permanecem abaixo dos 3%.  Depois de 13 meses de quarentena, os norte-americanos estão gastando. Mas essa demanda repentina está provocando a escassez de alguns produtos.  E finalmente, o articulista pergunta: Os velhos princípios são mesmo obsoletos?  Devemos imprimir dinheiro e aumentar o débito do governo?  É inteligente manter as taxas de juros próximas de zero, desestimulando o emprego, a produção e a inovação? Esse comportamento perigoso é garantia de inflação, acompanhada pela desastrosa estagflação, diz o articulista.

          Esta dicotomia de "segurar a oferta de moeda para conter a inflação" ou "afrouxar a circulação da moeda como uma forma de fomentar o crescimento econômico", no Brasil, é uma decisão da equipe econômica e monetária do governo da União, em especial do ministro da Economia, Paulo Guedes e do presidente do Banco Central, Campos Neto.  No Brasil, além do componente da estagnação da economia devido a Covid-19, há que considerar que o País ainda nem sequer conseguiu sair da pior depressão econômica iniciada em 2014.  Além desse quadro tenebroso o governo vem apresentando "déficit primário" ou o "rombo fiscal" no Orçamento da União, desde então.   Só para lembrar, o "rombo fiscal" é coberto com emissão de títulos da dívida do Tesouro Nacional, endividando cada vez mais.   Brasil está como o cachorro querendo pegar o seu próprio rabo, num verdadeiro círculo "vicioso".   

          Em teoria macroeconômica, concordo, "em tese", com a ortodoxia da teoria macroeconômica, de gastar somente o que arrecada e não endividar.  Por outro lado, considerando que o Brasil entrou em "depressão econômica" em 2014, portanto há 7 anos, considerando o número de população trabalhadora em situação de vulnerabilidade, cerca de 64 milhões de pessoas, seguir "rigorosamente", ao "pé da letra", os princípios básicos da macroeconomia, de não emitir moeda ou não endividar, pode atender aos "ideários" da macroeconomia, mas, com certeza não atende a necessidade do Brasil de entrar num "círculo virtuoso". 

       Recomendo a leitura do "Novo Pacto" como complemento desta  matéria, onde aponto a saída para pior crise econômica do Brasil, dos últimos 100 anos.   Brasil precisa sair do "círculo vicioso" e entrar no "círculo virtuoso".

        Ossami Sakamori

          

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Brasil deverá crescer 4% em 2021

 

Os analistas do grupo Itaú Unibanco elevaram a projeção de crescimento do PIB - Produto Interno Bruto do Brasil em 2021 para 4%, um ligeiro aumento em relação a última projeção divulgado para a imprensa.  Segundo os analistas daquela instituição financeira, o impacto econômico da segunda onda de Covid-19 é significativamente mais moderado do que a primeira onda.  Para o ano de 2022, foi mantida a previsão de crescimento para 1,8%.  Os mesmos analistas preveem um pequeno decréscimo da taxa de desemprego para o final deste ano, de 14,3% para 12,7%.  No meio de notícias ruins, o número, apesar de acanhado em comparação às principais economias do mundo, não deixa de ser um alento.

           Não vejo os números apresentados pelos analistas do Itaú Unibanco com entusiasmo, diante da situação peculiar da economia do Brasil em relação ao resto do mundo, sobretudo em relação às maiores economias.  Na minha opinião, o Brasil está "fora da curva".  O País não conseguiu sair, ainda, da crise econômica iniciada em 2014, no governo Dilma, a pior depressão desde a depressão mundial de 2019.  De lá para cá, o País não conseguiu acompanhar o crescimento econômico das maiores economias do mundo, caindo da posição de 8ª economia para 12ª economia, ficando atrás até mesmo de um minúsculo país da Ásia, a Coreia do Sul.   

           No ano passado, 2020, o Brasil teve retração do PIB em 4,1%, devido a pandemia Covid-19, apesar da injeção de R$ 600 bilhões, extra Orçamento Fiscal de 2020, para enfrentamento da pandemia.  Sendo assim, o crescimento previsto pelos analistas do Itaú Unibanco para este ano mal cobre a retração de 4% do ano passado.  O País ainda tem um descompasso com as grandes economias do mundo, em termos reais, algo como 24%.  Portanto, o crescimento de 2021 e 2022 previstos pelos analistas da instituição financeira, está longe de tirar a defasagem que nos separa das maiores economias do mundo.  

            O País está a dever, ainda, as reformas estruturantes como a reforma tributária e administrativa, que vem atravancando o crescimento sustentável do País ao longo do tempo.  E, pelo andar da carruagem, dificilmente, a reforma tributária em profundidade será votado pelo Congresso Nacional neste ou no próximo ano.  Enquanto isto não acontece, as grandes indústrias estão se retirando do País, uma vez que o ambiente de negócios para 2021 e 2022 nas principais economias do mundo estão com perspectivas melhores, sustentado pelos estímulos proporcionados pelos governos.  Para se ter ideia, os Estados Unidos, a maior economia do mundo, que representa 25% do PIB mundial, prevê crescimento econômico de 8% em 2021.

            Na matéria anterior, propus um "Novo Pacto" como saída para o baixo crescimento do Brasil frente às maiores economias do mundo, sob pena de não adotando, colocar o País na posição que o País sempre ocupou, como de fornecedor de commodities, grãos e minérios.  Falta lideranças empresariais no Brasil para fazer voltar a ocupar posição de destaque no mundo, recuperando, pelo menos, a posição de 8ª economia do mundo.

            Desta forma, previsão de crescimento de 4% em 2021 está longe de ser motivo de comemoração.

              Ossami Sakamori