Para que vocês que acompanham as matérias sobre a economia brasileira, preparei um resumo sobre os últimos indicadores da a tendência da economia até o final do ano. Os números apresentados aqui, não representam a fotografia exata, do mesmo instante, dos diversos setores da economia. As notícias são colocadas ao público em "pedacinhos" e ficam de difícil entendimento para os meus leitores. No entanto, vamos lá, tentar.
O número mais preocupante dentre todosos indicadores é sem dúvida ao que se refere ao endividamento líquido do governo federal, considerando o Tesouro Nacional e Banco Central. A dívida líquida do governo da União no final de agosto batia o assombroso número: R$ 3,785 trilhões. Grosso modo, a dívida líquida da União representa 55% do PIB previsto para este ano. O que mais impressiona é que o País continua produzindo o déficit primário ou o "rombo fiscal", que deve terminar o ano ao redor de R$ 150 bilhões.
O primeiro sinal positivo nas contas do governo é que, no mês de agosto, o resultado do Tesouro, arrecadação menos despesas, ficou em torno de R$ 9 bilhões. No entanto, no oceano do "rombo fiscal", o número é inexpressivo. Vamos lembar que o déficit primário é o dinheiro que falta para cobrir as despesas do governo da União, sem incluir o pagamento de juros da dívida pública. Importante destacar que o País cobre parte do pagamento de despesas correntes com dinheiro proveniente de novos empréstimos. Não há dinheiro para pagar juros da dívida. O Brasil vem décadas "rolando" as dívidas contraídos pelo Tesouro Nacional.
Apesar de dívida pública líquida alta, ao redor de 55%, no mercado financeiro internacional o Brasil se apresenta uma posição relativamente confortável, com reserva cambial ao redor de US$ 380 bilhões. Esta reserva cambial, cerca de R$ 1,2 trilhão, se soma à dívida pública federal líquida para se chegar na dívida pública bruta. Também, na dívida pública bruta, soma-se os créditos que a União tem junto ao BNDES e outros organismos de controle do governo federal. Não é divulgado, mas, estima-se que a dívida pública bruta, sobre os quais onera os juros, esteja em torno de R$ 5,5 trilhões.
Outro indicador importante é a previsão do crescimento do PIB feito pelo Banco Central para 2018 em 1,4% ou previsão do IPEA de 1,6%. Os números são divergentes porque o método de aferição é diferente. Ainda assim, se considerarmos que no ano de 2017, o Brasil cresceu 1%, o número para 2018 indica uma tendência de crescimento consistente para próximos anos. Isto tudo, claro, depende da política econômica e monetária do novo presidente da República.
No cenário externo, o aumento de juros do título do governo americano estabelecido pelo FED, trouxe um certo alívio para o mercado de câmbio. No entanto, o dólar continua baixo para necessidade de incremento de vendas dos produtos brasileiros no mercado internacional, significa que o dólar está baixo ou real valorizado, se fizer paridade com valor real da nossa moeda. Desta forma, a minha percepção é de que o dólar comercial deve oscilar entre R$ 4 e R$ 4,50. No entanto, em matéria de política monetária, o que vale é o que "está na cabeça" do Ilan goldfajn e ninguém mais.
No cenário externo, o que deveria deixar o País preocupado é o preço do petróleo no mercado internacional. O mercado de óleo rompeu o teto psicológico de US$ 80. Há previsão de que o petróleo deve buscar a cotação de US$ 100 cada barril. Refiro-me, sempre, ao do tipo Brent, petróleo leve. O Brasil ganha de um lado para viabilizar com certa folga a exploração no pré-sal, mas perde a população com a alta de combustíveis na bomba. No entanto o efeito cascata deve influir na inflação dos próximos meses. Vamos acompanhar de perto, o mercado de petróleo.
A inflação está sendo contida pela política monetária do Banco Central e sobretudo ao custo de grande número de desempregados, desalentados e sub-empregados, cerca de 40 milhões. Outro número que diz respeito à população e é preocupante se refere ao número de inadimplente, cerca de 63 milhões de pessoas, que para o azar do povo está servindo para "freio" da inflação.
A minha dúvida é se com o crescimento econômico acima dos atuais números, o Banco Central conseguirá conter a inflação em níveis civilizados como de hoje, ao redor de 4,5% ao ano. A política monetária baseada em contenção da inflação com "freio" da taxa básica de juros Selic, é um tremendo equívoco, no meu entender. O Banco Central já sinalizou um pequeno ajuste, na taxa básica de juros Selic, atualmente em 6,5% ao ano. Descontado a inflação, o Tesouro Nacional está sendo obrigado a pagar juros reais de 2%, considerado inflação de 4,5%. Neste quesito, o Brasil está na contra mão dos países desenvolvidos que pagam juros negativos nos títulos de dívida pública. O País entrou na cipoal de equívocos e está caminhando celeremente para uma situação de default.
Mesmo com a conjuntura desfavorável, qualquer que seja o vencedor da eleição presidencial, a tendência de crescimento do Brasil, pífia que seja, parece ter vindo para ser definitivo. Assim, teremos em 2018, o melhor Natal dos últimos 5 anos, se Deus quiser!
Ossami Sakamori