Na foto acima, um está preso e outro não.
Nada como um dia atrás do outro. Para confirmar que este blog está sempre na frente da grande imprensa, a notícia da grande imprensa é de que foi reaberto pelo MPF o processo "mensalão" que envolve o ex-presidente Lula da Silva, sobre "propina" recebido pelo PT em Portugal. O tema foi matéria deste blog em 22 de julho de 2015, portando há mais de 2 anos. Sem edição, reproduzo a matéria postada à época.
Segundo o jornal Público de Portugal, o Ministério Público daquele país está investigando o envolvimento político no negócio de venda à Telefónica das ações da Portugal Telecom na Vivo e cruzamentos das posições acionárias com a Oi Telecomunicações, na qual teve intervenção do José Dirceu, principal nome da operação Mensalão e agora atingido pela Operação Lava Jato.
Ainda segundo o jornal Público, as suspeitas de benefícios financeiros, no valor de várias dezenas de milhões de euros, concedidos a governantes, acionistas e quadros de topos da hierarquia das operadores. Isto tudo podem estar na origem das investigações do Ministério Público de Portugal, que correm em segredo de justiça.
A venda de 50% de participações na Vivo, detidas pela Portugal Telecom e também e o cruzamento de ações da Portugal Telecom na Oi Telecomunicações e vice-versa. O jornal Público levanta a suspeita de que tenha rodado benefícios já citados em cifras de 200 milhões de euros, equivalente a cerca de R$ 700 milhões. O Ministério Público português investiga possível envolvimento do Lula da Silva e José Dirceu.
Segundo o jornal Público, "Há precisamente cinco anos, primeiro ministro Sócrates e Lula da Silva falaram várias vezes ao telefone. As conversas decorreram entre o final de Junho e o final de Julho e destinaram-se a encontrar uma solução para vencer o impasse provocado pelo veto de Sócrates à venda à Telefónica, das ações da Portugal Telecom na brasileira Vivo".
Começou então, segundo o jornal Público, uma corrida contra o tempo para contornar o bloqueio político do primeiro ministro Sócrates, o que exigiu o trabalho de bastidores. A solução foi rapidamente encontrada em Brasília, que foi sugerido que Portugal Telecom avaliasse a parceria com a Oi, que necessitava de consolidar uma estrutura de acionistas alavancada pelo BNDES.
Uma das figuras que apareceu para promover os contatos, segundo o jornal Público, para promover contatos entre portugueses e brasileiros foi o José Dirceu, que foi detido em 2012, acusado de ser o chefe do Mensalão. José Dirceu atuava nas negociações com as empresas de consultoria designadas de Oliveira e Silva (sobrenome do José Dirceu), JD Consultores e JC&S.
Nota: José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal está na prisão. Lula da Silva e José Dirceu estão livres e soltos. Os diretores da Oi Telecomunicações estão soltos. Um dos controladores da Oi Telecomunicações, a empresa Andrade Gutierrez está envolvido em Operação Lava Jato.
PS (23/07 6:30) : Para não haver dúvida.
1. Portugal Telecom, foi a concessionária de serviço de telecomunicações de Portugal, até a recente venda de ativos para grupo francês. Hoje tem cerca de 25% de ações da Oi Telecomunicações no Brasil. Individualmente é o maior acionista da Companhia.
2. Oi Telecomunicações é concessionária de serviço de telecomunicações do Brasil, fusão da Telemar e da Brasil Telecom, que por sua vez eram fatias da Telebras. Os maiores acionistas hoje é da Portugal Telecom, BNDES, Fundos de Pensão, Carlos Jereissati do grupo La Fonte e Sérgio Andrade do grupo Andrade Gutierrez.
3. O Ministério Público de Portugal apura a suposta contribuição de cerca de R$ 700 milhões (valor de hoje) do Portugal Telecom para a campanha presidencial do Lula em 2006. Conforme a matéria do jornal português, investiga envolvimento pessoal do Lula da Silva, José Dirceu e José Sócrates na operação. É vedada pelas leis portuguesas fazer contribuição às campanhas eleitorais de países além fronteira.
4. O Ministério Público de Portugal apura também o tráfico de influência do primeiro ministro José Sócrates e do presidente Lula para que houvesse fusão (cruzamento de ações) entre as duas concessionárias. Como não está contabilizado na campanha presidencial do Lula e Silva de 2006 a doação de R$ 700 milhões, é de presumir que o dinheiro tenha tomado destino diverso. O que se apura se este dinheiro não foi parar nas mãos de ambos presidentes e operadores da suposta doação entre os quais José Dirceu.
5. Esta investigação nada tem a ver com a investigação sobre envolvimento do Lula da Silva com o atual primeiro ministro Pedro Passos Coelho nos negócios da Odebrecht Portugal. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Vide matéria anterior deste blog.
Ossami Sakamori