Em rápida entrevista improvisada aos jornalistas que acompanham a presidente Dilma em Nova York, que participa da Assembléia Geral da ONU, fez comentário sobre a recente alta do dólar. Como sempre, a presidente Dilma fez declaração desastrada. "A questão do dólar é algo que o Brasil hoje tem reservas suficientes para que nós não tenhamos nenhum problema em relação a nenhum 'disruptura' por conta do dólar", disse ela para jornalistas, segundo imprensa brasileira.
Ainda, segundo a imprensa brasileira, a presidente Dilma teria comentado que a disparada do dólar no Brasil está protegida com a reserva cambial suficiente para lidar com a situação. Dilma teria dito que o governo está pronto para agir, se referindo à disparada recente de dólar. Pelo jeito é discurso ensaiado pelo marqueteiro João Santana.
Vamos tentar destrinchar o que a presidente Dilma quis se dizer com 'disruptura' por conta do dólar. Claro que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, teria lhe informado sobre o volume da reserva cambial brasileira. O que vou escrever abaixo, os números são aproximados, apenas para que o leitor leigo tenha noção do que a presidente está fazendo referência.
Tenho visto os principais formadores de opinião, no meio empresarial e no mercado financeiro, citando a reserva cambial como "porto seguro" para a economia do Brasil. A formação da reserva cambial robusta, tem origem na política cambial do ex-presidente do Banco Central e banqueiro na vida privada, Henrique Meirelles. O atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini tem dado continuidade, em linhas gerais, à política monetária e cambial do ex-presidente. No entanto, a reserva cambial que refere a Dilma não é tão robusta quanto parece ser.
Vamos aos números concretos, para analisar sobre a "desruptura" que refere a Dilma. Sim, o Brasil possuí reserva cambial de US$ 371 bilhões, dado do último dia útil. Este número é como depósito à vista que um devedor deixa no banco para tentar manter a credibilidade com a instituição financeira, uma espécie de "saldo médio". Por outro lado, o Brasil tem uma dívida interna bruta, equivalente a US$ 1,1 trilhão, na cotação do dólar de sexta-feira. A dívida interna brasileira tem prazo médio de vencimento de 4 anos e meio.
Resumindo, o governo federal tem dívida equivalente a cerca de 3 vezes o que tem de "saldo médio" (reserva cambial). A reserva cambial do Brasil fica inexpressiva, se compararmos com a reserva cambial chinesa, por exemplo. A China possui reserva cambial de cerca de US$ 3,8 trilhões ou equivalente a mais de 10 vezes a reserva cambial brasileira. A economia chinesa é cerca de 6 vezes maior que a economia brasileira, para fazer equivalência relativa.
O que não fica explicado ao grande público é que cerca de US$ 200 bilhões, foram engordados com a entrada de capital estrangeiro especulativo em títulos da dívida do governo federal. Para atrair este capital especulativo é que o governo federal, através do Banco Central, paga o maior juro real dentre 40 maiores economia do mundo, ficando atrás apenas da Turquia. Taxa básica de juros Selic a 14,25% e inflação oficial de 9,25%, os juros reais corresponde a 5%.
Além de tudo, para manter o dólar com certa estabilidade, o Banco Central lança mão de mecanismo de intervenção no mercado denominado "swap cambial tradicional" que é títulos em real equivalente em dólar. O Banco Central tem utilizado, também, outro mecanismo que é venda de dólares físicos no mercado futuro. O volume destes mecanismos para conter a cotação de dólar é de aproximadamente US$ 100 bilhões.
Vamos fazer a conta. Se os especuladores estrangeiros repatriarem todo o dinheiro aplicado em títulos do governo federal, a reserva cambial diminuiria em US$ 200 bilhões. E do outro lado, se o Banco Central deixar de utilizar intervenções no mercado de câmbio, em tese, poderia sair do País mais US$ 100 bilhões. Nesta hipótese extrema, a reserva cambial cairia para US$ 70 bilhões. Há uma contradição nisto. O Brasil aplica a reserva cambial em títulos americanos à uma taxa de 0,75% ao ano, enquanto paga remuneração líquida de 5% ao ano sobre o Título do Tesouro Nacional. O Brasil tem prejuízo enorme para manter a reserva cambial alta.
E ainda tem mais. A dívida externa brasileira, incluindo o setor público e o setor privado estava em US$ 288 bilhões, no final de agosto. O Brasil tem o "saldo médio" efetivo de US$ 70 bilhões e tem dívida externa do setor público e de empresas de US$ 288 bilhões. Isto que é a realidade. Esta conta é que as agencias de classificação fazem. O resto é conversa para boi dormir. A Dilma dizer que não terá "desruptura" é pura avaliação pessoal dela. As agências de classificação de riscos estão de olhos abertos.
Ah, vamos fazer justiça! O presidente Lula pagou a dívida para com FMI de US$ 16 bilhões, à época. Mas, o Brasil deve hoje US$ 288 bilhões em dólares! E o País tem dívida interna bruta de cerca de US$ 1,1 trilhão! A situação do País é de extrema gravidade. Só não vê, quem não quer ver!
A Dilma colocou o Brasil num grande labirinto e não sabe como tirá-lo da situação. Dilma é incompetente para governar o País. Dilma afundou o Brasil !
Única solução é o impeachment da Dilma!
Ossami Sakamori