quarta-feira, 31 de março de 2021

Nem os militares querem a volta do Regime Militar

Hoje, dia 31 de março, não tenho motivo nenhum para comemorar o dia da Revolução ou dia do golpe Militar de 64. Naquele ano, 1964, eu estava recém matriculado na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, resultado do acirrado vestibular de uma universidade pública.  Eu me lembro que no dia 31 de março, havia notícia de que as tropas do Exército, com tanques, estavam à caminho à região Sul.  Senti aliviado quando soubemos que o comandante da V Região Militar tinha aderido ao movimento.  Ficamos sabendo depois que tinha havido um "golpe militar".   Enfim, para alívio da população, não haveria matanças entre os soldados compatriotas.  

         O que seguiu, ao dia 31 de março de 1964, a história brasileira mostra como sendo de "regime militar". A verdade é doida, mas tem que ser dita. Brasil entrava na "ditadura militar". Como eu era de família humilde, não me engajei no movimento estudantil que opôs ao regime militar, porque eu precisava gerar o meu próprio sustento. Muitos amigos meus foram presos, pela DOPS - Delegacia de Ordem Social e Política, sem nenhum mandato judicial e foram levados para porões do Exército.  Estávamos inaugurando o regime de exceção.  Já no final do meu curso de engenharia, foi decretado o Ato Institucional número 5, que abolia os direitos individuais de um cidadão brasileiro comum.  Fui testemunha à favor de um colega de faculdade, na "Justiça Militar", para atestar que ele era cidadão do bem.  Os civis "contra o regime" eram julgados na Justiça Militar.  

          Enfim, os militares podem comemorar o dia de hoje como dia de libertação do povo, do comunismo que se estava a ser instalado no Brasil.  Preocupado que eu estava em conseguir um espaço no mercado de trabalho, tive muito pouco tempo para estudar a ideologia dos à favor e dos contra o Regime Militar.  Os que foram militantes contra o Regime Militar eram universitários, via de regra, filhos de classe média alta, pois estes, tinham o sustento das respectivas famílias para suas guerrilhas particulares.  Entre estes, a ex-presidente Dilma Rousseff e seu companheiro Cláudio, de famílias abastadas.  

          À duras penas e com a iniciativa do General Geisel foi feito à abertura gradual e segura do Regime Militar para os civis.  O General Figueiredo cumpriu a missão e promoveu eleição indireta para presidência da República, no que foi eleito o deputado Tancredo Neves, tendo como vice-presidente o então deputado José Sarney.  Em razão do falecimento prematuro do Tancredo Neves, assume como o primeiro presidente civil, o José Sarney.  José Sarney e Ulysses Guimarães costuraram a Constituição de 1988, em vigor até hoje.  

          Respeito o presidente Jair Bolsonaro, eleito legitimamente, através de eleições, previstos na Constituição de 1988, em 2018, numa disputa acirrada com o candidato do Partido dos Trabalhadores.  Porém, não concordo com os últimos movimentos, com aparente interferência indevida no Alto Comando das Forças Armadas, subjugando-o, além daquilo já previsto na Constituição de 1988.  Uma parte da população apoia a interferência dos militares na vida da população, invocando o Artigo 142 da Constituição, num fragrante erro de interpretação.   Uma outra parte da população, sobretudo os intelectuais, não apoiam a ideia do Presidente da República, de que o Comando das Forças Armadas sirvam aos interesse do Governo, contrário à ideia de que as Forças Armadas deveriam servir ao Estado.  A primeira ideia leva à politização das Forças Armadas, que é meio caminho andado para volta do Regime Militar.  Eu aposto que, os que os protagonistas de hoje, da ideia de volta do Regime Militar, não tenham vivido experiências nefastas do poder pelos militares, como eu tive.  Creio que, nem os militares, de baixo a alta patente, não querem a volta do Regime Militar no País.

Ossami Sakamori




 

terça-feira, 23 de março de 2021

Desagravo ao presidente Bolsonaro

 

Os economistas que assinaram a carta cobrando medidas efetivas no combate à pandemia, ao lado dos banqueiros e empresários, tem explicações diferentes porque os levou a assinar o documento que foi divulgado no último fim de semana.  A presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza, por exemplo, dá ênfase na criação do programa "renda básica", semelhante ao do governo Jair Bolsonaro.  O  fato é que, o documento vem com atraso de 6 anos, pois a pior depressão que País vive, vem desde 2015, como é de notório conhecimento dos signatários do documento.   Mais parece, um documento para marcar posição "política" do que resolver o real problema que o Brasil vive, os decorrentes da pandemia Covid-19.

          Diz o ex-presidente do Banco Central e um dos idealizadores do Plano Real, no governo Itamar Franco, que também, foi membro do Conselho de Administração do Unibanco, foi membro do Conselho de Administração do Banco Itaú e fundador do Banco Pactual e desde maio de 2018 integra o Conselho Acadêmico do Livres :  "Dá sensação de desespero, de urgência e vontade de ser propositivo.  Ele é o autor da "carta aberta" que cobra as medidas efetivas no combate à pandemia, ao lado dos empresários e banqueiros.

          Pérsio Arida, afirma, o fracasso anunciado no documento seria resultado da "postura negacionista" e da postura da falta de seriedade com que o governo federal vem enfrentando o problema", há exato um ano (sic). O ex-banqueiro Pérsio Arida, critica o despreparo da equipe do governo federal, partícipe e conivente da situação da calamidade que vivemos hoje (sic).  Por que o governo não se organizou para comprar vacinas como fizeram o Chile, a Turquia e África do Sul, afirma o Pérsio Arida.  E responde ele mesmo: "Porque não entendeu do que se tratava, porque foi ideológico, "negacionista" (sic).

          Muito fácil criticar e apontar "dedos" às eventuais falhas cometidas no enfrentamento da pandemia que em fevereiro de 2020, o mundo nem tinha noção da gravidade da pandemia que originou na China.  Muito fácil, também, fazer críticas ao presidente Bolsonaro, o fato de Brasil não ter adquirido vacina da Pfizzer, em agosto do ano passado, se esta vacina, ainda nem tinha aprovação do FDA dos EEUU. É uma crítica recorrente, também, na imprensa em geral.  O fato é que depois de "leão morto", todos querem ser o "caçador de leões".  É o caso do economista Pérsio Arida e seus séquitos seguidores. 

Ossami Sakamori  


segunda-feira, 22 de março de 2021

Programa de "renda básica" da Luiza Trajano


Um grupo de empresários, apoiado pela Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza, Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Siderúrgica Gerdau, Hélio Magalhães do presidente do Conselho de Adminsitração do Banco do Brasil, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e Fabio Barbosa, membro de Conselho das Nações Unidas, diversos ex-ministros dos governos anteriores e diversos consultores e economistas do mercado financeiro nacional, entre outros, lançam Movimento Convergência Brasil, que propõe direcionar às famílias de baixa renda, uma parcela dos recursos obtidos com as privatizações e com a reforma administrativa do setor público federal.

         O pano de fundo é tornar viável o programa da "renda básica", já defendido pelo ministro Paulo Guedes e ainda não implementado por não ter ainda consenso na própria equipe do ministro da Economia.  Maior dificuldade na implantação de um programa para atender os cerca de 45 milhões de trabalhadores informais, "invisíveis", até há pouco tempo pelo ministro Paulo Guedes.  O programa proposto pela Luiza Trajano e empresários que subscreveram o documento, já era sonho do ex-senador Eduardo Suplicy, PT/SP, de implantar um programa de "renda mínima" para população vulnerável.

          Vira e mexe, o assunto vem à tona.  O programa denominado de "renda básica", que leva o mesmo nome, mas não é mesmo do ministro Paulo Guedes, a proposta é direcionar às famílias de baixa renda, parte dos recursos obtidos com as privatizações e com a reforma administrativa. Vamos apenas lembrar que, nem as privatizações e nem a reforma administrativa, ainda não foram aprovadas pelo Congresso Nacional.  Contar com o dinheiro de privatizações e da reforma administrativa, na melhor das hipóteses, só estará disponível, na melhor das hipóteses à partir de 2022. Esquecem os autores da proposta que o direcionamento dos recursos previstos no documento, não são tão fáceis como parecem ser.  A principal barreira para viabilização do programa de "renda mínima" da Luiza Trajano é o "teto dos gastos públicos" regulamentado pela Emenda 95 de 2016.

           O projeto de "renda mínima" que o próprio governo do presidente Bolsonaro encontra dificuldade na sua implantação, encontra barreira na Emenda Constitucional 95 e agora, repentinamente, capitaneado pela Luiza Trajano, traz à ona o assunto. Isto, mais parece um ensaio para tentar emplacar uma vaga de "vice-presidente da República", nas eleições de 2022, inspirada que está, a dona da Magazine Luiza, com a ascensão da senadora Kamala Harris nos Estados Unidos ao segundo mais importante cargo.

           Ao que parece, o documento tem aprovação do ministro da Economia, Paulo Guedes e é estimulado pelo mesmo.  No meu entender, é mais uma invenção do "posto Ipiranga".  Segundo,  a grande imprensa, o documento vai ser entregue ao Congresso Nacional, ainda hoje. 

Ossami Sakamori  

sábado, 20 de março de 2021

Volks põe o Brasil em xeque!

 


A grande imprensa deu destaque no dia de ontem, sexta-feira, 18 de março, a suspensão das quatro fábricas da Volkswagen, à partir da próxima quarta-feira, dia 24, até o dia 5 de abril, localizados em São Bernardo do Campo, Taubaté, São Paulo e São José dos Pinhais.  O grupo Volkswagen emprega 15 mil funcionários e segundo a empresa, os funcionários administrativos vai trabalhar de forma remota.  O motivo alegado foi a contaminação do Covid-19 de seus funcionários, não informando o número de contaminados.  

          As outras montadoras, Mercedes-Benz, Toyota, Hyundai e Renault informaram que estão atentos ao avanço da Covid-19, mas até ontem, dia 18, não tomaram nenhuma decisão.  O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, informou que encaminhou à direção da General Motors, concessão de licença remunerada no mesmo período, 24 de março a 4 de abril. 
          A notícia veio como alerta à autoridade brasileira, sobretudo da área econômica, sobre a gravidade da situação, que à primeira vista, é decorrência da crise sanitária.  Porém, o "buraco" pode estar muito abaixo.   O fato é que, as plantas industriais brasileiras, são "sucatas" nos países de origem de cada montadora.  Para se ter ideia, as montadoras em todo o mundo se preparam para carros movidos a motores elétricos, que serão implementados, nos próximos 4 anos, pelo menos na União Europeia. 
          A preocupação maior que enxergo, se persistir o atual quadro das montadoras, é o reflexo na cadeia produtiva, sobretudo de empresas de capital nacional, grande parte 100% dependente das montadoras.   Eu já manifestei neste blog que a saída da montadora Ford do Brasil era apenas a "ponta do iceberg" de uma crise estrutural do setor industrial como um todo, sobretudo pela alta carga tributária e complexidade da legislação tributária e trabalhista no País. 
          A pandemia Covid-19 está vindo com carga viral toda, com consequências imprevisíveis na área da saúde pública. No entanto, a pandemia está colocando o Brasil despido de "maquiagens retóricas" de políticos de plantão, de um país que tem tudo para dar certo. 

Ossami Sakamori


quinta-feira, 18 de março de 2021

Aprovo aumento da taxa Selic para 2,75%

O Banco Central, contrariando a minha expectativa, promoveu o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, de 2% ao ano para 2,75%, com aumento de 0,75% em relação à taxa em vigor, após trajetória descendente de quase 6 anos.  E ainda, sinalizou o mercado de que poderá vir um novo aumento, no mesmo percentual, na próxima reunião que acontecerá nos próximos 45 dias.  O aumento era esperado pelo mercado financeiro em 0,5%.  De qualquer maneira, a sinalização dada com a alta de juros é importante para balizar a economia como um todo.  

        Recentemente, o Congresso Nacional aprovou a lei que dá autonomia ao Banco Central do Brasil.  Fica claro, com a medida adotada, a de aumento da taxa básica de juros acima do esperado pelo mercado financeiro, o "descolamento" da política monetária ao da  política econômica.  A área do Ministério da Economia, qualificou a decisão como "arriscada", com suposta ação para conter a desvalorização do real.  Paulo Guedes fez bico, no caso.  Ponto para Campos Neto!

          O aumento da taxa básica de juros, Selic, com a perspectiva de um novo aumento na próxima reunião, que passará, se confirmar a previsão do BC, a taxa básica de juros a 3,5% ao ano.  Como interessado em assuntos da macroeconomia, entendo bem a preocupação do Banco Central.  Ao contrário do que maioria dos comentaristas da economia, o objetivo do Banco Central, com o aumento da taxa Selic nos níveis não esperados, não visa apenas conter a valorização do dólar ou desvalorização do real.  O objetivo, no meu entendimento, o aumento da taxa Selic, nos níveis propostos pelo Banco Central visa simplesmente conter a inflação, que ressurge como novo perigo para o crescimento da economia.  Banco Central, na minha opinião, mirou a "inflação".  Banco Central vê como perigo maior a volta da "inflação" que pode inviabilizar qualquer  projeto de crescimento econômico.  A história nos mostra isto.

          A política monetária ao lado da política econômica são peças importantes para conduzir o País ao desenvolvimento sustentável no tempo.  Não há política econômica que se sustente no ambiente de inflação alta.  Estabilizar o valor da moeda, no nosso caso, o real, é fundamental para fazer planejamento de qualquer projeto econômico, de crescimento econômico sustentável ao longo do tempo.  O mercado financeiro, pode até "torcer o nariz", mas fazer o que?  O importante é preservar o poder de compra da nossa moeda, o real.  Aprovo inteiramente a decisão do Banco Central do aumento de taxa Selic para 2,75%. 

Ossami Sakamori

  



segunda-feira, 15 de março de 2021

COMPOM reúne para definir a taxa Selic

 


Na próxima quarta-feira, dia 17, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deve definir e divulgar a nova taxa de juros básicos, Selic, que vigorará nos próximos 45 dias.  Em tese, o Copom, como é conhecido, estabelece a taxa de juros básicos que o Tesouro Nacional paga para os títulos que vencem no curto prazo.  É assim que funciona em todo o mundo.  É função do Banco Central, através da taxa de juros, regular a liquidez do mercado financeiro a curto prazo, sobretudo.  Porém, há outros mecanismos que garantem a liquidez do sistema bancário, como os depósitos compulsórios do sistema financeiro nacional.   

           Um dos índices de preços mais tradicionais do país, o IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que calcula a inflação na cidade de São Paulo para famílias com renda entre um e dez salários mínimos, sinalizou para uma alta de 16,75% nos alimentos, número próximo ao calculado no IPCA nacional, do IBGE. Isto tem influência no estabelecimento da taxa Selic.  Ainda, segundo IBGE, itens tradicionais na mesa dos trabalhadores, como arroz com feijão, com aumento supera os 51%.  Hortaliças e verduras tiveram aumento de 23,30% e carnes com aumento de 29,51%, ainda, segundo o IBGE.

          Segundo o coordenador do IPC-Fipe, "há uma forte influência do câmbio neste cenário.  O efeito da desvalorização do real foi na veia".  A cotação do dólar em 2020, sofreu grande variação, muito acima da inflação, IPCA.  Em 2020, a cotação da moeda americana deu um salto de quase 30%, passando de R$ 4,0213 para R$ 5,1967 entre o início e o fim do ano, com um pico de R$ 5,7803 em outubro, segundo dados do Banco Central.

          Há consenso no mercado financeiro de que deverá haver um ajuste na taxa básica de juros Selic em torno de 0,5% para cima.  No entanto, na  minha opinião, se o BC primar pela prudência como tem sido na administração do Campos Neto, a taxa Selic não deverá passar de 2,25% para esta rodada.   Seja como for, é consenso de que a taxa básica de juros Selic está muito baixo num cenário que os preços dos produtos que compõe a cesta básica está explodindo.

Ossami Sakamori

quinta-feira, 11 de março de 2021

Em 2021, Brasil terá crescimento pífio!

 


Ontem, quarta-feira, presidente Bolsonaro sancionou leis aprovadas pelo Congresso Nacional, Senado e Câmara dos Deputados, flexibilizando a compra dos insumos e vacinas para enfrentamento da Covid-19.  As medidas visam flexibilizar a compra de vacinas pelos estados e municípios, além de autorizar importação delas por entidade privadas.  Além de autorizar outros agentes, além da União, a nova lei disciplina a autorização das novas vacinas pela Anvisa em 7 dias úteis ou 9 dias corridos.  A medida faz parte da contraofensiva do presidente Bolsonaro diante da nova configuração política nas eleições de 2022, com a liberação de uma eventual candidatura do Lula pelo STF, pela anulação das condenações pela Justiça Federal de Curitiba.
          O principal motivo, no entanto, é o recrudescimento da pandemia em todo o território nacional, com crescente número de mortes, sempre, batendo recordes anteriores.  A nova previsão é de que o "novo pico" da pandemia venha ocorrer somente no mês de junho próximo.   No momento, o Brasil lidera índice negativo deixando de longe os Estados Unidos, que indicam declínio no número de mortes, sobretudo após a vacinação em massa implementado pelo presidente Joe Biden.  O fato é que a vacinação em massa da população brasileira, tornou-se única alternativa para o País sair da situação de depressão  econômica que deu início em 2015.
          Apesar de OCDE ter previsto crescimento global ao redor de 5%, com o novo quadro apresentado, ela não conta para o Brasil, que conseguir fechar o PIB no terreno positivo será um grande feito.  A tão propalada fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, da recuperação econômica em formato "V", está longe de acontecer.  É provável que a volta do crescimento econômico se dê em formato "U", tal qual prevemos em matérias anteriores.  
          Por outro lado, a anunciada medida, implementação de auxílio emergencial de R$ 44 bilhões, apesar de atender necessidade social do momento, é uma medida que pouco reflexo econômico traz para o crescimento econômico do País.  Falta ao País medidas econômicas mais robustas tal qual implementadas nos países do primeiro mundo, como os Estados Unidos e o Reino Unido, além de medidas sanitárias restritivas para enfrentamento da pandemia Covid-19.
          Infelizmente, o Brasil escolheu uma outra vereda, a de crescimento pífio, segundo Emenda 95, equivalente ao do ano de 2016, o segundo ano da pior depressão econômica desde 1929.  Os administradores públicos e o mercado financeiro, infelizmente, consideram a Emenda 95, a do teto dos gastos públicos como pilar para a estabilidade econômica.  Vamos lembrar que Emenda 95 é camisa de força para atrelar o crescimento econômico do País aos níveis de 2016, corrigido apenas pela inflação do período que antecede ao Orçamento Fiscal de cada ano.  
         Em macroeconomia, não tem milagres a produzir.  A economia do País, onde os gastos públicos representam cerca de 1/3 do PIB, segue à esteira dos gastos em investimentos públicos.  Governo federal não fazendo investimentos, o restante da economia acompanha cegamente à direção sinalizada pelo carro chefe da economia, a de crescimento pífio.  Para o crescimento econômico do País, contar apenas com o crescimento do setor agropecuário é dar um peso além da sua  capacidade de participação na economia, cerca de 20%.  
          Se o Brasil fechar o PIB de 2021, empatando, isto é crescimento "zero", já estará de bom tamanho.  As outras conversas, as de crescimento em "V", sobretudo do ministro da Economia, é coisa para "boi dormir".  Importante, para nós, os empreendedores do setor produtivo, é levar em conta a "realidade" e não a "fantasia" do ministro da Economia.
         Resumindo, a economia do Brasil, em 2021, na melhor das hipóteses, terá crescimento pífio.  

Ossami Sakamori

domingo, 7 de março de 2021

Sray nasal será a saída para a Covid-19?

 

Ontem, sábado, dia 6, divulgado pela grande imprensa, presidente Bolsonaro mandou uma missão oficial, composto pelo ministro de Relações Exteriores e secretário de pesquisa e formação científica do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, além de deputados mais próximos para Israel, para firmar um acordo de cooperação científica entre aquele país e o Brasil.  A comitiva, segundo informações do próprio Palácio, será recebido pelo primeiro ministro daquele país, Benjamim Netanyahu, neste domingo.  Após a reunião, deverá ser divulgado comunicado conjunto sobre o conteúdo da reunião.

          A missão está carregado de expectativa do presidente Jair Bolsonaro, após seguidas e desastradas declarações sobre pandemia da Covid-19, referindo-se às iniciativas dos governadores e prefeitos sobre medidas restritivas, devido ao crescente número de vítimas fatais e de falta de leitos hospitalares nas unidades de saúde, em todo o País.  A grande imprensa classifica o presidente da República como "negacionista", um termo um tanto pejorativo para um presidente da República.  Segundo o dicionário, o "negacionismo" é a escolha de negar a realidade como forma de escapar da uma verdade desconfortável (sic).

          Voltando ao assunto central que é sobre o objeto da viagem da comitiva designada pelo presidente Bolsonaro, a viagem é mais do que um intercâmbio, mas, visa firmar protocolos e acordos bilaterais na área de ciência e tecnologia, sobre "spray nasal" para tratamento de doentes graves acometido pelo vírus Covid-19.  Israel já testou a vacina em humanos, na segunda fase, para 30 pacientes graves e teve comprovação da eficácia com 29 resultados positivos dentre 30 pacientes.

        O protocolo científico visa engajar o Brasil na terceira fase de testes, que visa aplicar o experimento em número maior de pacientes para comprovação ou não da eficácia mostrada na segunda fase de testes.  Segundo a nova norma de licenciamento da Anvisa, órgão regulador de medicamentos no Brasil, já nesta fase, cabe "licenciamento provisório".  Se o licenciamento será solicitado pelo laboratório que desenvolveu o produto ou não, não está esclarecido.   

         Paralelamente, ao medicamento israelita, há um soro em fase de testes, desenvolvido pelo Instituto Butantan, para ser aplicado em pacientes com Covid-19.  Novamente, veremos a corrida entre os laboratórios para aprovação de medicamento para cura da pandemia.  No pano de fundo, o enfrentamento político entre o governador de São Paulo e o presidente da República, visam eleição presidencial de 2022.

          O importante de tudo isso, excluindo os interesses políticos de todas partes, é que o acirramento da corrida presidencial, enfim, poderá servir para atender ao interesse da população.  Torço para que ambas soluções, a do presidente Bolsonaro, tanto quanto a do governador Dória, venham ser coroados de êxito.  O que interessa à população que tenha menor número de mortes que avoluma cada dia mais a triste estatística, sobejamente, divulgada pela grande imprensa. 

    Spray nasal israelita parece ser a janela de saída para pior pandemia do século.  

Ossami Sakamori

             







sábado, 6 de março de 2021

Ministros da economia medíocres é a sina do País


As pessoas que tem a mínima noção de macroeconomia sabem que, apenas o programa "auxílio emergencial" a ser aprovado pelo Congresso Nacional nos próximos dias, está longe de colocar o Brasil na rota do crescimento sustentável ao longo do tempo.  O programa que prevê R$ 250 para cerca de 44 milhões de pessoas que estão à margem do trabalho formal, representa injeção de R$ 44 bilhões para o consumo.  Vale como programa social, mas não vale como propalado estímulo ao crescimento econômico.  O valor é como uma gota d'água no oceano de necessidades.  O pior de tudo isso, é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende a ideia de que o "auxílio emergencial" é a porta de saída da crise econômica, que vem desde a "quebra" do País em 2015.  Mais uma falácia do ministro da Economia, para enganar o presidente da República, este último, neófito e pouco interessado  em macroeconomia.  
          Vamos lembrar que, em 2020, para tirar o País da pandemia Covid-19, o governo da União, injetou R$ 600 bilhões na economia, extra Orçamento Fiscal de 2020.  Mesmo com a injeção da vultosa soma, conseguido através de endividamento do Tesouro Nacional, a economia do Brasil teve retração de 4,1% em 2020, tirando o País da 8ª economia do mundo, ultrapassado que foi pelo Canadá e Coreia do Sul.
           Esquecem os formuladores da política econômica do País de que o Brasil vem de um brutal recessão econômica que deu início em 2015.  Nesse período, o Brasil encolheu, em termos reais, mais de 27% em comparação com o tamanho do PIB de 2014.  O Brasil tem um desafio a vencer, isto é, eliminar o "gap" ou o "fosso" que nos separa dos países desenvolvidos, antes de comemorar o pífio "gasto público" destinado aos menos favorecidos.  A crítica não é propriamente sobre o programa "auxílio emergencial" para população desassistida.  O que reclamo é a "ausência" de programas de estímulo à economia tal qual está sendo implementados nos países do primeiro mundo.  O que é bom, se copia.  Ou seremos, definitivamente, um país do terceiro mundo. 
         Para o Brasil, como nação, independente dos governos de plantões, necessita urgentemente acompanhar as medidas macroeconômicas que está sendo implementados pelos países mais ricos do mundo, sob pena de ficar ainda mais distante deles.  Só para se ter ideia, os Estados Unidos discutem estímulo de US$ 1,9 trilhões ou grosso modo, R$ 10,6 trilhões, equivalente a cerca de 10% do PIB deles, para uma população de 330 milhões habitantes.  Na outra ponta geográfica, o Reino Unido vai injetar $ 65 bilhões de libras, equivalente a cerca de R$ 500 bilhões para uma população de 68 milhões de habitantes.
      Quando vejo o nosso ministro da Economia, comemorando injeção de R$ 44 bilhões na economia como o início da retomada vertiginosa, "V", de crescimento, me deixa muito triste, por ter de assistir, novamente, o Brasil perdendo posições na economia mundial.  Contar somente com o crescimento  do agronegócio em termos nominais e em termos reais, é como voltar ao século passado em que o País vivia de exportação de café para dinamizar a nossa economia, é um retrocesso sem volta.   Até parece ser a "sina" do Brasil ter governantes medíocres.  
         Infelizmente, a população brasileira, assiste há muitas décadas, a falta de ministros da Economia à altura da Nação, tendo a vocação nata de ser uma potência mundial.  Assistimos, isto sim, a disputa pela mediocridade.  

Ossami Sakamori

segunda-feira, 1 de março de 2021

Brasil não sairá fácil do atoleiro que se meteu

 


Para não haver dúvidas, afirmo que torço para que o governo Jair Bolsonaro, dê certo.  Dando certo, o Brasil vai sair da depressão econômica iniciada em 2015, com o governo desastrada da presidente Dilma.  O País regrediu nesse período, cerca de 27% em termos reais do PIB, com relação aos países mais desenvolvidos do mundo.  Para piorar a situação, veio a pandemia Covid-19 e parece estar um pouco distante a saída da recessão econômica mundial, decorrente da pandemia.   A crise mundial está a configurar muito pior do que aquela decorrente da crise financeira hipotecária nos Estados Unidos, em 2008.  O Brasil está dentro deste contexto mundial e particularmente a pandemia pegou o País no ano que parecia ser a saída da depressão econômica. 
     Infelizmente, a crise econômica mundial pegou o País de calças curtas.  O ano de 2020 era para ser o ano de reformas estruturantes que o Brasil tanto precisa, sobretudo a tributária.  A complexidade das leis que regulam os tributos no Brasil afugenta quaisquer investidores produtivos, tanto nacionais como internacionais.  É um cipoal de legislação que consomem uma grande parte da estrutura administrativa da empresa e deixa os empresários reféns dos advogados tributaristas e obrigam as suas empresas a fazerem provisionamento para eventuais despesas, para quando perderem as demandas nas instâncias judiciais.
     O governo federal, em 2020, se saiu relativamente bem, apesar da pandemia Covid-19.  Isto é explicado porque o governo da União endividou-se para pagar as suas despesas.  Em 2020, o governo federal, gastou cerca de R$ 600 bilhões, extra Orçamento Fiscal ordinário.  O governo emitiu títulos da dívida para pagar suas contas.  Em consequência, a dívida pública federal líquida está na ordem de R$ 5 trilhões.  O País não consegue pagar as despesas correntes, muito menos os juros da dívida do Tesouro Nacional. Faz muito tempo que o País só "rola" as dívidas, inclusive os juros.   Os investidores estrangeiros já estão preocupados com o tamanho da dívida da União.  Isto será um dos entraves para o crescimento do País, que precisa de capital nacional e internacional.
     O presidente da República, com pouco conhecimento da macroeconomia, não entende como o País entrou num buraco desse tamanho.  Encarrega o ministro Paulo Guedes, o posto Ipiranga, para tentar implementar um programa de saída da crise econômica, mas a tentativa é inútil e infrutífera.   Paulo Guedes, defensor da economia liberal, titubeia para implementar intervenção na economia, medida necessária, para tirar o País do atoleiro que se meteu. 
    Enquanto o ministro da Economia, resolve a sua vã convicção, de "ser ou não ser", a da economista liberal, o País não voltará crescer vertiginosamente, como quer o próprio Paulo Guedes, para ultrapassar o "gap" ou o "fosso" que nos separa dos países mais desenvolvidos do mundo.  
     Enquanto o ministro da Economia não resolve o seu problema existencial, o Brasil não sairá do atoleiro que se meteu, pelo menos no curto prazo.  Será necessário e urgente que o Paulo Guedes sente no divã do psicanalista para resolver de vez o seu problema existencial antes que o Brasil entre no buraco sem fundo.

Ossami Sakamori