quarta-feira, 29 de agosto de 2012

DILMA, É FÁCIL ANUNCIAR ESPUMA, DIFÍCIL É REALIZAR


Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido que se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e participou de um seminário sobre competitividade, disse nesta terça-feira (28) que o Brasil precisa realizar mudanças para continuar crescendo. Fonte: Folha.

"Nos últimos 20 anos, o Brasil tem tido uma história de sucesso e um progresso extraordinário, mas com o desenvolvimento da economia há desafios que mudam as coisas", disse Blair. "Hoje, o foco é em competitividade, em educação, em como as pessoas fazem seus negócios" Fonte: Folha.


Para o ex-premiê britânico, as coisas mais importantes para a economia da América Latina são infraestrutura de qualidade, educação, capital intelectual forte e um ambiente de negócios previsível. "É fácil ver o que precisa ser feito", disse Blair. "O desafio é realizar." Fonte: Folha.

Concordo com o ex-primeiro ministro Tony Blair, nos trechos pinçados acima, da reportagem da Folha, sobre o evento sobre competitividade.  

Nos últimos 20 anos, o Brasil passou por mudanças radicais.  Na primeira década, o desenvolvimento do país foi baseado em estabilização da moeda e na lei que regula a responsabilidade fiscal.  Na segunda última década foi marcada pela ascensão da classe de renda mais baixa ao patamar de classe média, comumente denominado de classe de emergentes.  O povo e especialmente os últimos governantes bradam pelo crescimento econômico do país, em termo de PIB, mas esquecem-se de crescimento em outras áreas que foram relegadas ao segundo plano, nas últimas duas décadas.

Infraestrutura de qualidade, como diz Blair, é o que o Brasil tem de menos.  Há duas décadas que o país não elabora um planejamento estratégico de médio e longo prazo, com exceção apenas referente a utilização do matriz energético.  No campo da infraestrutura logística, a Dilma acaba de lançar uma colcha de retalhos de uma rede de infraestrutura que tem pouco a ver com a necessidade do país.  Tem muito mais a ver com o atendimento ao reclamo político dos aliados de base.  Não há Plano de desenvolvimento Econômico Social de longo prazo.  Tem apenas um PPA.

Educação e capital intelectual são pontos importantes, mas muito fracos, do Brasil.  As nossas universidades, com exceção da USP, são os mais atrasados do mundo, pouca produção em inovação tecnológica.  A produção de patentes "per capita" é a mais baixa do mundo, o que demonstra que o país está no "status" de baixa intelectualidade.  O país não consegue se impor perante o mundo como "inovador tecnológico", ao contrário, apesar de sucesso econômico das últimas décadas, continuamos sendo o provedor de commodities.  Importamos tudo, de agulha a ferramentas industriais.  O desafio é grande para vencer o "gap" que nos separa do primeiro mundo.

Com política econômica de curto prazo, executada pela equipe econômica, mudando a cada 45 dias, produzindo solavancos no mercado e dificultando o planejamento econômico e financeiro das empresas privadas, fica difícil de dizer que o Brasil tem um ambiente de negócio previsível.  Tocar empresas no Brasil é como comandar uma embarcação no meio de tempestade, não sabe o que acontecerá no dia seguinte, imagine fazer planejamento de médio e longo prazo.  Isto não é possível, no Brasil.  

É fácil de ver o que precisa ser feito, o desafio é realizar.  Foi o que disse o Blair.  É o que os governantes das últimas décadas tem feito, falam muito mas fazem pouco.  Implementam alguns programas ícones e ficam por isso mesmo.  Anunciam-se muitas espumas mas poucos conseguem transformar em obras ou em medidas de longo prazo.  Ficam, a maior parte em obras e medidas inacabadas, um verdadeiro desperdício de dinheiro público.  Vamos repetir, novamente o Blair, "o desafio é realizar".  Fica a lição, de um ex-governante do país que realizou as últimas olimpíadas com muita esmero e organização. 

Dilma, chega de espuma e vamos botar a mão na massa?  

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi prof. da UFPR
Twitter: @sakamori10

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