Excelentíssimo Senhor Michel Temer,
Com enorme contrariedade, escrevo estas poucas linhas para solicitar à Vossa Excelência que renuncie ao cargo de presidente da República Federativa do Brasil. Senhor Michel Temer, eu faço, apenas em meu nome, mas representando o sentimento de milhões de pessoas que não o aceitam mais vê-lo representando o povo brasileiro.
Senhor Michel Temer, a última vez que escrevi uma carta semelhante a esta, escrevi-a com muito pesar, à então presidente da República Dilma Rousseff, sua antecessora e companheira de chapa, que o elegeu para o cargo de vice-presidente da República. Só quero lembrá-lo, senhor Michel Temer, Vossa Excelência se elegeu graças aos votos dados a sua ex-companheira, a Dilma Rousseff.
Senhor Michel Temer, Vossa Excelência, se acha o salvador da pátria, mas o povo não o elegeu para ser presidente da República, de fato. Vossa Excelência, disse após a cassação de mandato da titular, a quem deve o cargo que ocupa, de ter herdado a irresponsabilidade fiscal. No entanto, Vossa Excelência tornou-a permanente para os próximos 20 anos, com a Lei do teto dos gastos.
Senhor presidente, Vossa Excelência tem feito discursos como se fosse o único político capaz de promover as reformas estruturantes que o País estava a carecer. O objetivo embora necessária, senhor presidente, não é suficiente para impor sacrifícios à população mais do que ela tem capacidade de suportá-lo. Senhor presidente, o País convive com 14 milhões de desempregados e outros tantos sub-empregados, números nunca dantes vistos na história brasileira.
Senhor Michel Temer, Vossa Excelência, no cargo de presidente da República, cometeu um deslize indigno do cargo que ocupa. Senhor presidente, receber um empresário estelionatário, fora da agenda, na residência oficial da presidência da República, às altas horas da noite, é se igualar ao nível de empresário que o recebeu. Vossa Excelência se defende com argumento de que as gravações feitas pelo empresário estelionatário não vale como prova, mas não desmente o conteúdo da conversa daquela noite.
Vossa Excelência, senhor presidente, faz manobra para proteger o seu auxiliar imediato, o trapalhão, à todo custo, nomeando um novo ministro da Justiça com visível função de defensor dos seus interesses privados das investigações que o Supremo Tribunal Federal mandou instaurar, em razão do conteúdo das conversas gravadas. Senhor presidente, o teor das conversas ao meu ver, não são nada republicanos, pelo contrário, muito comprometedor, e que Vossa Excelência não nega ter existido.
Senhor Michel Temer, Vossa Excelência está considerando o cargo de presidente como se fosse um cargo privativo ao comportando-se com a soberba que lembra bem a sua antecessora Dilma Rousseff. Vou fazer lembrar à Vossa Excelência que o cargo de presidente da República é do povo brasileiro. Sendo assim, senhor Michel Temer, o cargo que foi lhe confiado pertence aos que lhe confiou de boa fé.
Definitivamente, senhor Michel Temer, o seu apego ao cargo, custe o que custar, lembra os presidentes anteriores que mancharam a história do Brasil. Michel Temer, Vossa Excelência, entrincheirada no cargo, será em breve mais uma figura triste da história brasileira. Desejo que renuncie com dignidade do que cometer loucuras.
Senhor presidente Michel Temer, espero que esta seja a única e derradeira carta que destino ao Palácio do Planalto.
Sem nenhum apreço!
Ossami Sakamori