Notícias internacionais anunciam "o isolamento dos bancos russos ao sistema de compensação bancária Swift", como se fosse notícia que merecesse o rodapé da página. Não, não é. O Swift é um sistema de compensação criado em 1973, com sede na Bélgica, que interliga 11 mil bancos e instituições financeiras em mais de 200 países e é fiscalizado pelo Banco Nacional da Bélgica, o Banco Central belga, em parceria com outros importantes bancos centrais. A medida anunciada, no meu entender, é um tiro no pé do presidente Biden e vai ter desdobramentos imprevisíveis no sistema financeiro mundial.
Para melhor compreender a importância do sistema Swift, é necessário entender que, o sistema Swift faz parte do mecanismo do BIS, o Banco de Compensações Internacionais ou BIS e tem missão de reunir os bancos centrais de maioria dos bancos centrais dos países que representam cerca de 95% do PIB do mundo, para fazer fluir as liquidações financeiras em todo mundo. O Banco Central do Brasil, o BC, é acionista do BIS desde 25 de março de 1997 e faz parte do Swift.
O objetivo da medida, de acordo com a BBC de Londres, é o de fazer com que as empresas russas percam acesso ao fluxo normal e instantâneo de transações fornecidas pelo Swift. Pagamentos pelo fornecimento de energia e produtos agrícolas pelos russos poderão ser afetados, segundo o noticiário. A primeira vista, o corte dos bancos russos do sistema Swift representa o fim das transações internacionais para a Rússia, fazendo com que os investidores internacionais retirem os investimentos da Rússia em dólares. O pano de fundo da crise da Ucrânia, é a tentativa da Rússia de trazer de volta ao seu domínio, a Ucrânia, antes que os Estados Unidos tomem a dianteira. O Putin não quer que os mísseis nucleares e convencionais da OTAN apontados para o seu território, estacionados na Ucrânia. Nesta história toda, quem "paga o pato" são os ucranianos que ficam no meio de "tiroteio" de ambas potências.
Voltando ao assunto do bloqueio de Swift dos bancos russos, a compensação bancárias, em dólares, de seus "correntistas", para Biden mostrar ao Putin que os Estados Unidos tem mais força que a Rússia. É a guerra fria em novo formato. Esquece o governo Biden que o bloqueio de Swift pode afetar não só os bancos russos, mas, todo sistema financeiro mundial, em consequência o sistema financeiro americano, também. O bloqueio do Swift bancário vai provocar reação em cadeia, prejudicando os clientes do sistema bancário mundial e em consequência o comércio mundial, não só dos russos.
O bloqueio do Swift dos bancos russos, hoje, dia 28, poderá ser o início da maior crise financeira mundial, talvez, maior do que a crise financeira mundial, que iniciou com a quebra do Banco Lehman Brothers, em 2008.
Ossami Sakamori