Meu objetivo, sempre, é informar vocês das últimas notícias sobre a macroeconomia global e em especial do Brasil. Eu ia me ausentar dos comentários, hoje, mas achei interessante passar para vocês alguns dados e fatos sobre economia global e a economia brasileira, sobretudo, sobre as últimas movimentações em números macros, que passarei a expor.
Ontem, teve reunião informal entre os presidentes dos Bancos Centrais das maiores economias do mundo, os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e Reino Unido. Cada um expôs o que se passa com controle da moeda nas respectivas zonas de influência. O que me chamou atenção foi a opinião do chefe do FED, o Banco Central americano, o Jerome Powell. Disse ele: "Embora a política monetária seja restritiva, não é, pode não ser restritiva o suficiente e não tem sido restritiva por tempo suficiente", o que deixa aberta a porta para mais aumentos, disse Powell. Disse ainda: "É uma coisa construtiva que tenhamos conseguido subir a taxa básica em 500 pontos-base com a expectativa de ir mais longe, e ainda temos um mercado de trabalho muito forte, mas ainda assim o fato do enfraquecimento da economia da maneira que esperávamos". No meu ponto de vista, o ponto mais importante é que o presidente do Banco Central americano disse que o objetivo do FED é tentar levar a inflação de volta para 2%, mantendo a taxa de juros, "sem causar prejuízo à economia dos Estados Unidos".
No fronte interno, a notícia é que a dívida pública federal caiu ligeiramente, para R$ 6,014 trilhões, sendo que a Dívida Púbica Mobiliária Federal interna somou R$ 5,767 trilhões e a Dívida Pública Federal externa atingiu R$ 246,78 bilhões. O Banco Central informou ainda que a "reserva de liquidez" da dívida púbica caiu 6,66% em relação ao mês de maio, para R$ 983,18 bilhões. Na comparação com o mesmo mês de 2022, a liquidez da reserva caiu 11,27%, mas o número não é nada preocupante.
A inflação acumulada dos últimos 12 meses, terminado em maio de 2023, é de 3,40%, não muito longe da meta de inflação para o ano de 2023, estipulado pelo Banco Central em 3,25%. É certo que a inflação corrente está convergindo para a meta do ano, grande parte devido à política monetária agressiva e "incompreensível" da taxa Selic de 13,75%, inalterado desde junho de 2022.
Há comentário de analistas econômicos que apostam a redução de taxa Selic para a próxima reunião em 0,25% a 0,5% e redução no ano em até 1,5%, contrariando a minha projeção de 3 reduções de 1,5% até o final do ano, projetando a taxa Selic para o final deste ano em 9,25%. Considerado o número da inflação presente e o grau de "reserva de liquidez" expressivo em relação ao tamanho da dívida pública, é perfeitamente "factível" praticar a taxa básica de juros sugeridos, sem que cause "explosão" de inflação neste ano.
Com a taxa básica de juros Selic à altura, com ganho real sobre a inflação corrente, que favorece aos investidores internacionais e nacionais, especulativos ao invés de investidores produtivos. A consequência é visível no mercado de câmbio: A nossa moeda, o real está supervalorizado ou o dólar subvalorizado, dando sensação falsa de "real forte" ou "dólar fraco", dando sensação falsa de economia em expansão. E, nem tão pouco, o Campos Neto, o condutor da política monetária do País, é infalível. O presidente do Banco Central erra feio, na sua política monetária, segurando a inflação e ao mesmo tempo, impedindo o crescimento sustentável, que é a vocação do Brasil.
Ossami Sakamori