quarta-feira, 25 de julho de 2012

CADA CIRCO TEM UM DELÚBIO COMO PALHAÇO

O ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares disse nesta terça-feira que a engenharia financeira montada por ele para quitar as dívidas de partidos da base aliada "deu errado, deu essa confusão toda", mas negou que o partido tenha corrompido parlamentares. Fonte: Folha.


Como "o partido não tinha lastro financeiro" para contrair empréstimos bancários no valor de R$ 60 milhões, disse Delúbio, ele recorreu às empresas do publicitário Marcos Valério de Souza, que captaram o dinheiro nos bancos e o repassaram ao ex-tesoureiro.  Delúbio reconheceu os saques em dinheiro, os pagamentos a partidos e parlamentares e o repasse, ao PT, de recursos captados por Valério, mas disse que a operação se destinou a quitar dívidas contraídas por um caixa dois eleitoral. Fonte: Folha.


O ex-tesoureiro foi saudado aos brados de "Delúbio guerreiro do povo brasileiro" por uma plateia formada por sindicalistas, militantes e funcionários públicos do governo do DF. Inicialmente previsto para acontecer na sede do PT, em Brasília, o ato de desagravo a Delúbio foi transferido na última hora para a sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no DF. Fonte: Folha.


O Delúbio faz papel de palhaço do processo denominado Mensalão.  Expulso do Partido dos trabalhadores, no primeiro momento, por conveniência, agora reconduzido tem como missão à cumprir no maior escândalo de compra de vetos explícitos ocorrido na história do Brasil.


Delúbio não é nada dentro da hierarquia do Partido dos Trabalhadores, mas faz o papel de responsável por tudo que aconteceu no processo Mensalão.  Ele é o boi de piranha.  Vai tentar arcar com a responsabilidade por todos os atos do Mensalão.  De tanto falar e de imprensa dar destaque ao nome do Delúbio, vai estar parecendo para o povo que ele é o úniuco responsável pelas decisões políticas e intelectuais da operação Mensalão.


Vamos relembrar a essência.  A autoria intelectual do processo Mensalão saiu do gabinete do José Dirceu, na época ministro Chefe da Casa Civil do governo Lula.  Ele operou todo o processo, até que houvera denúncia, através do seu gabinete instalado no 3° andar do Palácio do Planalto, ao lado da sala do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva.


O então deputado Roberto Jeferson, um dos beneficiários do Mensalão e hoje réu, foi quem denunciou o esquema.  Segundo foi noticiado pela imprensa à época, o atual governador Marconi Perillo disse ter chamado atenção do presidente Lula sobre a operação Mensalão estar sendo ordenado de dentro do Palácio do Planalto. Hoje, Perillo, desafeto do presidente Lula.


Para dar legitimidade a somatória de dinheiro que teria transitado na operação, em forma de Caixa 2, denominado pelos réus do processo Mensalão como "dinheiro não contabilizado", foi montado a farsa da "operação de empréstimo" do Banco Rural e BMG.  Neste caso, quem bancou laranja foi o Marcos Valério, dono da agência de publicidade, que em nome dele foi contraído empréstimos até hoje, oficialmente, não pagas.  Os bancos citados, receberam sim, os empréstimos no paraíso fiscal, assim como o publicitário Duda Mendonça recebeu os honorários da campanha presidencial, comprovadamente, no exterior.


A nova denominação do Caixa 2 de "dinheiro não contabilizado" foi inventado pelo então ministro Márcio Thomas Bastos, hoje, advogado dos donos do Banco Rural, no processo Mensalão.  Curiosamente, o mesmo ex-ministro de Justiça do governo Lula é advogado do contraventor Carlinhos Cachoeira, processo que deu origem à CPMI do Cachoeira, em curso. Que, também, curiosamente, tem o Marconi Perillo, o desafeto do Lula, como investigado.


Ao que tudo parece, a forma de arrecadação do Caixa 2, denominado de "dinheiro não contabilizado" para apoio aos parlamentares da base, apenas, mudou de forma e de personagens.  Tudo continua orbitando em torno de personagens que frequentam ou que tenham intimidade com o Palácio do Planalto.  Este filme, já vi antes. 


O povo vai ver o Delúbio e o Marco Valério serem condenados no STF, mas o restante vai ser absolvido por falta de provas objetivas ou pela simples prescrição.  No Brasil os laranjas vão para cadeia, mas os verdadeiros culpados ou mandantes sairão com "ficha limpa", infelizmente.


Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof. da UFPR
Twitter: @sakamori10

2 comentários:

Silvia Marra disse...

Análise clara e objetiva.
Gostei muito do seu blog e já o inclui no meu favorito.

Sílvia Helena

Daniella Caruso Gandra disse...

Delúbio e Valério, os dois camisa-de-força do PT, e já desacreditados, mesmo que ainda tenha outros personagens nessa lama, quero dizer, nessa história toda a serem descobertos, ou ainda, desmascarados. "Ossos do ofício", ofício esse de ser pau pra toda obra e esconder o entulho. Abraços, Saka, grande semana para você.