O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do Banco Itaú, Roberto
Setúbal, divergiram publicamente nesta quarta-feira (4) sobre os
"spreads" bancários, que é a diferença entre o custo de captação dos
recursos pelos bancos e a taxa cobrada do consumidor. Nesta diferença,
estão os custos do setor, os impostos e também o lucro dos bancos. Fonte: Folha.
Discussão à parte, o governo é o maior captador de recurso do mercado, pagando juros médios próximos da taxa Selic. O próprio Tesouro é tomador dos recursos dos bancos privados, competindo com os bancos comerciais privados. Para competir com o Tesouro os bancos são obrigados a ofertar taxa maior que a da Selic do Tesouro.
Duas considerações a fazer. Os bancos recolhem ao BC, o depósito compulsório dos bancos, hoje num volume próximo de R$ 490 bilhões. Maior parte destes recursos são remunerados à taxa Selic. Então, pergunto, por que os bancos haveriam de correr o risco de inadimplência emprestando aos clientes duvidosos se tem onde deixar o dinheiro dormindo (no BC) com remuneração à taxa Selic?
A segunda consideração é sobre empréstimos a juros baixíssimos, alardeados pelo marketing dos Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, deveriam estar suprindo a demanda. Pergunto, por que as duas instituições financeira, BB e CEF, que utilizam os recursos capitados à juros menores institucionalmente como a do FGTS e FAT não conseguem atender a demanda de crédito?
Primeira lição a fazer, é baixar os juros Selic, em níveis que pagam os países mais desenvolvidos do planeta, isto é no patamar de inflação ou abaixo dele. Significa que Selic deveria estar em 5,5% ou abaixo dela. Com certeza absoluta, os bancos sairiam do comodismo de aplicar nos títulos do Tesouro e migrar para empréstimo ao consumidor.
Presidente Dilma, vamos fazer dever de casa, antes de ficar batendo boca com os banqueiros. O próprio governo Lula e Dilma, deram de mamar para o setor durante 9 anos e 6 meses, sem que houvesse nenhum questionamento. Se quer mudar, vamos mudar o cenário de oferta de crédito, deixando que o Tesouro entre competindo na captação pagando taxas altas. Solução é singela. Basta aplicá-la.
Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof.da UFPR.
Twitter: @sakamori10
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