quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PETROBRAS. EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL A QUEM INTERESSA?


Dirigindo uma das principais entidades de petróleo do mundo, o World Petroleum Council, mas também presidente da brasileira Barra Energia, Renato Bertani acha que o Brasil não pode se dar ao luxo, como país em desenvolvimento, de demorar tanto tempo para desenvolver seus gigantescos reservatórios de petróleo no pré-sal brasileiro. O próprio Bertani está à espera de novas áreas para a Barra Energia, hoje com apenas dois blocos devido à falta de leilões --um deles é o bem sucedido Carcará, em parceria com a Petrobras. Fonte: Folha.

Sou de opinião diametralmente oposta aos da World Petroleum Council que, curiosamente, coincide com a do governo Dilma.  A presidente Dilma, quer e quer de qualquer maneira que o pré-sal seja explorado no mais curto tempo possível.  Considerando que o pré-sal está a uma profundidade de 7.000 metros de profundidade, que requer tecnologia própria, ainda em desenvolvimento, creio inoportuno o açodamento da exploração no prazo curto.  Na minha opinião, até por questão de segurança ambiental a expansão da área de pré-sal deve ser feito com parcimônia.

Além do aspecto de requerer tecnologia mais segura, o custo de exploração do pré-sal, segundo analistas, não sai por menos de US$ 70,00 o barril.  Para o preço de venda em torno de US$ 95,00 o barril, a margem de lucro não é expressivo, hoje.  Todos os indicadores mostram que o preço de petróleo no médio prazo vai alcançar patamar de US$ 150,00 o barril.  Neste nível de preço, a lucratividade do poço do pré-sal, relativamente, vai melhorar em muito.  É uma questão econômica.  Ninguém vai roubar o nosso pré-sal, só porque não estamos explorando.  Vai permanecer como reserva importante para o Brasil e para o mundo, querendo ou não, pois está localizado dentro do limite do mar territorial brasileiro.

A Petrobras deve investir pesadamente em refino ao invés de dar prioridade à exploração.  A capacidade de refino das nossas refinarias está esgotada.  O Brasil está importando combustíveis prontos. Isto é, estamos criando empregos lá fora.  Se tivéssemos refinarias com capacidade acima do consumo interno, poderíamos estar importando o petróleo bruto e exportando os combustíveis prontos, deixando o valor agregado ao país.   Questão de usar a inteligência ao invés de querer forçar a barra para vangloriar-se de que somos auto-suficientes.  EEUU, Japão e Europa são auto-suficientes?  Não, não são.  Compram petróleo como commodity e vendem os subprodutos com altíssimo valor agregado.  Na minha opinião, auto-suficiência é visão tacanha.

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, filiado ao PDT, foi professor da UFPR.  E-mail: sakamori10@gmail.com

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