Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
EXPANSÃO DO CRÉDITO É RISCO PARA O BRASIL?
O volume total de crédito do sistema financeiro cresceu 516,4% nos últimos dez anos, ao passar de R$ 351,647 bilhões em junho de 2002 para R$ 2,167 trilhões em junho de 2012. De acordo com levantamento feito pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), em junho o volume equivalia a 50,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Em junho de 2002, o total representava 27,2% do PIB. O total corresponde tanto a recursos livres, que as instituições financeiras emprestam livremente, quanto a recursos direcionados - recursos obrigatórios por legislação. Fonte: Estadão.
Para a Anefac, a expansão é positiva, mas o volume total de crédito brasileiro ainda é baixo em comparação com as principais economias mundiais, onde o número chega a corresponder a mais de 100% do PIB. Fonte: Estadão.
O prazo médio dos financiamentos subiu 271 dias nos últimos 10 anos, ao passar de 232 dias em junho de 2002 para 503 dias no mesmo mês deste ano. O resultado corresponde a uma elevação de 116,8%. Fonte: Estadão.
A Anefac avalia que as condições de crédito do País apresentaram "substancial melhora", com expansão do volume emprestado, redução das taxas de juros e dos spreads, aumento do prazo médio de financiamento e elevação pequena da inadimplência. Fonte: Estadão.
Enganou-se quem pensou que eu ia meter o pau sobre condições de crédito do País. Concordo com Anefac que o Brasil ainda tem margem de permitir expansão de crédito, sobretudo na área de pessoa física. Creio que expansão de 50% sobre os atuais níveis, num horizonte de 5 anos não causaria traumas, nem risco ao sistema bancário em geral. Estou a falar de endividamento da população para 75% do PIB, nos próximos 5 anos. Grosso modo, expandir o crédito em R$ 200 bilhões anuais.
O sistema bancário brasileiro, à despeito de reclamação do ministro da Fazenda Guido Mantega, no sentido de baixar juros e expandir o crédito, está o fazendo acompanhando o BB e CEF, com muita parcimônia. Nenhum banco privado é louco de expandir o crédito à qualquer custo, com quer o governo Dilma. Estão, os bancos privados, a promover expansão do volume de crédito de olho no índice de inadimplência. Não saberia informar se as instituições oficiais de crédito estão observando o fator inadimplência. Pode estar postergando o problema, no tocante à inadimplência. O futuro nós dirá.
A fórmula de assegurar o crescimento do PIB, via consumo, não seria fórmula tão ruim quanto possa parecer. Digo seria. Há que corrigir ainda o resquício da elevada taxa básica de juros, Selic, que considero ainda alta, comparada com o índice de inflação. Tem o problema do câmbio, ainda defasado em cerca de 15% a 20%, segundo estudos feitos pelos principais institutos de pesquisas, tanto privado como estatal. Sobre infraestrutura logística, nem se fala. O programa "espuma" anunciado pela Dilma, de investir R$ 133 bilhões nos próximos 30 anos, chega a ser ridículo. O gargalo do custo Brasil, representado pela elevada carga tributária inviabiliza a criação de novos empregos no País. Sem levar em conta a falta de investimentos em educação, saúde e segurança pública. O acréscimo de receita tributária, mantido regras atuais, seria de aproximadamente R$ 80 bilhões. Espero que o dinheiro seja usado para criar emprego no País ao invés de criar na China por exemplo.
Espero que presidente Dilma, esqueça um pouco de eleições municipais e debruce-se em corrigir o "erro sistêmico" do País, sob pena de continuar um país "Berundi", uma espécie de Bélgica e Burundi (África). Saída para crescimento sustentável, há. Basta que a presidente Dilma, ajuste sua política econômica e social à verdadeira vocação do Brasil. Não atrapalhando, com suas políticas econômicas "espumas" já estaria de bom tamanho.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, filiado ao PDT, foi prof. da UFPR. E-mail: sakamori10@gmail.com
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Um comentário:
Realmente o Brasil tem mercado interno para aumentar seu crédito interno sem maiores sustos na economia, e até faz suporte de peso ao PIB no termo de produção, que envolveria mercado interno (forte) e exportação (reduzindo muito - desindustrializando). O caso ai é a falta de investimentos básicos em itens que são como disse, básicos. Segurança, Saúde, Educação, e na Infra Estrutura que pena e faz peso no custo Brasil. Isso come os investimentos mas no tópico de custos que tiram a empolgação de qualquer conta de crescimento. Os modais de transporte por exemplo é uma piada no escoamento da produção, Fato encarecedor deste custo ainda é visto sem ser olhado de frente. O resultado é que o que deveria ser um caminho de proteção ao crescimento da economia se torna um risco com a formação de uma bolha de consumo, o que deveria ser um agente de segurança no crescimento se torna um risco devido a inoperância do Governo que faz sabendo que os resultados são exportados e não aproveitados aqui dentro, com esse processo de desindustrialização que vem sendo implantado já ha alguns anos. Temos que valorizar a produção e isso não é feito, já que temos mercado interno expressivo, mas isso solução erroneamente é visto pelo lado do comércio na ponta de consumo, que deveria ser um item somado e não tornado exclusivo, deixando a produção de fora ou minimizado na importância. Ai os importados entram em cena e a criação de mais empregos recai para os países produtores e não o Brasil. Esse é o risco graças a desindustrialização imposta pelo Governo que não se preocupa com a modernização, investimento em tecnologia (novas), na produção, e na infra para escoar essa nova produção. Isso é tragédia anunciada, e os bancos que tem um "seguro" para seus riscos, que são os serviços do governo e seus programas de socorro financeiro, deixam de ver os riscos de mercado como agentes mínimos de risco explicito. Isso é risco puro e não tem final feliz nessa cadeia de produção lá na frente. O custo de modernização é altíssimo a médio prazo.
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