sábado, 29 de setembro de 2012

EFEITO BOOMERANG DO DISCURSO DA DILMA NA ONU


Quem brinca com boomerang sabe que o brinquedinho ao lançá-lo à deriva, volta sempre em direção ao lançador.  É preciso analisar bem antes de imputar culpa aos outros.  O discurso da presidente Dilma na ONU, afirmando existir "guerra cambial" orquestrada pelos países do primeiro mundo, teve reação imediata.  Dilma foi criticar as atitudes tomadas pelos países do primeiro mundo, no tocante à liquidez do sistema financeiro, sabendo que aquelas medidas são cruciais para a sobrevivência deles.  Mesmo assim, usou erradamente o termo "guerra cambial" ao se referir às medidas.  Nada diferente do que o Banco Central do Brasil faz, o "controle informal" do câmbio, estabelecendo "banda cambial".  A respostas nem sempre vem na mesma moeda, poderá vir em dose dupla.  Veja os trechos da reportagem do jornal Estadão, para sentir o "efeito boomerang" resultante do discurso da presidente Dilma, aparentemente este direcionado ao público interno.  Quem planta colhe!

Países ricos vão levar a atitude protecionista do Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC), elevando a pressão sobre o governo e deixando claro que não abandonarão as críticas enquanto o Brasil mantiver uma postura defensiva. Na segunda-feira, governos de EUA, Europa, Austrália e Japão vão cobrar respostas às regras do IPI para carros, consideradas injustas, e sobre as exigências e barreiras na abertura do mercado de telefonia 4G no Brasil, consideradas discriminatórias. Não se trata de queixa nos tribunais da OMC. Mas a atitude dos países ricos é um sinal claro de que não vão apenas fazer discursos contra o Brasil. A decisão foi levar o caso ao Comitê de Investimentos da OMC, para escancarar a preocupação desses países com o Brasil. Fonte: Estadão.

A primeira é de EUA e Japão no setor de telecomunicações e a briga pelo acesso ao mercado de telefonia. Washington e Tóquio questionam as exigências do edital de licitação da faixa de 2,5 GHz - destinada ao serviço de quarta geração da telefonia móvel (4G). No item seguinte do debate na OMC, Austrália e União Europeia vão questionar a decisão do Brasil de reduzir o IPI para montadoras que façam investimentos e produzam seus carros no País. Ainda em 2011, o governo anunciou alta de 30 pontos porcentuais nas alíquotas de IPI para veículos que tenham menos de 65% de conteúdo nacional. Antes, o tributo variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%. A diferenciação continuou nos meses seguintes e, segundo a diplomacia dos países queixosos, criaram preferências para certas montadoras. Fonte: Estadão.

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT.  Twitter: @sakamori10

Um comentário:

Cadinho RoCo disse...

Minha sensação é a de que estamos, francamente, em total desgoverno. A Presidente Dilma é contraditória, oscilante, sem poder de mando naquilo que refere-se à idoneidade do seu ministério e refém de um sistema que parece sair do nada para o lugar nenhum.
Cadinho RoCo