quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SELIC A 5,0%, PODE? PODE, SIM!


Ontem, deu Selic de 7,25% aa, na reunião do COPOM.  Dizem os noticiários de que o resultado da votação foi de 5x3.  A lógica da aposta do mercado, se é que tem alguma lógica, funcionou.  Houve quem dissesse que BC manteria em 7,50%.  Enfim, a adivinhação terminou à noitinha. Os apostadores que disseram 7,25% saíram triunfantes, como se suas análises macro econômicas (sic) estavam corretas.  Nada disso, qualquer cartomante poderia ter servido para a tal adivinhação.  O número saiu da cabeça do Tombini, baseado em análise de liquidez na colocação do título do Tesouro.  Então, acertou quem acompanha o pensamento do Tombini, só isto.

Analisando friamente o número da taxa Selic de 7,25% aa, o BC brasileiro paga para rolar a dívida pública federal brasileira, em termos reais, ainda, a quarta mais alta do mundo.  O BC tem fontes permanentes de captação em depósitos compulsório dos bancos, de aplicação obrigatória em renda fixa dos fundos de pensão e dos fundos de investimentos, acrescido ao volume de financiamento, a aplicação do dinheiro em caixa das diversas estatais, as federais ou estaduais.  Ainda assim, o BC tem que pagar a 4º maior juros reais entre principais PIB do mundo.  O FMI, noticiou ontem, de que o Brasil é o país mais vulneráveis entre os emergentes.  Está aí, parte da explicação do Fundo.  A taxa Selic é como termômetro da situação econômica do país.  EEUU, Alemanha e Japão são os países que pagam juros reais negativos.  

Diante do exposto, em teses, a taxa Selic no Brasil deveria estar no patamar de 5,0% aa, ligeiramente abaixo da inflação corrente.  Naturalmente, eliminados os impostos incidentes sobre juros cobrados pela Fazenda para os aplicadores brasileiros, coisa que os especuladores estrangeiros já são beneficiários.   No patamar da taxa de 5,0% aa, o Tesouro e o BNDES deixariam de bancar o Bolsa Empresário, já que os juros cobrados dos beneficiários são em sua maioria atrelados ao TJLP de 5,5% aa.  Pelo menos empatava. E o BC economizaria em grosso modo, cerca de R$ 48 bilhões, em pagamentos da diferença de juros ao ano, diminuindo a necessidade de geração de Superávit primário tão alto como agora. Resumindo, nós sabemos onde está indo o dinheiro que está faltando para os investimentos na área de educação, saúde e segurança pública.  

Outra mentira que está sendo contado pelos agentes do governo e economistas de plantão, de que a taxa básica de juros, segura inflação.  Tanta bobagem!  O BC e Fazenda, tem outros instrumentos eficazes para conter a inflação.  Aliás, se a afirmativa primeira for verdadeira, nos EEUU, Alemanha e Japão estaria a vivenciar hiper-inflação, já que pagam os juros reais a mais baixa do mundo.  É muita bobagem, em dose cavalar!  Quase que na mosca do centro da meta, não é dose cavalar, mas é dose para burro!

Selic a 5,0%, pode?  Pode sim!

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT.  Twitter: @sakamori10

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