segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CONFIRMADO, HAITI É AQUI !


Cinco horas e meia após a ocupação de cinco favelas da zona norte do Rio de Janeiro pelas forças de segurança neste domingo, 14, foi realizada a cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil e do Estado do Rio em uma praça localizada no interior da Favela de Manguinhos. Participaram do ato representantes das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, além de militares da Marinha e membros da Defensoria Pública do Estado. Fonte: Estadão.

"O hasteamento da bandeira é um marco simbólico para os moradores destas comunidades, que até então viviam sob o jugo do tráfico e agora passarão a viver sob as regras do Estado. Queremos trazer para essas pessoas o que está escrito na nossa bandeira: ordem e progresso", disse o tenente-coronel Renê Alonso, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM. Fonte: Estadão.

Cerca de 2 mil homens, entre policiais militares, civis e rodoviários federais, além de fuzileiros navais, participaram da ocupação das comunidades, que teve início às 5 horas da manhã deste domingo. Três horas antes, 13 blindados da Marinha foram transportados em caminhões do Batalhão de Engenharia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até as proximidades das favelas que seriam ocupadas. Fonte Estadão.

Número impressionante de mobilização para ocupação das comunidades, enclavados na cidade ícone do Brasil, Rio de Janeiro. Tal qual Cité du Soleil ocupado pelos gangues no Haiti, as comunidades de Manguinhos e Jacarezinho eram ocupados pelo tráfico de drogas, tanto quanto outras comunidades já retomados pelo governo do estado do Rio de Janeiro.  Uma verdadeira operação de guerra se trava para retomada do território, entregue à mercê do inimigo comandado pelo tráfico. É um Haiti enclavado no território denominado Rio de Janeiro, sede da Copa 2014 e Olimpíada de 2016.  

O que me impressiona é o fato de autoridades locais levantarem bandeira do Brasil e do estado de Rio de Janeiro como gesto de reocupação do território pelos governos constituídos numa demonstração de reconhecimento da impotência do poder público.  As comunidades  até então, eram entregues ao tráfico de drogas, cujos chefes de quadrilhas eram conhecidos e reconhecidos pelas autoridades de segurança do Estado.  Isto tudo é reconhecimento da impotência do Estado em administrar a segurança pública no país.  

As tais Unidades Pacificadoras nem de longe vem resolver os problemas das comunidades ocupadas.  Apenas mudam de comandos, antes sob domínio do tráfico de drogas, agora pela forças de Segurança Pública.  O tráfico de drogas sobrevive nestas comunidades por falta de atendimento dos serviços públicos, os mínimos essenciais, para sobrevivência, tais como saúde pública, educação e segurança pública.  Não adianta nada, portanto, levar soluções parciais.  Há que instalar outros serviços de atendimento à população, sem que o objetivo de pacificação da comunidade possa ser completa.  É como tapar sol com peneira!  Como tudo que se faz no Brasil as coisas são feitas por metade. E por estas e outras que o país não consegue inserir-se no Primeiro Mundo.

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR.  Twitter: @sakamori12

Um comentário:

daniel disse...

Os traficantes fingem que foram dominados e o poder público finge que domina pois esses traficantes livres, irão "trabalhar" em outra favela.
A favela dominada passa a pagar impostos e ter seus imóveis locados supervalorizados, com isso os moradores tendem a migrar.