Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Brasil da Dilma vive crise de confiança! Saiba porque.
No meio de declarações conflitantes sobre condução da política econômica brasileira, entre presidente Dilma, ministro Mantega e Alexandre Tombini do Banco Central, especificamente sobre o controle da inflação, enumero aqui, preocupações minhas, sobre o cenário atual. Sobre erro sistêmico da política econômica implementada pelo governo Dilma, já expus em centenas de matérias anteriores. Vou tentar resumir, sobretudo para leigos, os principais tópicos que vem sendo discutido pelos agentes públicos, empresários e analistas de mercado.
1. Selic. O Banco Central subiu nesta quarta-feira (17) o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,25%, para 7,50% ao ano. Os juros Selic estava com trajetória declinante desde o último aumento em 21 de julho de 2011. Já me manifestei que a taxa Selic, pouco influencia no combate à inflação. É apenas termômetro que mede grau de instabilidade da economia do que propriamente instrumento para combate à inflação. Temperatura do termômetro subiu!
2. Dólar. O Banco Central do Brasil, vem utilizando a moeda americana, como principal "ancora" da política de combate à inflação, à despeito de completo desmantelamento da indústria brasileira e competitividade dos commodities brasileiros, seja mineral ou agrícola. A linha mestra do plano econômico, equivocado, é combater a inflação com importação de insumos, produtos manufaturados e de consumo. No entanto, fatores externos, tendem a puxar cotação para cima, sem que o Banco Central tenha poder de controle, via intervenções sistemáticas.
3. Balança de pagamentos. O desempenho do comércio internacional brasileiro acumula déficit de US$ 4,2 bilhões no ano, isto sem contar com o importação não contabilizada de combustíveis em 2012, num montante de US$ 2 bilhões. Somado resulta em déficit comercial em US$ 6,2 bilhões, até segunda semana deste mês. O ingresso de capital estrangeiro (IED) soma aproximadamente US$ 3 bilhões. Assim sendo o balança de pagamento está deficitário.
3. Reserva Cambial. Segundo relatório do Banco Central, no conceito caixa, o estoque de reservas atingiu US$373,7 bilhões em fevereiro. Por outro lado a posição estimada da dívida externa total referente a fevereiro totalizou US$316,3 bilhões. A Reserva Cambial líquida, portanto, é de US$ 57,4 bilhões. O montante não é tão confortável quanto o governo Dilma tenta o mercado fazer crer.
4. Expansão de crédito. Nenhuma alteração foi anunciada pelo Banco Central pelo menos nos últimos 12 meses. É aqui que mora o perigo da inflação. O aumento da taxa Selic em 0,25% não faz nem cócega. O crédito, aliado à ancora cambial, continua com mercado de consumo aquecido. Os tomates continuarão com preços em ascensão, via demanda.
5. Emprego. Se permanecer o mesmo nível de contratação dos primeiros anos de 2013, o nível de emprego continua estável. Na minha análise, o número de contratações vai cair, em função da crescente desindustrialização no País. O setor industrial que respondia por 25% do PIB em 2005, hoje representa menos de 17% do PIB. As empresas brasileiras, com o câmbio que está, preferem montar fábricas na China, criando empregos lá.
6. Petrobras e Eletrobras. Ambas companhias, fazem parte do instrumento de política monetária do governo Dilma. Com o dólar cotado nos níveis de R$ 2, continuam combalidas, doentes, mas conseguem pelo menos se manter. Qualquer variação de dólar para cima, não se sustenta. Vai pedir água ou vai explodir!
7. Bolsa. O índice Bovespa fechou com queda de 2,05%, em 52.881 pontos, puxado pela desvalorização da OGX do menino Eike Batista que continua caindo. O problema da bolsa brasileira, não se resume nas ações da OGX ou Petrobras. As bolsas em geral, refletem o "clima" de confiança sobre a economia do país. Os investidores em ações no Brasil, estão muito desconfiados com o rumo da economia do País. Contrastando com as bolsas dos EEUU que estão batendo recorde de pontos e do Japão que está tendo ganho de 50% em menos de 6 meses, o índice Bovespa deflacionado, empata com o fundo de poço do período da crise financeira mundial de 2008.
8. Inflação. A inflação de 2013, veio com força total. Já ultrapassou o teto da meta de 6,5%, fechando o mês de março em 6,59%. Isto tudo, apesar da redução tarifária de energia e desoneração dos impostos federais nos produtos da cesta básica. Sem contar com o aumento de combustíveis em níveis mínimos, apenas para dar sobrevida à Petrobras. O perigo é se a ancora do plano Dilma, o dólar, fugir do controle. A linha adotada pela equipe econômica, não prevê realinhamento do dólar, o que considero como erro sistêmico primário. Nestas condições, dólar sobe, inflação explode!
9. Crise de confiança. O quadro acima, mostra que o governo Dilma, enfrenta "crise de confiança". Presidente Dilma pode enganar a população com suas medidas "espumas", mas não engana os investidores institucionais e mega especuladores. No mercado financeiro internacional, a Dilma é visto com "deboche", contrário do que ela imagina ser a descobridora de roda na economia.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, participou do mercado financeiro, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12Brasil d
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5 comentários:
Caro Saka,...
Como vc mesmo cita, governo por enganar o populacho que ainda aceita a dupla pão&circo, entretanto, para nós todos que temos a capacidade do raciocínio, economistas e analistas inclusos, as balelas não são facilmente deglutidas.
Isso é uma bomba, que já inicia a contagem regressiva para a explosão, que por burrice de Lulla, dar-se-á justamente em ano eleitoral.
Quem viver verá a estupidez de um partido em ação!
Nobre Sakamori:
O artigo não é bom, é OTIMO !
Melhor ainda pela didática e paciência em ensinar neófitos, absolutamente, desconhecedores dessa intrincada jogada de xadrez, que o mundo vive, com a tão decantada Globalização!
Primeiramente, obrigado pela sua alvisaleira aula de mercado!
De tanto você, e o Daniel falarem sobre essas coisas, acabarei me educando e quem sabe, me ensaiando a comentar esse importante assunto, sob a ótica científica que merece!
Mas, deixa-me efetuar um comentário:
Como disse já algumas vezes, tenho a nítida sensação de que este honorável Blob, o está sendo visto por detentores de poder e conhecimento sobre os problemas da nação!
No segmento que tenho participado, o Twitter, inúmeros são os postadores que acrescentam valores ao nosso dia-a-dia, e dentre êles, existe você, com sua sabedoria oriental que de maneira corajosa, nos converje para assuntos construtivos e de real interesse ao país! Mesmo os mais arraigados políticamente, deixam-nos ensinamentos que precisamos refletir sobre suas acertivas! Parece-me, que é um canal de informação e de utilização do velho PSDB, e, aí daquele que eventualmente se afaste dessa máxima! Isso é lamentável, pois denota-se a intransigência, e a intolerância, valores que questionam do seu maior inimigo (adversário para mim), o Partido dos Trabalhadores.
Todos sabemos dos valores que se encontram nesse partido, e sua recente história neste país, de realizações e de construção principalmente, na esfera econômica!
Portanto, quando na matéria de ontem, sobre o EDUARDO CAMPOS, me recolhi pois, sendo de direita, quanto mais se dividirem, melhor para mim ! Lamento que somente eu esteja vendo isso, pois meus iguais, não se movimentaram até agora, para ofertar a população, uma opção mais nacionalista, como o seu próprio PDT ! Enfim, estamos vivendo o samba do CRIOULO DOIDO, mas receio, que trocaremos os cachorros, porém, a coleira será a mesma!
Espero, encerrando, que esta matéria possa ser levada a qauem de direito, e, já que dizem que não entende nada, possa como eu, um ignorante do assunto, entender melhor a economia, e, de uma vez por todas, devolver o Mantega e o Tombini, entre outros, para o ABC paulista, e permitir, que sem a interferência externa, a nossa economia siga o seu caminho sem sobresaltos!
Belíssima aula, e informo, que tentarei levar a matéria para o meu e-mail e transmití-lo para os escaloes superiores deste país, pois que, não me posso dar o luxo de tê-los como inimigos, e sim, tentar diminuir os riscos que temos passado com esses despreparados condutores dos destinos nossos!
Com o carinho e admiração de sempre, levo-lhe meu cordial abraço.
MARKITO DE SOUZA
Prezado amigo Markito,
Sinto-me lisonjeado em receber tanta consideração, sobretudo, de uma pessoa com vasta experiência na vida pública como você. Infelizmente, não tenho nenhuma experiência em vida pública, senão aquela no exercício do magistério na Universidade Federal do Paraná.
Com experiência que tenho do mercado financeiro, tento decifrar a enigma da economia, tornada tão distante da compreensão do povo. Talvez, é de propósito que os agentes públicos, empresários e analistas do mercado, façam questão de usar o economês, para que as derrapadas, os jeitinhos e as gambiarras, não apareçam com clareza para a população.
Embora filiado ao PDT, não milito politicamente. Meu partido se chama BRASIL. Se é para levar a economia a sério, estarei sempre à disposição de quem quer que seja. Pode ser até membro do PT. Pode ser do PDT. Pode ser do DEM. Pode ser do MD. Não importa. Quero ver, assim como você, o Brasil digno e orgulho de todos nós.
Admiração é recíproca, amigo!
Konnitiwa, my name is Hiroyui.Ohno!
Sakamori:
Excelente artigo que nos mostra uma sabedoria que deveria fazer inveja àqueles que estão no governo.
Como o leitor Markito de Souza disse que passará seu texto aos relacionamentos dele, quem sabe alguém do governo leia e resolva levar suas análises a sério e tentar fazer chegar àqueles que decidem.
Parabéns pelo artigo.
Boa noite,
Eli dos Reis
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