A origem da crise financeira mundial está no estouro do mercado imobiliário dos EEUU em 2008. Já se passaram 4 anos e parece que o pesadelo ainda não terminou. Muitos analistas apostam que esta crise perdure por mais 4 anos.
A crise começou com o estouro do mercado financeiro, com a falência do grupo Leehman Brothers, carregada de carteira de créditos imobiliários podres, devido a alta taxa de inadimplência dos mutuários. E foram juntos com Lehman outros bancos, incorporadores, seguradoras e especuladores dos derivativos baseados em mercado imobiliário.
Esta bolha imobiliária que arrastou as grandes corporações financeiras dos EEUU, contaminou as corporações financeiras da Europa. E hoje, a Europa paga preço alto pela contaminação deste estouro que ocorreu nos EEUU em 2008. Europa como continente entrou em estagnação econômica, tendo como consequência imediata a desvalorização dos ativos fianceiros e imobiliários em geral. A contaminação do estouro do mercado imobiliário dos EEUU ainda não terminou. Neste ano, na esteira da crise econômica e financeira da Europa, a China que é fornecedora de produtos para aquele continente, teve que desacelerar o seu crescimento.
Os EEUU está tentando se livrar da crise de 2008, a Europa ainda querendo procurando a saída para a situação e a China tentando direcionar expansão do seu crescimento ao mercado interno como forma de compensação do resfriamento da demanda de seus produtos. Cada qual procurando cuidar dos seus próprios umbigos, com protecionismos que só a eles competem administrar.
O Brasil o que tem feito? Curiosamente, estamos indo na contra-mão do mundo. Nestes últimos 3 anos, os governos Lula e Dilma, elegeram o mercado imobiliário como solução para saída para não sermos atingidos pela crise financeira mundial. Nos anos de 2009, 2010 e 2011, isto funcionou como alavancagem para segurar o PIB no patamar minimamente aceitável. Acontece que, como nos EEUU antes da crise de 2008, o governo brasileiro alavancou o crescimento do mercado imobiliário à custa de financiamento de longo prazo, 30 anos. Agora, como uma forma de tentar sustentar o mercado, a presidente Dilma acaba de aprovar o alongamento da dívida imobiliária para 35 anos.
Aparentemente, com a ascensão da classe média brasileira, com ganho real de salário, sobretudo alavancado pelo aumento real do salário mínimo, criou mercado potencial explosivo para segmento de imóveis residenciais e de bens duráveis como automóveis. Acontece que o endividamento do brasileiro que iniciou no governo Lula com 23% do PIB terminou com 52% no final de 2011. Hoje, o povo está com endividamento nunca antes experimentado, com necessidades básicas atendidas com os programas implementadas nos anos de 2009, 2010 e 2011 pelos governos Lua e Dilma.
Acontece que a economia está mostrando sinais de exaustão, neste início do ano. Europa em crise e China com desaceleração do PIB tem provocado dificuldade nas exportações, apesar do certo realinhamento do câmbio. As empresas brasileiras estão tomando medidas de "Stand by", não se arriscando em expandir os seus negócios. A consequência é que não se cria novos empregos. Neste cenário é de supor que o consumidor está com um pé atrás no consumo. Vai postergando o consumo de bens duráveis e de imóveis residenciais, porque não são ítens de primeira necessidade. Bem ou mal, o povo está se locomovendo e morando como dantes.
Havia muitas construtora e incorporadoras que estavam esbanjando o fabuloso lucro por conta da expansão do mercado, hoje, porém, está amargando a situação da falta de clientes. Já foi o tempo que se vendia tudo na planta. Há muitas construtoras já inadimplentes com seus fornecedores. As coisas acontecem ciclicamente, no Brasil. Quem não se lembra do caso Encol, que deixou milhares de clientes vendo suas poupanças indo pelos ralos. Está próximo de acontecer isto com algumas construtoras e incorporadoras. Um pouco diferente dos EEUU, porque o risco de crédito imobiliário é basicamente da CEF, ou melhor do FGTS.
Vamos ficar atentos para os próximos lances!
Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof.da UFPR.
Twitter: @sakamori10
3 comentários:
Ossami!Bom dia! Já faz algum tempo que estou muito assustada com o endividamento dos brasileiros. Eu mesma experimentei uma explosão de ofertas de cartões de crédito com limite 3 x maior que minha renda. Se os tivesse aceito estaria com nada menos que 13 cartões, sem contar os de loja e supermercados. Aqui, em Joinville, nos últimos 5 anos (ou mais até) houve uma especulação imobiliária só vista em Florianópolis e Camboriú, mecas do arrombo imobiliário com imóveis na casa dos milhões. Assim as classes C e D que viviam de aluguel vislumbraram um caminho fácil (?) para se livrar do aluguel e se chafurdar nas divídas. Saem de seus apErtamentos financiados de carro zero e não tem como bancar suas necessidades básicas, como alimentação, saúde e educação ( sendo os últimos, utopicamente, obrigação do Governo)
Meu bom amigo, "Saka". Parabéns pelas matérias e pelos ótimos comentários. O Brasil, faz muito tempo, está na contra-mão não só do mundo como também da inteligência. O povo precisa de educação e bom poder aquisitivo. Nunca teve. Nossos governantes precisam ser competentes e idôneos. Nunca foram. Vamos precisar de um milagre neste país. Não adianta fingir que ninguém está vendo a grande corrupção, impunidade, miséria e, acima de tudo, a "guerra civil" que estamos vivendo. #Oremos #SejaoQueDeusQuiser
O estouro da Bolha Imobiliária.
Há algum tempo vimos divulgando que, em função da forte queda nas vendas, muitas construtoras já vinham praticando, de forma velada, descontos que chegavam a 36%.
Muitos leitores nos questionaram, alegando que apesar da queda nas vendas, os preços continuavam altos (o que é verdade). Em nossas explicações, sempre afirmamos que, por uma questão estratégica, os preços continuariam altos, mas que descontos cada vez mais generosos fariam parte da nova realidade do mercado imobiliário.
Porém, com o estouro da bolha (e a completa estagnação do mercado de imóveis), os descontos - que até então eram "informais" -, agora já são parte de uma estratégia de sobrevivência. Prova disso é a promoção da construtora Even. Conhecido como "Even Day", a ação visa desovar mais de mil (isso mesmo, mais de mil) unidades em estoque, numa espécie de "super queimão", com descontos de até 36%.
Num exemplo simples, um imóvel cujo valor de tabela seja de 1 milhão, pode sair por 640 mil. Vale lembrar que este é só o começo de um processo de redução drástica nos preços dos imóveis. Além disso, se uma única construtora (que não figura entre as maiores) possui mais de mil unidades em estoque, imagine todo o mercado? Talvez seja por isso que representantes do setor não tenham recebido bem a estratégia da empresa, fato que, para muitos, escancara de vez a crise do setor.
Demissões confirmam crise na construção
Os trabalhadores da construção civil, que até pouco tempo eram beneficiados por um "apagão" de mão de obra, começam a sentir o impacto da crise imobiliária. Houve retração significativa no ritmo de geração de novas vagas no setor.
No ramo imobiliário, que responde por 40% dos empregos no setor, já há queda efetiva no número de funcionários. Em maio e junho, as construtoras demitiram 2,3 mil pessoas a mais do que contrataram, o que representa uma mudança de tendência.
"Estamos entrando em um cenário de estabilidade da mão de obra", acredita Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon-SP. "Pode ocorrer corte pontual de pessoas, mas entramos em uma fase de crescimento mais modesto", completa.
As famílias estão mais endividadas e adiaram a decisão de comprar a casa própria. Outro fator negativo é a queda dos investimentos das empresas. "A economia parou e o setor acompanhou. O investimento, que é o alimento da construção civil, está baixo", diz Zaidan.
Nesse cenário, obras já contratadas estão sendo finalizadas, mas não são substituídas por novos projetos. O setor também não atravessa uma boa fase. Com o fôlego financeiro prejudicado pela queda das ações na bolsa, as construtoras alongaram o prazo para finalização das obras, o que possibilita trabalhar com equipes menores.
"Obras que estavam com 500 pessoas agora têm 300", conta Antônio de Souza Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon-SP). Ele diz que o sindicato, que chegou a contabilizar 15 mil vagas em aberto no setor, hoje tem dificuldades para recolocar seus filiados.
Segundo o sindicalista, dois fatores são evidências do desaquecimento do mercado: a queda de 20% na contribuição sindical paga pelos trabalhadores e o aumento do número de homologações. O Sintracon-SP, que fazia 100 rescisões de contrato por dia, não dá conta do número de pedidos diários, que chega a 170.
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