domingo, 17 de junho de 2012

GRÉCIA RESOLVIDO, PROBLEMA CONTINUA

A apuração parcial das eleições gregas indica vitória do partido Nova Democracia e afasta o temor de líderes europeus e mercados mundiais de uma possível ruptura com o acordo de socorro firmado pelo país. "Estou aliviado. Estou aliviado pela Grécia e pela Europa. Formaremos o novo governo o mais rápido possível", disse o líder do Nova Democracia Antonis Samaras enquanto deixava seu escritório sob o canto entusiasmado de vários de seus seguidores.  Fonte: Folha.

Sem o dinheiro europeu e do FMI, a Grécia seria forçada a dar um calote em suas dívidas externas e domésticas. A medida poderia forçar a saída do país da zona do euro e o retorno à sua moeda anterior, o dracma.O colapso poderia pressionar ainda mais países europeus que já enfrentam dificuldades para rolar as suas dívidas, como Espanha e Itália. Poderia fazer sangrar todo o sistema bancário europeu, desencadeando uma crise global. Fonte: Folha.

Agora, 16h 30min, apurada cerca de 50% dos votos, a vitória dos conservadores dão como certa, no segundo turno das eleições legislativas da Grécia.  Para quem não está participando dos acontecimentos, a vitória dos conservadores asseguram o compromisso de repactuação da dívida grega em Euro, recentemente concluida com desconto médio de 50% do valor da dívida e alongamento do perfil com redução da taxa de juros.  Caso a esquerda radical vencessa era esperado calote do calote, isto é calote sobre a dívida já repactuada anteriormente com desconto expressivo.

Duas considerações.  A primeira que a primeira ministra alemã Angela Merkel saiu fortalecida do episódio, prevalecendo o seu ponto de vista de austeridade fiscal em detrimento de crescimento baseado na gastança pública.  Seria mais ou menos, política contrária da Dilma Rousseff, nossa presidente. O Brasil está mais alinhada na sua política econômica com o François Hollande da França do que da Angela Merkel.  Aliás, a nossa presidente Dilma considera política da Merkel de "canibalismo".  Digamos, que nós estamos mais alinhado com a esquerda da Grécia, perdedora das eleições de hoje.

A segunda consideração é que resolvido caso Grécia, não quer dizer em absoluto que os problemas da Europa e especificamento da Zona de Euro, estão totalmente resolvidos.  Resolvido Grécia, o foco principal agora vai ser o problema de liquidez dos bancos espanhois, ainda em controvérsia.  Já está na lista de preocupação o problema da Itália, tão logo tenha resolvido o problema da Espanha.  Digamos que Angela Merkel está tentando resolver os problemas europeus, por etapas.  

O exemplo que vem da Europa, faz com que os brasileiros pensem sobre o futuro do país, espelhando-se na crise europeu.  No mercado financeiro global, os problemas são semelhantes, porque o dinheiro não tem pátria.  E o sistema financeiro mundial está interligado "on line".  Não tem como dissociar do movimento global.  É coisa de criança presidente Dilma dizer que o Brasil está 300% preparado para enfrentar as possíveis consequências do "tsunami" ou "canibalismo" que vem de fora.  O problema já se instalou no país.  

Acorda, Dilma!

Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof. da UFPR
Twitter: @sakamori10

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