Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
DILMA, QUANDO VAI DESARMAR A BOMBA RELÓGIO?
O Brasil está no bico da sinuca. Se correr o bicho pega, se parar o bicho come. Vão me dizer que sou pessimista. Vão dizer que sou inventor de "apocalypse now" ou inventor da teoria do "caos". Nada disso. Acompanhe a situação criada pela equipe econômica da Dilma.
Em função do real apreciado ou dólar depreciado, está havendo desindustrialização crescente no País. No início do governo Lula, o setor industrial representava 25% do PIB e agora representa 17% do PIB, segundo CNI. Devido a falta de competitividade por conta do real apreciado, os empresários brasileiros estão montando fábricas no exterior e estão importando produtos deles próprios prontos. Veja a que ponto chegamos!
O dólar está controlado pelo Banco Central na banda cambial informal entre R$ 2,00 a R$ 2,10. Todos institutos de pesquisas econômicas apontam a defasagem do câmbio em, no mínimo, 30%. Se acompanhar o índice de inflação oficial descontado inflação dos EEUU, o dólar deveria estar cotado a R$ 2,60. Se considerar o índice que corrige a maioria da contas e tarifas do governo, o IGP-DI, o dólar deveria estar cotado próximo de R$ 4,00.
O câmbio é o calcanhar de aquiles da Dilma. Mantido atual situação ou atual cotação, a balança comercial vai começar a funcionar no vermelho. Em consequência, terá que começar queimar a Reserva Cambial, que é hoje, a garantia da credibilidade do Brasil no mercado global. Se começar queimar a Reserva Cambial, o País perde credibilidade. Perdendo credibilidade no exterior, não há Banco Central que consiga controlar o dólar no atual patamar, uma vez que está, artificialmente, depreciado.
Antes de começar a queimar a Reserva Cambial, o Banco Central será obrigar a reajustar a banda cambial informal acima do patamar praticado hoje. Não há derivativos que sustente a situação. Chegará um tempo, bem próximo, que o BC vai reajustar a banda cambial, talvez nem tanto nos níveis de ajustamento necessário, mas que vai, vai. Se não fizer o Brasil quebra, pelos motivos já expostos.
A Petrobras está aguentando o ajuste cambial do ano passado em cerca de 30%. A Dilma concedeu aumento de 10% na refinaria, em 2012, recompondo parte da perda devido à inflação somado à apreciação do dólar frente ao real. Ainda há uma defasagem não compensada de cerca de 25%. A Dilma, segundo Mantega, pretende reajustar os combustíveis em 7% para gasolina e entre 4% a 5% para o diesel. A Petrobras continuará com a geração de caixa comprometida, sem possibilidade de executar os planos de investimentos na áreas de pesquisa, exploração e refino. Consequência é que o País, que já está importa os combustíveis prontos, vai continuar importando cada vez mais.
O ajuste do preço de combustíveis, mesmo que em nível insuficiente para a Petrobras, vai provocar o reajustamento de diversos produtos, em cascata, provocando incremento no índice de inflação. Somado ao reajuste de combustíveis, vem o ajustamento do câmbio, necessário para o País não quebrar. A somatória dos fatores, provocam, inevitavelmente aumento no índice de inflação, sobre o já índice alto. A inflação medido pelo IGP-DI, a inflação utilizado pelo governo, fechou dezembro em 7,99%. Os próximos índices vão refletir os índices passados, já que o índice de inflação é anualizado. Veja onde pode parar isto.
Para conter inflação devido aos fatores mencionados, há necessidade de conter o dinheiro em circulação, seja pelo aumento de juros ou pelo aumento de compulsório dos bancos. Ambas medidas, provocam retração de demanda. O que a Dilma não quer ou melhor quer ver pelas costas. Quer manter a demanda nos níveis, de no mínimo, do ano de 2012. Mantido atual demanda somado ao aumento de combustíveis e eventual ajuste no câmbio, a inflação tem tendência de iniciar um espiral. Espiral inflacionário, o povo brasileiro já conhece de diversos planos ou pacotes experimentados pelos governos anteriores. O pior deles aconteceu com o Plano Cruzado do Sarney, de triste memória para o povo brasileiro.
Dilma, tenta segurar com jeitinho, reduzindo tarifa de energia elétrica e algumas desonerações tributárias. As medidas, no conjunto do PIB, pouco representa. O tão falado e festejado redução tarifária e desoneração tributária, somados representa menos que 1% no índice de inflação. A Dilma está iludida ou faz de conta que o abismo não existe. Até porque, somente alguns agentes públicos ou privados, chamam atenção deste fato grave.
Dilma, a Senhora que fez o curso superior em economia e não enxerga o que está acontecendo? Vai deixar por conta da dupla Mantega/ Tombini resolver? Olha, Dilma, o Lula está torcendo para Senhora dar errado! Ele quer voltar como consenso, dentro do PT, para tentar salvar a situação. Pense bem, presidente Dilma.
Dilma, segurar popularidade com vistas às eleições de 2014, pode dar tudo errado. É como cuspir para cima. Uma hora cai no seu rosto. E pior, vai colher o ódio da população se por ventura as coisas derem erradas. Escreva, Dilma, isto não é brincadeira! O povo quer solução firme e duradoura. E urgente, Dilma!
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Caro Sakamori, excelente explicação sobre o cenário atual e o que está por vir na economia brasileira. No horizonte há nuvens negras e trovoadas.
Postar um comentário