Ontem, o Banco Central cravou a taxa básica de juros, Selic, a 10,0% ao ano. Desde ontem, o Brasil é o campeão em pagamento de taxas básicas de juros reais do mundo. A conta é simples, juros (10,0%) menos inflação (5,85%) é igual a juros reais (4,15%).
Vamos fazer a conta rapidinho. Vamos admitir que a dívida pública federal brasileira é de R$ 2 trilhões como quer considerar o governo quando se fala em dívida pública. Embora, a taxa efetiva que o Banco Central desembolsa seja ligeiramente superior ao 10% em média, em função de dívidas contraídas a taxas maiores, grosso modo o dispêndio de juros reais, descontado a inflação é de R$ 83 bilhões. O dispêndio bruto de juros, utilizando o conceito de dívida líquida, sabidamente equivocada, será de R$ 200 bilhões, anuais.
Se o País quiser manter o mesmo nível de endividamento em relação ao PIB, terá que gerar superávit primário de no mínimo R$ 83 bilhões. Isto é dispêndio somente de juros reais. Isto equivale a quase o dispêndio do SUS - Sistema Único de Saúde. Isto é o dinheiro que vai faltar na educação e na segurança pública. Na realidade é isto que significa o dispêndio de juros reais que governo Dilma apregoa pagar ao mercado.
Os contra minhas críticas querem argumentar que os EEUU, Japão e Alemanha tem dívida pública superior em percentual sobre o PIB em relação ao Brasil. Sim de fato eles tem endividamento superior que o do Brasil. Acontece que os países citados pagam ao mercado, na captação, juros reais negativos ou seja abaixo da inflação. Então, a conta deles são completamente diferentes da nossa. Brasil paga, desde ontem, juros de 4,5% acima da inflação, comendo uma boa parte da arrecadação do governo federal. Não há como fazer comparação. É como querer comparar melancia com abóbora.
A presidente Dilma e sua equipe econômica, alardeiam e o público engole sem soltar um pio, de que a política econômica do governo Dilma tem fundamentos sólidos. Não, isto não é verdade! Este blog vem mostrando ao longo da sua existência (desde fevereiro de 2012) de que há erro sistêmico na política econômica (sic) da Dilma.
Que fundamentos sólidos, se o Tesouro necessita pagar juros reais, os mais altos do planeta? Que fundamentos sólidos, se a política fiscal é equilibrada com gambiarras que até os leigos percebem? Que fundamentos sólidos se o governo está se batendo em fechar a conta da balança de pagamentos?
Vamos, também, acabar com esse conceito errado de que o aumento da taxa básica de juros, Selic, segura inflação. Não, não segura nada. Não estamos nos EEUU, Alemanha ou Japão, onde os fundamentos da economia realmente existe. A inflação nos EEUU não passa de 2,5% há décadas, na Alemanha está em torno de 1% ao ano e no Japão há deflação. Curioso é que o novo governo japonês, estabeleceu como meta de inflação a ser perseguido de 2%, na tentativa de estimular a economia. Japoneses estão atrás da inflação!
A taxa básica de juros reflete o grau de confiança que tem os investidores especulativos. Quanto mais dúvida sobre a economia do País, mais juros o País terá que pagar. Quanto mais juros pagar, o País fica com endividamento cada vez mais difícil de solver. O que aconteceu com os países europeus que estão em dificuldade, como Portugal, Grécia e Espanha. Eu já disse aqui 300 vezes de que taxa básica de juros, Selic, é termômetro e não remédio para inflação. Se bobear, a taxa básica de juros muito acima da inflação, poderá realimentar a própria inflação!
O mercado, nos últimos 20 anos, associou o conceito de que o aumento da taxa básica de juros segura inflação, porque os sucessivos governos, desde os governos FHC, Lula e agora Dilma, venderam a ideia como se isto fosse verdadeiro. Ledo engano! O aumento da taxa básica de juros, não diminui o consumo, como entendem os incompetentes formuladores da política econômica. O aumento de taxa básica de juros enriquecem cada vez mais os já ricos. Enriquecem os banqueiros, os multinacionais e os que tem financiamentos subsidiados de 3,5% ao ano do PIS, o Bolsa Empresário.
Há inúmeros mecanismos que inibem o consumo. Só formuladores da política econômica da Dilma não enxergam. Nem vou citar aqui, os tais mecanismos, que são bastante técnicos na sua implementação. A equipe econômica sabe disso, os empresários sabem disso, os analistas de mercado sabem disso. Mas, não piam!
Quem apoia o aumento de taxa básica de juros como fundamento econômico para segurar a inflação, deve ter fugido da escola. Xô, nem pensar em trazer de volta o Meirelles, Gustavo Franco e Armínio Fraga! Eles pensam como a dupla Mantega & Tombini pensa. E o que dizem os candidatos à presidência da República em substituição à Dilma sobre o tema? Pensam da mesma forma?
Assim, não dá!
Vamos apostar no Brasil, sem Dilma, vamos?
Ossami Sakamori
2 comentários:
Sempre apostando em um Brasil sem as falcatruas do atual governo!
Se a Dilma brecar o consumo desengonçado - e não desenfreado - do Brasil, perde a reeleição... Dilma está lucrando com o deslumbramento dos que estão consumindo às custas de endividamento, inclusive aqueles que criticam o governo, tenho de dizer isso, também, infelizmente.
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