O aumento de combustíveis veio menos que o mercado esperava. A Petrobras anunciou o aumento de 4% para gasolina e 8% para diesel. Ainda assim, segundo Graça Foster a gasolina está defasada em 6,5% e diesel em 19%. Aqui funcionou a política dos preços administrados pela Fazenda, na tentativa de conter a inflação.
Pelo reajuste anunciado, menor do que o esperado, está praticamente certo de que virá pelo menos mais um aumento no primeiro semestre do ano que vem. A Petrobras continuará arcando com o prejuízo devido a defasagem de preços. Isto vai causar o aumento de endividamento da Companhia, que já está no limite de risco estabelecido por ela mesma. Com certeza o Plano de investimento da Petrobras de US$ 236 bilhões, fica adiada por tempo indeterminado.
Qual é o impacto da defasagem do preço dos combustíveis entre o mercado internacional do petróleo e o preço dos combustíveis na bomba? Fala-se que o petróleo é nosso, portanto não teria nenhum impacto, tanto para a Petrobras como para a balança de pagamentos do País. Tudo mentira! A defasagem de preço dos combustíveis na bomba e preço internacional do petróleo influi decisivamente, nos dois itens enumerados.
O Brasil consome 3,2 milhões de barris/dia de petróleo, enquanto produzimos 2,0 milhões de barris/dia. O tão festejado petróleo do pré-sal, proveniente do campo de Libra, só vai produzir petróleo à partir de 2020, portanto continuaremos importando petróleo, sim. Se considerarmos importação de petróleo na forma bruta, considerado preço de US$ 100 por barril, o Brasil dispenderia só em conta petróleo cerca de US$ 43,8 bilhões no próximo ano.
Como as nossas refinarias não produzem tudo que consumimos, o País é obrigado a importar combustíveis prontos, aumentando ainda mais o dispêndio da conta petróleo na balança comercial. Não há exportação fictícia de plataformas marítimas que cubra o déficit comercial por conta do petróleo. E as nossas novas refinarias, uma em Pernambuco e outra no Rio de Janeiro, só começarão produzir combustíveis somente à partir de 2015.
O efeito do aumento dos combustíveis, somente será sentido no índice inflacionário, no primeiro trimestre do ano que vem. O aumento de combustíveis será agravado, com o aumento do preço de etanol na bomba, em função da entre-safra do cana de açúcar que começa em meado de dezembro e se estende até o início de abril. No mês de janeiro tem ainda, para agravar o índice inflacionário o aumento do salário mínimo.
Por todos fatores considerados, embora o aumento dos combustíveis tenha vindo abaixo da expectativa do mercado, é como jogar a gasolina na fogueira, literalmente. Como o próximo ano é ano de eleições, a presidente Dilma, tem medo de utilizar os instrumentos clássicos de contenção da demanda para segurar a inflação.
O aumento da taxa básica de juros anunciados pelo Banco Central na última quarta-feira para 10%, para uma inflação oficial, IPCA de 5,85%, foi muito infeliz, também. Como não houve medida de contenção de consumo, a taxa Selic acaba funcionando como fator de realimentação da inflação, bem ao contrário do que apregoa o Banco Central. Foi um tiro no pé, também.
Apesar da inflação oficial, IPCA, estar dentro do teto da meta de 6,5%, a inflação do bolso está beirando a marca de 2 dígitos. Isto está parecendo a inflação da Argentina onde a inflação real descolou da inflação oficial. Há perigo de acontecer situação semelhante no Brasil, a inflação oficial se distanciar cada vez mais da inflação do bolso de cada cidadão. Tomara que a presidente Dilma tenha mente lúcida para não entrar numa furada como a da Argentina!
Vamos apostar no Brasil, sem Dilma, vamos?
Ossami Sakamori
Um comentário:
Inflação alta, juros altos, aumentos abusivos, corrupção desenfreada, impunidade, violência.... O Brasil, com ou sem Dilma, não muda... Mesmo assim, não vejo a hora de ver-me livre desses corruPTos. Ass.: Old Monster.
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