terça-feira, 3 de setembro de 2013

O PIB do 2º trimestre não é baliza para 2013!

O mercado financeiro parece que está de lua de mel com a Dilma. Está muito satisfeito com o crescimento do PIB de 1,5% do segundo trimestre em comparação ao do primeiro trimestre.  A bolsa subindo, o câmbio em aparente estabilidade e inflação em aparente controle nos patamares de 5,8%, dentro da meta do BC.  A taxa Selic, ainda no 1 dígito ou seja 9%.  

Os números do primeiro semestre ainda não incorporaram o efeito da subida do dólar no patamar de R$ 2,35 dos últimos dias.  Não incorporaram ainda o efeito dos movimentos das ruas, que repercutiu negativamente nos agentes econômicos.  O mercado parece ter tomado um analgésico para dor de cabeça.  Aparentemente passou a enxaqueca, mas por outro lado sabe que o número não reflete tendência de crescimento sustentável ao tempo.

O sinal mais evidente da anomalia da economia é que o Banco Central está intervindo no câmbio, na tentativa de segurar o dólar no patamar atual, vendendo volume expressivo de títulos atrelados à variação da cotação do dólar denominado de swap cambial.  Está servindo como freio ao dólar, desde junho último.  

O Banco Central já divulgou que vai lançar swap cambial, que na realidade é um fake do dólar, no montante de US$ 100 bilhões ou seja grosso modo R$ 235 bilhões até o final do ano.  Novamente, o BC está segurando a válvula da panela de pressão com dedo.  

No entanto, o que conta efetivamente é o número da balança de pagamento = balança comercial + balança de serviços + investimento estrangeiro, que é preocupante.  Pois, desta equação que deriva o reflexo para o resto da economia.  

Tradicionalmente a balança de serviços é deficitário, por conta do pagamento de juros, serviços, fretes, dividendos de empresas estrangeiras, royalties, etc.  Este quadro não se reverte no curto prazo, muito pelo contrário é coisa para década.

Os dados divulgados, ontem, mostra que o Brasil está com déficit na balança comercial de janeiro a agosto em US$ 3,7 bilhões.  A justificativa é que a conta petróleo, em relação ao exterior, está negativo em US$ 16,3 bilhões.  O quadro parece não mudar muito até o final do ano.  Como tradicionalmente segundo semestre é superavitário, pode ser que a balança comercial de 2013 feche com um pequeno superávit.  

A estimativa do mercado é que o Brasil termine com a balança de de conta corrente, que exclui os investimentos estrangeiros, em US$ 85 bilhões. Até o mês de agosto, aparentemente, os investimentos estrangeiros vem cobrindo o déficit de conta corrente, pois a reserva cambial manteve-se estável.   Os investimentos estrangeiros, grosso modo, divide em direto e especulativo.  No mês de julho estava mais ou menos meio a meio, em US$ 10 bilhões.  

Resumindo, o Brasil não é auto-sustentável, vamos ser claros.  O País necessita, como sertanejo necessita de água, o fluxo de dólares positivo para cobrir o potencial e permanente déficit da balança de pagamento.  Neste fluxo, vem o dólar bom que é para investimentos no setor produtivo, mas vem também o dólar ruim que serve apenas para rolar a dívida pública do setor público brasileiro que ascende a R$ 3 trilhões.  

Diante do quadro exposto, creio prematuro festejarmos, apenas tão somente no crescimento do PIB do segundo trimestre, soltando foguetório, basta analisar o quadro da economia como todo.  

Ossami Sakamori

2 comentários:

Fernando disse...

Hora de ficar conservador. Pior é que quem apostar contra o real vai se dar bem, quando a vaca atolar no brejo...

The winter is coming!

Anônimo disse...

Ossami

Para mim o pib é fake também. Veja que a exportação cresceu quase 7%, embora tenha ocorrido algumas exportações ficticias da petrobras (para ela mesma).

Murray