Eu imaginei que a presidente Dilma, tinha se curado do síndrome bipolar, transferindo a condução da política monetária ao Banco Central, com intuito de tentar segurar a escalada inflacionária. Hoje, vem o ministro da Fazenda anunciar mais gastos públicos, com redução da meta do Superávit Primário. Vou tentar explicar a confusão que reina sobre as novas metas, no comentários que seguem às notícias.
Em vez dos R$ 108,1 bilhões planejados no início da elaboração do Orçamento de 2013, o objetivo passou a R$ 63,1 bilhões. O governo, no entanto, criou brechas legais que, no limite, permitem
reduzir o superavit a R$ 42,9 bilhões e elevar as despesas totais a R$
948 bilhões. Fonte: Folha.
A expansão do gasto público, acelerada no ano passado, tem sido apontada
pelo Banco Central como um dos motivos para a alta da inflação. Enquanto o Banco Central eleva juros para esfriar a economia e conter a
inflação, a Fazenda e o Planejamento anunciam mais gastos públicos para
estimular o consumo e o investimento. Fonte: Folha.
Comentário.
Muitas gambiarras foram feitas para poder gastar mais, inclusive cortes de verbas em alguns setores, como no ministério da Cidade. Cortou de pasta que fora entregue para o ex-aliado político Eduardo Campos, PSB, em cerca de R$ 5 bilhões. Eu disse, foram feitos cortes de despesas em alguns setores, para poder gastar mais em outros. Entenderam a manobra? E tem mais coisas por aí.
Muitas gambiarras foram feitas. A mais inusitada foi a antecipação da receita, contabilmente, não a financeira, proveniente da remuneração do Itaipu binacional com vencimentos até 2023. A MP permite que o Tesouro emita títulos atrelados aos recebimentos anuais de R$ 4,4 bilhões, que somados dá grosso modo R$ 48 bilhões em todo período. Pela gambiarra feita, os R$ 48 bilhões vão entrar como se fosse antecipação de receita para o ano de 2013, permitindo assim gastar mais este valor.
Como já foi anunciado por mim, o montante de juros que o País deveria pagar ao mercado seria cerca de R$ 308 bilhões em 2013, correspondente grosso modo a 30% de toda arrecadação do governo federal no ano. Não conseguindo pagar o total dos juros, o governo tinha estabelecido como meta o pagamento de R$ 108 bilhões como pagamento de parte dos juros do montante da dívida.
No entanto, com a gambiarra feita pelo ministro Mantega a presidente Dilma pretende pagar apenas R$ 42 bilhões do total de R$ 308 bilhões de juros que vencem em 2013. A União Federal, como vai rolar o saldo dos juros que não consegue honrar, somado à amortização que estava prevista para este ano, a dívida pública federal para o ano de 2014, ultrapassará a cifra de R$ 3 trilhões.
Superávit Primário, para mim, é nome feio, é sinônimo de pagamento de parte dos juros da dívida pública federal. Resumindo, o valor real do montante dos juros é de R$ 308 bilhões, que passou para intenção de pagar R$ 108 bilhões, que agora, passou a ser de R$ 48 bilhões como meta para o ano de 2013. Seja qual número for, vou colocar abaixo, a grandeza dos números do Orçamento Federal para 2013, comparativamente aos juros.
Resumo:
Previsão de arrecadação do governo federal . R$ 991 bilhões
Juros que vencem anualmente, bruto, real ....... R$ 308 bilhões
Parte dos juros que Dilma pretendia pagar.........R$ 101 bilhões
Juros que Dilma pretende pagar ....................... R$ 48 bilhões
Orçamento do MEC ........................................... R$ 90 bilhões
Orçamento do SUS..............................................R$ 35 bilhões
Em são consciência, dá para dormir assim? O Brasil não consegue pagar nem os juros da dívida pública. Mesmo com todas gambiarras feitas, ainda assim, a Dilma vai pagar como parte dos juros, montante muito maior que o orçamento do SUS ou mais de 50% do que o governo federal gasta no MEC.
Ainda assim, com maior cara de pau, o presidente do Banco Central vem dizer que vai aumentar a taxa Selic nas próximas reuniões do COPOM. O Brasil já paga juros médios de 11% sobre o total do da dívida porque tem títulos que pagam juros muito acima do Selic vigente hoje. Aumentando a taxa Selic, aumenta os juros reais. A dívida pública brasileira está se tornando, cada dia que passa, impagável. Será que viramos Grécia, amanhã?
Nota: Primário em negrito, foi corrigido com a participação do leitor Leandro. Peço desculpa pelo ocorrido. Erro imperdoável.
Nota: Primário em negrito, foi corrigido com a participação do leitor Leandro. Peço desculpa pelo ocorrido. Erro imperdoável.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12
4 comentários:
A gambiarra da Mantega é resultado do pagamento da Dívida Externa feito por Lula. O que pouca gente sabe é que a dívida externa transformou-se em dívida interna, praticamente impagável - tudo isso reflete nos juros. Sem falar na mau humor dos banqueiros, nacionais e internacionais, que preferiam o Henrique Meirelles, cobra criada, ao anêmico Mantega.A dança do juros está longe de acabar, se é que vai ter fim.
Muito bom Ossami, continue divulgando as trapalhadas do governo, tenho me tornado um leitor assíduo do seu blog.
Tenho um comentário:
"Superávit fiscal, para mim, é nome feio, é sinônimo de pagamento de parte dos juros da dívida pública federal."
Acho que você quis dizer "superávit PRIMÁRIO" ? Afinal governo gastar menos do que arrecada, incluindo pagamento da dívida (superávit fiscal) é excelente... o contrário do que vem ocorrendo no Brasil e na maioria dos países do mundo. Aqui na Austrália onde estou morando, o governo atual muito provavelmente irá perder as eleições agora de setembro, pois tornou o orçamento federal deficitário, coisa que o governo anterior se desgastou para por em superávit. No Brasil, ninguém comenta nada sobre, esse silêncio da mídia e da "oposição" é avassalador para quem sabe o que está acontecendo nos bastidores e tem os berros expostos em vão.
Só para concluir, infelizmente, acho que não só a dívida brasileira, mas praticamente a de todos os outros países (com especial atenção à Europa, EUA e Japão) já é impagável. O único motivo que segue sendo administrada sem muita dificuldade é pelo fato das taxas de juros estarem a níveis baixos recordes. Quando precisar subir, vai haver muito choro ou muito "default" por aí. Amortização então, nem pensar!! Devido a carga enorme da dívida desses países, qualquer pontinho percentual a mais no pagamento de juros vai impactar fortemente as contas públicas. Veremos!
Continue com o bom trabalho e abraços da terra do canguru.
Prezado Leandro,
Fiquei muito feliz com o seu comentário. Nota-se que você tem conhecimento. Tudo que você falou, coincide com o meu pensamento. Parabéns!
Já estou corrigindo o termo Superávit fiscal para Superávit Primário. Erro imperdoável da minha parte, corrigi-o, no meio do caminho, até para o texto como todo não perder o nexo. Já em 1/12/2012, neste blog, postei matéria com o título: SUPERÁVIT PRIMÁRIO É COISA FEIA! Não querendo justificar, mas mostrar que tenho conhecimento do que escrevo.
Sobre dívida pública impagável de maioria dos países, também, concordo inteiramente. EEUU 100% do PIB, Japão 250% do PIB e Brasil 65% do PIB. A diferença, como você diz, está nos juros: EEUU 0,25%, Japão 0,1%, Brasil 7,50%. Em termos absolutos, os EEUU e Japão dispendem menos juros que o Brasil apesar da dívida enorme.
A GAMBIARRA da terra do jaboticaba feita pelo ministro Mantega, é digno de republiqueta de 5ª categoria. Antecipar as receitas futuras do Itaipu, contabilmente, como se fosse para hoje, para tentar cobrir o rombo aberto pelo engessamento de tarifas de energia. Receita futura entrando como receita presente, só no Brasil!
Independente de concordar ou discordar, continue participando com seus ricos comentários.
Abraço!
A questão não é o pagamento da divida, é a divida.
Que foi paga? e de repente não foi?
Pois reaparece na mídia muito maior que antes.
Se não foi paga por que o governo andou fazendo doações ao mundo todo com nosso dinheiro?
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