Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
sábado, 11 de maio de 2013
Economia BR VII. Brasil tem dívida externa de US$ 318 bilhões!
Estas informações, colhidas da Folha, desmistifica um pouco a falsa ideia de que o Brasil não tem mais dívida externa, em função de governo Lula ter pago a dívida contraída com o FMI no montante que era próximo de US$ 10 bilhões. A tal dívida dita pelo Lula da Silva como herança maldita, seria parcela pequena em relação à dívida em dólares do setor público, hoje, de US$ 83 bilhões. Leiam os noticiários e em querendo os meus breves comentários.
Desde a crise financeira de 2008, que provocou uma parada súbita nas linhas de crédito internacionais, a dívida externa brasileira aumentou 60%, impulsionada pelo endividamento das empresas, afirma o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira. Fonte: Folha.
Segundo Credit Suisse, a dívida bruta brasileira deve terminar o ano em US$ 318 bilhões, sendo US$ 235 bilhões do setor privado e US$ 83 bilhões do setor público. Fonte: Folha.
Diante de um cenário de abundância de recursos e juros mais baixos no exterior, as empresas aumentaram sua dívida lá fora. A questão é que, simultaneamente, elas passaram a assumir riscos de prejuízo em caso de uma repentina desvalorização cambial. Fonte: Folha.
Para Daniela Prates, professora da Unicamp, contudo, o enfraquecimento recente das exportações são um fator de vulnerabilidade. "A capacidade de gerar divisas (para honrar as dívidas) se dá por meio das exportações. E o cenário pós-crise ficou mais grave nesse ponto, porque a concorrência ficou mais acirrada", afirma, diz ela. Fonte: Folha.
Comentário.
Os números em termos brutos parecem ser assustadores, mas não são. A divida externa representaria no final do ano de 2013, cerca de 14% do PIB. Historicamente é baixo. Mas, dizer que o Brasil não tem dívida externa é uma tremenda mentira.
O que deixa um pouco preocupante os analistas é que as exportações que seriam praticamente única fonte de divisas para o pagamento das dívidas externas, estão caindo a cada dia, com o controle cambial informal, nos patamares de R$ 2. Eu disse única fonte, porque não exportamos tecnologia ou recebemos juros sobre o dinheiro emprestado. A situação do Brasil é inversa nestes últimos 2 quesitos. Poderá se agravar se as exportações continuarem caindo.
E o que me deixa um pouco preocupado, além da preocupação dos analistas acima, é que a dívida externa sofre com a variação cambial nos resultados das companhias endividadas em dólares. Para cada subida de R$ 0,10 em dólar a dívida das companhias, do setor público e privado, sofre prejuízo de R$ 31,8 bilhões. São os casos das empresas como Petrobras, Eletrobras e OGX, notórias tomadores de empréstimos externos. Conheço muitas outras companhias que nem cabe nominar aqui.
Em 2008, a alta do dólar em decorrência da crise bancária nos EUA, levou Aracruz , Sadia e Votorantim encontraram dificuldades. Todos tinham operações com derivativos atrelados ao dólar e acabaram amargando prejuízos. Cada uma das empresas teve prejuízo, em curtíssimo prazo, de mais de R$ 10 bilhões. Só para se ter ideia, o grupo Votorantim vai fazer IPO no montante equivalente ao que perdeu em 2008, se não fosse o prejuízo da época não teria ter tido necessidade de dividir o capital com os minoritários.
Em resumo, o que eu quero dizer é que muitas vezes, as facilidades demais levam ao prejuízo e deixa as empresas vulneráveis a qualquer solavanco interno ou externo. No momento, vejo quadro interno bastante exposto, sobretudo porque o dólar está altamente depreciado. Olha o perigo! Perigo na área cambial que poderá contaminar os endividamentos de modo geral, quer seja do povo ou das empresas.
Como sempre faço, esta matéria destina-se para o povo abrir os olhos, com dívidas em dólar. Uma boa solução para proteção do patrimônio, seria o contrário, ter crédito em dólares. Poderia transferir oficialmente, claro, a sobra de caixa para o exterior, em bancos de primeira linha, já que o País não permite depósito em moeda estrangeira. Estou, aparentemente, indo contra a política do governo, mas fazer o que? Nada de comprar ouro que é apenas commodities, mas comprar dólar ou euro que são moedas fortes, para proteção do patrimônio e mantendo liquidez, em movimento inverso do que fazem as empresas brasileiras.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12
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