Foi terrível o dia de ontem, no mercado financeiro brasileiro. Começou o pessimismo pela Ásia e se espalhou na Europa, mas que no final do dia, acabou se acomodando. O clima de ontem, lembrava um pouco pré crise financeira mundial de 2008, que ocorreu apenas no Brasil. O resto do mundo, já vem fazendo os ajustes necessários para enfrentar, se for o caso, as novas ondas de pessimismo. O Brasil não está.
O índice Bovespa é um bom indicador para aferir o grau de desconfiança dos investidores com relação à política econômica da presidente Dilma. Estamos patinando nos níveis de 55 mil pontos. Deflacionando o índice pré crise de 2008, índice Bovespa deveria estar no patamar de 90 mil pontos. Os EEUU e Japão já superaram os índices pré crise de 2008.
No fundo, no fundo, o que é que os investidores, empresários e analistas esperam se, em público, fazem declarações explícitas de apoio à política econômica (sic) do governo Dilma? Infelizmente, a mídia dá destaque ao que dizem os cordões de puxa-sacos do Palácio do Planalto. Não tem imprensa que sai batendo na política econômica (sic) da Dilma. Opiniões contrárias não faltam. Vejo entrevista de economistas e analistas independentes, vinculados aos institutos de pesquisas importantes do País, pronunciarem-se desfavoráveis à condução da economia. Mas por outro lado, não vejo destaque daquelas entrevistas nas páginas de Economia.
Dá-se impressão, quando assistimos ou lemos matérias da imprensa de massa, de que vivemos no País das Maravilhas da Alice do conto de fadas. A verdadeira situação do País não é passado à população. Parece que todo mundo faz de conta que o problema é dos outros. É impressionante, o desconhecimento ou ignorância do momento delicado que vive o país, pelos formadores de opinião, pelo menos. Sendo cidadão brasileiro, esperava mais dos nossos empresários e agentes públicos, a participação na discussão sobre rumos da economia do País. Todos querendo fazer o papel de Alice, sobretudo a presidente Dilma.
Deu para notar ontem, a gravidade da situação brasileira. Senti um certo "cara frio" no que poderia acontecer ao País, se realmente o pânico tivesse se instalado, ontem. Desta vez, pelo jeito, salvamos.
A minha preocupação é que a política econômica da Dilma se ancora no câmbio defasado ou o dólar depreciado. Banco Central intervém para tentar segurar o dólar no atual patamar de R$ 2. O Brasil não tem Reserva Cambial para sustentar um rojão maior. A Reserva cambial de cerca de US$ 360 bilhões, apenas US$ 60 bilhões estão disponíveis para queimar. É pouco dinheiro para aguentar um rojão maior. E para piorar a situação, desde janeiro deste ano, o Brasil está deficitário em balança de pagamentos. Já estamos queimando a Reserva Cambial, homeopaticamente. Solavanco maior, não aguentamos!
Dólar tentando alcançar ao valor de equilibro, vai disparar a inflação, porque a política econômica (sic) da Dilma está ancorada no dólar. Uns falam em R$ 2,40 outros em R$ 2,50 e eu entre R$ 2,60 e R$ 2,70, o ponto de equilíbrio. A tendência natural é que o mercado financeiro, independente da intervenção do Banco Central, vai tentar encontrar patamar de equilíbrio, até onde tem cacife alcança não sabemos. Qualquer solavanco é como abrir a válvula da panela de pressão, explode! A comida vai tudo para o teto! Isto é que tem causado, na questão objetiva, o temor, quase pânico dos agentes da economia brasileira.
Os empresários, os agentes públicos e a população são todos cúmplices da presidente Dilma, todos torcem que o País das Maravilhas da Alice, nunca acabe. Todos tem medo, muitos tem até síndrome do pânico, para encarar a situação real! Imaginem empresários com dívidas em dólares, na totalidade são US$ 300 bilhões! Imaginem a preocupação destes! Se eu estivesse no lugar deles, já estaria com insônia. É o que está acontecendo com eles. Inclusive a Petrobras com dívida externa enorme, os planos de expansão vão ser postergados, se houver mudança no patamar da cotação de dólar.
Para os pobres mortais como nós, a consequência da disparado do dólar, repentinamente, viria acompanhado com a explosão inflacionária. Vai ser um Deus nos acuda. Neste contexto, o Brasil teria que fazer uma intervenção cirúrgica urgente e entrar na UTI. Toda intervenção cirúrgica tem custos sociais. E aqui é que mora o perigo! Dilma não quer estes custos sociais, antes das eleições de 2014!
Infelizmente, o quadro que a economia brasileira vive o momento é exatamente aquilo que venho desenhando deste fevereiro de 2012, neste blog. Recebi muitos xingamentos, mas parece que os prognósticos desenhados por mim, vem se materializando, infelizmente. Isto tudo, porque a presidente Dilma não fez correção necessária em seus devidos tempos. Ainda, pode fazer muita coisa, para evitar o mal maior. Dilma, manda sua equipe econômica me ligar!
Vamos torcer que não sejamos Grécia de ontem e de hoje.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12
Um comentário:
Reconheço o fio da navalha, mas não vejo um ponto de equilíbrio com dólar mais alto que isso. Eu vejo é um dólar desvalorizado. Por volta de 1,50. Principalmente se mantivermos a SELIC com sinais de alta e o gov federal não atrapalhanso muito. Será a desconstrução final de nossa indústria. Quem sabe o Brazil se unificando à america latina em uma únicappátria (sic)..
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