Segue abaixo, matéria da jornalista Érica Fraga do tradicional jornal Folha de São Paulo, edição de hoje, dia 8/12/2013. Esta matéria é melhor nem mexer de tão bem feita está. É por isso reproduzo uma boa parte dela, para posterior comentários meus.
A inflação recuará no início de 2014, mas voltará a subir em meados do
ano, o que fará com que seu pico ocorra durante a campanha eleitoral,
que começa em julho. Esse é o cenário de muitos bancos e consultorias.
Uma recuperação mais rápida do que o previsto nos EUA é um dos fatores
que podem provocar uma desvalorização acentuada do real. Isso porque
seria acompanhada de migração de investimentos de países emergentes para
o mercado americano.
Para Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, como o
ponto central do discurso de Dilma deverá ser o da continuidade em
relação ao governo Lula, a sensação de bem-estar da população será
importante para seu resultado nas urnas.
Caso se concretize, poderá fazer com que a alta de preços seja um dos principais temas dos debates entre os candidatos à Presidência.
Comentário.
Para corroborar com a reportagem da jornalista Érica Fraga, quero acrescentar abaixo alguns ingredientes adicionais que não só confirma a matéria da reportagem, mas adiciona à tendência de alta de inflação em 2014, apontada pela matéria.
O controle da inflação, em tese, é feito com medidas restritivas ao consumo adicionado com medidas de corte de custos de produção. Não terão nem as medidas restritivas ao consumo, nem as medidas de cortes de custos de produção.
No ano de eleições, a presidente Dilma não terá coragem de adotar medidas restritivas ao consumo, para não quebrar "a sensação de bem estar" da população. Eu diria que, pelo contrário, poderão aliviar pontualmente medidas de distensão para dar "a sensação do poder de compra" da população. A oferta de crédito fácil e barato, continuará na pauta da equipe econômica em 2014.
Quanto às medidas de corte de custo de produção não ocorrerão por dois motivos principais. O primeiro motivo é que as tarifas administradas foram dadas em 2013, como contenção de tarifas de energia elétrica e de combustíveis. Estes dois componentes importantes da inflação, não terão mais espaço para cortes, pelo contrário, haverá necessidade premente de ajustes sob pena de deixar as empresas Petrobras e Eletrobras em situação de comer a própria carne.
O fator que não é considerado como fundamental no índice inflacionário do próximo ano é a revoada dos dólares rumo aos EEUU, conforme a matéria da Folha e de todos analistas do mercado. A revoada dos dólares para fora, no sentido contrário à nossa necessidade de suprir o financiamento do déficit da balança de conta corrente, faz com que o real fique depreciado ou desvalorizado. Com o real desvalorizado, os produtos importados, quer seja de consumo ou de insumos, atuarão fortemente na formação do índice de inflação, mais do que qualquer outro fator.
Os analistas entrevistados pela Folha apontam inflação oficial, IPCA, do ano de 2014, entre 6,5% a 6,9%. Presumo que os analistas não levaram em conta a desvalorização do real, até porque é quase impossível fazer previsão do comportamento dos investidores internacionais. Adicionado ao fator EEUU, ainda resta considerar o fator rebaixamento de notas das agências de classificação com relação ao grau de investimento do Brasil.
A certeza absoluta é que, não havendo medidas corretivas na política econômica (sic) do governo Dilma, o que acho provável, a inflação do ano de 2014 será maior do que o ano de 2013. O aumento de inflação poderá trazer junto, novamente, o pífio crescimento em 2014, abaixo do ano de 2013, por conta de toda situação descrita acima. Isto é inexorável.
É neste quadro que entra o fator "volta do Lula". Se a inflação se comportar dentro do parâmetro esperado ou seja em torno do teto da meta de 6,5%, no final de junho de 2014, data da escolha dos candidatos, continuaria presidente Dilma com candidata à reeleição. Mas se estourar a meta da inflação, inexoravelmente o candidato será Lula, novamente. O PT não vai largar o osso tão facilmente, por motivos que já expus na matéria recente sobre Lula 2014. Que os candidatos da oposição que se preparem!
Vamos apostar no Brasil, sem PT, vamos?
Ossami Sakamori
Um comentário:
O Brasil sofre, hoje, com o mesmo problema da Venezuela porque cometeu os mesmos erros. Quando o Brasil estava em "alta" no início dos anos 2000, graças à valorização das commodities quando a China começou a importar produtos do Brasil. A China, hoje, desacelerou um pouco a sua economia e o Brasil não aproveitou o embalo e não investiu no fortalecimento da indústria. A Venezuela, o primo pobre do Brasil, se utilizou do dinheiro do petróleo para promover a chamada revolução bolivariana e não investiu na indústria, resultado, o governo de Lugo não consegue mais sustentar seus gastos sociais só com os lucros do petróleo.
Dilma, Lugo, Cristina e Cia são alquimistas do mal, que enganam os seus governados com truques, gatilhos e muito, mas muito marketing e bravatas sociais. Agora, o país vai viver só de consumo, dívidas, juros e inflação altos. traduzindo: O Brasil empobreceu antes que a gente ficasse rico. Mas o que me preocupa é o projeto messiânico de poder que o PT adotou, infelizmente, com sucesso.
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