Começamos pela seguinte afirmativa: Adão e Eva nunca existiram como seres humanos reais. São personagens do mito bíblico da criação, que explica a origem do homem e do universo com sendo criados por Deus.
Ainda nos dias de hoje, quase 150 anos após a divulgação da teoria da evolução da espécie por Charles Darwin, a história de Adão e Eva continua sendo interpretada literalmente por muitas religiões.
Esse tipo de interpretação, divulgada em meio ao avanços tecnológicos e científicos deste terceiro milênio, provoca perplexidade. O condicionamento mental que nos foi imposto através da teoria da criação desde a infância nos torna reféns de uma premissa falsa, o que coloca em dúvida os ensinamentos de muitas religiões.
Não seria melhor assumirmos de uma vez que a história de Adão e Eva seja considerada apenas um simbolismo do que ficarmos insistindo na tese de que eles existiram realmente? Não seria esse um dos motivos pelos quais as igrejas ocidentais em geral estão perdendo adeptos? Será que não está na hora de as igrejas darem uma interpretação mais atualizada ao episódio bíblico? Você que professa alguma dessas religiões, pense seriamente nisto.
Fique tranquilo, leitor. O pensamento de cada um é livre. Ninguém estará cometendo pecado ou sacrilégio quando pensar de maneira inovadora ao interpretar o Velho e o Novo Testamentos. Pense também, que mais de metade da população do mundo está longe desse tipo de conflito mental, pois nunca recebeu ensinamentos baseados na teoria da criação das igrejas ocidentais.
A verdade é que a ciência vem confirmando, cada vem mais, a hipótese de Darwin. Acompanhe o raciocínio posto aqui resumidamente.
Nós estamos no meio do caminho da evolução do próprio universo. Viemos, há bilhões de anos atrás, de uma nova dimensão chamada de "buraco negro". Dizem os cientistas que o universo que conhecemos se originou do "big bang", ou seja, da explosão daquele ponto negro.
Não sabemos exatamente como apareceu o sistema solar, o nosso planeta e, ainda, como se iniciou a vida na Terra. Só sabemos que somos seres originados de micro-organismos que viveram há centenas de milhões ou talvez bilhões de anos.
A única realidade aceitável é que somos produtos da evolução da espécie. Não temos ideia precisa de como evoluímos e, principalmente, do que evoluímos. Há aproximadamente 150 mil anos, nós nos originamos do ser hoje chamado de "homo sapiens". Se a estimativa a respeito do efetivo de "homo sapiens" que habitava o planeta, de aproximadamente 50 mil habitantes, for verdadeira, toda a população humana daquela época caberia hoje em um grande estádio esportivo.
Conclui-se que a história da humanidade é muito recente, ou seja, que estamos inseridos numa fração insignificante do tempo de existência do universo.
O registro histórico da humanidade data de pouco mais de 5 mil anos. Algumas das religiões que conhecemos nasceram há pouco mais de 3 mil anos. É um período infinitesimal, se comparado ao tempo de existência do universo.
O modo de vida que levamos atualmente, decorrente da evolução tecnológica e científica, é coisa que aconteceu nos últimos 500 anos, com o aparecimento de cientistas e pensadores como Descartes e Newton.
A evolução biológica e mental do ser humano foi quase imperceptível, mas evolução científica acelerou-se muito rapidamente. Daí resultou o abismo em razão do qual somos hoje, mais do que em tempos passados, seres em conflito e muito angustiados.
Ao aceitarmos a teoria da evolução da espécie, não estamos negando a existência de Deus, pelo contrário.
Ossami Sakamori
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