Vocês não imaginam como fico tão desesperançoso deste País. Sinto-me como se tivesse dando murro na ponta de uma faca. De repente, agora, me sinto tão só neste País onde todo mundo reclama do poder constituído, mas ninguém que tenha poder de mudar a situação levanta a voz como eu esperava que o fizesse.
Sinto-me, novamente, com nos tempos do regime militar, estar a falar no deserto, sem eco, sem resposta. Sinto-me como um esquizofrênico falando palavras ininteligíveis no meio da multidão. Uns e outros que me esbarram no caminho, dão importância às palavras, que me fazem crer que ainda estou lúcido.
Puro engano. São pessoas que apenas me fazem estar vivo no mundo imaginário. Mundo que não tem sentido, como aquele mundo que vivenciei na época do estudante, universitário. O mal prevalecia ao bem. Não, não existe o mundo da utopia. A utopia não é o mundo, sou eu mesmo a utopia. Nada valeu o que meu pai me ensinou, o mundo do "bushidô", o caminho do samurai para mudar a situação.
Não, não existe "bushidô", nem "judô", o caminho da verdade. Não existe o caminho da verdade nem o caminho da coragem. Não, não culpo a sociedade, dos amigos, dos intelectuais, dos idealistas, que apenas clamam o caminho da verdade. Seria exigir demais de uma sociedade que sempre esteve subjugado aos interesses das potências, não aos seus próprios interesses.
Estava à conversar com as pessoas, que fazem parte importante da engrenagem do poder central. A estrutura do poder, ao longo dos anos, tanto de militares da direita, antes, como militâncias da esquerda, de agora, foram moldados à figura dos donos do poder, de plantão. Não temos muito a fazer. Nem temos poder para esboçar alguma reação. De repente, a ficha vai caindo... Estou a conviver com o "status quo" que a sociedade me impõe.
De repente, como nos tempos da ditadura militar, novamente eu é que estou dissociado da realidade política do País. Não vale muita coisa, vale quase nada, as poucas linhas que escrevo, antes em boletins informativos e agora em blogs que pouco representa para o conjunto da população. O povo, o povo, nem está aí. Os intelectuais, os intelectuais nem estão aí. Como que, de repente, perderam a voz na multidão. Talvez, tenha percebido, a realidade brasileira, antes de mim.
Não existe mais "Pasquim" ou "Estadão" que de certa forma levantavam vozes na multidão. Os poucos veículos de comunicação, outrora o "norte" da população, hoje são cooptados ao poder central, por pura necessidade de sobrevivência econômica. Os poucos que denunciam alguma situação são rotulados de "direita", ao contrário do sentido que a palavra representa na história do mundo. A direita, no país de origem da palavra, a França, significava a favor do governo e esquerda, contra o governo.
Foi me sugerido utilizar criptografia nos meus telefones, porque no País que vivo, tornei-me contra o "regime". O regime dos que utilizam vestes vermelhos como símbolo, como outrora os do regime militar usavam uniformes verde oliva. Pelo amor de Deus! Onde chegamos! Eu é que sou pessoa que defende o bem do povo estou a ser classificados como persona non grata do poder central.
Percebi, caiu a ficha, que os que falam a verdade como alguns jornalistas e algumas jornalistas, que não quero nominar aqui para não os prejudicarem ainda mais, estão a perde os empregos. Isto é exatamente, o que acontecia no regime militar. Os que eram contra o poder constituído eram defenestrado ou melhor colocado na geladeira ou simplesmente eram lhes tirado oportunidade profissional.
Não é agora, com meus 69 anos, que vou mudar de posição. Se querem me colocar na condição de "contra" o "regime", que me coloquem. Já quiseram me calar com demonstração de poder, me colocando como que ao lado dos marginais da sociedade, mas não conseguiram. E não vão conseguir. Este brasileiro nato, ao contrário do que me pretendem impor devido à origem dos meus ascendentes como "estrangeiro" é muito brasileiro. Sou brasileiro encardido. Não sou brasileiro fácil de ceder às pressões, como a maioria dos que leem este blog.
Eu sou, eu mesmo, até quando Deus me der o descanso merecido. Não adianta querem me calar. Os meus endereços, emails e telefones de contatos sempre serão os mesmos, desde há muito tempo. Quero e vou exercer a minha cidadania na plenitude, na dignidade. Não serei clandestino, na minha pátria amada. Serei eu mesmo, custe o que custar.
Vamos apostar no Brasil, sem medo, vamos?
Ossami Sakamori
8 comentários:
Valeu, Sakamori.
É isso aí!
Sakamori querido brilhante colocação como sempre, mas você não esta só, existe um Brasil consciente, Assim como o Senhor e outros brasileiros, Beto Mous também não se intimida, eu o convido mais uma vez, junto com o Radar News, levar as informações contidas neste blog,com a maestria de quem transforma assuntos complexos, ao entendimento do cidadão comum, ao maior numero de pessoas possíveis. Juntos somos fortes.
É isso aí, uma consciência tranquila vale por uma vida. Abraços e continue firmem em seus princípios, sem buscar os favores do poder de plantão.
Parabéns pelas lindas palavras Ossami. Também sinto que sou um ET aqui no Brasil. Já pensei muitas vezes no tema. A situação é complexa, mas em resumo tudo se deve a nossa pobre educação. Voce viu o resultado do PISA 2013? Mais uma vez estamos na lanterninha da educação mundial. Com tudo isso, é querer exigir muito de nosso povo, pobre e ignorante, que sejam mais "antenados" como senhor. Eles não têm instrumentos intelectuais para tal empreitada. Acreditam facilmente nas propagandas da TV... Continue firme!!
Se todos tivessem esse pensamento o Brasil seria um pais melhor de se viver ...Brilhante palavras...
Caro Sakamori
O senhor não está sózinho. Mas apostar no Brasil, sem medo, sem dilma, lula, PT e por aí fora, só com ajuda militar ... e estes infelizmente nem estão para aí virados. Nem mesmo quando mais de um milhão de brasileiros conscientes sairam para as ruas em mais de 100 cidades.
Sejamos realistas.
Sakamori, você é a voz da democracia. E não se sinta cansado, como 69 anos você ainda pode se considerar um cara novo, como muita lenha para queimar.
Vivemos, hoje, uma crise de regimes ou de sistemas, direita e esquerda, caricaturas de um mundo que passa por um processo de mudança que não tem mais volta mas que poucos veem. A França, EUA, Itália, países em franca decadência política e cultural são exemplos dessa mudança de que falo. Países latino-americanos com forte tradição populista se aproveitam desta crise sistêmica criando a ilusão de uma nova esquerda que só ilude uma geração universitária esnobe que não reconhece sua total perda de influência na sociedade, líderes, grupos, organizações, movimentos, sindicatos, estão todos cooptados pelo poder. Hoje, a promessa de mudança vem das ruas, dos blogs alternativos como o seu, Sakamori. As vozes dissonantes estão meio baixas, mas não estão caladas. Sakamori, não se cale nunca. Conte com a minha atenção.
Sem medo sempre Saka-san! E você não está sozinho, estou todo lutando contra esse governo comuno-anarquista. Vamos batendo e apanhando... mas seguindo em frente. Nada de desânimo!!!
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