Aproveitando o gancho do título do artigo postado no Estadão na última sexta, pela jornalista Eliane Catanhêde, de quem sou seguidor há algum tempo. A matéria se refere ao "riscos sistêmicos" provocado no âmbito da Petrobras provocados pela Operação Lava Jato.
O termo usado pela jornalista Eliane Catanhêde é o que venho usando sistematicamente sobre a política econômica da presidente Dilma, desde o primeiro mandato dela. Riscos sistêmicos são os que mexem com a estrutura econômica, financeira e social, no caso, que poderão levar a Petrobras e o próprio País à situação de calamidade.
Na mesma linha de pensamento da jornalista do Estadão, já fiz matéria pertinente ao assunto. De fato, é grave os riscos sistêmicos virarem fatos reais, como parece que irão acontecer. Na matéria anterior sobre o tema, eu dimensionei o tamanho dos riscos do sistema Petrobras em, grosso modo, R$ 700 bilhões. Isto é um volume para deixar todo mundo de cabelo em pé. O volume de dinheiro corresponde a cerca de 12% do PIB brasileiro.
A imprensa noticiou e anotei com muita preocupação o empréstimo do bancos oficiais para socorrer parte deste risco, especificamente ao Sete Brasil, fornecedor com o cliente único, a Petrobras.
O empréstimo se refere ao fornecimento de oito sondas de perfuração no valor de US$ 4,8 bilhões ou equivalente a R$ 12,8 bilhões. O empréstimo será assinado segundo a Petrobras, no prazo máximo de 30 dias e o desembolso no prazo de 40 dias. Até lá, o Banco do Brasil fará empréstimo ponte de R$ 800 milhões, porque a Sete Brasil está inadimplente na praça.
Para conhecimento, a empresa Sete Brasil foi constituído com finalidade exclusiva de atender a demanda de 28 sondas de perfuração dos campos de pré-sal. O projeto envolve volume de US$ 25 bilhões equivalente a R$ 67 bilhões. A empresa é constituída pela própria Petrobras, os fundos de pensão, Bradesco e BTG Pactual.
Coincidência ou não, o ministro da Fazenda Joaquim Levy foi um dos principais executivos do Bradesco até a véspera de posse. Igualmente a empresa BTG Pactual é a mesma que arrematou de forma estranha 50% da Braspetro Oil & Gas. Esta venda não explicada, sem concorrência, dos 50% da Braspetro, foi objeto de matéria deste blog há 2 anos.
Muito estranha a encomenda das 8 sondas de perfuração no pré-sal, justamente um dia após a presidente Graça Foster anunciar o investimento mínimo na área de exploração de petróleo. Justifica-se, a parada de investimento no pré-sal em função do alto custo neste tipo de exploração. A exploração do pré-sal brasileiro tem custo estimado pela própria Companhia em US$ 50 o barril quando o preço internacional do petróleo do tipo do nosso pré-sal está cotado em US$ 45 o barril.
Muito grave ainda é o volume de risco do sistema Petrobrás estimado pelo governo em R$ 400 bilhões e por mim em R$ 700 bilhões. A diferença dos números justifica-se pela consideração ou não o risco da própria Petrobras. No meu número está considerado o risco da própria Companhia decorrente dos empréstimos e passivos que poderão ter seus vencimentos antecipados, conforme nota de classificação dos riscos pelas agências de classificação.
Eliane Catanhêde
No meu entender, os riscos sistêmicos citados pela jornalista Eliane Catanhêde, em R$ 700 bilhões ou equivalente a 13,5% do PIB, estão para explodir.
Ossami Sakamori
F
2 comentários:
O risco da Petrobrás já está se realizando em fatos. Há sim a possibilidade de estrangulamento financeiro.
A Petrobrás, assim como a Previdência são superavitárias, estão sendo corroídas pela corrupção. Uma administração decente resolve o problema a médio prazo, na melhor das hipóteses. Petrobrás e Previdência Social são bens públicos nunca devem ser privatizadas ou loteadas por gangues do colarinho branco.
A Petrobrás tem de sobreviver, senão, o Brasil acaba de vez, a corrupção que vemos hoje na empresa é um caso de segurança nacional. Mas, agora, com a crise hídrica e de energia, tudo fica mais difícil. Não temos um alento sequer.
A Petrobrás gasta fortunas com a tecnologia de extração de petróleo. Temos muito petróleo, mas a um custo enorme. Quer dizer, petróleo sempre dá dor de cabeça. Mas nada se iguala à corrupção generalizada que compromete o maior patrimônio nacional.
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