Folha, hoje. A queda mais forte do peso argentino, ocorrida nos dois últimos dias, colocou em alerta investidores do mercado brasileiro. Ontem, o dólar subiu e fechou no maior preço (R$ 2,395) em cinco meses
em relação ao real e a Bolsa registrou uma queda 1,98% do seu principal
índice.
Comentário.
Os analistas de modo geral dizem que o que acontece na Argentina não tem nada a ver com o Brasil. Afirmam que a política econômica (sic) dos argentinos é completamente diferente da politica econômica (sic) brasileira. Comentam que o tamanho da economia da Argentina é tão pequena em relação ao do Brasil que não tem termo de comparação entre o que acontece lá e aqui.
Pois bem. Neste momento, com a Argentina em crise, diria que o que acontece lá, tem tudo a ver com o Brasil. Poderá, sim, vir o efeito "tango" contaminar a economia do Brasil, já em dificuldade, contrariando tudo que os analistas estão a dizer. Senão vejamos os meus argumentos.
Primeiro de tudo, a política econômica (sic) da Cristina Kirchner é altamente intervencionista tal qual a política econômica (sic) da Dilma Rousseff. A Cristina, lá, se mete a tentar intervir em economia como Dilma, cá, intervém na economia com os preços administrados. Em tese, é a mesma política econômica equivocada de intervenção do Estado na economia.
Quanto ao efeito "tango" na economia, ela é mais real do que possa imaginar. A Argentina responde por 8% das exportações brasileiras, atrás apenas da China (19%) e EEUU (9%). Os argentinos, ao contrário da China e EEUU que compram produtos primários, commodities, compram produtos industrializados. Isto, sim, afeta sobremaneira o setor industrial brasileiro, já combalido.
Na Argentina da Cristina Kirschner controla o câmbio ou melhor tenta controlar o câmbio, através de intervenções do Banco Central. A Dilma Rousseff controla o câmbio com venda diária de swap cambial tradicional, um artifício que o Banco Central está utilizando desde agosto do ano passado. Já pôs no mercado equivalente a US$ 100 bilhões, que embora em moeda brasileira, apenas atrelado à variação do dólar, não deixa de ser intervenção importante no setor de câmbio.
Se a situação econômica do Brasil fosse outra, talvez, não teria o efeito "tango", mesmo Argentina consumindo 8% de tudo que a indústria brasileira produz (13% do PIB). Acontece que o Brasil se encontra na situação econômica que classificaria como "sinuca do bico". A economia brasileira, com inflação ameaçando voltar, estamos a caminhar sobre o fio da navalha. Qualquer descuido, o espiral inflacionário poderá voltar. Haja coração, neste momento!
Sim, o efeito "tango" poderá afetar a economia brasileira!
Ossami Sakamori
@SakaSakamori
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