Nos últimos dias, tenho trazido para este espaço, notícias negativas, falando de mazelas, da desindustrialização do país, do sucateamento das universidades, de roubalheira dos agentes públicos. Resolvi, hoje, falar o oposto. O exemplo que vem do outro lado do planeta, o Japão.
No dia 11 de março do ano passado, houve uma enorme tsunami provocado pelo terremoto ao largo da costa leste do Japão. Cerca de 16 mil pessoas perderam vida ou simplesmente desapareceram devido àquele fenômeno. Estima-se que aquele país teve prejuízo de mais de R$ 500 bilhões, muitos deles irreparáveis. Pelo episódio de explosão de uma das usinas nucleares instalados no país, o governo japonês teve que desligar a totalidade das 51 unidas destas, que operavam até então, para fazer reformas de adequação ao novo padrão de segurança.
A montadora Toyota sofreu enorme prejuízo na sua produção uma vez que boa parte dos componentes eram produzidos na região atingida pelo tsunami. Além de tudo, a venda no mercado interno caiu 30% no ano de 2011. Somado a este fato, a fábrica da Toyota no sudeste asiático sofreu o efeito da inundação. Os fatos levaram a queda de produção, fazendo com que a Toyota que era líder no mercado de automóveis, perdesse posição para a GM americana, em 2011. Para os japoneses e especialmente à Toyota, parecia que o mundo ia acabar.
Mas, em menos de 1 ano, os executivos da Toyota puseram em marcha a mudança da logística e conseguiu recuperar a sua posição de líder do mercado de automóveis.
Diante destes fatos e de outros sobre país do sol nascente, em função de ser filho de imigrante japoneses, me dói muito escrever, quase todos santos dias, sobre temas que me remete aos costumes nada republicanos dos agentes públicos, bem como do nosso atrazo em relação à inovação tecnológica. É triste, muito triste mesmo, ter que nos submeter à comparação com os países desenvolvidos, aqui nesta matéria, representado pelo ícone da modernidade a Toyota do Japão.
Em menos de 3 meses, já escrevi mais de 100 artigos, cujos temas versaram, em sua maior parte, denunciando sobre a falta de um planejamento estratégico de longo prazo, que nos permita inserir o Brasil entre o mundo desenvolvido. Condições, nós temos. Temos recursos naturais em abundância, temos energias limpas, temos povo trabalhador. Só não temos governantes que se interessem pelo futuro do país ao invés de se preocuparem com os seus próprios interesses. Falta fazermos o dever de casa.
Quem sabe, se nos espelharmos no povo japonês, não teríamos vários empresas de capital brasileiro como a Toyota japonesa? É uma pena, que os Matarazzo, os Peixotos de Castro, os Guinle, os Rolim, os Midlin já não fazem mais parte do mundo econômico nacional. Vamos tentar mudar tudos isto que está aí !
Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil foi prof. da UFPR. Twitter: @sakamori10
3 comentários:
Excelente texto meu amigo!
É fato que precisamos de empreendedores capaz de ter estratégias de médio e logo logo prazos. Planejamento estratégico bem feito e "olhos abertos" no mercado.
Quanto aos "desgovernantes", prefiro não comentar!
Texto simplesmente perfeito!
Saka, não tenho muito a comentar, somente que falta ao povo brasileiro mais iniciativa, em não aceitar as coisas tão facilmente, falta para todos nós uma maior vontade de fazer um Brasil diferente, temos todos os recursos necessários para nos tornar um País de Primeiro Mundo. E com certeza nosso melhor espelho é sim o Japão e seu povo, que sem medo do trabalho duro, em pouquíssimo tempo colocaram sua terra no lugar, e esta não é a primeira vez que isso acontece, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, uma tragédia sem tamanho e sem propósito algum, quantas famílias sucumbiram, e mesmo em meio a tanta dor, tudo foi erguido novamente. O povo oriental é digno de muito respeito e nos servem de motivação a jamais desistir de lutar.
Basta agora termos uma reforma no Congresso, na Constituição e banir essa gente corrupta do poder, a tarefa não é fácil, porém quando o treino é árduo a competição torna-se fácil!
"Saka", parabéns pela matéria. Para mudarmos nossa triste realidade, o brasileiro deve aprender a ser cidadão. Não podemos aceitar a violência, corrupção e miséria como parte de nosso cotidiano. Não podemos aceitar 3 poderes corruptos saqueando as riquezas de nosso país e ignorando os direitos do seu povo. No Brasil, votar é pedir a cura para quem é a doença. Abraço, amigo.
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