sábado, 19 de maio de 2012

O REFLEXO DO DÓLAR A R$2,00

Eu tinha prometido que iria comentar neste final de semana, sobre o que mudaria no cotidiano de cada um, como o dólar valorizado. Antes, porém, devo fundamentar o meu ponto de vista de que o dólar valorizado veio para ficar.  Hoje, estou utilizando o termo valorizado no lugar do apreciado, que são apenas sinônimos.  O segundo termo é mais utilizado em textos mais técnicos, apenas isto.

A União Européia vem sofrendo com o refluxo da crise financeira global de 2008.  A Grécia já tinha dado meio calote ao mercado financeiro, repactuando todos títulos emitidos pelo Tesouro em Euro com deságio de 50%. Acontece que houve eleições para formação do novo parlamento, mas como nenhuma das partes, situação e oposição, não conseguiu a maoria, novas eleições foram convocados para o  próximo mês. E está em ascensão a oposição, segundo as pesquisas.  A consequência temida pelo mercado financeiro global é que a Grécia dê o calote do título já repactuado.  Se isto acontecer, mata a Angela Merkel e mata junto com ela o Euro. No jargão do mercado financeiro, neste caso, quer dizer que a credibilidade da Merkel e Euro vão estar em baixa.  Para completar, presidente do BC inglês, veio ao público dizer que Inglaterra está passando por uma situação delicada. 

No outro lado do Atlântico,  os EEUU estão entrando numa fase de crescimento econômico sustentável à uma taxa de 2,5% ao ano, no mínimo.  Os EEUU ainda representa, grosso modo, 20% do PIB, com US$ 15 trilhões ou equivalente a R$30 trilhões na data de hoje.  É uma pena que nos governos Lula e Dilma, a nossa pauta de exportações para aquele país caiu de 24% do total para 12%.  Hoje, o destino das principais pauta de exportações é para a Europa.  Para a China, só exportamos produtos primários.  O fato concreto, apesar de muitos economistas brasileiros não engolirem, é que o dólar vai permanecer apreciado por algum tempo. Para mim, dinheiro não tem côr ou melhor dizendo tem côr verde.


O que tudo isto tem a ver com o cotidiano nosso?


Tem tudo a ver.  Com o dólar desvalorizado, artificialmente pelo governo Lula, inverteu-se a lógica de raciocínio dos empresários e porque não dos consumidores.  O país não produz mais máquinas e equipamentos.  Toda forma de produtos manufaturados dentro do Brasil, hoje, tem percentual muito grande de componentes importados.  Nestes últimos meses houve valorização, até hoje, do dólar em aproximadamente 20%.  Então, já dá para imaginar o que vai acontecer. Vem aí, uma inflação com estagnação ou seja a "estagflação".


1. Veículos importados vão subir 20%.  Veículos nacionais em torno de 5%.


2. Máquinas e equipamentos importados vão custar 20% mais caros.  Máquinas e equipamentos nacionais, cerca de 10%.


3. Passagens aéreas, vão subir no mínimo em 10%, porque os aeronaves são quase todos fabricados no exterior.  Mesmo os da Embraer tem componentes importados.


4. Gasolina, fatalmente terá que subir.  Só não sabemos quanto e quando.  O Brasil já deixou de ser autosuficiente em petróleo, então, o preço varia de acordo com a valorização do dólar e do mercado mundial de óleo.  Por enquanto a Petrobrás está absorvendo o prejuízo, mas uma hora vai soltar, sob risco de Dilma quebrar a empresa.


5. Nas prateleiras dos supermercados, saem os importados e voltam os produtos nacionais.  Quem quiser, continuar consumindo produtos importados vão pagar o preço com aumento de 20% em média.


6. Viagens internacionais.  Tem que aproveitar agora, com dólar a R$2,00.  Tendência do dólar é ir para o patamar de R$2,40 até o final do ano.  Neste ítem, cada um sabe o que faz.


7. Imóveis residenciais. Dólar a R$2,00 significa menos poder de compra da classe média emergente.  A consequência é a retração do setor, já com superofertas.  Tendência é de baixa.  As construtoras vão queimar a margem de lucro que estava acima da média, devido a demanda aquecida. 


8. Dekasseguis.  Meus patrícios nisseis e san-seis, que estão no Japão trabalhando duramente, em trabalhos braçais, vão ter a recompensa.  Dólar a Y$90.00 e R$2,00 dá um significativo ganho, se gastos aqui no Brasil.  Pode ser que recomessem a revoada dos brasileiros na direção do país do sol nascente.  Por enquanto, melhor é ficar no "Stand by".


Colocar-me-ei à disposição dos leitores para perguntas específicas no meu endereço do twitter.  


Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof. da UFPR.
Twitter: @sakamori10

Um comentário:

Francisco Sales Queiroz disse...

Muita coisa ainda há por vir em se tratando de câmbio! Até agora o que ocorre é reflexo externo, ficando a expectativa do Euro cair em relação ao Dólar e com isso o real acompanhar a paridade européia! Euro com paridade zero, levará o real a R$ 2,50 folgado! A crise Externa nos levará a isso! O outro fator é o mercado Brasil, que se desgringolar, a cenário cambial será o que nós já conhecemos! Como visionário da tese que uma farsa não dura uma eternidade, aposto que teremos dias muito dificeis no nosso país! A Grécia é aqui!