quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Apagão elétrico no horizonte.


Tocou o alarme no Palácio do Planalto, desta feita não sobre assunto político e nem tampouco assunto que envolve o presidente Michel Temer de uma eventual denúncia sobre uma outra ladroagem que envolvem ele próprio e os ministros do governo Temer. O sinal de alerta é no sistema elétrico brasileiro que impede o crescimento sustentável do Brasil.

A atenção do Michel Temer deixou de ser a denúncia sobre a formação de quadrilha, mas a nova preocupação se refere à uma eventual "apagão elétrico" num horizonte próximo, pois que, o "apagão político" já está em vigor. Há uma convicção cada vez mais forte de que o presidente Temer "fica" no poder até cumprir o mandado que sucedeu da Dilma Rousseff. Michel Temer não foi eleito, mas se encontra no poder.

O fato é que o nível dos reservatórios das usinas hidroelétricas está pior do que em 2001, quando houve o racionamento da energia. Brasil não se preparou para consumo de energia em expansão como em qualquer parte do mundo. O ministro de Minas e Energia Fernando Coelho é encarregado de acompanhar as decisões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Ele se reúne diariamente com as autoridades do setor e reporta-se ao ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, segundo imprensa.  

Nós  já chamamos atenção sobre o tema nas sucessivas matérias sobre o tema, a última em 13.2.2016 sob o título: Brasil viverá crise de energia elétrica , que de forma resumida segue abaixo:

Apesar do projeto de reestruturação do setor elétrico na década de 1990, o novo modelo do sistema elétrico não garantiu a suficiente expansão da oferta de energia elétrica, e que levou o País a um grande racionamento de energia em 2001. Foi então que à partir de 2004 foram feitos ajustes no modelo com o intuito de reduzir os riscos de falta de energia e melhorar o monitoramento e controle do sistema elétrico no País.

No entanto, a Lei 12.783/2013, as empresas geradoras e transmissoras puderam renovar antecipadamente seus contratos de concessão desde que seus preços fossem regulados pela Aneel. O governo Dilma promoveu a mais desastrada medida de "redução tarifária", em 2013, com fim único de angariar a "popularidade" da presidente Dilma, visando a reeleições de 2014. O resultado todos sabem, deu no que deu. Os preços artificialmente deprimidos, voltaram à realidade tarifária à partir de 2014, provocando aumentos que chegaram a 50%, numa "tacada" só. 

O sistema elétrico nacional tem 136.000 MW de potência instalada, distribuídos da seguinte forma:

a) Micro Usinas Hidroelétricas............      326 MW
b) Central Geradora Eolielétrica.........   5.832 MW 
c) Pequenas Centrais Hidroelétricas...   4.783 MW
d) Usinas Solares.................................         15 MW
e) Usinas Hidroelétricas......................  84.703 MW
f) Usinas Térmicas..........................,,..   38.372 MW
g) Usina Nuclear..................................     1.990 MW

O pico de consumo de energia no Brasil ocorreu em janeiro de 2014, com consumo de 84.000 MW. Há aparente o "não uso" da potência disponível, mas aparentemente. As usinas hidroelétricas dependem do regime de chuvas, o que as tornam reféns de condições climáticas como o do efeito "El niño" ou "El ninã". O efeito de aumento de temperatura do planeta parece interferir fortemente no regime de chuvas, também. 

O sistema elétrico nacional depende muito da geração hidroelétrica, conforme demonstrado na tabela acima. E a geração hidroelétrica depende dos níveis de reservatórios ou do regime de chuvas. O País, só não teve racionamento de energia no ano de 2015 e 2016, por conta da retração da demanda. A hidroeletricidade é uma energia limpa, mas tem o inconveniente de não poder contar com capacidade plena ao longo do ano e ao longo do tempo. O País só não está vivendo o racionamento porque houve depressão de 7% do PIB nos últimos dois anos. 

No próximo ano, deverá entrar em operação a Usina Hidroelétrica de Belo Monte, com capacidade instalada de 11.000 MW e oferta média de energia de cerca de 4.500 MW. No entanto, os níveis de reservatórios em situações críticas, não suprem a demanda atual, fazendo com que o sistema elétrico acionem as usinas térmicas. 

Qualquer plano de desenvolvimento do País esbarra na oferta de energia elétrica. Por falta de planejamento dos sucessivos governos, o Brasil viverá "crise de crescimento" em função da falta de oferta de energia elétrica. O que adianta presidente Temer e seu ministro da Fazenda Henrique Meirelles prometerem o crescimento sustentável do País sem que haja investimento pesado no setor elétrico o suficiente para atender a demanda necessária.

Creio irresponsável qualquer candidatos ao cargo de presidente da República, previsto para o próximo ano, não levar em conta o crescimento da demanda de energia e prometer, sem devido cuidado, o crescimento sustentável do Brasil. Vai crescer como, sem energia elétrica?

Nota: O levantamento dos dados teve a contribuição preciosa do engenheiro Sérgio Resende @Slaresende

Ossami Sakamori
@SakaSakamori




5 comentários:

Eli Reis disse...

É terrível a situação.

No tocante à energia elétrica tudo é feito de forma irresponsável e a situação fica cada vês mais caótica.

Recentemente tivemos o caso das torres de energia elétrica que "simplesmente" caíram,tombaram, estatelando-se no chão.

Não caíram por acaso, com certeza, fruto de irresponsabilidade fundamentada em corrupção.

sakamori10@gmail.com disse...

Apenas corrigindo.
A matriz econômica em vigor é a mesma dos sucessivos governos do PT. O ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o formulador da política econômica foi presidente do Banco Central do Brasil do governo Lula por 8 longos anos.
A nova matriz econômica ainda não apareceu, infelizmente.
De qualquer forma, obrigado pelo comentário.

slaresende disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
slaresende disse...

Com esta possibilidade e com o quadro político atual temos uma situação mais grave .Comparando com o episódio de 2001 quando o presidente era FHC Um presidente com boa popularidade e com uma equipe muito mais competente
Temos hoje no comado um governo fraco sem apoio popular e sem grandes nomes para gerir a crise. Vamos precisar muito de São Pedro à partir de hoje!!!

Anônimo disse...

Somos líderes mundiais em incompetência administrativa e operacional. Uma das provas aí está...