sábado, 25 de julho de 2015

Brasil. Apocalypse now!

Para orientação e balizamento dos passos seguintes, tanto no terreno pessoal como empresarial, apresento abaixo o ajustamento da minha previsão feita em 20 de fevereiro deste ano. Em linhas gerais não tem muita alteração em relação àquela previsão, mas apenas confirmação. O fato é que o Brasil entrou num enorme buraco e não sabemos em que prazo vai sair dele.


Selic. 

Na próxima semana, precisamente na quarta-feira, o Banco Central deverá estabelecer a taxa básica de juros Selic. Há consenso no mercado de que a taxa Selic deve passar dos 13,75% para 14,25% com aumento de 0,5%. Ao contrário do que argumentam os formuladores da economia e maioria dos articulistas econômicos, o aumento de taxa de juros não serve para frear a inflação. A taxa de juros Selic, a mais alta entre 40 economias mais expressivas, serve basicamente, para atrair capital especulativo para financiar a dívida do Tesouro Nacional. 



Dólar. 

O dólar deve seguir a tendência de alta nos próximos dias, em parte, pela fuga de capital especulativo estrangeiro, que não se contenta mais com juros reais de 5%, mas sobretudo pelo medo do "default" ou calote. As agências de classificação está a rebaixar a classificação de risco para o último degrau do "grau de investimento". Abaixo do "grau de investimento" a classificação de risco passa a ser "grau de especulação". 

Os investidores institucionais como fundos de pensão, estarão retirando a aplicação em títulos do governo brasileiro. Isto é o principal motivo para a fuga de capital estrangeiro. Deve encontrar a primeira "resistência" nos níveis de dólar a R$ 3,60. A tendência é que o ano termine o dólar próximo de R$ 4,00. Com certeza, antes desta cotação o Banco Central deverá intervir com força para não romper o teto "psicológico".


Inflação.

A prévia da inflação do mês de julho, anualizado, já rompeu a barreira de 10% (dois dígitos) nas cidades de Curitiba e Rio de janeiro. A média da prévia do IPCA ficou em 9,25%. É possível que a inflação tenha o pico no mês de setembro, anualizado, passando para dois dígitos. O principal componente para o aumento será o aumento de combustíveis na ordem de 10% ou ligeiramente menor. A inflação do bolso, aquela das despesas correntes do povo, sem rigor de estatística, deve estar batendo 30% anualizado nos próximos meses. Na prática, 30% de inflação que abocanha a renda da população. 



PIB.

O Produto Interno Bruto previsto por mim é de 2,5% negativo, neste ano. As instituições financeiras (bancos) já trabalham com a retração da atividade econômica próximo do meu número. A novidade é que as principais instituições financeiras já trabalham com o PIB negativo também para o próximo ano. Isto significa que não haverá retomada de investimentos neste ano. Talvez, somente, no segundo semestre do próximo ano.

Desemprego.

A retração da atividade econômica do País atinge em cheio o índice de desemprego. Havia no Brasil até fim do primeiro semestre, cerca de 8,2 milhões de desocupados. A retração da economia, em parte pelos ajustes na política econômica e outra parte em consequência da Operação Lava Jato, o número de desocupados deverá chegar próximo de 10 milhões de desocupados. Este número se refere ao número de desempregado em todo território nacional.


Juros para consumidor.

Os juros ao nível de consumidor continua ascendente. Com o aumento da taxa básica de juros Selic, referência para to da forma de juros, deverá acompanhar a tendência de alta. Os juros de financiamento do saldo dos cartões de crédito já andam na altura de 360% ano ano e cheques especiais em 240% ao ano. Comparando com a taxa Selic de 13,75%, os juros são exorbitantes. Os juros ao nível de consumidor se tornaram abusivos. 


Déficit primário.

Não há mágica a fazer à essa altura, no meio da implementação do ajuste fiscal. O governo já manda, esta semana, Medida Provisória que mexe com os critérios de cálculo das contas fiscais. A equipe econômica, não vai conseguir fechar as contas com o superávit primário, mesmo que seja o último anunciado de 015% do PIB. Se não mexer o critério de contas públicas, possivelmente o Balanço dos gastos da União deverá fechar não com o pequeno "superávit primário", mas com o "déficit primário".  Certamente, com o déficit primário, a classificação de risco do Brasil vai passar para "grau de especulação".


O que fazer?

Diante de tantos indicadores negativos, a única recomendação para os meus leitores é que apertem os cintos que a dificuldade virá com certeza mais que absoluta. O fundo de poço está longe de ser alcançado.


Isto é quase um "apocalypse now". Viveremos momentos difíceis nos próximos meses, isto é inexorável. A simples troca de comando do País, não mudará repentinamente o quadro da economia do Brasil. O Brasil está no buraco!


Ossami Sakamori



5 comentários:

Tuca/Marilda disse...

Saka! Saka! E aindaa pessoinha insignificante quer ajuda do FHC?
O APOCALIPSE NOW, além de tudo é querer PACTO. Não ouviu ninguém essa cabeça dura e agora quer meter todos na lama.
RENUNCIA JÁ.

Tuca/Marilda disse...

Saka! Saka! E aindaa pessoinha insignificante quer ajuda do FHC?
O APOCALIPSE NOW, além de tudo é querer PACTO. Não ouviu ninguém essa cabeça dura e agora quer meter todos na lama.
RENUNCIA JÁ.

Aurora disse...

Prof., venho acompanhando suas previsões sistematicamente e me organizando financeiramente p/ a tempestade que já começou. Aos amigos e parentes próximos comentei a respeito e alguns entenderam, outros não acreditaram (por ignorância dos fatos). Sinto-me segura, eu e minha família, em estarmos prontos p/ enfrentar a recessão s/ grandes sustos. Grata por tantas informações valiosas em seu blog. As cores são, de fato, do jeito que o Prof. há muito já pintou do quadro! Um ótimo final de semana!!

Monica Maria Ventura Santiago disse...

Obrigada, Professor!!
Vossas previsões são sempre judiciosas e a clareza com a qual as descreves muito nos ajuda a entender o imbróglio no qual o Brasil se encontra pela irresponsabilidade de um ‘des’governo corrupto, arrogante e incompetente.
Quiçá, mesmo com a mudança, a queda inevitável da presidente e toda a sua ‘entourage’, encontremos pessoas dignas e competentes para renovar os rumos da amada Nação brasileira!!
Paz e bem!!

Anônimo disse...

Sobre o artigo no Financial Times falando do Brasil, o que o Blog Alerta Total escreve:

"Brasil caminha para convulsão social

O virulento texto do FT, tão festejado pela pretensa "oposição" e por alguns analistas midiáticos sem noção da realidade, peca por elementar burrice analítica. No editorial “Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil”, o editorialista comete estupidez ou erro de paradigma analítico ao afirmar que "as instituições democráticas no Brasil têm força". Só quem está muito de fora (e por fora) do problema estrutural brasileiro consegue defender esta "tese" ingênua e incorreta.

Na verdade nua e crua, o impasse institucional brasileiro, combinado com a crise econômica, a insegurança do Direito, a corrupção sistêmica, a impunidade e a violência urbana sem controle, empurram o Brasil para um estágio de pré-convulsão social. O Brasil parece cada vez mais com aquela velha República de Weimar que antecedeu à escalada nacional socialista de Adolf Hitler na Alemanha. Recessão, estagflação, radicalismo ideológico e fraqueza das instituições costumam levar qualquer lugar ao caos - que demandará "força autoritária" como pretensa solução...

O risco de uma convulsão, com ruptura institucional, é um cenário cada vez mais próximo e possível - mesmo no Brasil em que se cultua o falso mito de uma passividade e pacifismo de um povo. O maior risco que o processo de convulsão social pode gerar interessa demais aos controladores globalitários: a divisão do Brasil, não em uma república federativa (coisa que, de verdade, nunca conseguimos implantar desde o golpe de Estado que derrubou o Império em 15 de novembro de 1889), mas sim na criação de estados fragmentados.

Todos os desgovernos a partir da chamada Nova República (1985) vêm colaborando para gerar as pré-condições históricas para que o separatismo artificial seja incluído na agenda. O Brasil precisa de um federalismo de verdade, igual ao modelo norte-americano, onde o governo da União mantém a unidade nacional, a partir do estrito respeito constitucional à soberania dos estados membros. O problema nosso é que o Brasil não passou por uma revolução, igual a dos EUA, que implantou um federalismo equilibrado. Nosso modelo resultou de uma ação interventora do Poder Federal - que causa, originariamente, todas as nossas falhas estruturais da Nação.

(...)"

http://www.alertatotal.net/2015/07/brasil-caminha-para-convulsao-social.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+AlertaTotal+%28Alerta+Total%29