O grande equívoco da política econômica do governo Dilma, não está exatamente no que os analistas e agentes econômicos consideram, qual seja a geração de superávit primário em níveis desejado pelos organismos internacionais como sendo acima de 2% do PIB. A equipe econômica do segundo mandato da Dilma, estabeleceu como meta o superávit primário do setor público em 1,2% e somente do governo federal como sendo 1% do PIB.
Nada do que foi prometido pelo Joaquim Levy é tão importante. A questão fundamental, não está na geração de superávit primário em percentual aceito pelos organismos internacionais e pelas agências de classificação de riscos. O buraco é outro! O problema é quanto, em percentual e em valores, de juros reais que pagamos na capitação dos empréstimos que o Tesouro toma no mercado.
No meu entender, o superávit primário poderia ser próximo de "zero", desde que os juros da dívida interna seja igual ou inferior ao índice da inflação. Equivocadamente, o Brasil paga os juros reais os mais altos do mundo entre as 40 maiores economia do mundo, somente perdendo para a Turquia. Recentemente, a Rússia em crise, está pagando os juros reais acima também. Coincidência ou não, o Brasil e Rússia estão a experimentar a depressão nas suas economias em 2015.
O Brasil possui dívida pública interna bruta de cerca de R$ 3,130 trilhões, sem considerar as dívidas públicas que estão escondidos sob forma de saques à descoberto nos fundos constitucionais e nos bancos oficiais do governo federal. Com certeza, a dívida pública federal interna é cerca de R$ 3,2 trilhões, equivalente a 61,5% do PIB, incluindo a dívida do Banco Central. Desse total, cerca de 20% são financiados pelo capital especulativo estrangeiro ou melhor dizendo pelos agiotas internacionais.
Com taxa de juros de referência Selic em 12,25% e inflação oficial de 6,75%, os juros reais desembolsado pelo Tesouro é de 5,5% ao ano. Neste caso, o desembolso do Tesouro, para manter o nível do endividamento os mesmos do ano anterior, teria que ser de R$ 176 bilhões. O superávit primário prometido pelo ministro Joaquim Levy de cerca de R$ 55 bilhões (1% do PIB) não será suficiente para manter o nível de endividamento no mesmo nível de 2014. Significa que a dívida interna vai crescer em termos reais.
O buraco que me referi como sendo bem mais para baixo, é exatamente isto. Não adianta gerar superávit primário se o País paga os juros reais os mais altos do mundo. Da maneira como está sendo conduzido a política econômica, com sério erro sistêmico, o endividamento bruto e ou líquido vai aumentando todos anos. Não tarda muito, o Brasil encontrará na situação do Portugal, da Espanha e da Grécia antes do default.
Muito estranho que os formuladores da política econômica, os analistas econômicos e a imprensa passam à margem da discussão sobre o tema central que é o tamanho da dívida interna do País.
Muito grave ainda é pelo fato de os bancos oficiais emprestarem às grandes corporações a juros fixos de 3,5%, como nos PSI - Programa de Sustentação de Investimentos repassados. Lembrando que os recursos do PSI tem origem na captação do Tesouro junto ao mercado pagando a taxa de referência Selic. O subsídio do Tesouro para manter o Bolsa Empresário é de cerca de R$ 40 bilhões anuais, maior do que o programa Bolsa Família que gasta R$ 23 bilhões anuais.
O novo ministro prometeu mexer nos subsídios aos empresários, mas ficará valendo para os novos financiamentos. Mesmo assim, o subsídio será a diferença entre taxa Selic de 12,25% e a taxa TJLP de 5,5%, continuando sendo bancada a diferença pelo Tesouro. Mesmo com o ministro tucano Joaquim Levy, continuará como dantes, subsidiando grandes conglomerados como o grupo JBS/Friboi compostos pelas empesas do ramo de frigorífico, infraestrutura e papel e celulose.
Vamos lembrar também que muitos dos depósitos compulsórios de bancos, continuam sendo remunerados pela taxa Selic, engordando cada vez mais a lucratividade dos bancos, sem fazer nenhum esforço e risco. O ministro Joaquim Levy, não nega a sua origem de banqueiro, especificamente do Banco Bradesco. O secretário geral do Ministério da Fazenda foi também colega de bancada do ministro no Bradesco.
Nada a ver com o assunto em pauta, mas esclareço que o Brasil pagou a dívida externa junto ao FMI pelo governo Lula no montante de US$ 16 bilhões ou equivalente hoje a R$ 43 bilhões, com emissão de títulos da dívida interna. O volume de dinheiro pago ao FMI chega a ser ridículo, considerado o volume da dívida interna bruta de R$ 3,2 trilhões ou R$ 3.200 bilhões.
A dívida interna bruta do Tesouro e do Banco Central soma R$ 3,2 trilhões.
Brasil não consegue nem pagar os juros da dívida, imagine pagar o principal da dívida. Já estamos no cheque especial há muito tempo.
Ossami Sakamori
@SakaSakamori
4 comentários:
Qual a fórmula? Economizar e mais impostos.
Ao invés de pagar mais taxa Selic, pagar menor taxa Selic.
Deveria ser no máximo igual a taxa de inflação.
Se o governo pagar só a taxa da inflação não conseguirá vender seus títulos. Em princípio a economia pararia, pois não haveria financiamento para que o governo honrasse seus compromissos.
Dívida impagável. Não tenhamos ilusões.
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