terça-feira, 20 de março de 2012

OBRAS DA COPA 2014, SUPERFATURAMENTO

Muitos leitores deste blog, já tinham me sugerido escrever sobre as obras da Copa 2014. Pois, ontem, vi crítica bem ácida do deputado Romário, justamento sobre as obras do Copa 2014. Sim, o Romário da Seleção Brasileira, hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro.

A Copa das Confederações vai ser realizada 1 ano antes da Copa 2014, ou seja daqui a 1 ano e 3 meses. E a Copa 2014 em pouco mais de 2 anos e 3 meses.  


Pelos noticiários estampados nos principais veículos de comunicação vemos que o andamento das obras, os estádios e as vias de acessos estão atrazados. Tal qual disse o Secretário Geral do Fifa e confirmado depois pelo Ronaldo Fenômeno.


Disse o deputado Romário, no jornal Folha, que o atrazo das obras é proposital, para que num determinado momento, as obras em questão se enquadrem como "obras emergenciais" para permitirem superfaturamentos. Eu na condição de engenheiro, concordo plenamente com ele. Não vai dar mais para segurar a obra assim. Terão que entrar em regime especial, para concluir à tempo de atender pelo menos para a Copa 2014. Para Copa das Confederações, só algumas poucas estarão prontas.


Agora, vem o X da questão. As obras emergenciais, quando assim são consideradas, poderão custar entre 25% a 50% a mais do que o valor normal.  E neste custos de obras emergenciais, vão custar no mínimo 50% mais caro do que o valor contratado, sem dar muita explicação.


Porém, o governo Dilma, no ano passado, aprovou lei que permite reajustar o valor global das obras da Copa 2014, em 100%. Isto quer dizer que entre uma coisa e outra, além dos 50% já mencionado acima, permite, dentro da lei específica da Copa 2014, adicionar outros 50%, a qualquer título, sem que seja considerado como superfaturamento.  Ou seja 50% + 50% = 100%.  Então, dentro da lei, as obras da Copa 2014 do governo Dilma poderá custar 100% a mais do valor licitado, sem que se enquadre como superfaturamento. 


Com a caminha pronta e perfumada, é difícil acreditar que não haja relações incestuosas entre governo Dilma e os empreiteiros aquinhoados com as obras da Copa 2014. Será melhor o povo fingir mais uma vez que não estamos vendo acontecer atos imorais?

Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi professor da UFPR, cidadão comum. 
Atende pela rede social Twitter : @sakamori10

3 comentários:

Santyago disse...

Parabéns professor Ossami Sakamori. Com a palavra quem entendi do assunto!

CarlosJ_B disse...

É o famoso jeitinho brasileiro sendo aplicado em alto nível! E o pior, nós pagando por td isso e a maioria de nossos conterrâneos felizes com a copa no Brasil e nem percebem essa realiadade! Parabéns pela iniciativa de nos manter bem informados! Abraços

Nealsi disse...

Pelo que li não há superfaturamento mas vai haver... É isso?
Se esse raciocínio valer em todas as atividades humanas, também deputados e professores poderão e/ou deverão ir para o xilindró antes mesmo que cometam desvios e roubos... É isso?
É estranho ver um professor universitário com uma capacidade intelectual acima da média, concordar com um político de raciocínio tão vulgar.
Será que o professor e o político não veem nada de positivo nos eventos esportivos em questão?
Quantas obras super-necessárias ao nosso desenvolvimento estão em curso?
Vocês acham que se não fosse a Copa e a Olimpíada os metros, elevadas túneis, estradas duplicadas, abertura de grandes avenidas nas grandes cidades brasileiras viriam a ser construídas?
Lembro-me de fevereiro de 1999, quando houve uma maxidesvalorização da moeda nacional, que encheu os bolsos de uma minoria chegada ao governo. Uma verdadeira fortuna foi parar não-sei-aonde e nada foi construído. A gasolina dava saltos no seu preço cada vez que os estrangeiros queriam faturar mais com a nossa miséria. Aquilo que era corrupção - e ninguém falava nada, não por medo mas por estar de acordo com o que acontecia...