terça-feira, 6 de março de 2012

ENTENDA TAXA SELIC

Apostar qual será a taxa SELIC que será adotada na reunião do COMPOM de amanhã é coisa mais fácil do mundo. O mercado aposta num corte de 0,5%.  Os mais ousados apostam no 0,75%, para tornar SELIC de um dígito, ou seja 9,75%.  No máximo, no máximo, Tombini vai cortar 1,0% e baixar SELIC para 9,50%.  Isto já está decidido entre Dilma e Tombini.  

Dilma tá brava da entrada exagerada de moeda estrangeira no país.  A isto ela fez até uma frase de efeito: "canibalização dos países emergentes".  Isto já tratamos exaustivamente nos meus blogs anteriores: Brasil em sinal de alerta!, Mantega tá precisando usar óculos!, Canibalização do Brasil?, Dilma usa retórica para enganar trouxas. 

Vamos já de imediato, acabando com o mito de que a taxa básica de juros SELIC, segura inflação.  Tudo mentira!  O Brasil paga os juros mais altos do planeta, no entanto a inflação está girando ao redor de 6,5%.  EEUU paga juros de 0,25% e a inflação não passa de 2,0%.  A Alemanha, ou seja BCE, paga juros de 1,0% e a inflação gira em torno deste número. O Japão paga juros de 0,1% e a inflação está próximo de 0%. A China tem inflação parecida com o Brasil, mas paga juros em torno de 3,8%.  Está quebrado o mito ou eu preciso desenhar?

O que impede do Brasil pagar juros SELIC menor, então? 

Uai? Não perceberam que o Brasil está sentado em cima da banana de dinamite? A dupla Lula e Meirelles, sem querer ou querendo, armaram uma bomba relógio para explodir a qualquer momento.  E a Dilma e Tombini, não sabem como sair desta enrascada. Mantega muito menos. 

Os banqueiros brasileiros nem estão aí com esta situação. Nunca ganharam tanto dinheiro fácil como agora. E os empresários brasileiros? Os que estão próximo do poder, não estão nem aí. Enquanto o governo paga 10,5% ou 9,5%, os poucos beneficiados pagam juros TJLP de 6,0%. E os analistas econômicos? São em maioria retuiteiro do Planalto.  Não tem coragem de apresentar solução para sair da armadilha e ficar mal visto no Planalto.

E o povo, por que não reclama?

Para o povo, a situação está louco de bom. Real apreciado como está, dá para viver pelo menos momentâneamente, como gente grande.  Com alto estima em alta. Também, pudera.  Dá para viajar para Nova York, mesmo que seja para comprar produtos em out lets, ponta de estoque, ou viajar para Paris, Londres, Miami, Leste europeu, como nunca dantes.  Em front interno, consome produtos importados de altíssima qualidade.  Tudo, exatamente, como faziam os gregos, ontem. Comparo isto como orgia do Sodoma e Gomorra. 

Vocês dirão: apontou problema, então, que dê solução!

À rigor, precisaria como primeiro passo elaborar Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico.  Mas, não haveria  tempo para desarmar a bomba que vai explodir logo. Então, como aquele bombeiro que vai desarmar a bomba, vou apontar algumas das soluções, de implementação imediata.

Como primeira medida, na reunião de COPOM de amanhã, baixaria SELIC para 9,5%, sinalizando cortes para as próximas reuniões em 0,5% até atingir 8,0%. Só nessa paulada o Brasil economizaria de pagamento de juros em cerca de R$ 55 bilhões.

Como segunda medida, voltar a taxar o Imposto de Renda para especulação financeira, isentado pelo Meirelles somente para o capital especulativo estrangeiro. Uma forma de afugentar o capital estrangeiro que não produz nadica de nada no país.  

Como terceira medida, cortar remuneração dos compulsório dos bancos, implementada em parte para alguns tipos de aplicações. Para que pagar juros, se o compulsório é justamente para garantir liquidez ao sistema num eventual problema. Aumentar ainda mais, o depósito compulsório, numa eventual aceleração da inflação.

Como quarta medida, informar ao mercado financerio global, as medidas que serão tomadas no curto e médio prazo, para não provocar pânico no mercado global.  Monitorar "on line" o fluxo de moeda estrangeira para tomar medidas corretivas, devido às três medidas sugeridas. Tem que estar na mesa de operação do BC, gente que conhece bem como funciona a bolha do mercado financeiro global.

Como quinta medida, contratar uma instituição como FGV, para desarmar o piso da taxa SELIC, hoje em torno de 8%, devido à remuneração da Caderneta de Poupança, do FGTS, e de Correções judiciais. A medida traria possibilidade de SELIC baixar para patamar, abaixo da inflação como fazem os países desenvolvidos. 

Antevejo no semblante da Dilma, Mantega e Tombini, preocupação ao inverso do que está apregoando no mercado global, a de depreciação do Real invés de apreciação do Real. Ficarão preocupados com a Reserva cambial. Quanto a este ítem, nem precisa preocupar, o que eventualmente sairia de Dólares será compensado com a maciça entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED). 
Resumindo, vamos afugentar o capital especulativo e trazer ainda mais o IED para construção de fábricas no Brasil, criando empregos aqui.


Se você ler esta matéria isoladamente, vai achar que sou maluco e que sou despreparado.  Mas, se você ler todas as matérias postas nestas últimas três semanas, vão entender que estou com a razão.

Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi professor da UFPR, já foi operador do mercado financeiro.
Atende pela rede Twitter : @sakamori10 

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