sábado, 10 de março de 2012

CUSTO BRASIL, O QUE É?

Tentarei em breves linhas, enumerar alguns dos ítens do custo Brasil, tão propalado pela imprensa e pelos empresários, mas de difícil compreensão pelo cidadão comum. Vejamos então, o que podemos fazer.

1. Impostos. Primeiro de tudo, a arrecadação de impostos tem diversas fontes de receitas, em 3 esferas de poder. Uns levam o nome de impostos, outros de contribuições, tarifas, taxas, fundos e pedágios.  Alguns são velhos conhecidos como IR, IPI, ICMS, ISS, PIS, COFINS, CSLL, IPTU, IPVA, CIDE, DPVAT, etc.etc. Um cipoal de Impostos que criou-se uma próspera classe de escritórios de advocacia que fazem Recuperação Tributária. Sem ainda, considerar os pedágios ocultos que são as corrupções dos agentes públicos. Isto tudo, na minha conta, dá bagatela de 43% do PIB. Ou seja em cada R$100,00 de produto, o consumidor, paga R$43,00 de impostos. Vai ter gritaria dos economistas de plantão dizendo que tecnicamente o número é 38%. Só na cabeça destes!

2. Transporte. É inconcebível que num país de extensão territorial como o Brasil, a maior parte do transporte de cargas é feito via rodoviário.  Os países continentais como EEUU, Canadá, China e Rússia tem seu sistema de transporte via modal ferrovia/hidrovia. Pois, o Brasil não tem sistema ferroviário eficiente. Hidrovias, nem pensar. Os aproximadamente 28.000 Km de linhas ferroviários operantes, cerca de 24.000 Km são de bitola métrica (1,00m). Dos poucos 4.000 Km de linhas em bitola larga (1,60m) uma boa parte faz parte da linha Norte-Sul, ainda inoperante e os poucos operantes são da Vale S.A. Resumindo, enquanto os nossos concorrentes transportam a carga via modal ferroviária/hidrovia o Brasil transporta por via rodoviária. Para entender rápido, basta dizer que os nossos trens de carga trafegam a 30 Km/h enquanto deles trafegam a 80 Km/h, quando fazemos via ferroviária.


3. Portos. Além do sistema alfandegário complexo, a logística dos portos brasileiros estão perto de obsolecência, sobretudo em função de que a estrutura portuária tem que recepcionar cargas via rodoviária, invés de recepcionar linhas ferroviárias que adentrariam ao sistema portuário. E quando adentram, são as ferrovias de bitola métrica, andando devagarinho como elefante.  O sistema portuário brasileiro está no limite de esgotamento, dito pelos especialistas e operadores. E o governo nada faz para investir no setor.  Isto tudo é custo Brasil, que não está visível em números, mas traduz em eficiência.


4. Juros bancários. O sistema produtivo brasileiro, a maior parte, paga juro médio de 36% aa, para operações de capital de giro.  Somente alguns poucos, os mais próximos ao núcleo do poder da República, conseguem juros TJLP de 6% aa. Significa que, na prática, o produto final vem embutido deste alto custo de juros. É um ítem significativo! Onera demais no preço final que vai nas prateleiras dos supermercados. Quem abocanha esta parte é o sistema bancário, que diga-se de passagem, é concessão de serviço público.


5. Encargos sociais. Desde Getúlio Vargas, os encargos sobre a folha de pagamento vem aumentando cada vez mais. Hoje, na média entre setores de atividades, os encargos sociais corresponde a 145% sobre folha de pagamento. Ou seja, no final das contas, para cada R$1.000,00 de folha, a empresa gasta no total R$2.400,00. A queixa dos empresários é de que nem todos os encargos trabalhistas são repassados em benefício dos próprios trabalhadores.  O atual ministro da Fazenda, diz que vai desonerar empresas dos encargos sociais, mas que na prática, ele propõe substituir parte da contribuição sobre folha com contribuição sobre faturamento. Trocando 6 por meia dúzia.


6. Pedágios. Tem os pedágios de estradas, que são cobrados pelas concessionárias, que não são considerados como tributos por que não é o governo que cobra, mas na prática é a mesma coisa. Algum veículo de passeio ou de carga consegue trafegar pelas rodovias pedagiadas? A resposta é sonora não! Então é "imposto" !


7. Corrupção. Não sou eu a afirmar aqui o quanto custa o ítem corrupção no Brasil. Eu ouvi, um senador da República, dizer na sua fala na tribuna dp Senado que a corrupção consome por ano cerca de R$75 bilhões. Nem vamos entrar em detalhes sobre o fato, notoriamente, conhecido no Brasil. Mas que isto faz parte do custo Brasil, faz! 


Este que escreve, é também, um destes empresários que não usufruem privilégios que alguns poucos se beneficiam. Faço parte do contingente de 5 milhões de empresários pequenos e médios que pagam pesadamente o custo Brasil descritos acima, sem pestanejar.  Isto me cansa! Isto me deixa indignado!

Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi professor da UFPR, médio empresário.  
Atende pela rede social Twitter: @Sakamori10







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