sexta-feira, 16 de novembro de 2012

BRASIL É IGUAL A HAITI?


É a terceira vez que escrevo sobre o título semelhante. Em matérias anteriores, o título das matérias foram: Haiti é aqui ! Das vezes anteriores, recebi inúmeras críticas sobre o conteúdo da matéria, sofri xingamento, recebi enfrentamento de palavras como : japonês, se não está satisfeito, volte para o Japão!  E por aí, foi.  

Esclareço antecipadamente.  Sou brasileiro, nascido no interior do estado de São Paulo, filho de imigrantes japoneses, colonos de cafezais. Trabalho desde 10 anos e nunca tirei férias.  Formei em engenharia civil em 1968, trabalhando e estudando, assim como muitos colegas faziam à época.  De sangue e suor que os meus pais deram ao país e a maneira com que tirei o meu diploma universitário, posso dizer com muito orgulho que o meu país é o Brasil.  

O fato de comparar o Brasil com o Haiti é no sentido de mexer com o brio do povo brasileiro.  Não é possível, no meu ponto de vista, um país como dimensão continental, com riquezas naturais em abundância, com clima temperado, sem terremotos mais sérios, tenha que conviver com os mesmos problemas daquele país caribenho.  Em matéria de PIB, o Brasil ocupa 7ª colocação no mundo (com dólar a R$ 2,00) e o Haiti um dos últimos. Tomo Haiti como comparação, porque existe pontos semelhantes entre o Brasil e aquele país.  

No Haiti, tem comunidade dentro da capital Porto Príncipe, denominado de Cité du Soléil, onde os gangues tomam conta do território, tal qual acontece no Cajú no Rio ou Paraisópolis em São Paulo.  Tanto em Cajú ou em Paraisópolis, há nítida ausência do poder público e ao mesmo tempo o domínio do poder paralelo.  Algo muito semelhante à Cité du Soléil, alguns territórios como que enclaves são ocupados pelo tráfico de drogas e ou milícias.  Qual é a diferença entre Brasil e Haiti?  Não há nenhuma neste ponto, infelizmente.  

Em Haiti vá lá, porque além de não existir riquezas naturais, pelo contrário é ameaçado de terremoto o tempo todo, com o PIB no fim da fila, dependente de ajuda humanitária de outros países.  Agora, o Brasil tem o PIB equivalente, a grosso modo, US$ 1 trilhões, onde o poder público gasta cerca de 40% do PIB, não poderia estar vivenciando uma situação como que vem passando o Brasil nos últimos tempos situações semelhantes ao do Haiti.

O número de homicídios no Brasil é de 50 mil ao ano.  Comparativamente, o índice de homicídio no Brasil está mais próximo do Haiti do que do Japão, por exemplo.  No Japão, o número de homicídios foi de menos de 600 em 2012 para uma população de quase 130 milhões.  Não é diferente nos países como Bélgica, Alemanha ou Suécia.  Os índices de homicídios destes países são semelhantes ao do Japão.  Que eu tenha conhecimento, não há enclaves de gangues ou tráficos naqueles países.  O poder público naqueles países gastam em percentual equivalente ao do Brasil.  Gastamos mal ou eles gastam bem?

A tão divulgada UPP, Unidade de Polícia Pacificadora, apenas desaloja os gangues dos enclaves para mandar para outros endereços.  Curiosamente, o termo usado para esta medida se denomina "ocupação" de território. Estes endereços, providencialmente, viram endereço de turismo e tem servido de cartão postal, como se todos os problemas daquelas comunidades estivessem resolvidos.  Nada adianta mandar a Polícia Pacificadora "ocupar" o território.  Há que levar os serviços públicos essenciais à população, como de educação e saúde pública, além de outros como coleta de esgoto sanitário.  

O fato é que os gangues ou os tráficos mudaram de endereços.  Agora, estão no Paraisópolis ou Heliópolis.  E mais recentemente, no estado de Santa Catarina.  Não há poder público que tenha estrutura para combater o tráfico se não for tomadas medidas mais radicais.  Não adianta combater os efeitos, mas sim a causa que provoca esta situação.  Nem é a Bolsa Família que resolve.  Tem que começar pela educação.  

Educação em tempo integral, como acontece nos países do primeiro mundo, tiraria a população vulnerável das ruas.  É paisagem rara naqueles países ver uma criança na rua durante o dia, simplesmente, não há.  Há alguns dias, foi divulgado uma estatística que creio alarmante.  Cerca de 5% da população brasileira entre 18 e 22 anos, não estudam.  O grave não é o fato de não estar frequentando bancos escolares, mas também, a estatística diz que além de não estudam e não trabalham.  Onde anda este povo?

Enquanto o povo vive no meio do tiroteio, literalmente, o ex-presidente da república vira bilionário e atual presidente utiliza o avião presidencial, mesmo que paga pelo partido, para fazer campanha eleitoral dos seus companheiros.  Quando não é campanha para os companheiros, é para ela própria, visando 2014. A pseuda liderança política do país, tanto de um lado como de outro, nem estão aí com problemas estruturais do país como educação, saúde pública e segurança pública.  Deles estão garantidos, durante e depois do exercício do poder.  

Ainda assim, vocês querem que eu emigre para o Japão, querem ?  Se faço críticas é porque acho que devo cumprir o meu dever como cidadão brasileiro.  Com espírito samurai dos meus ancestrais, claro. Nada contra o Brasil, pelo contrário, amo o Brasil.  Quero apenas que o meu Brasil seja um país melhor para todos brasileiros, não só para mim e para minha família.  

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT.  Twitter: @sakamori12

3 comentários:

daniel disse...

Sr Sakamori.
1º- Os japoneses são inteligentes(o sr herdou).

2º- Como os de DNA puramente brasileiros são, de natureza, burros; eis as críticas ao Sr.
A maioria dos brasileiros(as) gostam e elegem quem os maltratas(políticos corruptos) e não gostam de quem os alerta e ensina(caso do sr).
Fique com a gente, no Brasil, quem sabe um dia eles ainda aprendem.

Aquam Dixit disse...

ah ah...

Não existe DNA burro!

Acontece que o Brasil está assim por causa da Esquerda (do PT/FSP/FART, obviamente). Falta educação... e falta Educação de Verdade, História de verdade -- não aquela História ensinada pela Esquerda, que glorifica assassinos e assaltantes de banco, 'limpando a barra' dos culpados e 'sujando' a dos inocentes por meio da tal Comissão da "Verdade" (que me lembra muito o Ministério da Verdade do livro 1984, de George Orwell).

Aquam Dixit disse...

Quanto aos brasileiros (os humanos, em geral, com raras exceções) INFELIZMENTE pensam da seguinte forma:

* alguém alertando = alguém falando mal

* alguém mostrando o que é certo e o que é errado = alguém preconceituoso

quando, na verdade, "quem avisa, amigo é".