Se antes, a imprensa fazia um presidente da República, vindo do nada e também ajudava derrubá-lo, hoje, os manifestantes da rua tem o mesmo poder da imprensa de outrora.
A história brasileira nos mostra pelo menos 3 episódios semelhantes, consequência do clima polítoco que vivemos. O presidente Getúlio suicidou-se diante da iminente situação de ingovernabilidade. Isto aconteceu em 24 de agosto de 1954. Ele fora legitimamente eleito e tomou posse em 31 de janeiro de 1951.
O segundo presidente alegou as forças ocultas e renunciou o cargo em 25 de agosto de 1961 foi o Jânio Quadros. Ele tinha sido eleito com maior votação da história até aquele momento. Acabou virando episódio triste da história brasileira. O fato é que não resistiu à pressão do Congresso Nacional, que dificultava a governabilidade do seu governo, apesar de ter sido eleito com maior votação da história da República, até então.
O terceiro presidente que renunciou ao cargo de presidente da República foi o Fernando Collor de Melo. Sucedeu o presidente José Sarney,
nas eleições de 1989. Seu governo foi marcado pela implementação do Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações e pelo início de um programa nacional de desestatização.
O Plano Collor, que no início teve uma boa aceitação, acabou por aprofundar a
recessão econômica, corroborada pela extinção de milhares de postos de trabalho e uma inflação galopante. Somou-se a isso as denúncias de corrupção. O processo de impeachment proposto no Congresso Nacional, antes de ser aprovado, fez com que o presidente Collor de Mello renunciasse ao cargo em 29 de dezembro de 1992.
A presidente Dilma, encontra-se numa situação semelhante ao do presidente Collor de Mello. Há denúncia de corrupção no seu governo, que motivou a demissão de 7 ministros, na primeira metade do seu governo. Diante das denúncias, a presidente Dilma não tomou nenhuma medida objetiva contra os ministros demitidos, pelo contrário, continua os mesmos continuam influindo nas decisões políticas do seu governo. Nenhum inquérito policial fora aberto contra os corruptos e nem contra os corruptores. O fato demonstra que a presidente Dilma tem rabo preso com a corrupção e com os malfeitores.
A imprensa denuncia que o presidente Lula, seu padrinho político, esteja recebendo comissão de intermediação das obras conseguidas para os empreiteiros nos países da América Latina e África, com o dinheiro público, via financiamento do BNDES. A presidente Dilma decretou "sigilo" nos documentos de financiamentos à Cuba e à Angola, sem motivo objetivo que demonstrasse a necessidade do tal ato.
O loby praticado pelo presidente Lula, não seria de importância para o seu governo, se as viagens do presidente Lula não tivesse apoio explícito do Itamaraty. Além de tudo, o presidente Lula é frequentador assíduo do Palácio da Alvorada, a residência oficial da presidente da República, numa demonstração clara do conluio entre ambos. O Brasil tem um "títere" no mais alto cargo da República.
Após observar manifestações que cresciam em São Paulo e Rio de Janeiro e nas demais cidades do Brasil a fora, presidente Dilma ocupou cadeia de rádio e televisão para anunciar que o seu governo não tem compromisso com a corrupção. Uma ofensiva imaginada pelo marqueteiro João Santana, para blindar o governo Dilma de um eventual movimento para apurar as denúncias de corrupção. Quem tem telhado de vidro, quer blindar o telhado contra atacando. Mas o tiro saiu pela culatra. Agora, o povo tem certeza de que há corrupção no seu governo.
O povo clama pela apuração das denúncias de corrupção, como fizera contra o presidente Collor de Mello. Cerca de 50% da motivação dos manifestos falam sobre a corrupção. O apoiamento da não aprovação do PEC 37, faz parte deste contexto. O efeito nefasto da corrupção reflete na qualidade da educação e da saúde pública. O montante do dinheiro público desviado corresponde ao orçamento do Ministério da Educação ou equivalente ao dobro do que o governo federal aplica no sistema SUS.
Se o movimento das ruas continuar, fica impossível fazer qualquer previsão do que possa acontecer com o mandato da presidente Dilma, nos próximos dias ou meses. Precedentes na história não faltam para corroborar a afirmativa anterior. A ingovernabilidade poderá levar Dilma à renúncia. E o mês de agosto vem aí !
Manifestantes, o futuro do Brasil está nas suas mãos, o processo não pode parar!
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. E-mail: sakamori10@gmail.com
10 comentários:
O seu comentário é preciso, coerente, lúcido, uma aula de história e aponta para um futuro que pode acontecer sim. Super parabéns, Saka, inteligência é o que não lhe falta.
Nas redes sociais, há manifestações de que a minha tese não vinga. Afirmo que vinga.
Se as manifestações tomarem corpo maior, a base de apoio vai deixar a Dilma na mão. Neste caso, o Brasil se torna INGOVERNÁVEL. Haverá CRISE INSTITUCIONAL no País.
Só acontecerá se as manifestações foram tomando, mais corpo.
Haverá um amplo ACORDO de GOVERNABILIDADE, Temer assumindo mandato apenas para preparar eleções de 2014!
Sakamori:
Lúcido seu comentário, mas, a lucidez nem sempre vinga nesse nosso pais de maracutaias.
Sinceramente não sei o que é melhor:
1)Dilma continuar capengando até as eleições, ou
2)Assumir Temer, caso ela renuncie.
Temer faz o brasileiro que pensa, temer em demasia caso ele venha assumir,pois, em matéria de corrupção acho que pode dar aula a LULA, o homem que acha que sabe tudo de enrolar e corromper.
Mas também acho que as manifestações devem continuar até as eleições.
Bom dia, boa semana.
Eli dos Reis,
de Ribeirão Preto
Poderá sair um ACORDO DE GOVERNABILIDADE, renunciando a linha de sucessão, até o presidente do STF, JOAQUIM BARBOSA, até as eleições de 2014. Algo semelhante aconteceu com o suicídio do presidente Getúlio Vargas.
Um "poste" fincado em Brasília não significa muita coisa : Tanto faz , tanto fez, o problema nosso é o sistema político, feito pelos políticos que enseja corrupção e roubalheira de todos os tipos pelo país todo sem que haja consequência.: Renúncia ou permanência della não irá resolver as questões que vem desde o descobrimento do Brasil. Como acabar com isso ? Deixo para quem entende e capaz muito melhor do que esse comentarista.
Se as revoltas voltarem (duvido que persistam até lá) com força TOTAL, aí sim, acredito que o país poderá entrar em uma crise de governabilidade.
Corrigindo, ou melhor, complementando: se as revoltas voltarem durante a Copa do Mundo, aí sim, acredito que poderemos entrar em uma séria crise institucional.
Se os protestos durarem até a Copa do Mundo, eu acredito que Dilma pode cair. Se isso acontecer, ela não cairá por ser do PT, mas por ser a primeira presidente de um novo Brasil, um país com um povo com autonomia e opinião própria. Muitos já dizem que isto é um complô de uma "direita fascista" . Conversa. A direita mais raivosa não tem poder nem organização para tanto. Mas se os imbecis continuarem batendo nesta tecla, essa gente de quinta pode acabar gostando da ideia. Nos protestos, não vi manifestações de esquerda ou direita. A chamada esquerda falhou com a sua habitual incompetência e empáfia e quer a culpa numa extrema direita que eu nem se existe de fato. Desculpa de perdedor. A mídia não aceita a ideia da queda da Dilma porque não está na linha de frente, assim como qualquer partido. Os protestos deixaram evidente as fragilidades dos partidos. A democracia não precisa de tanques ou da máquina partidária para derrubar um poder que não lhe representa, seja ele do PT, PSDB, PMDB... A democracia tem o povo, a voz das ruas. E a voz das ruas diz que Dilma, Lula, PT, fracassaram porque enganaram o povo. Que a Dilma caia!
acho que a presidenta deve ir até o fim do seu calvário.
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