segunda-feira, 3 de junho de 2013

Bolha imobiliária. Day after 30/5

Já é de conhecimento de todos que houve turbulência no mercado financeiro no dia 30, véspera do feriado.  Foi um dia de cão para o mercado.  Duas notícias que deixou o mercado atônito. A primeira notícia é sobre o crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2013, que foi pífio, 0,6%,  abaixo do esperado pelo governo.  A segunda notícia é aumento da taxa Selic em 0,5%, enquanto havia consenso no mercado de que haveria aumento de 0,25%.  E para completar a notícia, ministro Mantega disse que o dólar não é instrumento da política monetária para segurar a inflação.  

Tudo que o mercado imaginava sobre os fundamentos da política econômica (sic) da presidente Dilma, foi para espaço no mesmo dia.  É isto que dá, esperar atitude coerente de uma presidente com síndrome bipolar, para não dizer incompetente.  Lembrei-me, dos palpites que Dilma dá para o tenente brigadeiro durante o voo do avião presidencial.  Um dia, Aerobus 320 presidencial, pode cair por excesso de interferências.  O Brasil está como Aerobus presidencial, o Plano de Voo é alterado em pleno voo, para deleite da toda poderosa presidente Dilma.  

Em essência, Dilma resolveu dar prioridade ao combate à inflação.  Talvez, porque o seu principal opositor nas eleições de 2014, Aécio Neves, tomou como "mote" da campanha "tolerância zero para inflação".  Se antes, a prioridade era estímulo ao consumo, desde dia 30 passado, a prioridade vai ser combate à inflação.  

O que é que isto tem a ver com a "bolha imobiliária" ?  Tem tudo a ver.  Consumo e inflação anda de mãos dadas.  Uma coisa puxa outra e vira num círculo vicioso, se a política econômica não está bem estruturada, como é o caso do Brasil.  Eu diria, política econômica com o erro sistêmico, grosseiro.  Em resumo, o que a Dilma fez?  Pisou no freio do consumo, para controlar a inflação.  

O mercado imobiliário já vinha apresentando saturação, nos últimos 12 meses.  Não foi sentido na ponta do consumo, mas já vinha apresentando sinais de que a boa fase da construção residencial tinha chegado ao ponto de exaustão.  De maneira geral, os imóveis subiram 200% nos últimos 5 anos, contrastando com a inflação acumulada no mesmo período, grosso modo, de 30%.  Isto é uma bolha!  O mercado imobiliário, do qual faço parte também, credita o boom ao crescimento do País.  Todo mundo sabe que isto é mais papo da presidente Dilma do que a realidade.  O País cresceu 0,9% em 2012 e tendência de crescimento para este ano é de menos que 2,5%, segundo analistas.

A Dilma sinalizou no último dia 30 é que vai dar prioridade para a inflação, isto é vai pisar freio no consumo.  Num quadro de economia assim, o dinheiro vai para renda fixa cujo juros tem tendência ascendente, conforme política econômica (sic) da Dilma.  Além de tudo, o mercado imobiliário tem aquela margem de lucro  fabuloso que fora embutido nos últimos 5 anos para serem queimados.  Num quadro de instabilidade, o investidor foge dos bens duráveis e dos imóveis, porque são bens que podem postergar a compra.  De alguma forma, o povo está morando em algum canto.  Apesar do déficit habitacional, o povo não está morando embaixo da lona, o que certa forma dificulta o poder de sedução.

Para os consumidores.  Adiem a compra de imóveis para morar.  Não comprem imóveis na planta que é encrenca certa no futuro.  Quem comprou um segundo imóvel residencial para especulação, sai correndo, porque pode perder dinheiro.  Sejam prudentes, escolham bem, negociem, porque o poder está do seu lado.

Para os incorporadores.  Adiem os novos lançamentos, em pelo menos por 6 meses.  Avaliem bem o preço de lançamento, para não terem que fazer descontos depois.  Repassem o que for preciso para livrar do financiamento da CEF, porque os juros de permanência podem comer o lucro.  Vamos baixar a bola, por enquanto.  Vocês que são do ramo sabe, que tudo é ciclo.  Daqui a alguns anos volta a bonança. Virão, novamente, os novos boons no mercado.  Uma coisa é certa, o País está com economia em expansão, independente de governos que estão e que virão.  Por enquanto, pé no freio.

Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT.  Twitter: @sakamori12

5 comentários:

Daniel Cohen disse...

Caro Saka,...

Pense bem! Tudo no atual Brasil é uma tremenda bolha! Diga-me? Como pode um país plural, não ter uma política de longo prazo, imune a situações eleitoreiras como a que citas? Ou seja, é o candidato da oposição, mal colocado nas pesquisas, que a exemplo do rabo que abana o cachorro, que determina os rumos da economia? Já pensou de Aécio tivesse reais chances então?

Vivemos inúmeras bolhas, pois é isso que acontece com gente sem visão. Os projetos de uma nação, deveriam ser implementados, independentemente de quem seja o mandatário de plantão. Obras de infraestrutura são bens de raiz de um pais, assim como certos compromissos macro econômicos. Lembram da "Carta ao Povo Brasileiro", onde Lulla comprometia-se a honrar contratos e a dar continuidade a política de controles de FHC? Não fosse isso, jamais teria sido eleito! E o que significou aquilo, senão o que cito? Não importa o partido e suas cores; o que interessa é a manutenção dos projetos de longo prazo, cujas benesses são de todos.

Quanto ao mercado imobiliário, ora,...a bolha começou a ser formada no trinômio - Mão de Obra não especializada, farto financiamento e carência de moradias. Juntou a fome com a vontade de comer,..e aí, como tudo por aqui,...houve uma "lambuzação" geral. Como não há festa que dure para sempre,...é chegada a hora de lavar o guardanapo.

O engraçado disso tudo? Ora bolas,....são filmes que já vimos. Dublados, com legendas e até mudos,...são lições há muito ensinadas e parece-me que não aprendidas. Realmente é chegada a hora da verdade. Nos imóveis e em inúmeros outros setores do Brasil.

Unknown disse...

Grande dica sua, Sakamori, sugerir que ninguém compre imóveis na planta, quem fizer isso, vai se dar mal, já esse filme antes, não comigo, felizmente. Hoje, especulação é encrenca, mas brasileiro adora especular - otário. Vi muita gente vendendo imovéis na época do César Maia, ex-prefeito do Rio. Quem fez isso, na época, se deu mal. Vejo o mesmo na atual gestão do Eduardo Paes. O Brasil é um país arriscado demais. Eu não especulo, só poupo, seguro minha onda e continuo de pé. Fazer dívidas agora e outra furada, mas brasileiro adora fazer dívidas...

Daniella Caruso Gandra disse...

Enfim, uma bagunça, acumulando a inflação, preços absurdos nos imóveis novos e usados, e dona Dilma desejosa de a tudo isso "tornar faz de conta", vamos esperar para ver quando as coisas vão se normalizar, se é que um dia vão ficar com cara de normal. :-)

Anônimo disse...

Saka parabéns pelo blog, comecei a ler agora e achei ótima suas análises. Voce gosta da escola Austríaca? qdo vc falou dos ciclos ecônomicos, pensei será que o Saka é mais um da Escola Austriaca..

Paulo Araujo

sakamori10@gmail.com disse...

Amigo Paulo,

Nao tenho formacao teorica sobre economia. Minha atuacao no mercado financeiro me obriga a estar atualizado.

Estou inserido no mercado financeiro global. Tenho visao diversa dos teoricos da economia. Enxergo o mundo financeiro como a gente ve com binoculos, enquanto muitos olham a economia com lupa.

Agradeco participacao e coloco-me aa disposicao!