Chuva de inverno aqui em Curitiba. Neste momento, 8h30min de manhã, temperatura marca 7º C. Hoje, vou discorrer um dos temas básicos da macroeconomia, a taxa básica de juros Selic. Antes porém, devo dizer que a macroeconomia tem dois pilares que se sustentam para condução da política econômica do País. Isto é regra para todos países do mundo capitalista, entre os quais o Brasil faz parte, por enquanto.
O Governo federal, seja quem for o Presidente da República, no regime presidencialista como o do Brasil, tem a incumbência de estabelecer a "política econômica" e o Banco Central estabelecer a "política monetária" para dar sustentação à política econômica. A política econômica, de responsabilidade do Poder Executivo, cuida ou deveria cuidar do desenvolvimento do País, incluindo, educação, saúde e segurança pública, além da previdência social. A política monetária, que diz respeito a quantidade de dinheiro em circulação no País é de responsabilidade do Banco Central, que em essência tem responsabilidade de manter o "poder de compra" da moeda, que em essência diz respeito a manutenção da inflação num patamar aceitável, balizada pela inflação do dólar americano, que é referência mundial para o comércio e serviços.
No caso do Brasil, infelizmente, o Governo federal, a área econômica é comandada por uma professora e um advogado, que inventam termos novos como "arcabouço fiscal" ou o "marco fiscal", que nada mais é do que a "política fiscal" do Governo federal. Política fiscal trata tão somente das despesas do Governo federal, incluído Previdência Social, exceto serviços da dívida pública federal. Não há "política econômica" no Governo Lula que oriente, não só o poder público, mas sobretudo o setor produtivo do País, a não ser medidas pontuais como "crédito agrícola" e "incentivo fiscal" para as montadoras. O País está sem rumo!
Para a população em geral, que não tem obrigação de saber sobre a macroeconomia e para muitos empresários que se acomodam com as medidas pontuais, sem exercer "pressão" sobre o Governo federal para a apresentação de uma "política econômica", que já esteve muito presente no tempo do "regime militar" e no meteoro governo Collor.
Uma boa política econômica, que faria o Brasil crescer sustentavelmente, envolveria regras fiscais claras e objetivas, que dispensaria as inúmeras demandas judiciais, tornando a arrecadação de tributos mais ágeis, sem demandas judiciais, como ocorre hoje. Felizmente, no Brasil, há economistas com competências indiscutíveis, no mesmo quilate do Eugênio Gudin, do Roberto Campos e do Mário Henrique Simonsen, para formular uma política econômica consistente que tenha sustentação ao longo dos anos. E, Brasil tem organismo como IPEA, que vive de verbas do Governo federal, com quadro de pessoas capazes, que tem condições de elaborar uma política econômica consistente e sustentável, discutindo com as entidades da área produtiva do País.
Por outro lado, o Banco Central é apenas o "guardião" da moeda, o real. O Banco Central, como em qualquer país do mundo, cuida do poder de compra da moeda, no nosso caso o "real". Manter poder de compra, significa manter a "inflação" sob controle. No entanto, o Banco Central tem o dever de, através de controle sobre a quantidade de moeda, o real, em circulação, caminhar "lado a lado" com o Poder Executivo, para, juntos promoverem o "desenvolvimento" do País. Banco Central independente é "falácia", é "conversa de botequim", para os novos "entendidos" em macroeconomia. Campos Neto, é um profissional competente, neto do ex-ministro do regime militar, Roberto Campos, oriundo do sistema bancário, mas, falta a ele visão do conjunto da economia brasileira. Ele, o Campos Neto, finge de "ouvido de mouco", como se o futuro do País não dependesse da "política monetária", também.
Na próxima terça e quarta feira, o COPOM - Comitê da Política Monetária se reúne para decidir sobre a nova taxa básica de juros Selic, que balizará a economia do País. A tendência é que o COPOM mantenha a taxa básica de juros nos atuais 13,75%, excessivamente alta para inflação corrente aos níveis de 5% ao ano. Bom para o capital estrangeiro especulativo que vem auferir lucros exorbitantes e não para aplicar no setor produtivo do País, que geraria emprego e renda para a população.
Com tanto frio e dia úmido em Curitiba, com discursos fartas e inúteis dos governantes do País, melhor mesmo é voltar para "debaixo da coberta", porque, não tenho mais paciência de ficar à espera de algum sopro de esperança para a população sofrida desse País. Que todos tenham um bom domingo!
Ossami Sakamori
Um comentário:
Ótima e clara a esta análise! Bom fds para você também .🤝🤝🤝
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