O COPOM - Comitê de Política Monetária do Banco Central, reunido desde ontem, deve anunciar no final do dia de hoje, após o fechamento do mercado financeiro, a taxa de juros Selic que deve vigorar nos próximos 45 dias, até a próxima reunião do COPOM.
O mercado financeiro e principais analistas financeiros apostam na manutenção da taxa básica de juros Selic, no nível de hoje, que vigora desde junho de 2022. Até mesmo um(a) analista, recém chegado(a), sem nenhuma experiência ou vivência do mercado financeiro, aposta em manutenção da taxa Selic nos atuais 13,75%, com viés de baixa de 1,5% no decorrer deste ano. Certamente, a taxa Selic deve ser a conversa do engraxate com o investidor em Bovespa.
No entretanto, eu discordo da atual política monetária do Banco Central em concentrar atenção tão somente à estabilidade da moeda, o real e deixando de se preocupar com o crescimento econômico do País, independente dos governantes de plantões, seja o Presidente Lula ou outro qualquer. Aqui, não se trata de defender a "política fiscal" do atual governo, mas, considero que, à essa altura, com a inflação ao entorno de 5% ao ano, a taxa básica de juros Selic, está muito longe de ser fator de estímulo ao crescimento econômico sustentável do País.
Segundo IBGE, a inflação acumulada dos últimos 12 meses, terminado em maio deste ano (2023) foi de 3,94%. Mantido a taxa Selic de 13,75%, o COPOM impinge 9,81% de "prêmio" para investidores em títulos do Tesouro Nacional. Os juros reais pagos pelo Governo brasileiro são os maiores do mundo global, chamando atenção para os agiotas internacionais. Para se ter ideia, os Estados Unidos com inflação ao redor de 5% ao ano, paga de juros aos seus títulos, taxa de juros básicos no intervalo entre 5% a 5,25%.
Com tamanha vantagens nos juros do Tesouro Nacional brasileiro, há um fluxo de capital estrangeiro especulativo com propósito de aproveitar do spred, a diferença de juros que aufere aplicando nos títulos do Tesouro Nacional. O fluxo de capital estrangeiro para aplicação em títulos do Tesouro Nacional, provoca a "valorização" do real ou "desvalorização" do dólar americano, numa situação paradoxal.
O Banco Central tem outros mecanismos para conter o "excesso de liquidez" no mercado financeiro, via aumento de depósito compulsório das instituições financeiras. Essa queda de braço, pela imprensa, entre o Presidente Lula e o presidente do Banco Central, só atrapalha numa "polícia monetária" saudável. O Executivo que faça sua parte, também, eliminando o monumental "déficit primário", previsto para este ano em cerca de R$ 150 bilhões, com o novo "arcabouço fiscal", que, nada mais é do que a "política fiscal", a nomenclatura que o mercado financeiro nacional e internacional entendem.
Quando, até o engraxate em frente ao Bovespa palpita sobre a taxa básica de juros Selic, é porque a situação está a se tornar "piada" na Avenida Paulista. Brasil merece ser pensado e repensado com muita seriedade para que os investimentos financeiros voltem a ser aplicados nos setores produtivos do País.
Ossami Sakamori
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